domingo, 12 de setembro de 2021

Poemança Africana: Alzira Cabral (Cabo Verde)

 Poesia Africana - 32


língua portuguesa




Mantenha



Filha do teu adultério
existo
queiras ou não com a mesma pele.
Exilada
sobrevivo contente na terra dos sem cor.
Com a boa vontade que ganhei
das gentes daqui,
sem ressentimentos nem vergonha
cultivo a mentira da tua grandeza
no existir dos meus descendentes.

E mando mantenhas, oh terra
através dos meus poemas vermelhos:

A cor que me deste!







(...)
é porque não sei (incrível !...)
se saberia
descrever-te com palavras
os contornos do meu amor.


(Silêncio, Alzira Cabral)






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Biografia

Alzira Cabral nasceu em Cabo Verde (Bissau) em 1955. Sua obra encontra-se dispersa em revistas e uma seleção dos seus poemas foi publicada na antologia “Mirabilis de veias ao sol” (AAVV, 1991) que divulga a poesia pós-colonial de Cabo Verde, trazendo a público nomes novos como Paula Martins, Alzira Cabral, Arcília Barreto e Ana Júlia e outros já conhecidos, como Dina Salústio, Vera Duarte.

O poema Mantenha foi extraído da antologia “Poesia Africana de Língua Portuguesa”, organizado por Lívia Apa, Arlindo Barbeitos e Maria Alexandre Dáskalos. Lacerda Editores, RJ, 2003.


Poemas publicados em Mirabilis de veias ao sol:

Psicose

Como antes

Recado

Julgamento

Abram alas!

Silêncio

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