terça-feira, 29 de julho de 2014

Antonio Machado (España)


Los Poetas del Amor (2)



Anoche cuando dormía

Anoche cuando dormía 
soñé ¡bendita ilusión!
que una fontana fluía
dentro de mi corazón.
Dí: ¿por qué acequia escondida,
agua, vienes hasta mí,
manantial de nueva vida
en donde nunca bebí?

Anoche cuando dormía
soñé ¡bendita ilusión!
que una colmena tenía
dentro de mi corazón;
y las doradas abejas
iban fabricando en él,
con las amarguras viejas,
blanca cera y dulce miel.

Anoche cuando dormía
soñé ¡bendita ilusión!
que un ardiente sol lucía
dentro de mi corazón.
Era ardiente porque daba
calores de rojo hogar,
y era sol porque alumbraba
y porque hacía llorar.

Anoche cuando dormía
soñé ¡bendita ilusión!
que era Dios lo que tenía
dentro de mi corazón.




Rafael Alberti (España)


El Ángel Avaro

Gentes de las esquinas
de pueblos y naciones que no están en el mapa
comentaban.
—Ese hombre está muerto
y no lo sabe.
Quiere asaltar la banca,
robar nubes, estrellas, cometas de oro,
comprar lo más difícil:
el cielo:
Y ese hombre está muerto.
Temblores subterráneos le sacuden la frente.
Tumbos de tierra desprendida,
ecos desvariados,
sones confusos de piquetas y azadas,
los oídos.
Los ojos,
luces de acetileno,
húmedas, áureas galerías.
El corazón,
explosiones de piedras, júbilos, dinamita.
Sueña con las minas.




Blas de Otero (España)


A La Inmensa Mayoría

Aquí tenéis, en canto y alma, al hombre
aquel que amó, vivió, murió por dentro
y un buen día bajó a la calle: entonces
comprendió: y rompió todos su versos.

Así es, así fue. Salió una noche
echando espuma por los ojos, ebrio
de amor, huyendo sin saber adónde:
a donde el aire no apestase a muerto.

Tiendas de paz, brizados pabellones,
eran sus brazos, como llama al viento;
olas de sangre contra el pecho, enormes
olas de odio, ved, por todo el cuerpo.

¡Aquí! ¡Llegad! ¡Ay! Ángeles atroces
en vuelo horizontal cruzan el cielo;
horribles peces de metal recorren
las espaldas del mar, de puerto a puerto.

Yo doy todos mis versos por un hombre
en paz. Aquí tenéis, en carne y hueso,
mi última voluntad. Bilbao, a once
de abril, cincuenta y uno.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Cinco Câmeras Quebradas

Resistência Palestina!


Já pensou em fazer filmes assim?






Afastem-se do perímetro da construção!
Serão tirados à força!
Não avancem!

Abaixo a cerca!


Beto Bertagna compartilhou um link.

Gustavo Adolfo Bécquer (España)

Los Poetas del Amor (1)




Amor eterno

Podrá nublarse el sol eternamente;
Podrá secarse en un instante el mar;
Podrá romperse el eje de la tierra
Como un débil cristal.
¡todo sucederá! Podrá la muerte
Cubrirme con su fúnebre crespón;
Pero jamás en mí podrá apagarse
La llama de tu amor.





Pablo Neruda (Chile)


Agua sexual

Rodando a goterones solos,
a gotas como dientes,
a espesos goterones de mermelada y sangre,
rodando a goterones,
cae el agua,
como una espada en gotas,
como un desgarrador río de vidrio,
cae mordiendo,
golpeando el eje de la simetría, pegando en las costuras del
alma,
rompiendo cosas abandonadas, empapando lo oscuro.

Solamente es un soplo, más húmedo que el llanto,
un líquido, un sudor, un aceite sin nombre,
un movimiento agudo,
haciéndose, espesándose,
cae el agua,
a goterones lentos,
hacia su mar, hacia su seco océano,
hacia su ola sin agua.

Veo el verano extenso, y un estertor saliendo de un granero,
bodegas, cigarras,
poblaciones, estímulos,
habitaciones, niñas
durmiendo con las manos en el corazón,
soñando con bandidos, con incendios,
veo barcos,
veo árboles de médula
erizados como gatos rabiosos,
veo sangre, puñales y medias de mujer,
y pelos de hombre,
veo camas, veo corredores donde grita una virgen,
veo frazadas y órganos y hoteles.

Veo los sueños sigilosos,
admito los postreros días,
y también los orígenes, y también los recuerdos,
como un párpado atrozmente levantado a la fuerza
estoy mirando.

Y entonces hay este sonido:
un ruido rojo de huesos,
un pegarse de carne,
y piernas amarillas como espigas juntándose.
Yo escucho entre el disparo de los besos,
escucho, sacudido entre respiraciones y sollozos.

Estoy mirando, oyendo,
con la mitad del alma en el mar y la mitad del alma
en la tierra,
y con las dos mitades del alma miro al mundo.

y aunque cierre los ojos y me cubra el corazón enteramente,
veo caer un agua sorda,
a goterones sordos.
Es como un huracán de gelatina,
como una catarata de espermas y medusas.
Veo correr un arco iris turbio.
Veo pasar sus aguas a través de los huesos.





Federico García Lorca (España)


Casida de la mujer tendida

Verte desnuda es recordar la Tierra.
La Tierra lisa, limpia de caballos.
La Tierra sin un junco, forma pura
cerrada al porvenir: confín de plata.

Verte desnuda es comprender el ansia
de la lluvia que busca débil talle
o la fiebre del mar de inmenso rostro
sin encontrar la luz de su mejilla.

La sangre sonará por las alcobas
y vendrá con espada fulgurante,
pero tú no sabrás dónde se ocultan
el corazón de sapo o la violeta.

Tu vientre es una lucha de raíces,
tus labios son un alba sin contorno,
bajo las rosas tibias de la cama
los muertos gimen esperando turno.



sábado, 26 de julho de 2014

Mensageiro Entre Dois Mundos

Pierre Fatumbi Verger


Um Mundo ligado ao Outro




Documentário sobre Pierre Verger,com entrevista dele no dia anterior de sua passagem ao mundo espiritual,apresentado por Gilberto Gil e participação de Mãe Estela,Jorge Amado,Zélia Gattai e outros.




Histórias de avoinha: Josino - A Aparição da Vida 01B

Josino


a aparição da vida
Ensaio 1B – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar



O vento assumbiava o aviso do Josino nos ouvido da muié encantada. Pelo menos, é assim qui a muié cheia de amô mostrá qui tá, ela pensa qui esconde, acha qui ninguém vê, mais inté a tristeza não é triste. Só a muié encantada tem os ouvido qui sabe escuitá os informe do vento, ele carrega nos braço as mistura qui devora a muié qui espera: não sabe qui vem, não sabe qui não vem. Isso não dá tristeza, dá desesperança. Inté qui o coração apressa quando escuitá

Minha preta, tô chegando... ele pedia pra Oiá despertá dos gáio das árvore, fazê balançá a muié do seu amô. Avoava quase junto do vento, nos pé brotava a vontade de não empacá. Teve vez, qui inté pareceu qui era ele qui levava o vento, os caminho ia pra trás enquanto o amô ia pra frente. Otra vez parecia qui era levado. O tempo se encurtava, ele já quase chegava, tava chegando, mais foi atacado no caminho. Rodopiô e caiu dos gáio. Os óio se fechô. Dormiu do susto. Depois, esperô o coração sossegá pra modo de espiá pelo caminho das vista. Esfregô as mão com força, uma na otra. Assim, com elas esquentada da quentura da esfregação, colocô as mão nos óio. Aprendeu com os mais antigo qui o medo só entra pelas vistas de quem não sabe oiá. Com o coração sossegado e as vista amornada, pode vê sem susto ou assombro a aparição da sua Milagres

A minha preta me fez uma surpresa e tanto, reclamô do encanto com aquela alegre amargura de querê ficá e tê qui voltá, inda tava com as costa deitada no chão das folha morta

Não podia esperá mais, respondeu a muié enfeitiçada pelo amô qui reclama da vida o corpo pra modo de se esfregá. Ela aparecia qui nem tocava os pés no chão, meu preto vem se limpá das casca do sangue ressequido nas costa, lavá esse suô afogueado.

Ele levantô e caminhô inté à pedra do banho

Senta, a muié não mandô nem pediu, parecia qui rezava. Quando ocê reza, de verdade, ocê não pede nem manda, ocê se oferece.

Josino sentô na pedra do banho, oiava pra escuridão estrelada.

Milagres oiava o seu homem.

O amô da muié qui ela vê rasgado, na sua frente, faz ela chorá. Só a escuridão estrelada vê o choro qui lhe sai dos óio

Quem bateu em ocê assim, perguntô com o gosto salgado das água qui descia inté a boca

Ninguém, lhe disse o homem

Mais as suas costa tem falta de fatia da carne, lhe retruco a muié qui vê

É os pedaço qui os branco arranca dos preto todo dia e toda noite. Eles não cansa e eu não paro de sangrá, respondeu o escravo.

Ela pede pra Oiá virá de lado, qué sentí um momento de radiosa vingança, não qué esquecê aquela dô. Tá decidida, se tivé qui virá feiticeira ou fada ruim, ela vai virá, eu vô tê o meu gosto de odiá. As lágrima caia quente dos óio da muié qui faz o vento falá, lavava as costa do Josino. Escorria inté no chão e se guardava nas água do rio. Um dia, qui tinha medo de encontrá, havia de enchê o seu peito de mais tristeza qui podia guardá.

Coloca a mão no ombro do Josino e lhe vira de frente, inté ficá com os óio um no outro. Ele lhe quebra o encanto com mais encanto

Queria tá como a lua, não atendê mais ninguém... só o meu amô, igual a lua da escuridão estrelada era a sua Milagres, batizada pelo sinhô Clemente, os negro tinha batismo e nome de gente, Gabriela. Ela gostava e mais queria escuitá era o seu preto lhe chamando, Milagres é a lua qui atende toda a terra do amô.

As lágrima dos óio e o suô quente das costa lascada se juntava. Agora, era o tempo de chorá a saudade, assim, um nos braço do otro. Depois, ia tê o tempo de chorá a saudade sem sabê da volta qui não voltava nem mandava novidade de aviso

Ocê vê, perguntô Josino com os óio grudando os sonho na escuridão estrelada

Vejo ocê, respondeu Milagres, com os óio grudando as vontade da vida no seu amô

A lua muié... óia... óia a lua, e apontava com o dedo espichado a lua crescente, tá parecendo a nossa rede de amô. Ocê reparô, perguntô otra vez, ela tá ali, pendurada na escuridão, bem no meio das estrela. Um risco redondo crescendo, a barriga avolumando, as ponta agarrada nas mão zelosa de Oxum. E ocê mais eu esparramando as coisa do amô na lua

Agora, chega de oiá a lua, já tá na hora de tê a sua lavação, o fogo nas gota do choro da Milagres aquentô as água qui escorria no rio, inté fervê e ensopá as erva. Milagres molhava as planta da cura no rio, socava elas nas mão do modo qui aprendeu com os mais antigo, inté podê fazê uma papa, depois colocava nas ferida das costa. E cantava. E ficava verde clara, como as água iluminada qui revela as areia do fundo. As mata respondia e assoprava nas ferida. Era quando a luz da lua descia dum jeito qui parecia qui era a lua qui descia nas folha mais alta inté as raiz mais enraizada nas profundeza da tristeza. Então, o alarido e a gritaria das mata assumbiava de novo, os passarinho esvoaçava e a escuridão das estrela se enrolava nos dois

Sente os óio do amô e a vida qui vem da terra, meu preto. A natureza é a cura das ferida, a muié encantada estalava os dedo na volta do Josino, rodava suavemente, cantava e dançava, a dança da alegria. Limpava as carne da violência qui arranha e fere no limite da morte e cantava

Nesta mata todo mundo é d’Oxum, homem, muié, neinho, neinha, toda essa gente irradia magia e toda mata brilha na água doce qui vai pra água salgada, toda mata é d’Oxum, qui é amô.

A muié preta da mata dançava e cantava, sorria e chorava. O seu amô e as vontade da vida se juntava aos juramento e aos lamento, ficava enlaçado, inté qui Milagres gritô

Chega das corrente qui junta os pé e agarra as mão! Chega!

E continuava secando as marca das talba, uma por uma, beijando e passando o unguento das erva no seu amô ferido, inté qui ficô maduro o fruto do banho. Perfumô as água do rio com as mistura qui não ensina ninguém

Ocê é um homem qui vê a lua.

Ocê é a muié-lua.

Ela enfiava a bilha nas água amornada do rio e retirava as água com os aroma qui embalsamava a dô. Largava água na cabeça e oiava ela descê inté os pé do Josino. Esfregava as mão do amô nas costa do seu preto ferido.

Depois de muito lavá, ela pediu

Assopra a luz, vem deitá, ele virô as vista pra sua preta, acomodada na rede branca da lua, pendurada nas mão de Oxum. Ela tava lhe oiando. Nua. Nada mais lhe parecia incomodá, fazê sofrê.

A preta Grabiela Milagres era sua vontade de vivê.

Virô pra lua, fez uma piscadela com a vista esquerda e assoprô com doçura mais meiguice a lua crescente. Ela foi se acomodá mais adiante, deixô os dois com as liberdade e as vontade do corpo

Venha me desatá, sussurrou Milagres. Ele alevantô da pedra e caminhô. O caminheiro caminhava sem tirá as vista da rede. As carne da muié e do homem arrepiando, as vista derramando amô. O mundo tinha parado, o qui existia não existia. O começo de novo. Um otro adão, otra eva. A muié e o homem com otro nome, Oxum e Ogum, morando nas estrada. Um mundo com otro dono, menos brabo e mais doce, menos casto e mais carnoso, menos lutadô e mais amoroso

Assopre as estrela, também. Ela pedia, ele obedecia. Os dois não podia deixá de sentí qui a vida é mais rara qui as palavra, tem tempo de falá e tempo de oiá

Prefiro vê ocê com as estrela, estava em pé, parado sobre a pedra do banho, mais se ocê qué, não vô desobedecê. Virô as vista pra escuridão estrelada e ergueu a mão

Espera, disse a muié, ela oiava da rede e o seu preto tava na pintura do céu, sentiu otro arrepiu, só tava apreciando a sua vontade de me querê. Deixa as estrela lá no céu e vem me oiá mais de perto, ela provocava o seu amô com a língua, os óio mais as perna

Assim, ele perguntô depois de dá dois passo

Mais, ela lhe respondeu. O sorriso dos dois tava nas vista, brilhava mais qui as estrela, eles era a lua

Assim, e deu mais dois passo

Mais um pouquinho, já tava com os braço aberto e estendido, mostrava o sorriso da alegria qui vai recebê e dá amô

Ocê me provoca, tô lhe avisando, ele sentô na rede, no lado da Milagres. Esfregô as vista na muié, com cuidado, não queria acordá daquela aparição da vida

Deixa eu lhe pegá, Milagres empurrô Josino pro otro lado da rede. Arrumô as perna qui ficô dobrada, arrastando nas estrela. A rede boiava no céu estrelado, agarrada pelas mão de Oxum qui dançava e cantava pros dois.

A muié deitô a cabeça no seu peito arrebitado. E o homem adormeceu nas mão qui cantava as vontade do amô. Ela lhe ergueu o queixo e oiô com jeito de enguiço
Se ocê dormí, juro qui lhe mordo.

O Josino abriu as vista cansada, parecia inté qui não tinha aparição qui pudesse lhe tirá daquela moleza. As mão continuava dormindo, os pé pesado

Prometo não dormecê, nem deixá o formigamento dos pé subí na cabeça, mais a língua se enrolava na boca, inté parecia qui tinha bebido. Milagres oiô Oxum com as vista qui só uma muié pode oiá otra

Ocê não se atreveu, perguntava com as vista e a cara enfezada. Oxum usava cinco lenço transparente preso na cintura, sua saia esvoaçante. Os cabelo solto, os pé descalço, ela dançava como o vento e dela saia um perfume arrebatadô. Fazia de conta qui os dois não lhe via. Os lenço flutuava da cintura, lá tava as carne irresistível de Oxum. Os dois enlouquecia lambuzados no mel de Oxum. Mais dança, mais mel, mais sedução. A dança do amô qui salva

Meu preto, acho bão ocê não dormí, pois vô lhe sová com as vista aberta ou fechada. Ocê escolhe: a alegria de me vê e lembrá ou a tristeza de não vê a vida lhe fazê festejo.

Josino lhe oiava com um sorriso sarabanda. Ela perdia o controle da sua natureza desnaturada, entregava a si mesma a ele e as vontades da vida. Não conseguia disfarçá a sua perfeição de querê tudo. Não podia fugí daquela luta. As mão do Josino tinha acordado. Ele sorria de agradecimento pros orixá qui lhe tinha permitido aquele amô arteiro e mimoso. Não aproveitá era uma desistima

Para de colocá palavras na boca, tem tanto uso meió pra essa sua boca... Grabiela Milagres.

Não foi nenhuma ordem ou lição de sermão, coisa enjoativa qui precisa ficá escuitando sem podê falá, mais foi a provocação qui Milagres queria escuitá

Pois fique ocê sabendo, qui essa muié aqui, não precisa sê desafiada. Eu sô a tentação viva, o apetite mais a vontade de comê. As corrente dos branco amarra o corpo, qui ele despreza mais qué sê o dono, mais não acorrenta o gosto da imaginação de sonhá dos preto. Nóis aprendeu sonhá pra não dormí.

A muié balançô a rede de pedra, deu balanço no próprio corpo, inté qui Josino ficô estufado. Ele não suportô deixá guardado o gemido qui carregava trancado, um dia depois do otro, uma noite depois da otra. Escapava baixinho

Minha preta, me perdoa a pressa

Qui tanto ocê sussurra de dô, ela fez cara de disfarce de brabeza, depois lhe sorriu, tá bão, ocê se soltô como o vento no meio das folha e dos ramo, assim também é bão.

Na rede de pedra tinha dois corpo e um nó

Agora, ocê fecha as vista e faz como o beija-flô... beija a flô e bebe da doçura, ela sabe qui a ventania tem a sua obrigação, trás mudança, mais não acaba com a vontade da vida.

E é assim, desaparecido na sua Milagres, qui Josino mais vê qui é sofredô da saudade, ele tem mais no sonho qui nas mão. Oxum se aproxima por trás e lhe diz aos sussurros pra não se apressá, namorá a muié na pedra do banho sem afobação, fazê o tempo se enroscá nas perna enraizada do baobá sem pressa de acordá.

Com as costa na pedra, vê a sua preta sentá e lhe recebê todo. Ergue as mão e se enfia nos cabelo. Ela para de balançá e lhe olha sóbria

Reclamo da vida o tanto do banzo qui sinto carregá por não lhe vê. Quero de volta o tempo perdido pra sempre sem esse seu amô do homem encantado.

As vista do homem ficô alagada com os reclamo da sua Milagres, a rede da pedra se estremeceu e parô. Não se balançava mais. A fúria da ventania se passô, deixô pra trás o bafo fresco da vida aquecendo o tontiço da muié, um perigo pras força do Josino. Os dois murmurava qui o otro fazia o otro assanhá inté a indecência. Ela gostava das palavra, mais gostava mais das mão calejada dele abrindo as porta e as janela da casa. Ele anunciava qui adorava sê a sela daquele gosto tão bão de doce e perfume de feitiço

Sô feita uma árvore qui precisa das ventania do amô derrubando as folha véia, pra depois, aninhada em tu, deixá nascê as nova brotação. A muié sabe qui o sopro do feitiço é um dia com sol, mais também é amô o tempo de sentí falta, não tê notícia, é preciso deixa as água do rio descê. Ela é só queixume com esse amô de espera e qui lhe faz aumentá a tristeza da canseira, não lhe deixa ficá animada.

Enquanto os dois conversa, Oxum assumbia a brisa leve qui refresca o dia de sol e balança a rede com o acalanto das suas canção da mãe, põe as vista nos dois e abençoa o feitiço do homem e da muié qui ama. Oxum chora, tem a dô de não podê mudá a dança qui provocava o vento da tristeza. Uma lágrima cai dos óio e mergulha no rio da água transparente de mostrá a areia do fundo. A água esfria e escurece, fica barrenta. As areia vira lodo. Um cheiro de podre sai das água. Oxum promete qui assim vai ficá enquanto a ganância e a escravatura fizé o amô sofrê

A loucura de tê ocê me queima as vista, mais o teu abraço me acalma.

Meu homem, é feitiço essa crença nas virtude do otro fazê ocê voltá a sê um pedaço da natureza impaciente e inconformada com a dô. O prazê assim não descansa, se mexe e sacode pra espantá a dô, mais a dô só encosta e cochila.

Ocê tá chorando, ele perguntô quando sentiu na carne a água quente dos óio da sua muié

Meu preto, um sopro é só um sopro qui se acaba tão logo começô. A solidão sem fim tá acomodada no peito marcado pelo sangue da escravidão, o estalá do açoite, mais grito e o chicote estala, faminto cambaleia, geme e canta e ri e chora. A moça nua e espantada, ninguém chora, além dos preto, ninguém chora. Os qui ri é os qui estala o chicote. Os dente, os óio, as mão e os pé, tudo examinado e medido. Em nome do dono do mundo. Milagres sonha com otro dono, mais as coisa continua acontecendo.

Josino ergue o queixo da sua Milagres e lhe óia nos óio. A lua pendurada dentro da muié encantada ilumina o rosto do homem. A natureza do mato canta pros dois

Quero lhe colocá na boca a minha boca.

A brincadeira do amô voltô e durô mais qui a vontade. Os dois queria esfolá a pedra do banho com o vaivém das carne. Deixá na pedra as marca do Josino e da Milagres.
Os dois sabia da fome qui tinha, apesá da vida miserável de lanho e cicatriz

Tô cansada de tanto sentí falta, vai sê sempre assim, não podê acordá com tu na rede.

Não quero qui hoje acabe, mais ocê não vai me salvá do dia qui chega.

O nó se apertô e folgô otra vez, mais otra, e otra... inté qui se desfez.



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Leia também:

Quando o coração não estranha
Ensaio 15B – 2ª edição 1ª reimpressão

As Contas da Lua
Ensaio 17B – 2ª edição 1ª reimpressão

domingo, 20 de julho de 2014

Baby

Os Mutantes






Baby
Os Mutantes


Você precisa
Saber da piscina
Da margarina
Da Carolina
Da gasolina
Você precisa
Saber de mim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim
Baby, baby
Eu sei
Que é assim

Você precisa
Tomar um sorvete
Na lanchonete
Andar com gente
Me ver de perto
Ouvir aquela canção
Do Roberto
Baby, baby
Há quanto tempo
Baby, baby
Há quanto tempo

Você precisa
Aprender inglês
Precisa aprender
O que eu sei
E o que eu
Não sei mais
E o que eu
Não sei mais

Não sei
Comigo
Vai tudo azul
Contigo
Vai tudo em paz
Vivemos
Na melhor cidade
Da América do Sul
Da América do Sul
Você precisa
Você precisa

Não sei
Leia
Na minha camisa
Baby, baby
I love you
Baby, baby
I love you


Composição: Caetano Veloso



Alegria Alegria
Caetano Veloso






Menino do Rio
Baby Consuelo e Caetano





Tudo blue
Baby e Pepeu

A Mesa Vermelha

Tuca Siqueira







Uma mesa vermelha e o verbo de 23 ex-presos políticos. Neste filme, senhores jovens subversivos comentam sobre a convivência nos presídios masculinos pernambucanos durante o período militar. Da chegada ao cárcere, do afeto, da greve de fome, do papel dos coletivos dentro da cadeia. O sentimento de pertencimento é o que move este documentário. Aos personagens, o pertencimento a uma geração. À equipe técnica, o sentimento de pertencimento a um país que busca sua memória, que busca sua verdade. 

Documentário dirigido por Tuca Siqueira,


O que é, o que é ?

Gonzaguinha





O Que É, O Que É?
Gonzaguinha


Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita

Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita

E a vida
E a vida o que é?
Diga lá, meu irmão
Ela é a batida de um coração
Ela é uma doce ilusão
Hê! Hô!

E a vida
Ela é maravilha ou é sofrimento?
Ela é alegria ou lamento?
O que é? O que é?
Meu irmão

Há quem fale
Que a vida da gente
É um nada no mundo
É uma gota, é um tempo
Que nem dá um segundo

Há quem fale
Que é um divino
Mistério profundo
É o sopro do criador
Numa atitude repleta de amor

Você diz que é luta e prazer
Ele diz que a vida é viver
Ela diz que melhor é morrer
Pois amada não é
E o verbo é sofrer

Eu só sei que confio na moça
E na moça eu ponho a força da fé
Somos nós que fazemos a vida
Como der, ou puder, ou quiser

Sempre desejada
Por mais que esteja errada
Ninguém quer a morte
Só saúde e sorte

E a pergunta roda
E a cabeça agita
Eu fico com a pureza
Da resposta das crianças
É a vida, é bonita
E é bonita

Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz

Ah meu Deus!
Eu sei, eu sei
Que a vida devia ser
Bem melhor e será
Mas isso não impede
Que eu repita
É bonita, é bonita
E é bonita


Composição: Gonzaguinha


João Ubaldo Ribeiro

Política: Quem manda, Por que manda, Como manda


Ribeiro, João Ubaldo.
          Política / João Ubaldo Ribeiro. - Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 1981.


Curso prático e elementar para trabalhadores, estudantes, políticos, donas-de-casa e o povo em geral.




























sábado, 19 de julho de 2014

histórias davóinha: Quando o coração não estranha 15cp

casarão canela preta


Quando o coração não estranha
Ensaio 15cp – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar



Trabaiadô escravizado tinha dono, mais podia sê arrendado, emprestado, inté dado como presente. No caso de sê arrendado, a generosidade do custado pelo alugué duspretu era combinado com as parte interessada, menos com uspretu, esses num era parte interessada, nóis era as coisa usada pra trocá com otras coisa. No caso do Josino, parece qui ele foi emprestado pro sinhozinho parecê bondoso. Isso também podia acontecê, parecê sê uqui num é, coisa qui se muntu tumbém aqui. Naquele tempo de trocá gente como pedaço de carne, além das parte interesseira, era costume qui mais ninguém sabia dusacerto feito. Então, sabê ou num sabê, querê sabê ou num querê sabê, dava no mesmo, uspretu era mercadoria de trocação e o destino duspretu só interessava prus branco. Hoje, eles tirá ocê da escola sem ocê nem se dá conta e coloca sentado no banco do trocadô das passagem. E diz pra ocê repetí qui ocê tem qui sê agradecido. Afinal, num é qualqué pretu qui eles dêxa sentá no assento de cobradô. As muié, como sua tiainha, leva vida limpando os alagado e imundície do banheiro branco, otras vai cozinhando. Tem as qui costura. Mudô pouco, é verdade, mais agora o destino duspretu interessa também prus pretu. E ocê, mifioneto, num precisa só ficá no banco da catraca.

eu sei que avóinha tem razão nas preocupações dela, acredito que é tudo muito sério, mas ter dinheiro no bolso também é coisa muito séria

Avoinha, e o Josino?

O Josino... coitado, ele levô as culpa. Mais, dum jeito ou dotro, o trabáio braceiro duspretu aparecia como doação pra construção, junto com as dádiva das pedra, as talba do madêrame, as tinta. Gente boa esses doadeiro, gente boa esses recebedô, uspretu era tomado emprestado pelo santo padre e o sinhozinho emprestadô garantia um lugá no céu do Paraíso, pelo menos nucéu da Villa. Uns tinha cobiça de fazê, otros apetecia parecê tê uqui num tinha: desapego com as coisa da terra e muita devoção nos assunto da obra santa. Gente de falsa devoção qui fazia brotá na cara o fingimento de sê desapegado das coisa e num tinha nehum embaraço pra mostrá apego sem fim ditê pretu escravizado. Os murmúrio da garganta inté qui tentava disfarçá as coisa diferente do qui é, mais as palavra num combinava com usuóio, e usóio num combinava com as mão, qui num combinava com uspé, qui num combinava com a vida.



tem vez que preciso empurrar avóinha para seguir nas histórias

Mas, avóinha... o que fez o Josino para ser enforcado?


Guri, ocê inda leva essa véia ficá deliciada inté na beirada da esgotadura. Quando parece qui num qué mais a história, lá vem ocê cutucá. Antes de escutá faz pouco causo das coisa qui inda num escuta e num vê. Depois, logo em seguida, tá bisbiotêro. Por essa véia aqui, inté é bão, dá movimento pra conversa dessa eternidade, uma coisa parada qui pode sê pra sempre, mais pode num sê. Nunca quis ficá empacotada, fechada na caixinha. Só teve uma caixinha qui guardava sua vó. Adorava sê a bailarina da caixinha com música dumeu pretu. Dessas dança tenho gosto e saudade. Seuvô sabia enfeitiçá e fazê suavó rí, a mágica era bem de perto. Teve veiz, qui num tava com vontade de usá as roupa da bailarina, ele sorria com usóio, fazia cara desavergonhada e agarrava a caixinha; torneava a corda bem devagarinho, quase nem dava pra vê ele dando corda, girava os dedo e ria a alegria da dança. Girava e cantarolava, girava e murmurava, depois soltava o anel da corda e deixava suavó dançá a batucada duspretu. Já fiz pedido pra desencantá pru seuvô, inda num tive resposta, mais credito qui depois dessa incumbência vô sabê. Quero desenfeitiçá, deixá de existí lá e cá. Quero tempo de preguiça cumeu pretu. Podê sê bailarina pela infinidade do além-mundo.


quando avóinha começa com essas intimidades de bailarina fico sem jeito com as palavras

E o Josino, avóinha?


Uqui tem o Josino qui vê com as dança de bailarina com seuvô?

Avóinha fez de novo, parece gostar de dizer e não dizer. Tudo parece brincadeira da paciência davó com a impaciência das pessoas.

Ocê qué sabê o qui mesmo?


Eu até nem sabia desse escravo Josino. Foi avóinha quem beliscou essa história e me fez ficar com gosto de conhecer a vida desse homem. Um dos enforcados da nossa Villa. Eu não sabia que existiu esse tempo da pena de morte e do juiz mandar enforcar. Agora, precisa terminar de contar sobre esse negro que foi mandado para a forca. Uma praça de enforcamentos na Villa. Continua, avóinha...

Posso suspirá fundo antes de começá?

Avoinha...

Tá bem. Ele foi presenteado emprestado pelo sinhô Zé Clemente ao siô padre José, mandachuva da freguesia da Dô. Era por motivo de fazê a subida das parede da capela adoratória pras missa domingueira e otras coisinha mais. O Josino trabaiô duro. Carregô talba, pedra e uqui tinha ordenação pra carregá. O sol castigando, ele trabaiando. Ia e vinha sem reclamá. Nos dia de chuva, nos dia de frio. Num podia tê exaustão nem se escondê da ventania. As rajada minuana assobiava gelada. Num podia desaprová nem desnorteá. A sua luta foi perigosa e penosa: num caí da sela do sofrimento. Precisava continuá montado na sua dô, sem pena dele mesmo.


O escravo doado emprestado, qui mais um tempo menos um tempo, ia voltá pra estância do seu sinhô, num era feito igual as pintura do siô dos branco, nem irmão ou da mesma criação do siô Clemente, mais pagava as culpa do sinhozinho com useus braço, com sua tristeza. Tanta vida na liberdade, quase tanta morte existe nas corrente. O desejo do siô Clemente era maió qui tudo. Decidia tava decidido. Mandava matá tava morto. Ficava assanhado e as preta se escondia. A vontade do Josino era um abismo qui só ele caia. Era preciso sê forte, era preciso sê pretu. Ocê qué sabê uqui fez o Josino? Num se lastimô, se ocupô com os trabáio e as belezura da obra santa. As torre, as escadaria, os sino... num faltava trabáio. Pena, qui num deu interesse de mais cuidado nas falação sem rumo, esses rumô qui aparece num se sabe donde e nunca tem dono. Bisbilhotice. Intriga qui num tem boca qui começa, mais depois qui começa num tem boca com jeito de botá freio.

E que fofoca foi essa, avóinha?

Num foi só mexerico, mifioneto. O palavrório começô dum jeito desimportante, um fuxico aqui, outro lá, foi entranhando nos coração bem-intencionado. Num foi feito pra entrá na cabeça, tinha qui sê no curação. O desamô já tava plantado nas cabeça mal-intencionada. Usá uspretu como coisa ruim ou coisa boa, os pequeno sinhozinho aprendia fazê antes de saí da barriga. Cada sinhozinho qui nascia já tinha uma chibata e as chave das corrente. Então, faltava ódio pelo Josino chegá no coração. Esse era o caminho fácil. Depois disso, qualqué disse ou num disse, num precisava mais prová. Era só dizê, era só inventá, se o coração num estranha a cabeça num duvida.

Mas dizer o quê, avóinha? O que foi dito que fez o preto Josino ser enforcado?

Uqui ocê qué e tem sede? Duqui ocê tem fome? Ocê procura uma resposta simples qui Josino num merece. Ele precisa da verdade inteira, contada da sua maneira. E num pela parte branca qui qué se esquecê das injustiça feita, isso quando num diz qui uspretu é meió como escravizado. Sempre dão no jeito de desconversá e acusá uspretu, pra depois aconselhá: derramado o mal é meió deixá esquecido.

Essa história precisa ser conhecida, avóinha.

E com o curação. Começô com um rumô sem dono: a igreja das Dô num crescia. Parecia qui os trabáio num rendia nem aparecia. E as doação sumia. O escravo Josino num sabia nem tinha como sabe dos rumô. Só podia mostrá sua coragem de homem marcado e qui num cai da sela da dô. Pra caí é preciso sê derrubado. Mais num adianta só tê coragem de aguentá, o bão é num dêxá nascê odiação no coração, depois qui nasce o gosto de odiá num tem muito jeito de falá em amô, as orelha fica tapada com as mão e usóio enxerga pela língua do veneno.

por aqueles dia, ele foi pedido de volta na estância, É cousa pouca, sinhô padre. Ele já volta aos trabalhos da nossa igreja.

Um negro de mui valor, sinhô Clemente. Vai nos fazer falta esses dias de descanso.

Poucos dias, poucos dias, sinhô padre.


josino chegô na estância quando o dia começava espreguiçá, depois da caminhada solitária da dia e noite. num era comum pretu sozinho na estrada, mais o sinhô sabia da certeza da volta do josino. o nosso herói preferia assim, caminhá desacompanhado. sem carga. tinha vez qui era feito montaria pra algum amigo mais desanimado do siô clemente. naquele dia, pode avoá. fez a caminhada quase junto do vento. num teve peso morto pra carregá, carregô o peso do corpo nas perna mais apetite de chegá. assoprava o vento quia na frente


nem bem chegô e já ganhô ordem de arrumação pra cumprí, Negro, ocê tem que descarregar essas tábuas. Precisa esvaziar o barco, fazer desaparecer a carga da beira do rio. Chama mais dois negros da confiança, isso sim, é chegá bem na hora errada, pensô josino. largô os trapo no chão, enrolô nos galho dos maricá sua saudade e assoprô


Já chego, minha preta... só mais um pouco.

o siô num lhe ouviu, mais o siô clemente teve tempo pra dizê, Josino, depois do serviço feito vá para os mato com a negra Gabriela. A sinhá Casta diz que pelas contas da lua, é bem o tempo de fazer embaraço de barriga. Não me desaponta, negro, f
alô sem sabê uqui dizê, os espírito da mata já tinha avisado

já fazia um tempo, josino escutava do siô qui tava mais qui no tempo de deixá prenhe a escrava gabriela, Negro, não deixa a poeira empoeirar a barriga dessa negra, o siô do josino queria aumentá as carne preta pra fazê delas tudo qui queria fazê, Se ocê não dá conta, negro... arrumo outro com mais jeito na lida com as negras.


josino tinha as vista cheia com as desconfiança nos dias da sua frente, tava perdido das suas firmeza com os destino desde muito tempo. as duas vista num se encontrava. uma extraviada da otra, uma escondida da otra. oiava dum jeito pro lado, com otro jeito o otro lado. sentia qui tinha raiva e medo nas vista

oiô pru amontoado das talba. a saudade tinha qui esperá. o trabáio num lhe metia medo ou fazia preguiça, num era esse o motivo da tristeza. pegava as talba de polegada e puxava pra cima do ombro, depois se arrastava inté o empilhamento começado com uma, depois otra e mais otra talba. era carregamento grande, mais achô qui num tinha necessidade de nehuma ajuda de mais sofrimento


Aqui, não! Amontoe tudo em lugar mais reservado, foi as nova ordem do siô clemente, não preciso dos olhos do padre José ou do nariz do Pereira nesse carregamento. E fica melhor guardado, o siô padre josé recebia uspretu emprestado pra sua obra da construção. vivia atormentado pelas demora de ereção da casa santa com as duas torre, angustiado com os sobressalto de paciência qui precisava tê. o pereira era o chefe de instrução e vigilância das educação servida na villa, como num tinha muito qui fazê, ele ocupava seu tempo nos cuidado do bão proveito da madeira nas casa da villa. gente de importância e cobiça gosta de acumulá mais duqui precisa. quanto mais abarrotado de cobiça mais tem linha direta com algum chefe de mais importância. a cobiça é o siô controladô

nas costa do Josino escoava um suco avermelhado qui borbulhava água benta: sangue, suô salgado e dô. era só fazê a mão tocá as costa do negro, molhá a ponta dos dedo, fazê o siná da cruz e sê abençoado. o siô num creditava em benção nehuma e o Josino num queria sê valente. aquela água de benzedura se enfiô na terra. adubô o chão qui precisava dele, inda ia saí de lá expulso e agredido com as palavra feia do branco capetão


os risco na carne era fundo, cada talba qui subia no lombo esfregava os ferimento como farelo de vidro na carne. depois vinha o suô salgado. ele ficava todo ardido. os golpe das talba na alma, a tristeza daquela confusão de vida, tudo isso ficava misturado com a canseira e as dô da saudade. num tinha uqui fazê, num tinha uqui reclamá. ninguém pra lhe ajudá, nem padre, nem doutô, nem coroné. num conhecia branco qui num queria tê um preto pra mandá. usqui num tinha sonhava tê. eles inda sonha com a volta no passado, e diz qui é meió, vai meiorá, Cuidado, mifioneto, dessa gente satisfeita com sua vida nas sombra, eles num pensa qui tem qui havê algo pra iluminá sua vida. Se ocê deixa eles falá na vontade própria, inda faz ocê creditá qui ocê é a sombra.
no fim daquele dia, o empilhamento tava feito. cuspiu nas mão calejada, esfregô uma mão cuspida na outra, fez um suspiro com careta e oiô no céu qui tinha chegado a hora de voltá. ele só tinha no pensamento as ideia de saí correndo pra agarrá sua milagre. usá as força qui guardô só pra ela, Minha preta, tô chegando, assoprava no vento qui ia na frente. ele pedia pra Oiá avisá da sua chegada




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quinta-feira, 17 de julho de 2014