domingo, 22 de março de 2015

Histórias de avoinha: As Casa do Comércio na Villa 18

Ensaio 43B – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar



Nunca mais fez assunto o causo da língua do camará Vila inté esse dia de ensinamento pro camaradinho. Uma teia de más intenção qui pode levá da vida pra morte num estalá do cipó. Uma tristeza tê as pessoa qui gosta do barulho das tira assumbiando a dô nas costela. Esses qui gosta não vai tê ninguém pra lhe favorecê. Não havia de sê ele qui devia assuntá a língua cortada, male mal tinha tempo de fazê as vigilância da iluminação. Um capricho de atenção na ida e otro na volta, quem tem feitura de ofício apertada não perde tempo em assuntá trama de julgamento, isso é preocupação do chefe das pulícia, falô sem oiá o camaradinho. Deu suspiro fundo e recomeçô a trilha no rumo da Quitanda, fez quatro ou cinco passo e parô, meu camaradinho, vem té aqui. Quero colocá clareza nas palavra dita.

O mestre qué se explicá?

As veiz é meió pará o caminhá da língua, pensá as coisa dita e pra dizê. Quero lhe inspirá respeito, não quero lhe distanciá da gratidão. Tudo qué dizê alguma coisa...

Tô lhe escutando...

As mão do Varão nas parte redonda do Joca não incomoda, isto só tem importância pros dois. A culpa é fazê humilhação nos otro, não tê amô nos otro. Fala mal quem faz empenho em odiá. A mão do Varão qui cochile onde quisé. O descabido foi a língua do camará Vila desaparecê nasmão dos três e não teve ninguém pra procurá sabê o certo e o errado. Num falta estima de sabê a verdade, mais preocupação com os preto. Um capricho de atenção na ida e otro na volta.

O Largo da Quitanda não parecia dormí. As formiga continuava o comércio qui se juntava com as lanterna. Uma trilha de gente. O trapiche rio adentro cortava as água como as marca da chibata marcava o côro, não era dali, mais não mudava o qui era: uma fonte de comércio. As estrada das água não tinha descanso nem precisava reparação, só carecia tê cuidado com os vento. 

Os três parado. O siô da Hora fazendo reconhecimento do perigo e a necessidade do uso da arma de atirá. Esperava tudo, pra tudo queria uma explicação qui não ia tê. Sabia farejá o perigo, sabia farejá os preto. A mão não tinha dúvida, nunca teve no causo de confusão com preto, já tava no armamento de guerra.

As barca, as barcaça e as sumarca no trapiche. Umas chegando, otras saindo. E otras vindo pela estrada do rio pra cima e pra baixo. A vida não para nem espera. Passa. Não adianta ficá só oiando da margem com medo de afogá e choromingando qui num sabe nadá, as água passando é a vida.

Os serviço da iluminura daquela noite male mal teve começo quando tudo se parô esperando o desfecho. Os três quieto. O guri com as vista estrelada, as mão agarrada nos bolso qui não encontrava. Queria tá dentro dos bolso. Escondido. Ele não tinha muito, mais tinha vontade de aprendê o serviço das iluminura, queria sê gente e crescê. Fica hôme. O camaradinho qui virô camará Palavra.

A ligadura das veia pulando.

Um guerrêro todo branco bem armado é um guerreadô qui não se importa com o tamanho do hôme qui tem na frente, tá pronto pra fazê aparecê a dô. Pronto pra defendê as coisa boa qui conquistô na cama da siá Casta. As mão tensa, o pau mole... pequenino. Torto como um pepino. Sumido. Era capaz de num achá caso fosse preciso encontrá.

O camará Farol não tinha as bota, podia sentí as reclamação da terra, os aviso do perigo. O camará Farol virô as costa, as vista e a atenção na direção do rio. O siô resolveu passá sem fazê menção de querê reconhecimento, passô reto pelas costa de um e as vista arregalada de otro, negro filho-da-puta... ocê tem obrigação de respeito e mesura.

O camará só pensava iluminá com capricho a escuridão, sua obrigação tava só no começo

Ocê aí, negro!

Num teve resposta, num teve siná de atenção, ocê aí, negro sujo! ocê me deve cortesia de importância, o siô da Hora não queria assuntá falação com o acendedô de vela, muito menó era sua vontade de tê intimidade de ficá perto. Ele queria a atenção dócil dos inferiô, sê oiado de longe, sê cobiçado, esse negro precisa ser ensinado melhor, escutou... negro, num teve ganho de nenhum cumprimento humano. Foi provocado e perdeu a paciência da bondade. Parô a rua nos pé, pensô volta inté os dois atrevido, um criolo qui não conhece o seu lugar é um desperdício, resmungô pra modo de continuá seu caminho. Voltô os passo na direção da reunião. Avançô um, dois e otro passo não deu. Ficô dominado pela raiva, não atinava com mais nada, tava solto das corrente da compreensão e da tolerância, só atinava com a danação e o rancô raivoso, só lembrava do ódio qui carregava, isso é desaforo, quem esse criolo pensa que é?

Tu aí, negro, cuspiu grosso e deselegante, um criolo a mais ou a menos não vai fazer nenhuma diferença, o fedô das bota enlameada em bosta, os dois morto-vivo no seu caminho, tudo atrapaiava, um velho e um menino, dois criolos ou dois bichos de mato...

O camará Farol tinha dois nome e um espritu, inté batizado foi, mais não escutô nenhum dos nome sê dito, continuô na direção da próxima lanterna, baixô, raspô a cera e colocô no arpéu a lanterna com a vela acessa. O camaradinho com os óio esbugaiado. O camará Farol de costa pro branco bão e deselegante.

O siô bão e deselegante levantô do chão uma pedra e jogô com precisão na mira. O camará iluminadô deu um passo de lado. A pedra se passô, as costa continuava virada de costa. Otra pedra. O camaradinho aprontô os beiço grosso pra assoprá vento na pedra, as vista do camará Farol lhe agradeceu, mais num tinha motivo criá vento. Voltô o passo de lado. A pedra se passô. E não se mexeu mais. Esperava o otro.

O Betobento Luz era um liberto dos branco, ele foi comprado e depois se comprô. O camará Farol continuava preto e acorrentado.

A aparência arrogante do siô da Hora acabô de veiz, ficô sem os cuidado do juízo e partiu pros finalmente. Sacô da cintura o chicote grande e largo. Não queria só assustá quando desenrolô o cipó. Tinha nas vista o prazê de fazê mira mais o gosto de acertá. Lançô a língua de sangue. O camará deu otro passo de lado pra desviá do rumo do cipó. Oiô o camaradinho e mandô se afastá, esse assunto ainda não é pra ocê, meu camaradinho.

Saltô com as mola qui tinha nos pé e nas mão, ia jogá o jogo de dentro, sem medo do qui ataca, o di lá, o di cá, tava no centro, contra o tirano do cipó e da arma de atirá. Otro salto e o felino ficô na frente das vista do branco, a sua arma era o oiá de desafiá. O susto desencanta a coragem dos covarde. O siô dos bão só queria saí dali, deu um passo e otro atrás. O cipó continuava nas mão. Não aprendeu muitas coisa com o pai, mais o uso das arma não esqueceu, o cipó não se parece com arma de atirar, mas depois de empunhar é preciso fazer uso sem fraqueza.

O camará deu um passo pra frente, quis encurtá a distância, continuava com o gosto de jogá com quem lhe chamô pro jogo dos mestre. O siô só queria saí de dentro. O camará não caminhava, ele dava uns passô de dança, abriu o berrêro de mãe África e dos espritu qui não se acóca pra ninguém. Saltô como um felino uma, duas e mais veiz. Tava no jogo de dentro, pode ví, pode lançá o cipó, pode usá seu podê terrestre, seu podê de tirano, não há nada em ocê qui me mande. Tava na frente das vista do branco, mais não parava, o oiá de odiá do siô continuava agarrado no cipó. Mais dois passo atrás, caminhava os passo de costa do medo e da covardia. Andava pra trás resmungando, se ocê me viu devia o cumprimento de respeito.

Só respeito quem não qué injustiça, nesse mundo não há quem me mande, posso apanhá, mais não vô obedecê.

Mestre... mestre... a voz qui tava chamando parecia vindo de tão longe

O qui foi, meu camaradinho?

O mestre é pacato e não mata, tem maestria pra desafiá qualqué um e dá suadôro no veneno, mais é a valentia do coração qui deixa o armamento sereno.

O quebranto daquela briga qui não aconteceu se quebrô. O siô continuô andando pra trás. O camará andando pra frente. O chêro catinguento das bota do siô branco lhe revoltô, não ia chamá a cavalaria dos espritu. Os passo de costa continuava resmungando, merda, merda, e mais merda, nas horas que preciso do Capitão, meu dragão sentinela me apareça!

Recolheu o cipó, enrolô e prendeu na cintura. Retomô o seu caminho. Um pequeno tempo de dúvida sem espada, tava desconfiado dele mesmo, acho que fui precipitado e gastei meu tempo com bobice, esse criolo nem merecia tanta cautela, corri risco desnecessário. O meu problema é depois de colocar a mão no armamento. O cipó me deixa tomado de fúria, sinto vontade de acabar com o assanhamento desses vagabundos e bandidos. O cipó tem vida própria, a mão esquece que não é da polícia nem da justiça.

O siô da Hora aprendeu de pequeno, guri aprende meió qui gente grande, meu filho, branco com a chibata é branco forte que sabe colocar os pretos no seu devido lugar. Aprendia não tê dó nem compaixão, e tão certo, quanto o céu é dos brancos e o inferno é coisa da feitiçaria dos criolos, vou ensinar os filhos que dona Casta me der que criolo só pode ser escravo, outra coisa vai ser vagabundo, e depois bandido, isso não muda se Deus Nosso Sinhô assim quiser. A gente colhe o que planta nas crianças.

Já caminhava longe do perigo do camará quando deu vontade mijadêra. Virô as costa dum lado e otro, ninguém no alcance do oiá, só o seu desespero no terrêro grande das sombra. Foi inté uma árvore qui cobria as estrela, colocô a cabeça apoiada no poste de sombra. Usô as duas mão e deu um longo suspiro de alívio, o Nosso Sinhô colocou esse negro no meu caminho para me lembrar alguma coisa que devo ter esquecido, alguma benção... soltô um suspiro ruidoso dos intestino. A ventosidade fez derramá uma pequena umidade. O descuido lhe brotô no fundo das calça outro pequeno aviso, o vulcão só está limpando a garganta.

Com as duas mão sacudiu e se guardô. Virô as costa pro baobá e pisô na terra espumando. Quente. Regada. Tava de frente pra beirada da praia. A aragem é inconfundível. Lembrô do Josino, o negro certo no lugar certo, esse só me deve uns negrinhos da sua criação com a Milagres.

A lembrança lhe deu vontade de dobrá na direção do carregamento, oiá com as própria vista a carga abarrotada no barco, mais a cautela era sua maió virtude. Não achô qui era bão se aproximá do trabáio secreto, quem não é visto não é reconhecido.



___________________________


Leia também:


As Casa do Comércio na Villa 17
Ensaio 42B – 2ª edição 1ª reimpressão



As Casa do Comércio na Villa 19
Ensaio 44B – 2ª edição 1ª reimpressão


Nenhum comentário:

Postar um comentário