Poesia Africana - 32
língua portuguesa
Mantenha
Filha do teu adultério
existo
queiras ou não com a mesma pele.
Exilada
sobrevivo contente na terra dos sem cor.
Com a boa vontade que ganhei
das gentes daqui,
sem ressentimentos nem vergonha
cultivo a mentira da tua grandeza
no existir dos meus descendentes.
E mando mantenhas, oh terra
através dos meus poemas vermelhos:
A cor que me deste!
(...)
é porque não sei (incrível !...)
se saberia
descrever-te com palavras
os contornos do meu amor.
(Silêncio, Alzira Cabral)
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Biografia
Alzira Cabral nasceu em Cabo Verde (Bissau) em 1955. Sua obra encontra-se dispersa em revistas e uma seleção dos seus poemas foi publicada na antologia “Mirabilis de veias ao sol” (AAVV, 1991) que divulga a poesia pós-colonial de Cabo Verde, trazendo a público nomes novos como Paula Martins, Alzira Cabral, Arcília Barreto e Ana Júlia e outros já conhecidos, como Dina Salústio, Vera Duarte.
O poema Mantenha foi extraído da antologia “Poesia Africana de Língua Portuguesa”, organizado por Lívia Apa, Arlindo Barbeitos e Maria Alexandre Dáskalos. Lacerda Editores, RJ, 2003.
Poemas publicados em Mirabilis de veias ao sol:
Psicose
Como antes
Recado
Julgamento
Abram alas!
Silêncio
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