comecemos pela poesia...
Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.
Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas.
Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas.
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.
Porque assim é preciso
Para que tu vivas.
Gostaria de encontrar-te.
Falar das cousas
que já estão perdidas.
Tuas mãos trementes
se desmanchariam
na sonoridade
dos meus ditos.
Faria de teus olhos
luz,
de tua boca
um eco.
Nos teus ouvidos
eu falaria de amigos.
Quem sabe se amarias escutar-me.
[III, Presságio]
Nós, poetas e amantes
o que sabemos do amor?
Temos o espanto na retina
diante da morte e da beleza.
Somos humanos e frágeis
mas antes de tudo, sós.
Somos inimigos.
Inimigos com muralhas
de sombra sobre os ombros.
E sonhamos. Às vezes
damos as mãos àqueles
que estão chorando.
(os que nunca choraram por nós)
Ah, meus irmãos e irmãs…
Ai daqueles que nos amam
e que por amor de nós se perdem.
Ah, pudéssemos amar um homem
ou uma mulher ou uma coisa…
Mas diante de nós, o tempo
se consome, desaparece e não para.
Ouvi: que vossos olhos se inundem
de pranto e água de todo o mundo!
Somos humanos e frágeis
mas antes de tudo, sós.
[XX, Balada do festival]
Convém amar
O amor e a rosa
E a mim que sou
Moça e formosa
Aos vossos olhos
E poderosa
Porque vos amo
Mais do que a mim.
Convém amar
Ainda que seja
Por um momento:
Brisa leve a
Princípio e seu
Breve momento
Também é jeito
De ser, do tempo.
Porque ai senhor
A vida é pouca:
Um bater de asa
Um só caminho
Da minha à vossa
Casa…
E depois, nada.
[IV, Trovas de muito amor para um amado senhor]
Hilda Hilst TV Cultura
Tu não te moves de ti + Por que ler Hilda Hilst
“Me fizeram de pedra/ quando eu queria/ ser feita de amor”
Para poder morrer
Guardo insultos e agulhas
Entre as sedas do luto.
Para poder morrer
Desarmo as armadilhas
Me estendo entre as paredes
Derruídas.
Para poder morrer
Visto as cambraias
E apascento os olhos
Para novas vidas.
Para poder morrer apetecida
Me cubro de promessas
Da memória.
Porque assim é preciso
Para que tu vivas.
Gostaria de encontrar-te.
Falar das cousas
que já estão perdidas.
Tuas mãos trementes
se desmanchariam
na sonoridade
dos meus ditos.
Faria de teus olhos
luz,
de tua boca
um eco.
Nos teus ouvidos
eu falaria de amigos.
Quem sabe se amarias escutar-me.
[III, Presságio]
Nós, poetas e amantes
o que sabemos do amor?
Temos o espanto na retina
diante da morte e da beleza.
Somos humanos e frágeis
mas antes de tudo, sós.
Somos inimigos.
Inimigos com muralhas
de sombra sobre os ombros.
E sonhamos. Às vezes
damos as mãos àqueles
que estão chorando.
(os que nunca choraram por nós)
Ah, meus irmãos e irmãs…
Ai daqueles que nos amam
e que por amor de nós se perdem.
Ah, pudéssemos amar um homem
ou uma mulher ou uma coisa…
Mas diante de nós, o tempo
se consome, desaparece e não para.
Ouvi: que vossos olhos se inundem
de pranto e água de todo o mundo!
Somos humanos e frágeis
mas antes de tudo, sós.
[XX, Balada do festival]
Convém amar
O amor e a rosa
E a mim que sou
Moça e formosa
Aos vossos olhos
E poderosa
Porque vos amo
Mais do que a mim.
Convém amar
Ainda que seja
Por um momento:
Brisa leve a
Princípio e seu
Breve momento
Também é jeito
De ser, do tempo.
Porque ai senhor
A vida é pouca:
Um bater de asa
Um só caminho
Da minha à vossa
Casa…
E depois, nada.
[IV, Trovas de muito amor para um amado senhor]
Hilda Hilst TV Cultura
Tu não te moves de ti + Por que ler Hilda Hilst
| Tatiana Feltrin
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