parábolas de uma professora
Camarada, Ofélia!
Ensaio 001A – 3ª.ed
baitasar e paulo e marko e kamilá
uma tarde perfeita em algum lugar... bobagem, não existe a vida perfeita, mas como desejo um amor perfeito
Camarada, Ofélia!
Ensaio 001A – 3ª.ed
baitasar e paulo e marko e kamilá
uma tarde perfeita em algum lugar... bobagem, não existe a vida perfeita, mas como desejo um amor perfeito
pelo menos, uma noite bem-feita, bem-acabada, completa, Com licença, desculpem o meu atraso, esse é o paulo, gosto dele, sou apaixonada pelo seu trabalho; não, não é apaixonada a palavra que melhor descreveria o que sinto, eu respeito muito o seu trabalho, acho relevantes e necessários outros trabalhos, uma pena que muitos se percam na invisibilidade do cotidiano, fiquem desaparecidos no meio da mesmice que não tira a bunda da cadeira, usa e abusa da garganta com gritos ameaçadores, cínicos e ineficazes
Estava fazendo a releitura de um texto com a turma do nono ano. O tempo foi passando gostoso, amoroso e desafiador, mas enfim, cheguei atrasado à reunião.
o professor paulo tem um carisma muito grande, suas reflexões e prática sobre a educação dos jovens e adultos nos fazem querer e acreditar que é possível uma educação diferente, uma outra escola, nossos jovens e adultos na periferia desta villa têm esse direito, é nosso dever anunciar que não vivemos em uma villa educada, gentil e hospitaleira, a realidade é amarga e com muito fingimento, intolerância, desamparo e rejeição
Parabéns, professor! Já é um parto realizado à fórceps qualquer leitura de frases com estes alunos, a professora ofélia interrompe suas palavras e ri o seu melhor riso debochado, fico imaginando a releitura de um texto, professor Paulo. Esses alunos lerem uma vez é meio fora de órbita, mas lerem duas vezes... chamo isso de magia, o máximo da bruxaria nos dias de hoje. Enfim, parece que temos o nosso comunista!
o professor paulo não respondeu, limitou-se a acariciar sua barba branca e longa, olhou à professora com seu jeito calmo e tranquilo de sempre, passos curtinhos, como se não tivesse pressa em chegar, mas interesse no percurso e caminhos a serem percorridos
as palavras da ofélia continuam me machucando, não é possível que ela não fique calada, e eu... sim, não foi uma brincadeira nem uma simples provocação, mas desprezo
busco com o olhar o professor do corredor, ele não está... como o necessito, deus havia sido a minha mais importante carência, mas a ele necessito mais que a deus
não é possível que continue calada, desde sempre acreditei na possibilidade da construção da escola diferente, voltada para práticas da conscientização, inclusão, autonomia, participação, diálogo, alegria, libertação, cidadania, enfim, uma escola verdadeiramente democrática que ensine, eduque e liberte
mas não disse, fiquei calada, deixei o paulo sozinho
Camarada, Ofélia, é a voz do marko, fria e dura, então, pelas suas palavras, é verdadeira a lenda que uma escola vazia - sem suas crianças, jovens e adultos - é um imenso casarão mal-assombrado, onde só ficam as bruxas e os bruxos?!
eis uma reunião que promete, a irreverência que enfrenta o deboche e o cinismo
tudo é dito sem ingenuidade, as manobras reacionárias e progressistas disputam as ideias e corações com finalidades tão diferentes
medem forças
buscam aliados
agrupam-se
sem lirismos ou sangramentos visíveis
as consequências estão depositadas no fazer ou deixar de fazer nas aulas, os seus efeitos se concretizam diferentes: maneiras de ensinar arrogantes para alguém ou desejos humildes de aprender junto com alguém
Estava fazendo a releitura de um texto com a turma do nono ano. O tempo foi passando gostoso, amoroso e desafiador, mas enfim, cheguei atrasado à reunião.
o professor paulo tem um carisma muito grande, suas reflexões e prática sobre a educação dos jovens e adultos nos fazem querer e acreditar que é possível uma educação diferente, uma outra escola, nossos jovens e adultos na periferia desta villa têm esse direito, é nosso dever anunciar que não vivemos em uma villa educada, gentil e hospitaleira, a realidade é amarga e com muito fingimento, intolerância, desamparo e rejeição
Parabéns, professor! Já é um parto realizado à fórceps qualquer leitura de frases com estes alunos, a professora ofélia interrompe suas palavras e ri o seu melhor riso debochado, fico imaginando a releitura de um texto, professor Paulo. Esses alunos lerem uma vez é meio fora de órbita, mas lerem duas vezes... chamo isso de magia, o máximo da bruxaria nos dias de hoje. Enfim, parece que temos o nosso comunista!
o professor paulo não respondeu, limitou-se a acariciar sua barba branca e longa, olhou à professora com seu jeito calmo e tranquilo de sempre, passos curtinhos, como se não tivesse pressa em chegar, mas interesse no percurso e caminhos a serem percorridos
as palavras da ofélia continuam me machucando, não é possível que ela não fique calada, e eu... sim, não foi uma brincadeira nem uma simples provocação, mas desprezo
busco com o olhar o professor do corredor, ele não está... como o necessito, deus havia sido a minha mais importante carência, mas a ele necessito mais que a deus
não é possível que continue calada, desde sempre acreditei na possibilidade da construção da escola diferente, voltada para práticas da conscientização, inclusão, autonomia, participação, diálogo, alegria, libertação, cidadania, enfim, uma escola verdadeiramente democrática que ensine, eduque e liberte
mas não disse, fiquei calada, deixei o paulo sozinho
Camarada, Ofélia, é a voz do marko, fria e dura, então, pelas suas palavras, é verdadeira a lenda que uma escola vazia - sem suas crianças, jovens e adultos - é um imenso casarão mal-assombrado, onde só ficam as bruxas e os bruxos?!
eis uma reunião que promete, a irreverência que enfrenta o deboche e o cinismo
tudo é dito sem ingenuidade, as manobras reacionárias e progressistas disputam as ideias e corações com finalidades tão diferentes
medem forças
buscam aliados
agrupam-se
sem lirismos ou sangramentos visíveis
as consequências estão depositadas no fazer ou deixar de fazer nas aulas, os seus efeitos se concretizam diferentes: maneiras de ensinar arrogantes para alguém ou desejos humildes de aprender junto com alguém
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Leia também:
parábolas: ensaio 001A / Camarada, Ofélia!
parábolas: ensaio 002A / o coração livre para voar
parábolas: ensaio 003A / macho, branco e dono de tudo
parábolas: ensaio 004A / uma carreta de bois
parábolas: ensaio 005A / amar para se deliciar junto
parábolas: ensaio 006A / civismo cínico
parábolas: ensaio 007A / o compromisso
parábolas: ensaio 008A / minicontos de natal
parábolas: ensaio 009A / a fome que nunca passa
parábolas: ensaio 010A / o medo no cardápio pedagógico
parábolas: ensaio 011A / o futuro não é eterno
parábolas: ensaio 012A / o bufê das comidas invisíveis
parábolas: ensaio 013B / o sorriso cínico da desesperança maliciosa
parábolas: ensaio 014B / a esperança mobiliza a realidadeLeia também:
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