domingo, 30 de dezembro de 2012

Matiné: Xeque-Mate

Queen to Play / Joueuse





Hélène é uma empregada de hotel que vive feliz numa pequena aldeia da Córsega com o marido Ange e a sua filha de 15 anos, Lisa. Uma mulher modesta e discreta, Hélène vive uma vida previsível e tranquila.

Um dia, numa limpeza rotineira a um quarto, Hélène repara em duas pessoas a jogar xadrez e apaixona-se pelo jogo real.

A sua curiosidade para com o xadrez rapidamente se torna numa obsessão em dominar as regras do jogo e em se tornar especialista. Para isso, ela utiliza a ajuda do Dr. Kröger, um dos habitantes mais misteriosos da aldeia. Mas essa metamorfose para uma nova vida também vai mudar o seu relacionamento com a sua família, amigos e toda a aldeia.


Em Algum Lugar do Passado

- Volte pra mim...

Dublado


Elise e o seu chamado... ele terá de ir em algum lugar do passado.


Dirigido por Jeannot Szwarc
Com Christopher Reeve, Jane Seymour, Christopher Plummer




sábado, 29 de dezembro de 2012

Star Trek

Jornada nas Estrelas



Você Precisa de Alguém

Romacir GSiqueira






VOCÊ PRECISA DE ALGUÉM
Romacir GSiqueira

Você precisa de alguém
Que jamais te negue a mão,
Que traga em si um porém
Saber errar e pedir perdão.

Você precisa de alguém,
Que te dê mais atenção,
Que saiba que você tem
Dentro do peito um coração:
Que bate, que sente ,
Que cabe na mente,
Que sabe que é gente,
Mas que precisa...
Que te tratem diferente !

Você precisa de alguém
Que não te passe a sensação
De que está sem ninguém
Mesmo quando ao teu lado, então...

Você precisa de alguém,
Que te dê mais atenção,
Que saiba que você tem
Dentro dentro do peito um coração:
Que bate, que sente ,
Que cabe na mente,
Que sabe que é gente,
Mas que precisa...
Que te tratem diferente !

Composição: Romacir GSiqueira




sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Teresa da Praia

Emílio Santiago e Luís Melodia





Tereza da Praia

Tom Jobim


Lúcio
Arranjei novo amor
No Leblon
Que corpo bonito
Que pele morena
Que amor de pequena
Amar é tão bom

O Dick
Ela tem
Um nariz levantado
Os olhos verdinhos
Bastante puxados
Cabelo castanho
E uma pinta
Do lado
É a minha Tereza
Da praia

Se ela é tua
É minha também
O verão passou
Todo comigo
O inverno pergunta
Com quem
Então vamos
A Tereza
Na praia deixar
Aos beijos do sol
E abraços do mar
Tereza

É da praia
Não é de ninguém
Não pode ser tua
Nem minha também
Tereza
É da praia

Composição: Antonio Carlos Jobim / Billy Blanco



Dick Farney e Lúcio Alves











quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

en la primera noche que te amé

La Barca


Luis Miguel





Dicen que la distancia es el olvido
pero yo no concibo esa razón,
porque yo seguiré siendo el cautivo
de los caprichos de tu corazón.
Supiste esclarecer mis pensamientos
me diste la verdad que yo soñé
auyentaste de mi los sufrimientos
en la primera noche que te amé.
Hoy mi playa se viste de amargura
porque tu barca tiene que partir,
a cruzar otros mares de locura
cuida que no naufrague tu vivir.
Cuando la luz del sol se esté apagando
y te sientas cansada de vagar,
piensa que yo por ti estaré esperando
hasta que tu decidas regresar

Composição : Roberto Cantoral

sábado, 22 de dezembro de 2012

Penélope Cruz


¿Y si Dios fuera mujer?

Um pequeno conto de natal

baitasar

E quando ela se mostrou criou o homem
se viu que continuava esplêndida, magnífica, bilhões de eternidades e nenhuma ruga pendurada no universo eterno, firme, suavizada por seu olhar curioso, impossível de não desejar, uma mulher a criar homens com suas entranhas, que lindo escândalo seria os homens criados a imagem e semelhança da mulher
se deus fora mulher, continuava mulher, não teria porque deixar de ser mulher, encantadora de homens, frágil, volumosa, agressiva, uma virgem nua de lábios carnudos, vermelhos, poderosos como convém a um deus que pode se chamar Penélope e carregar uma Cruz, não importam os olhos, não importam as palavras dos homens, pequenos adoradores, comem a sua carne e bebem o seu sangue, e a cada mordida ressuscita mais jovem, mais atraente, mais decidida a ser um deus não de anjos, mas do amor que não mais se reprime nem se esconde
o amor doce dos figos e uvas viveria e morreria por ela, firmes, carnudos, decididos com seus estandartes, encarando a Cruz como jamais deixaram de olhar todas as Penélopes, em todas as formas que ela viria ressuscitar, formas do amor eterno: submissos e fiéis, as mãos ao peito, unidas, orando, respirando estrelas e derramando a via Láctea leitosa entre suas colunas misteriosas e redondas, e assim, o universo eterno se encheria de cheiros e aromas, a eternidade deixaria de ser chata e monótona
a Cruz se tornaria bela, a Penélope encontraria seus joelhos dobrados, abraçados por meus braços
me perdoem os cristãos machos que só acreditam no seu deus também macho, não concordo com vocês, uma mulher saberia fazer tudo que esse deus homem fez, mas faria tudo diferente, começaria pelas crianças, jamais permitiria crianças morrendo pela fome que serve a abundância de poucos, o privilégio da fartura da comida seria para todos, não aceitaria nenhuma mulher ou criança desabrigada em caixas de papelão, para saciar o tesão do cimento e do concreto armado, permitiria que a maioria dos generais fossem de mulheres, para que quando ousassem um golpe militar não haveria a tortura do pau-de-arara, afogamentos, choques elétricos, porrada até os ossos ficarem esfarelados, a tortura nunca mais, no máximo, fotos da Penélope espalhadas nas paredes e a ameaça de serem excomungados da Cruz

e não se apressem em me acusar de estar fazendo média com a mulherada, não me acusem com a blasfêmia de interesseiro, não sou, existem consequências, para esse pequeno atrevimento, a solidão da companhia do deus macho, eternamente magoado, um macho não pode afiançar que todas as mulheres são a imagem e semelhança Penélopes, existem hierarquias,  essa coisa da Cruz vem do tempo da invenção do Paraíso, para a cruz servem, mas para Penélopes não servem, bobagem de um deus macho interesseiro, si Dios fuera mujer... Mario Benedetti estaria deitado ao seu lado, seduzindo com suas poesias, todos seriam muito mais felizes, inclusive o deus macho seria mais generoso, se acreditasse que pode ser uma mulher, uma Penélope, uma Cruz



sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Antes que tudo acab....


... e quero ouvir a Rita Lee!



Mania De Você


dá até pra imaginar...


Baila comigo




Caso Sério




Bwana




Jardins da Babilônia




Agora Só Falta Você




Lança Perfume




Gita




Ovelha Negra




Deus me livre e guarde de você




Amor e Sexo



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Existiu vida antes do Youtube

mas depois da banda larga...

parece que podemos erguer-nos do finito.



"... À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.


Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada."

Álvaro de Campos

destas janelas tenho memórias de amores e sonhos que cantam e dançam




Ravel - Bolero



Carmina Burana ~ O Fortuna



G. Gershwin - Rhapsody in Blue






domingo, 16 de dezembro de 2012

Eu Li Antes do Youtube

Fernando Pessoa


E... o que posso dizer deste tempo que vivo?
- Eu li antes do Youtube!
Mas me aproveito da maquinaria para reencontrar memórias,
desapertar os nós da imaginação,
libertar a confusão
dos pesadelos, a ideia da vida
ou a ideia que o poeta faz da não vida




Se Te Queres Matar
por Paulo Autran




Se te queres matar; por que não te queres matar?
Ah, aproveita! que eu, que tanto amo a morte e a vida,
Se ousasse matar-me, também me mataria...
Ah, se ousares, ousa!
De que te serve o teu mundo interior que desconheces?
Talvez, matando-te, o conheças finalmente...
Talvez, acabando, comeces...
E não cantes, como eu, a vida por bebedeira,
Não saúdes como eu a morte em literatura!
Fazes falta? Ó sombra fútil chama da gente!
Ninguém faz falta; não fazes falta a ninguém...
Sem ti correrá tudo sem ti.
Talvez seja pior para outros existires que matares-te...
Talvez peses mais durando, que deixando de durar...
A mágoa dos outros?... Tens remorso adiantado
De que te chorem?
Descansa: pouco te chorarão...
O impulso vital apaga as lágrimas pouco a pouco,
Quando não são de coisas nossas,
Quando são do que acontece aos outros, sobretudo a morte,
Porque é coisa depois da qual nada acontece aos outros...
Primeiro é a angústia, a surpresa da vinda
Do mistério e da falta da tua vida falada...
Depois o horror do caixão visível e material,
E os homens de preto que exercem a profissão de estar ali.
Depois a família a velar; inconsolável e contando anedotas,
Lamentando a pena de teres morrido,
E tu mera causa ocasional daquela carpidação,
Tu verdadeiramente morto, muito mais morto que calculas...
Muito mais morto aqui que calculas,
Mesmo que esteja muito mais vivo além...
Depois, a trágica retirada para o jazigo ou a cova,
E depois o princípio da morte da tua memória.
Há primeiro em todos um alívio
Da tragédia um pouco maçadora de teres morrido...
Depois a conversa a ligeira-se quotidianamente,
E a vida de todos os dias retoma o seu dia...
Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nasceste, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamentemais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram se por acasos e fala em ti.
Encara-te a frio, e encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!...
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah, pobre vaidade de carne e osso chamada homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjetividade objetiva
És importante para ti porque só tu és importante pra ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?
Tens, como Hamlet, o pavor do desconhecido?
Mas o que é conhecido? O que é que tu conheces,
Para que chames desconhecido a qualquer coisa especial?
Tens, como Falstaff, o amor gorduroso da vida?
Se assim a amas materialmente, ama-a ainda mais materialmente
Torna-te parte carnal da terra e das coisas!
Dispersa-te, sistema físico-químico
De cédulas noturnamente conscientes
Pela noturna consciência da inconsciência dos corpos,
Pelo grande cobertor não-cobrindo-nada das aparências,
Pela relva e erva da proliferação dos seres,
Pela névoa atômica das coisas,
Pelas paredes turbilhonantes
Do vácuo dinâmico do mundo...


Poema do Menino Jesus
por Maria Bethânia e canta O doce mistério da vida





Poema do Menino Jesus

Num meio-dia de fim de Primavera
Tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte
Tornado outra vez menino,
A correr e a rolar-se pela erva
E a arrancar flores para as deitar fora
E a rir de modo a ouvir-se de longe.

Tinha fugido do céu.
Era nosso demais para fingir
De segunda pessoa da Trindade.
(...)

Um dia que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar,
Ele foi à caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro criou um Cristo eternamente na cruz
E deixou-o pregado na cruz que há no céu
E serve de modelo às outras.
Depois fugiu para o Sol
E desceu no primeiro raio que apanhou.
Hoje vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba a fruta dos pomares
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam
E que toda a gente acha graça,
Corre atrás das raparigas
Que vão em ranchos pelas estradas
Com as bilhas às cabeças
E levanta-lhes as saias.

A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
Aponta-me todas as coisas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.

(...)

Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano que é natural.
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que eu sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

(...)

A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando e rindo
E gozando o nosso segredo comum
Que é saber por toda a parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontado.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo o universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das coisas só dos homens
E ele sorri porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
E que anda com a luz do Sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer aos olhos dos muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas para o ar,
Põe uns em cima dos outros
E bate palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.

Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam ?

Eu vi antes do Youtube

Simon & Garfunkel

Mrs. Robinson 



Mrs. Robinson

And here's to you Mrs. Robinson
Jesus loves you more than you will know
God bless you please Mrs. Robinson
Heaven holds a place for those who pray

We'd like to know a little bit about you for our files
We'd like to help you to learn to help yourself
Look around you all you see are sympathetic eyes
Stroll around the grounds until you feel at home

And here's to you Mrs. Robinson
Jesus loves you more than you will know
God bless you please Mrs. Robinson
Heaven holds a place for those who pray

Hide it in a hideing place where no one ever goes
Put it in your pantry with your cupcakes
It's a little secret just the Robinsons' affair
Most of all you got to hide it from the kids

Coo coo cachoo
Mrs. Robinson
Jesus loves you more than you will know
God bless you please Mrs. Robinson
Heaven holds a place for those who pray

Sitting on a sofa on a Sunday afternoon
Going to the candidates debate
Laugh about it shout about it when you got to choose
Every way you look at it you loose

Where have you gone Joe DiMaggio
A nation turns its lonely eyes to you
What's that you say Mrs. Robinson
Joltin' Joe has left and gone away


Senhora Robinson

E aqui é pra você Senhora Robinson
Jesus te ama mais do que imagina
Deus te abençoe, Senhora Robinson
Céu guarda um lugar para aqueles que oram.

Nós gostariamos de saber um pouco sobre você para os nossos arquivos
Nós gostariamos de ajudar você à aprender a se ajudar
Olhe ao seu redor, tudo que você vê são caras simpáticos
Dê um passeio por aí até você se sentir em casa

E aqui está para você Sra. Robinson
Jesus te ama mais do que você imagina
Que Deus te abençoe Sra. Robinson
O céu guarda um lugar pra aqueles que rezam

Esconda isso em um esconderijo onde ninguém nunca vai
Coloque isso em sua despensa com suas taças de bolo
Esse é um segredinho, é apenas um negócio dos Robinsons
Principalmente, você tem que esconder isso das crianças

Coo, coo, ca-choo, Sra. Robinson
Jesus te ama mais do que você imagina
Que Deus te abençoe Sra. Robinson
O céu guarda um lugar pra aqueles que rezam
Hey hey hey... Hey hey hey

Sentando em um sofá numa tarde de domingo
Indo para o debate dos candidatos
Ria sobre isso, grite sobre isso quando você tem que escolher
De todos os modos que você olha para isso, você perde

Pra onde você foi, Joe DiMaggio
Uma nação virou seus olhos solitários para você
O que você diz Sra. Robinson
Joe do Pulo sumiu e foi embora...

America



America

"Let us be lovers, we'll marry our fortunes together"
"I've got some real estate here in my bag"
So we bought a pack of cigarettes and Mrs. Wagner pies
And we walked off to look for America

"Kathy" I said as we boarded a Greyhound in Pittsburgh
"Michigan seems like a dream to me now"
It took me four days to hitchhike from Saginaw
I've gone to look for America

Laughing on the bus
Playing games with the faces
She said the man in the gabardine suit was a spy
I said "Be careful, his bowtie is really a camera"

"Toss me a cigarette, I think there's one in my raincoat"
"We smoked the last one an hour ago"
So I looked at the scenery, she read her magazine
And the moon rose over an open field

"Kathy, I'm lost" I said, though I knew she was sleeping
I'm empty and aching and I don't know why
Counting the cars on the New Jersey turnpike
They've all gone to look for America
All gone to look for America
All gone to look for America


América

"Deixe-nos sermos amantes, nós nos casaremos com pessoas ricas ao mesmo tempo"
"Tenho alguns imóveis na minha bolsa"
Aí, nós compramos um pacote de cigarros e tortas da Senhora Wagner
E caímos no mundo para procurar a América

"Kathy", eu disse assim que nos alojamos em Pittsburgh
"Michigan parece um sonho para mim agora"
Levei quatro dias de carona desde Saginaw
Saí para procurar a América

Gargalhando no ônibus
Fazendo caretas
Ela disse que o homem vestindo um terno de gabardina era um espião
Eu disse, "Cuidado, sua gravata borboleta é de fato uma câmera"

"Me manda um cigarro, acho que tem um na minha capa de chuva?"
"Nós fumamos o último uma hora atrás"
Então eu olhei a paisagem, ela leu sua revista
E a lua ergueu-se sobre um descampado

"Kathy, estou perdido", eu disse embora eu soubesse que ela estava dormindo
Estou com fome e dolorido e não sei porque
Contando os carros na estrada de New Jersey
Eles todos saíram para procurar a América
Todos saíram para procurar a América
Todos saíram para procurar a América


El Condor Pasa



El Condor Pasa

I'd rather be a sparrow than a snail
Yes, I would
If I could
I surely would

I'd rather be a hammer than a nail
Yes, I would
If I only could
I surely would

Away, I'd rather sail away
Like a swan that's here and gone
A man gets tied up to the crown
He gives the world
Its saddest song

I'd rather be a forest than a street
Yes, I would
If I could
I surely would

I'd rather feel the earth beneath my feet
Yes, I would
If I only could
I surely would


O Condor Passa

Eu prefiria ser um pardal do que uma lesma
Sim, eu iria
Se eu pudesse
Eu certamente iria

Eu prefiria ser um martelo do que um prego
Sim, eu iria
Se eu pudesse
Eu certamente iria

Longe, eu preferiria velejar longe
Como um cisne que está aqui e se foi
Um homem envelhece a cada dia
Ele dá ao mundo
Seu som mais triste

Eu prefiria ser uma floresta do que uma rua
Sim, eu iria
Se eu pudesse
Eu certamente iria

Eu prefiro sentir a terra debaixo dos pés
Sim, eu iria
Se eu pudesse
Eu certamente iria


Bridge Over Troubled Water



Bridge Over Troubled Water

When you're wearyFeeling small
When tears are in your eyes
I will dry them all

I'm on your side
When times get rough
And friends just can't be found
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Like a bridge over troubled water
I will lay me down

When you're down and out
When you're on the street
When evening falls so hard
I will comfort you

I'll take your part
When darkness comes
And pain is all around
Like a bridge over troubled water
I will lay me down
Like a bridge over troubled water
I will lay me down

Sail on Silver Girl,
Sail on by
Your time has come to shine
All your dreams are on their way

See how they shine
If you need a friend
I'm sailing right behind
Like a bridge over troubled water
I will ease your mind
Like a bridge over troubled water
I will ease your mind


Ponte Sobre Águas Turbulentas

Quando você tiver cansada
Se sentindo pequena
Quando houver lágrimas nos teus olhos
Eu irei enxugar todas elas

Eu estou do teu lado
Quando os tempos ficarem difíceis
E os amigos não puderem ser encontrados
Como uma ponte sobre águas turbulentas
Eu irei me colocar
Como uma ponte sobre águas turbulentas
Eu irei me colocar

Quando você estiver pra baixo
Quando você estiver na rua
Quando o anoitecer vier tão forte
Eu irei confortar você

Eu ficarei ao teu lado
Quando a escuridão chegar
E o sofrimento estiver ao redor
Como uma ponte sobre águas turbulentas
Eu irei me colocar
Como uma ponte sobre águas turbulentas
Eu irei me colocar

Navegue, Garota prateada
Navegue
Sua vez chegou, para brilhar
Todos teus sonhos estão a caminho

Veja como eles brilham
Se você precisar de um amigo
Eu estarei navegando ao teu lado
Como uma ponte sobre águas turbulentas
Eu irei confortar tua mente
Como uma ponte sobre águas turbulentas
Eu irei confortar tua mente


Scarborough Fair



Scarborough Fair - Cantico

Are you going to Scarborough Fair?Parsley, sage, rosemary, and thyme
Remember me to one who lives there
She once was a true love of mine

Tell her to make me a cambric shirt
(On the side of a hill in the deep forest green)
Parsley, sage, rosemary, and thyme
(Tracing a sparrow on snow-crested ground)
Without no seams nor needlework
(Blankets and bedclothes the child of the mountain)
Then she'll be a true love of mine
(Sleeps unaware of the clarion call)

Tell her to find me an acre of land
(On the side of a hill, a sprinkling of leaves)
Parsley, sage, rosemary, and thyme
(Washes the ground with so many tears)
Between the salt water and the sea strand
(A soldier cleans and polishes a gun)
Then she'll be a true love of mine

Tell her to reap it in a sickle of leather
(War bellows, blazing in scarlet battalions)
Parsley, sage, rosemary, and thyme
(Generals order their soldiers to kill)
And to gather it all in a bunch of heather
(And to fight for a cause they've long ago forgotten)
Then she'll be a true love of mine

Are you going to Scarborough Fair?
Parsley, sage, rosemary, and thyme
Remember me to one who lives there
She once was a true love of mine


Feira De Scarborough - Cantiga

Você está indo à feira de Scarborough?
Salsa, salvia, alecrim, e tomilho
Relembre-me a alguém que vive lá
Ela outrora foi o meu verdadeiro amor

Diga a ela para fazer-me uma camisa de cambraia
(No lado de uma colina, na profunda floresta verde)
Salsa, salva, alecrim, e tomilho
(Seguindo o rastro de um pardal crista-de-neve no chão)
Sem nenhuma costura ou trabalho de agulha
(Cobertores e roupas de dormir da criança da Montanha)
Então ela será o meu verdadeiro amor
(Dormem ignorados de um chamado de claridade)

Diga a ela para encontrar-me num acre de terra
(No lado de uma colina, um salpicado de folhas)
Salsa, salvia, alecrim, e tomilho
(Lavam o chão com algumas lágrimas)
Entre a água salgada e a praia
(Um soldado limpa e poli uma arma)
Então ela será o meu verdadeiro amor

Diga a ela para ceifar com uma foice de couro
(Foles de guerra, brilhando em batalhões escarlates)
Salsa, salvia, alecrim, e tomilho
(Generais ordenando seus soldados para matar)
E para colher tudo com um ramo de urze
(E para combater por uma causa que eles há muito esqueceram)
Então ela será o meu verdadeiro amor

Você está indo à feira de scarborough?
Salsa, salvia, alecrim, e tomilho
Relembre-me a alguém que vive lá
Ela outrora foi o meu verdadeiro amor


The Boxer



The Boxer

Though my story's seldom told
I have squandered my resistance
For a pocket full of mumbles
such are promises
All lies and jests
Still a man hears what he wants to hear
And disregards the rest
When I left my home and my family
I was no more than a boy
In the company of strangers
In the quiet of the railway station running scared
Laying low,
Seeking out the poorer quarters
Where the ragged people go
Looking for the places only they would know
Lie la lie...

Asking only workman's wages
I come looking for a job
But I get no offers,
Just a come-on from the whores on Seventh Avenue
I do declare,
There were times when I was so lonesome
I took some comfort there
La, la, la,
Now the years are rolling by me, they are -[rockin evenly]-
I am older than I once was
And younger than I'll be that's not unusual.
No it isnt strange after changes upon changes
We are more or less the same
After changes we are more or less the same
Lie la lie...

Then I'm laying out my winter clothes
And wishing I was gone
Going home
Where the New York City winters
Aren't bleeding me
leading me, going home
In the clearing stands a boxer
And a fighter by his trade
And he carries the reminders
Of ev'ry glove that layed him down
Or cut him till he cried out
In his anger and his shame
"I am leaving, I am leaving"
But the fighter still remains
Lie la lie...

O Boxeador

Eu sou apenas um menino pobre
Embora minha história é raramente contada
Eu despedacei minha resistência
Em troca de um bolso cheio de resmungos
Feito promessas
Tudo mentiras e chacota
Ainda assim, um homem ouve o que quer ouvir
E descarta o resto
Quando eu deixei meu lar e minha família
Eu não era mais do que um menino
Na companhia de estranhos
Na quietude de uma estação de trem, fugindo amedrontado
Mantendo-se escondido
Buscando os alojamentos mais baratos
Onde o povo esfarrapado vai
Procurando os lugares que apenas eles saberiam
Lie la lie...

Solicitando apenas salário de trabalhador
Eu vim procurando por um emprego
Mas não recebo ofertas
Apenas um vem cá das putas da Sétima Avenida
Eu declaro
Houve momentos em que estava tão solitário
Que tomei algum conforto lá
Agora os anos estão passando por mim,
Eles estão agitando uniformemente
Eu sou mais velho do que eu fui uma vez
E mais novo do que serei, isso não é raro.
Não, não é estranho depois de mudanças e mudanças
Nós somos mais ou menos os mesmos
Depois de mudanças somos mais ou menos os mesmos
Lie la lie...

Então estou estendendo minha roupa de inverno
E desejando que estivesse partido
Indo para casa
Onde o inverno da cidade de Nova York
Não estivesse me sangrando
Me levando, indo para casa
Na clareira em pé está o boxeador
Um lutador por ofício
E ele carrega uma lembrança
De cada luva que lhe abateu
Ou lhe cortou até gritar
Em sua raiva e sua vergonha
"Estou indo embora, estou indo embora"
Mas o lutador ainda permanece
Lie la lie...

______________


E... o que posso dizer deste tempo que vivo?
- Eu vi antes do Youtube!
Mas me aproveito da maquinaria para reencontrar memórias
- Ficou mais fácil depois do Youtube.




sábado, 15 de dezembro de 2012

Replicantes

Surfista Calhorda





Surfista Calhorda
Os Replicantes


Rack na caranga muito louca pra dar banda
Cheque na carteira recheada de paranga
Prancha importada assombrando a meninada
Corpo de atleta e rosto de Baby Johnson

É, mas quando entra na água
É na primeira braçada
É, ele não vale uma naba
Ele não surfa nada, ele não surfa nada

Tem duas surf shops que só abrem ao meio-dia
Vive da herança milionária de uma tia
Vai pra Nova Iorque estudar advocacia
Ah surfista calhorda, vai surfar n'outra borda


Composição: Carlos Gerbase / Heron Heinz

THE WHO

THE WHO - See Me, Feel Me - Ouvir Você (1975)




See Me Feel Me
The Who


See me
Feel me
Touch me
Heal me
(4x)

Listening to you
I get the music
Casing at you
I get the heat
Following you
I climb the mountain
I get excitement at your feet

Right behind you
I see the millions
On you
I see the glory
From you
I get opinions
From you
I get the story

(3x)


See Me Feel Me
The Who


Veja-me
Sinta-me
Toque-me
Cura-me
(4x)

Ouvindo você
eu tenho a música
Caixa em você
eu recebo o calor
Seguindo você
eu escalo a montanha
eu obter excitação a seus pés

Logo atrás de você
que eu vejo os milhões
em você
eu vejo a glória
De você
eu tenho opiniões
De você
eu começo a história

(3x)


Red Hot Chili Peppers

Californication









sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Sarau na Senzala


Ensaio 22
baitasar

O café preto que despertava e a cerveja preta que adormecia fizeram do sono um jeito de relancear os olhos, numa visitação rápida, assim ninguém reclama que não sabe do que diz, e fugir, o jovem escritista mal conseguia deixar abertos ou fechados — Feche os olhos e durma.
—        Eu não quero... — contracenava seu teatro, como se o dia de ontem, fosse hoje, e o dia de amanhã um arrogante menino que não reconhece nada no passado, nenhum caminho, histórias mal contadas, incompletas, evangelhos da imaginação
—        Feche os olhos e tente ficar acordado.
O escritista deitou na rede que o anão esticou na senzala, não havia como desconvencer o rapaz, queria fazer permanência por ali. Viver o assombramento dos tambores da missa cantada, do herege, do gineceu, a hesitação, excitação, o zumbido, os gritos, as súplicas, a beleza dos pretos, o encantamento das pretas, a sensualidade dos seus corpos, as cantorias, os lamentos.
O balanço da rede fez seus olhos enxergarem o sono, sonhava com Adelaide, queria Moriá. O porão estava escuro, tinha sede, pediu o café e a cerveja — Chega do café, a cerveja vai lhe fazer mais bem. — tomou a cerveja, a boca da garrafa estava escura, adormecida, se parecia com a solidão, apenas ruínas, o desejo de chorar, a raiva, ódio, os desvios retorcidos, não sabia do que não ouvia, não dizia do que sentia, vontade de chorar da saudade que esqueceu. Não sabia o que lembrar ou esquecer, já tinha esquecido. Não ouviu explicação.
As paredes coavam a luz do sol, a escuridão não o confortava, começava a lhe meter o medo, começa a desapertar os nós da imaginação, a libertar a confusão dos pesadelos. O balanço da rede dá enjoo, quer descer, deitar na terra, enfiar o pé no chão, como uma âncora, mergulhada até o fundo do abismo escuro e gelado, o barulho das correntes se libertando para sua prisão, depois o silêncio. Enquanto as correntes eram mandadas ao fundo, os pés se debatiam, as mãos inúteis nadavam apoiadas nas bolhas que se libertavam à superfície.
Sente uma mão em sua testa, um garrote no pescoço. Por toda parte melancolia, transborda a morte naquelas prisões, despedaçando as carnes, arreganhando os dentes. Adormece
—        Levanta!
O caminho é longo, esticado pelo chicote. Levanta e caminha em voltas faz voltas e voltas, Eu não quero esquecer, eu quero lembrar, apanha do chicote até cair, levanta, dá voltas, lembra que é natal, canta e se encanta, baixa até a terra, sonha com a pele delicada e perfumada da Adelaide, evoca as curvas precisas, formais, exigentes, da Moriá, quer avisar os pretos, não é para ele aquela visita ao esquecimento, não pode esquecer Adelaide, ansiosa, atrevida, desassossegada, não quer esquecer Moriá, impaciente, agitada, frenética
—        Levanta e Caminha!
Olha nos lados e atrás, só vê os pretos, agarrados uns aos outros com torrentes, puxa o seguinte que carrega o próximo. O chicote desce, quando sobe, carrega sangue e carne dos pretos, que solta aos ventos, a terra não esquece aquele gosto da morte.
A assombração e a prudência fazem parte da vida, da sabedoria do velho, assim como, a máscara que protege das lembranças, fingindo não ver o que vê, mas sabe que vê, faz parte do crime e do castigo.
O tumbeiro viaja pelo interior de Luanda, trocando algumas coisas de pano, outras de ferro e pólvora, por coisas de cobre, marfim e escravos. Viva o tumbeiro! Vivam os portugueses! Vivam os holandeses, dinamarqueses, franceses, ingleses!
O caminho comprido do chicote não acaba no mar, o ar salgado escorre dos olhos, pelo nariz. Não geme mais, o garrote aperta o ar que lhe custa para sair e entrar. O preto é puxado e empurrado para dentro do tumbeiro, navio chão e hospitaleiro. É amontoado no convés, junto com muitos pretos, obstruindo a passagem em ambos os lados, outros são empurrados para baixo, porões ocos da compaixão
—        Mandinga! Mandinga! — repetem e repetem — Mandinga!
Aqueles que estão no convés olham a costa africana, não se mexem, não comem, sabem que o rio salgado é a estrada que faz chegar à terra Mandinga, lugar onde os escravos são vendidos. Amontoado ao seu lado, um anão que não parece um homem, parece com criança, menino acorrentado por castigo
—        Somos carneiros no matadouro!
No caminho vão adubando o rio salgado com suas carnes, até esbarrarem com alguma margem do rio — O quê?
—        A carne dos pretos é muito apreciada.
Foram colocados num desvio da estrada, o fogo os consumindo com lentidão, as guerras tribais comprometendo o dia que vem depois
—        Não, não é isso... — mas não consegue lembrar, não quer lembrar a ação secreta da natureza humana, as camadas subterrâneas da morte emergindo à superfície
—        Mandinga!
—        O quê?
—        A terra onde o preto é vendido e comido. — por todo o navio tumbeiro a melancolia da morte transborda, não há olhar que não busque liberdade, sem uma sombra, um sorriso, uma esperança de vida
—        Muitos vão ser vendidos em pedaços...
—        Mandinga!
—        Os brancos gostam das carnes dos pretos! — ali, no tumbeiro, o chicote do traficante negro ou o chicote do traficante branco tem pouca valia, os negros estão tristes, muitos já decidiram que não fazem a travessia até Mandinga, se atiram do navio, ficam por lá, afogados e comidos por tubarões. Vê negros com varíola, as feridas da morte. Outros rastejam por um pequeno gole de água. Exaustos do esquecimento que não chega. Precisam seguir em frente, viver a vida que cabe no convés e no porão do tumbeiro. Olha ao redor, pele e osso, curvados pela falta de espaço, esquálidos, tristes, usam a máscara da morte
—        Bem-vindos!
São todos bem-vindos, primeiro, no posto de recondicionamento, em Pernambuco, outros chegam ao recondicionamento na Bahia ou no Rio de Janeiro. Desciam os negros para o recondicionamento e embarcavam na troca: tabaco, cachaça, pau-brasil e o melado, para o precioso açúcar
O que se pode esquecer...
—        O pagamento do rei já foi feito, é só procurar a marca no peito. — sem esses piratas ingleses o circuito de carregar e descarregar não seria tão proveitoso, Filhos-da-puta!
Em cada posto um carregamento pronto. Um ferro em brasa no peito, com a forma de uma cruz, para mostrar que os 20% do rei, fosse o rei que fosse, estava pago, e também, que o preto escravo é batizado. Foi, por muito tempo, a certidão de batismo.
O que se pode lembrar...
—        O que foi? — o anão fez sinal de atenção
—        Olha aquele preto...
—        Qual? — o escritista estica o pescoço, o garrote aperta, vasculha o convés
—        Aquele ali... embranqueceu o cabelo. — foi o primeiro preto que embranqueceu o cabelo, pelo menos, que se tem notícia — Envelheceu da tristeza.
Sèzar precisa fechar os olhos de ver, abre os olhos de imaginar, tenta enxergar a longa jornada africana pra escravidão: os tumbeiros, as correntes, o chicote, a saudade, a solidão, a melancolia, o desespero. Amontoados, obstruindo as passagens no convés do navio, agachados, curvados, trezentos e sessenta e dois negros, doentes, a miséria dolorosa estampada. Pústulas de varíola rastejando para tomar um pouco de água, sem forças para voltar, morrendo ao redor da tina. Uns em estado de completo estupor, outros olhando penosamente ao redor, indivíduos desprezados até a pele e osso. Tudo em nome de um Senhor, tudo pra propagar a fé católica entre os escravos negros. Primeiro prender, cativar, dominar, maltratar e explorar, depois, a libertação com farinha de mandioca, batatas e bananas
—        Sèzar, o que você quer esquecer? O que você quer lembrar? — o escritista olha para os lados, o anão está ali, segura a sua mão
—        Finalmente, você acordou...
—        Dormi muito?
—        Se eu responder quarenta dias... você acredita?  Ninguém acreditaria que ele fez a travessia do rio salgado e sobreviveu, não tem as marcas do chicote, os cabelos embranquecidos, mas ele estava lá, junto, se negando esquecer. Não é ódio, nem vingamento, não procura desforra. Não quer continuar escondido atrás do tronco da árvore, prefere contar a história da criação do mundo de outro jeito, dizer de Olorum que criou os orixás. Oxalá, o filho mais velho, Exu, o filho mais novo. Os irmãos do meio Odudua, Ifá, Ajalá... Ossaim, Oxumarê. Iemanjá
—        Fumaça...
—        O que foi, meu amigo?
—        Eles estão todos aqui. — o anão o ajuda levantar, sair daquela rede
—        Vamos subir... e cuidado com os olhos. — quando chegam na cozinha encontram a Maiami — Estou preparando uma canja.
—        Nossa... tinha esquecido como você é linda. — enquanto cozinhava para Sèzar, preparava seu banho
—        E aí, o menino não aguentou a cerveja da Maiami com o café preto?
Ele senta na borda da banheira, esfrega os olhos, está no convés do casarão, sente sua cabeça como um grande e imenso tambor. Abre e fecha os olhos, lentamente, o costume com a luz do dia não lhe acalma, mas trás a vontade de comer, a gula com as carnes da Maiami, Que bom, não enlouqueci.
Tiram suas roupas e o colocam nas águas, delicadamente, sem correntes, sem gritos, tem vontade de dizer que ama aqueles dois. Fica calado, em silêncio, e reza, não quer assustar ninguém.
Quando abre os olhos, o anão e a prostituta continuam ali, em pé, parados, olhando para ele, mudos — O que foi? — as águas da banheira se debatiam com as bordas, iam e vinham, ondas que sobem e descem dos mares e oceanos. Uma estrada de água salgada profanada pelas coisas ruins dos homens
—        O seu peito... — repetem juntos, duas vezes.
O escritista abaixa os olhos e vê a marca da cruz queimada no próprio peito. Foi marcado como a carne para ser comida.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Navio Negreiro

Castro Alves




Navio Negreiro

Castro Alves



I

'Stamos em pleno mar... Doudo no espaço
Brinca o luar — dourada borboleta;
E as vagas após ele correm... cansam
Como turba de infantes inquieta.

'Stamos em pleno mar... Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro...
O mar em troca acende as ardentias,
— Constelações do líquido tesouro...

'Stamos em pleno mar... Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano,
Azuis, dourados, plácidos, sublimes...
Qual dos dous é o céu? qual o oceano?...

'Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares,
Como roçam na vaga as andorinhas...

Donde vem? onde vai? Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste saara os corcéis o pó levantam,
Galopam, voam, mas não deixam traço.

Bem feliz quem ali pode nest'hora
Sentir deste painel a majestade!
Embaixo — o mar em cima — o firmamento...
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! ó rudes marinheiros,
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia
Orquestra — é o mar, que ruge pela proa,
E o vento, que nas cordas assobia...
..........................................................

Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas.


II


Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! que a morte é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
As vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de langor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor!
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente,
— Terra de amor e traição,
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos de Tasso,
Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou,
(Porque a Inglaterra é um navio,
Que Deus na Mancha ancorou),
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando, orgulhoso, histórias
De Nelson e de Aboukir.. .
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir!

Os marinheiros Helenos,
Que a vaga jônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que Fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu ...
Nautas de todas as plagas,
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu! ...


III


Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais ... inda mais... não pode olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador!
Mas que vejo eu aí... Que quadro d'amarguras!
É canto funeral! ... Que tétricas figuras! ...
Que cena infame e vil... Meu Deus! Meu Deus! Que horror!


IV


Era um sonho dantesco... o tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho.
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar de açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas e espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais ...
Se o velho arqueja, se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
Um de raiva delira, outro enlouquece,
Outro, que martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra,
E após fitando o céu que se desdobra,
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente. . .
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Qual um sonho dantesco as sombras voam!...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!...


V


Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?...
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são? Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa...
Dize-o tu, severa Musa,
Musa libérrima, audaz!...

São os filhos do deserto,
Onde a terra esposa a luz.
Onde vive em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão.
Ontem simples, fortes, bravos.
Hoje míseros escravos,
Sem luz, sem ar, sem razão. . .

São mulheres desgraçadas,
Como Agar o foi também.
Que sedentas, alquebradas,
De longe... bem longe vêm...
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N'alma — lágrimas e fel...
Como Agar sofrendo tanto,
Que nem o leite de pranto
Têm que dar para Ismael.

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram crianças lindas,
Viveram moças gentis...
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus ...
... Adeus, ó choça do monte,
... Adeus, palmeiras da fonte!...
... Adeus, amores... adeus!...

Depois, o areal extenso...
Depois, o oceano de pó.
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só...
E a fome, o cansaço, a sede...
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p'ra não mais s'erguer!...
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d'amplidão!
Hoje... o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar...
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar...

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder...
Hoje... cúm'lo de maldade,
Nem são livres p'ra morrer. .
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim zombando da morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoute... Irrisão!...

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus,
Se eu deliro... ou se é verdade
Tanto horror perante os céus?!...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão! ...


VI


Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!