sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Histórias de avoinha: Josino - As obrigação de marido e mulhé 05B

Josino

As obrigação de marido e mulhé
Ensaio 05B – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar



A siá Casta perdia a paciência com o sono qui não queria dormí, cedo da manhã continuava com as vista estalada, tentando se fazê esquecida de quando o siô lhe fazia uso de marido. Não conseguia ficá deitada mais qui a vontade da cama, no causo qui fiz comentário, o siô nem oiava direito pra siá, levantava a vestidura de dormí inté a cintura, assobiava alguma coisa qui a siá não conhecia e oiava por curiosidade as parte destapada, sempre tinha algum comentário qui deixava a siá dura de frio

Já conheci diabrura com mais cabelos, mas sinhá... sua encabeladura é desembaraçada de um jeito, parece escovada de tão alinhada, depois de dito o elogio ele soprava a vela e deitava na siá. Ela sentia dô. Sentia qui os dois coração disparava, mais não batia junto. Não tinha os meus querê. Não procurava as mesma coisa. Não gostava de sentí dô, mais achava qui toda mulhé devia sentí as mesma dô. Não tinha pra quem perguntá. Não gostava de tê o marido enfiado, mais essa era sua tarefa. A vontade de levantá era maió qui o conforto de ficá, mais ela ficava deitada. Esperando a semeadura. Os cabelo babado das baba dele. O medo de levantá era mais maió qui o desconforto de sê encostada com força. Queria sê enraizada pra modo de acabá com as obrigação de marido e mulhé.

Logo qui o dia espreguiçava, ela subia os pé no chão e levantava. Fazia gosto de chamá a mucama da sua predileção pra lhe ajudá nas limpeza do corpo. Gostava da boniteza estranha e dos perfume da Grabiela

O sinhô meu marido já reparou como a escrava Gabriela é limpa, esperô o siô respondê, ele fez qui não viu, nem ouviu, então a siá acrescentô otro reparo de gabação, ela não tem cheiro de negro.

A sinhá que me perdoe, mas não tenho tempo para perder com essa conversa de negra que não fede, mas cheira como branca, a sinhá que me desculpe, parecia tá agastadiço com as pergunta da siá, coisa qui tava cada dia mais comum de acontecê, os dois parecia mais longe um do otro cada vez mais um pouco, prefiro dedicar o meu tempo aos cães e aos meus cavalos árabes.

A siá não conseguia acostumá nem entendê esses feitio do siô, tão logo cedo. No começo da noite, depois de lhe fazê uso rápido, ele se atirava na profundeza do sono com seus ronco desajeitado. Provocava com seus ruído de grosseria pegajosa a indigestão do sono na siazinha. Parecia qui quanto mais dormia mais agastadiço acordava. Fosse o qui fosse do gosto da siá e o siô tinha discurso pronunciado de contrariedade

Fiquei com dó do castigo que o sinhô autorizou o Capitão aplicar no Sebastião. Ele é tão velho, escravo da confiança de papai, o siô lhe fez um oiá de reparo, ela pensô qui bem melhó era tê ficado com a boca fechada

A culpa é deles por serem escravos, essa negrada devia agradecer tudo o que fazemos por eles, são preguiçosos e ignorantes, não adianta nem tentar ensinar alguma coisa distinta dos seus afazeres, eles não sabem entender, parô de falá pra puxá os cabelo do nariz. Pegava o fiapo mais comprido e arrancava

A Grabiela é diferente... ela se parece com uma princesa, a siá parecia não tá incomodada de falá da sua mucama da predileção, inté parecia qui desafiava o siô Clemente

Eu queria saber por que a sinhá teima em chamar a nêga Gabriela desse jeito desaforado que a negrada gosta de apelidar, o siô parecia tá mais confuso qui irritado, ela tem nome batizado que deveria ter o seu respeito.

Não sei, sinhô meu marido. Deve ser porque a Gabriela gosta do jeito dos escravos, e eu quero lhe fazer esse pequeno agrado, a siá sabia qui não era isso, mais só um feitio da rebeldia dela com seu dono. A siá sabia qui quando se compra um marido se tá comprando um dono

Chega, sinhá!

O siô lhe fez silenciá com xingamento maió qui as palavra do seu costume. Não era homem desajuizado, muito menos, apressado no falá, nunca lhe tinha siqué ameaçado. Quando erguia a mão era pra aplicá corretivo, a voz ele erguia nos causo de maió necessidade com os preto trabaiadô escravizado, mais com a siá foi a primeira vez

Chega, sinhá! Agora, chega!

O feitio das quatro palavra dita foi de um pai desapacientado, sinhá Casta, pare com essa ladainha de mau gosto, macaco não tem princesa, mas precisa ter um dono, são raça de menor importância e sem nenhum grau de instrução. Não adianta querer ensinar, eles não aprendem.

A siá parô a escovação do cabelo, virô as vista do espelho, oiava ela e o marido. As coisa dela e dele, no feitio qui pensô qui ia sê pra sempre, parecia qui tinha acabado pra sempre. Não tinha feitio qui podia meiorá. Ele mostrava mais vontade de tá longe qui no redô da siá. Ela não sabia se tinha o qui fazê. Então, fez o qui sabia, um suspiro de apatia e descuido, tinha desapaixonado num feitio qui lhe deixava apartada das deslembranças dele. Ajustô a fachada da voz e fez o convite qui sempre fez

Vamos tomar café, sinhô meu marido.

Grabiela oiava o fio qui não era fio, desafiava com os óio e as palavra da boca qui não pensa, sabia qui enquanto durava a estima da siá Casta, ela era apaniguada da casa grande, mais carregava nas costa o oiá da desconfiança dos preto qui ficava preso nas parede da senzala

E por que esse querê tão cedo?

O Capitão deu um passo pra frente, ficô na distância da respiração qui saia e entrava, as vista enterrada nela, como se pudesse enfiá as mão no seu peito, arrancá o coração daquela nêga desaforada e comê

O café. O café, nêga!

O oiá arrogante desmanchô pra ficá preocupado

Esqueci... avise qui tô indo.

Ele fez sorriso de provocação, avise ocê, nêga. Mas não precisa correr mais que o vento. O leite ainda não foi espremido.

Ela deu um passo pra trás, fez cara de espanto antes de perguntá, e por que ainda não foi espremido?

O homem das confiança do siô Clemente, porque carregava um dos óio verde do siô, deu um passo de volta, andô pra trás. Não aparentava tê pressa em respondê. Ele respingava nos preto as palavra qui queria e quando queria. As dita parecia qui era dita pra revidá, mais nunca era só as palavra

O Sebastião morreu dormindo... nêgo safado, as vista dela embaciô com as palavra da notícia. Virô as costa e saiu. Uma tristeza maió qui a alegria lhe veio caí em cima, otro preto qui se foi e ninguém vai sabê qui ele teve por aqui, um bão homem, dia mais, dia menos, não se fala mais nada dele, nem lembrança vai sê. Nem as fêmea do boi vai estranhá as nova mão preta, tudo ia continuá do feitio qui já era, agarrando e espremendo.

Grabiela parô os passo. Continuô de costas pro Capitão, falô sem oiá

Vô colhê o leite.

Não é preciso, já tenho nêgo na ordenha, ela continuô com as costa virada, ergueu e baixô as saliência dos ombro, tanto podia sê dum feitio ou não, voltô a fazê a estrada se mexê com os pé. O desapropriado do nome do pai, um fio sem pai, deu dois ou três passo, segurô o braço da Grabiela. Ela se virô com a provocação no oiá, perguntô pra provocá

E o qui ocê qué, ela queria mostrá qui ele também tinha qui respondê, dá resposta

Não sou eu, mas a sinhá que pediu o café e que ocê lhe prepare o banho para depois.

O feitio do oiá continuava o mesmo, mais alguma coisa?

Não.

Já tô indo.

Apressô os passo pra casa grande. As coisa qui precisava sê feita não era pouca. As vontade qui precisava atendê era acostumada. Uma gente qui gostava de espremê o sangue e o suô dos escravo no mesmo feitio qui fazia quando chupa laranja, inté a maneira de jogá fora o bagaço era a mesma.

Depois do café, o siô saiu com o Capitão pra vê com as vista dele os trabáio no gado, as plantação e as colheita. A siá se retirô pro quarto e fez chamado de ajuda

Gabriela!

Sim, siá Casta...

As duas se mediu no oiá, mais a preta logo fez eles descê inté no chão. Tinha só qui escutá

Quero um banho de quentura, a voz de mandá da siá não tinha o mesmo feitio qui a do siô, parecia tê menos vontade de mandá e mais capricho de sê adivinhada, um banho para espantar a preguiça, mas antes, trate de tirar esse cheiro de Josino

Já vô, siá.

Vá, logo!

Isso era o qui saia da boca de siá, era as palavra dita qui os ouvido surdo do siô não escutava e não se importava. Mais o qui a siá nunca disse, por medo, é claro, era que preferia as ousadia das mão da Grabiela limpando as sujeiras do marido. Desmarcando as suas carne. Tinha fartura da fome de sê comida, sê devorada com paciência e interesse, coisa qui as grosseria do siô não chegava nem perto de acabá.

Grabiela foi pra cozinha avivá o braseiro, agora tinha dois banho, o seu banho frio e ligeiro mais o banho de quentura demorada da siá Casta.




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Uma intimidade de siô e escravo
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quinta-feira, 28 de agosto de 2014

essas estão sempre em alguma nuvem acima da minha cabeça

Bob Marley



Stir it up





War





Positive Vibrations





Redemption Song





I Shot The Sheriff





Exodus






Satisfy My Soul






No Woman No Cry






Africa Unite Ao Vivo - Live









Bob Marley & The Wailers - Santa Barbara 1979

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Rosalía de Castro (España)

Los Poetas del Amor (5)



Dicen que no hablan las plantas


Dicen que no hablan las plantas, ni las fuentes, ni los pájaros,
Ni el onda con sus rumores, ni con su brillo los astros,
Lo dicen, pero no es cierto, pues siempre cuando yo paso,
De mí murmuran y exclaman:
—Ahí va la loca soñando
Con la eterna primavera de la vida y de los campos,
Y ya bien pronto, bien pronto, tendrá los cabellos canos,
Y ve temblando, aterida, que cubre la escarcha el prado.

—Hay canas en mi cabeza, hay en los prados escarcha,
Mas yo prosigo soñando, pobre, incurable sonámbula,
Con la eterna primavera de la vida que se apaga
Y la perenne frescura de los campos y las almas,
Aunque los unos se agostan y aunque las otras se abrasan.

Astros y fuentes y flores, no murmuréis de mis sueños,
Sin ellos, ¿cómo admiraros ni cómo vivir sin ellos?





José Martí (Cuba)


Cese, señora, el duelo...

Cese, señora, el duelo en vuestro canto,
¿Qué fuera nuestra vida sin enojos?
¡Vivir es padecer! ¡sufrir es santo!
¿Cómo fueran tan bellos vuestros ojos
Si alguna vez no los mojara el llanto?

Romped las cuerdas del amargo duelo.
Quien sufre como vos sufrís, señora:
Es más que una mujer, algo del cielo,
Que de él huyó y entre nosotros mora.





Rubén Darío (Nicaragua)


A Phocás, el campesino

Phocás el campesino, hijo mío, que tienes
en apenas escasos meses de vida, tantos
dolores en tus ojos que esperan tantos llantos
por el fatal pensar que revelan tus sienes...

Tarda a venir a este dolor adonde vienes,
a este mundo terrible en duelos y en espantos;
duerme bajo los Ángeles, sueña bajo los Santos,
que ya tendrás la Vida para que te envenenes...

Sueña, hijo mío, todavía, y cuando crezcas,
perdóname el fatal don de darte la vida
que yo hubiera querido de azul y rosas frescas;

pues tú eres la crisálida de mi alma entristecida,
y te he de ver, en medio del triunfo que merezcas
renovando el fulgor de mi psique abolida.






sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Nas noites de frio você vai pedir agasalho

Qarteto em Cy



Reverso e Prece



PRECE
Quem duvidar que duvide
A saudade em meu peito reside
Sem querer fui querer
Novamente
Já fiz tanta oração
Ao Senhor eu pedi
Proteção, inutilmente
Eu rezei minha prece
Saudade vai e me esquece


REVERSO
Você vai sofrer muito mais
Do que eu já sofri
Você vai chorar muito mais
Do que eu já chorei
Você vai pedir pra voltar
Como eu já pedi
Você vai saber muito mais do que eu
Quanto dói,
Você vai.
Carinho, amor, mais amor,
Você vai pedir
E eu não dou
Nas noites de frio
Você vai pedir agasalho
E eu não dou
O orvalho abrigou-se
Em meu peito
E perdão eu não dou !



Último Desejo




Desafinado




Quarteto em Cy, Andy Williams & Marcos Valle




Samba pra Vinicius




Toquinho, Vinícius e Quarteto em Cy





Canto de Iemanjá
Dulce Nunes, Vinícius, Baden, Quarteto em Cy



Canto de Iemanjá

Compositor: Vinicius De Moraes / Baden Powell


Iemanjá, lemanjá
lemanjá é dona Janaína que vem
Iemanjá, Iemanjá
lemanjá é muita tristeza que vem

Vem do luar no céu
Vem do luar
No mar coberto de flor, meu bem
De Iemanjá
De lemanjá a cantar o amor
E a se mirar
Na lua triste no céu, meu bem
Triste no mar

Se você quiser amar
Se você quiser amor
Vem comigo a Salvador
Para ouvir lemanjá

A cantar, na maré que vai
E na maré que vem
Do fim, mais do fim, do mar
Bem mais além
Bem mais além
Do que o fim do mar
Bem mais além



Cio da terra



Não me diga adeus

Aracy de Almeida





Não me diga adeus
Aracy de Almeida


Não, não me diga adeus
Pense nos sofrimentos meus
Se alguem me der conselho
Pra você me abandonar
Não devemos nos separar
Não vá me deixar por favor
Que a saudade é cruel quando existe amor
Quando existe amor



Rapaz Folgado






Camisa amarela






Louco (Ela é seu Mundo)



segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Histórias de avoinha: Josino - A vida cansa se ocê só reclamá 04B

Josino


A vida cansa se ocê só reclamá
Ensaio 04B – 2ª edição 1ª reimpressão



baitasar



Milagres oiava Josino indo, segurava o medo e o choro. Não era mais criança, mais continuava assombrada com os fantasma dos branco, eles ia e vinha atormentá com as suas louquice a desgraceira de vida dos preto. Não tinha jeito ou feitio de melhorá. Mais qui podia piorá tudo qui era preto sabia. Ela afirmô mais as vista pra não perdê de oiá o seu homem, oiô inté ele sê uma desaparição. Pediu proteção e resistência enquanto as água salgada escorria dos óio, moiava os pé e encharcava a terra

Oiá, a siazinha da ventania qui regenera ou faz desfigurá, esse é o momento da fartura das chuva forte e dos redemoinho, é o tempo do desassombro, o tempo de escutá as palavra do segredo, cuida de vigiá os assunto do Josino, inté ele voltá no meu caminho e ficá me amorando, nessas hora, a siazinha pode deixá os cuidado do Josino comigo.

Juntô as mão e levô elas inté os lábio e ficô assim, oiando e pedindo. Sabia qui tinha qui sê certeira nas coisa qui queria e podia querê. Oiá não podia tudo sozinha. Josino pediu qui queria fugí pra continuá resistindo firme com as raiz preta. Engravidando a terra com as preta. Fazê tê mais preto qui branco. Milagres respirô e suspirô uma vez, depois puxô o ar do fundo da mata inté abarrotá o peito com tudo qui era perfume, fez assopro na direção da estrada e pediu qui a siazinha da ventania levasse o aviso pro Josino

Sê cuida, meu preto. Sê cuida, não deixa o diabo comê o pão qui ocê amassa.

Depois voltô pras tarefa na casa grande.

As lembrança precisava fica amornando, mais os caminho não terminava. As distância parecia qui tinha encompridado. Naquela manhã, ela mais parava qui caminhava. Os óio alagava com os alvoroço qui tinha por dentro, então, ela parava pra desencharcá e descarregá do corpo as vontade de ficá amorando, inté qui ria dos pensamento qui tinha

É bem assim, pra terminá com as vontade e amordaçá o bem-querê, é só começá descarregá os bagaço do corpo nos refúgio das moita, depois vem a precisão de voltá pras tarefa na casa grande. As lembrança precisava ficá amornando, escondendo os caminhos qui não terminava. Milagres mais parava qui caminhava. Um pouco oiava otro pouco chorava. Os óio alagava os alvoroço qui tinha por dentro. Não tinha força nem vontade de chegá. De tanto em tanto, ela empacava pra desencharcá.

Os alarido dos preto na senzala já se confundia com as ordem dos trabaio. De longe já se escutava o jovem Capitão, a cada pouco, mais junto. Ele gritava as tarefa de cada um dos preto. Um negro qui se dava consideração de importância como bicho-do-mato. Acreditava no seu feitio de parecê branco sem sê. Entrava nos lugá qui fosse preciso pra fazê a coleta do preto fugidio. Um caçadô farejadô qui fungava o perfume dos preto. Era novo, mais já carregava nas mão as melhó busca e captura do siô Clemente. Um negro carreirista. Tinha o feitio pra rastreá, o faro pra acossá e o gosto pra acorrentá e se mostrá pro siô

Cadê, Gabriela... onde tá a escrava Gabriela, o carreirista caminhava pela estância perguntando, algum nêgo daqui viu a nêga Gabriela, uns qui otro oiava e sacudia a cabeça qui não sabia. E quem tinha conhecimento não ia respondê, quem é qui viu a nêga Gabriela?

Ela não dormiu nos grilhão.

É para o bem dela ser logo encontrada, continuava tentando convencê os preto qui era bão falá, não é nada, não é nada, não precisam ter medo, se não é nada o Capitão não precisa continuá a perguntá. Pro bem dos preto é qui não devia sê

Eu vô continuar perguntando até achar a nêga Gabriela, eu tô preocupado por causa de ocês.

Naquela noite, pelas conta da siá e da lua, ela tinha recebido semeadura. A mulhé qui os grito de chamado do Capitão procurava chegô devagá, não tinha vontade nenhuma de ligeireza, a pressa tava nos otro, ela tava com as perna mole num corpo qui carregava as calmaria e as alegria qui recebeu e deu. Não sabia o qui mais agradava, se dá pros mimo do Josino ou fazê ele recebê os mimo qui ela dava.

A mulhé qui vinha da pedra do amô chegava sem as vontade, elas inda tava por lá

Gostei de ficá com ocê, meu preto gostoso, ela sabia provocá o homem encantado pelo amô das palavra, pelo feitio como as mão tocaiava, as vista mostrava qui as vontade dela era verdadeira, a boca resmungava

Eu gosto de ocê, demais.

Eu sei, mais eu gosto mais de ocê qui ocê d’eu, gosto do seu feitio de gostá, ele tinha força pra lhe deitá em cima e fazê a semeadura no próprio gosto, mais, ainda bem, qui mais lhe dava gosto sê a sela da cavalgada, oiava as vista do Josino e perguntava, gosta assim, meu preto, faço do feitio qui me agrada e lhe deixa me saboreá com as vista, as mão, gosto de sentí ocê enfurnado do início inté o fim.

Adoro vê ocê montada, minha preta, as vista oiando... oiando... as parte qui fica escondida se mostrando... dançando.

As mão continuava agarrando os dois, um se aproveitô do otro inté antes dos barulho da noite silenciá. Amanhã tava se espreguiçando e o dia acordando. Os dois na pedra do amô não desatava o nó do otro inté o sol nascê.

Ela ia na direção dos grito, mais o gosto na boca não lhe deixava esquecê as mão do homem encantado. Desembaraçava as vista triste com o uso das mão. Tinha vontade de soluçá, derramá as vista inté alagá tudo naquele redó de lugá. Uma terra de trabucá sem tê proveito de nada. Nem da cantoria se podia aproveitá. O siô tinha proibido qualqué alegria.

Aquela noite, junto com o Josino na pedra do amô, os dois imaginô a imaginação do navio voadô levado pelos assopro de Oiá, ia longe das corrente de ferro com agarramento nos tornozelo. O navio tava desamarrado e balançava no embaciamento nuvioso. Mais era uma soltura de fingimento, eles não podia saí pra onde havia de querê. Foi a primeira vez qui Milagres sentiu as corrente sem vê e atinô qui só os preto podia entendê da precisão de tê um lugá de fugí. Parô, se oiô no rumo do Josino e pediu pra Oiá levá só mais esse pensamento da cabeça

Devia tê concordado com a pressa do meu preto. Agora, nem ocê nem eu sabe se vai brilhá de novo, juntô as mão e assoprô as palavra da cabeça. Ficô oiando inté o mato pará de balança. E voltô no caminho.

Tava mais perto pra escutá os grito do Capitão lhe chamando, não queria lhe respondê, mais se é assim qui é, assim qui vai sê, por agora, meu preto. E se ajeitô antes de respondê

Para de rezingá, Milagres. Assim, ocê tira a terra do sono. Fecha os óio e caminha com lindeza. A vida cansa se ocê só reclamá.

Não consigo, meu preto. Não consigo deixá de reclamá a parte qui me cabe, dessa vida amarguenta.

Os dois flutuava no barco da estrada larga das água, tão larga qui os óio não alcançava de vê o otro lado. A mesma estrada que carregô nas costa as história do pai e da mãe da terra. Ela não sabe se foi aparição da imaginação, mas jura qui viu o primeiro preto qui chegô acorrentado e foi fincado inté enraizá. E ali, moiado com as água da saudade, nasceu a árvore de todos os preto. Os fio e as fia perdeu as vista da terra do pai e da mãe, eles foi carregado no negreiro pra mais longe qui as vista e os perfume podia alcançá. E assim, por cada negreiro qui chegava, os preto enraizava mais otra árvore

Vamô plantá mais uma árvore, ela lhe convidô

Ocê qué de verdade, ele lhe respondeu com otra pergunta. Ela lhe oiô sem respondê, balançô a cabeça desanimada, os homem não cresce rápido, não importa qui cô eles carrega na pele da cobertura. Quando respondeu lhe deixô um aviso

E ocê não se atreva em afrouxá o nó.

Não se preocupe qui não vô lhe saí.

O divertimento era fazê o otro se derramá primeiro, dá podia sê melhó qui recebê

Apressa... apressa, meu preto. Não deixa eu sozinha nessa alegria... apressa... apressa, ele apressô o gosto de tê Milagres com o apetite comido. Empanturrada daquele regalo de tá dentro e fora, indo e voltando, apressa... apressa, minha preta, ela apressô a cobiça e lhe estreitô o caminho, mais na intenção de ficá pronta depois dele, vem me enraizá.

Ele desapressô. Não queria se despachá.

Ela lhe bateu na perna, não para... não para... derrama... derrama, inté qui ele caiu na tocaia e deramô as semente

To indo... to indo...

Assim... assim... é meió, ele apressô qui desatô a vida toda qui podia tê. Soltô um suspiro maió qui os lamento da mata. Ela afroxô a mão qui segurava as costa do homem e levô inté a boca dele, e pediu

Calma... calma, qui ainda não terminô. Continua, não para... continua... continua...

Ele levô as duas mão inté a garupa e firmô os dois num só corpo, estendidos de lado, a respiração pertinho

Continuo... continuo... mais ocê é maluca.

Assim, meu preto... continua, inté qui também desatô

Amô ocê, muié.

Eu sei qui ocê sabe.

É cisma qui os preto carrega da terra da mãe e do pai, por lá, quando o homem e a mulhé acha o feitio de fazê o amô provoca as lembrança da terra, eles finca as raiz da árvore chamada baobá. Uma árvore qui não se termina, assim como os preto, tem a vida enraizada na terra.

Milagres caminhô sonhando no sonho, inté qui chegô na distância de respondê, e perguntô

Quem é qui qué sabe?

Com feitio de atrevida ela parô na frente do Capitão, ali, no meio dos alarido e agitação na senzala. Não podia evitá aquele negro e branco, ele era hostil e provocadô. E amargurado. Ele não podia parecê branco, tudo qui ele queria sê, sabia qui tinha um pedaço do siô, mais aconteceu qui uma lasca não fez dele um branco inteiro, inda mais, se o naco do pai qui aparecia no fio era só o viço da verdura no ôio. E nem era nas duas vista, o otro ôio era na cô da natureza dele, tinha o vigô da tristeza dos preto. Dois mundo nas vista e a sanha do mundo todo no coração. O qui podia fazê o Capitão entendê melhó as pessoa, separava ele em dois. Fingia um desapego qui não sentia. Não conseguia encobrí sua lasca de alegramento quando o siô lhe tratava com entendimento do seu justo valô de caçadô de preto

Esse negro não foge da doença nem do sol, entra no mato com gosto. Nada lhe mete medo. Não tem aborrecimento, acho até que tem gosto de correr atrás dos negros fugitivos.

A escrava Grabiela sabia qui tava na frente do fio qui não era fio, mais qui queria se mostrá pro siô, qui era o pai qui não era o pai. Oiava os dois mundo qui ele carregava nas vista

A sinhá Casta quer saber de ocê.



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domingo, 17 de agosto de 2014

Essas não quero esquecer

Volver a los 17
Mercedes Sosa / Milton Nascimento





Volver a Los 17
Milton Nascimento


Volver a los diecisiete después de vivir un siglo
Es como descifrar signos sin ser sabio competente,
Volver a ser de repente tan frágil como un segundo
Volver a sentir profundo como un niño frente a Dios
Eso es lo que siento yo en este instante fecundo.

Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

Mi paso retrocedido cuando el de ustedes avanza
El arco de las alianzas ha penetrado en mi nido
Con todo su colorido se ha paseado por mis venas
Y hasta la dura cadena con que nos ata el destino
Es como un diamante fino que alumbra mi alma serena.

Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

Lo que puede el sentimiento no lo ha podido el saber
Ni el más claro proceder, ni el más ancho pensamiento
Todo lo cambia al momento cual mago condescendiente
Nos aleja dulcemente de rencores y violencias
Solo el amor con su ciencia nos vuelve tan inocentes.

Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

El amor es torbellino de pureza original
Hasta el feroz animal susurra su dulce trino
Detiene a los peregrinos, libera a los prisioneros,
El amor con sus esmeros al viejo lo vuelve niño
Y al malo sólo el cariño lo vuelve puro y sincero.

Se va enredando, enredando
Como en el muro la hiedra
Y va brotando, brotando
Como el musguito en la piedra
Como el musguito en la piedra, ay si, si, si.

De par en par la ventana se abrió como por encanto
Entró el amor con su manto como una tibia mañana
Al son de su bella diana hizo brotar el jazmín
Volando cual serafín al cielo le puso aretes
Mis años en diecisiete los convirtió el querubín.

Composição: Violeta Parra



Gracias a la vida
Violeta Parra






Duerme negrito
Atahualpa Yupanqui 






Hasta Siempre Comandante
Nathalie Cardone






Guantanamera
The Sandpipers






Todo Cambia
Mercedes Sosa




Todo Cambia
Mercedes Sosa

Cambia lo superficial
Cambia también lo profundo
Cambia el modo de pensar
Cambia todo en este mundo

Cambia el clima con los años
Cambia el pastor su rebaño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Cambia el más fino brillante
De mano en mano su brillo
Cambia el nido el pajarillo
Cambia el sentir un amante

Cambia el rumbo el caminante
Aúnque esto le cause daño
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Cambia el sol en su carrera
Cuando la noche subsiste
Cambia la planta y se viste
De verde en la primavera

Cambia el pelaje la fiera
Cambia el cabello el anciano
Y así como todo cambia
Que yo cambie no es extraño

Pero no cambia mi amor
Por más lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente

Lo que cambió ayer
Tendrá que cambiar mañana
Así como cambio yo
En esta tierra lejana

Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia
Cambia, todo cambia

Pero no cambia mi amor


Composição: Julio Numhauser

sábado, 16 de agosto de 2014

Essas não consigo esquecer

Imagine
John Lennon





Imagine que não há paraíso, É fácil se você tentar,
Nenhum inferno abaixo de nós, Acima de nós apenas o céu,
Imagine todas as pessoas, Vivendo para o hoje,

Imagine não existir países, Não é difícil de fazê-lo,
Nada pelo que lutar ou morrer, E nenhuma religião também,
Imagine todas as pessoas, Vivendo a vida em paz,

Você pode dizer, Que eu sou um sonhador,
Mas eu não sou o único, Eu tenho a esperança de que um dia,
você se juntará a nós, E o mundo será como um só,

Imagine não existir posses, Me pergunto se você consegue,
Sem necessidade de ganância ou fome,
Uma irmandade de humana, Imagine todas as pessoas,
Compartilhando todo o mundo,

Você pode dizer, Que eu sou um sonhador,
Mas eu não sou o único, Eu tenho a esperança de que um dia,
Você se juntará a nós, E o mundo será como um só.



What A Wonderful World
Louis Armstrong






Unforgettable
Natalie Cole e Nat King Cole




Inesquecível

Inesquecível, é o que você é
Inesquecível, seja perto ou longe
Como uma canção de amor que se liga a mim
Como pensar em você me faz sentir coisas!
Nunca, antes, alguém foi tanto para mim

Inesquecível, de todas as maneiras
E, para sempre, é como você ficará
E é por isso, minha querida, que é incrível
Que alguém tão inesquecível
Ache que eu sou inesquecível também

Inesquecível, de todas as maneiras
E, para sempre, é como você ficará
E é por isso, minha querida, que é incrível
Que alguém tão inesquecível
Ache que eu sou inesquecível também



I'll be there
Michael Jackson






Summer of' 42
Michel Legrand






Rhapsody In Blue
Gershwin




José Martí (Cuba)

Los Poetas del Amor (4)



Árbol de mi alma


Como un ave que cruza el aire claro
Siento hacia mí venir tu pensamiento
Y acá en mi corazón hacer su nido.
Ábrese el alma en flor: tiemblan sus ramas
Como los labios frescos de un mancebo
En su primer abrazo a una hermosura:
Cuchichean las hojas: tal parecen
Lenguaraces obreras y envidiosas,
A la doncella de la casa rica
En preparar el tálamo ocupadas:
Ancho es mi corazón, y es todo tuyo:
Todo lo triste cabe en él, y todo
Cuanto en el mundo llora, y sufre, y muere!
De hojas secas, y polvo, y derruidas
Ramas lo limpio: bruño con cuidado
Cada hoja, y los tallos: de las flores
Los gusanos del pétalo comido
Separo: oreo el césped en contorno
Y a recibirte, oh pájaro sin mancha
Apresto el corazón enajenado!





Gerardo Diego (España)


Revelación

A Blas Taracena

Era en Numancia, al tiempo que declina
la tarde del agosto augusto y lento,
Numancia del silencio y de la ruina,
alma de libertad, trono del viento.

La luz se hacía por momentos mina
de transparencia y desvanecimiento,
diafanidad de ausencia vespertina,
esperanza, esperanza del portento.

Súbito, ¿dónde?, un pájaro sin lira,
sin rama, sin atril, canta, delira,
flota en la cima de su fiebre aguda.

Vivo latir de Dios nos goteaba,
risa y charla de Dios, libre y desnuda.
Y el pájaro, sabiéndolo, cantaba
.






Juan Ramón Jiménez (España)


Agua Mujer

¿Qué me copiaste en ti,
que cuando falta en mí
la imagen de la cima,
corro a mirarme en ti?



terça-feira, 12 de agosto de 2014

Felicidade

Lupicínio Rodrigues





Felicidade
Lupicínio Rodrigues


Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

Lá onde eu moro tem muita mulher bonita
Que usa vestido sem cinta e tem na boca um coração
Cá na cidade se vê tanta falsidade
Que a mulher faz sacanagem até dentro de pensão

Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

A minha casa fica lá detrás do mundo
Mas eu vou em um segundo quando começo a cantar
E o pensamento parece uma coisa à toa
Mas como é que a gente voa quando começa a pensar

Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

Na minha casa tem um cavalo tortilho que é irmão
do que é filho daquele que o Juca tem
Quando eu agarro seus arreiros e lhe encilho
Sou pior que limpa trilho e corro na frente do trem

Felicidade foi se embora
E a saudade no meu peito ainda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora
Porque sei que a falsidade não vigora

Composição: Lupicínio Rodrigues



Paulinho Moska




Anna Toledo




Almir Sater & Renato Borghetti




Antonio Villeroy


Bom Dia Vietnam








sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Histórias de avoinha: Josino - esse lugá precisa de nóis, mais nóis não precisa desse lugá 03B

Josino

esse lugá precisa de nóis, mais nóis não precisa desse lugá
Ensaio 03B – 2ª edição 1ª reimpressão


baitasar


Gabriela iniciô a feitura da mesa com os mantimento do café, tinha mais duas preta na sua ordem qui ia e vinha da cozinha. Os preto de serviço na casa grande usava os pé descalço. O siô não queria os pé preto com qualqué vestimenta, preferia eles livre e borbulhando silencioso pela casa

Já me chegam os lamentos da negrada nas lidas da estância, não quero ter que escutar essa negrada arrastando os pés na casa. Sinhá, acho que os carregamentos melhores estão indo para Pelotas ou ficando na capital do Império.

A siá Casta se desvirô e oiô o marido, gostava quando ele colocava na conversa os assunto de homem. Ele gostava, também

Vou lhe confessar, sinhazinha... fazia parada da falação e esperava ela aumentá no interesse, esse último lote é uma cambada de refugo. O siô Clemente largô o copo da aguardente na mesa e voltô a colocá as mão escondida nas costa. Deu uns passo na direção da pintura do seu pai. Ele afirmava sê a cópia exata das feição do véio. Afirmação qui ninguém tinha como confirmá. O pai e toda família foi morta pelos preto ajuntados com os cisplatino, lá pelas banda das charqueada pelotense. Em que pese ninguém tê noticioso de tal coisa, havia as notícia dada pelo siô Clemente, o único sobrevivido declarante presenciadô do qui mais ninguém viu, mais qui todo branco qui escutava aquela história creditava e cuidava de contá de novo, de novo e de novo. É mais fácil creditá nas coisa qui si qué creditá, qui escutá as otra verdade qui pode sê, o cismado tá decidido qui não credita e pronto. Ocê pode dizê o qui quisé, ele enfia a cabeça no traseiro da vaca e jura qui não tem lugá melhó. Essas pessoa não credita com os óio, elas usa só o nariz do coração alambicado, e se elas diz qui o ódio do coração é amô, elas vive amando odiá. A verdade qui tem é delas e se não fô assim, tá com quem inda não nasceu, só assim pra tê verdade qui não tá com elas

Não foi por falta de aviso, as vista da siá tava no marido enquanto ela lhe retrucava, quanto menor é a vossa vontade de pagar pelos negros, mais baldado o sinhô meu marido se arrisca em comprar, sorriu das palavra dita, cada dia mais parecida com o falecido conde.

O siô continuava em pé, oiando em silêncio, apreciando os rumo da conversa

Por que o sinhô meu marido está parado e me olhando nesse silêncio de aprovação, antes de respondê, ele sorriu, tava agradecido pela feição de concórdia entre os dois. Chegô sentí um avivamento nas virilha, foi coisa pouca e passageira, é verdade, mais um conforto de sabê qui as coisa ruim podia melhorá

Pois, na próxima compra de negros, vou levar vosmecê. O próximo lote vai obedecer as suas vontades de negociar, as vista de um chegô no otro, os dois tava sorrindo com o entendimento.

Primeiro, a toalha imaculada foi ajeitada na mesa com os cuidado de inspeção da Grabiela. As duas preta puxava pra lá e cá, oiava pra Grabiela e esperava. Arrumava de novo, e esperava. A mesa de madeira parecia tê o tamanho de dois altá, o tamanho da ambição do conde do Gravataí com a abundância dos fio qui queria tê, mais qui ficô só na siá Casta. A condessa terminô o serviço de nascimento da fia e se finô. Assim, a mesa não se encheu, continua esperando o uso completo. E não parece qui vai tê enchimento de criação tão cedo, mais se a siá Casta não tivesse desgosto de recebê o encadeamento dos fio renegado do siô Clemente... ia tê falta de lugá no altá.

Depois da toalha aprumada, veio os pão e as fruta. A Gabriela carregô as mistura, o queijo e o salame. No fim da carregação chegô o leite e o café recém feito. O siô Clemente convidô a siá Casta pro uso da mesa. Ela agradeceu com as vista e sentô, usô a beirada da cadeira oferecida pelo marido. As mão ficô no colo e as vista na mesa. Ele caminhô inté o otro lado do ofertório. Acomodô o seu lugá de costume. Oiava no otro lado da mesa a cópia do sogro. Agarrô o copo vazio da terceira medida

Negra, leva esse copo, e sem oiá os serviço na mesa, falô com desinteresse de sê ouvido pela escrava Grabiela

Sinhá Casta, deixo esses assuntos da lua em suas mãos. Agora, vou me preocupar com o Josino. Espero que o negro se resolva, oiô de trevés inté na direção da Grabiela, escondida nos afazê da mesa matinal. Ela sentiu arrepio do medo. Depois da pequena descontinuação da sua conversa, ele completô o aviso qui queria dá, ou arrumo outro jeito. O custo de liberar o Josino da obra santa tem muito preço. O padre é muito apegado na obra e o Josino é negro da confiança.

Pois mande outro no lugar dele, foi o dito pela siá e o pensado pela escrava, a preta quase disse o qui devia dizê, mais não disse. Os preto não tinha lugá nas conversa da casa grande, se queria conversá precisava esperá a volta pra cozinha ou o acabamento do dia na senzala

O viúvo da batina...

Por favor, sinhô meu marido, o chamativo da atenção do siô pela siá queria lhe fazê lembrá dos perigo de brincá com as coisa qui são séria, quando precisarmos das preces do sinhô padre, elas vão nos faltar.

Muito bem, sinhá Casta, desculpe o meu atrevimento, como lhe dizia, o padre faz questão do Josino, ele tem o braço forte, perna que não cansa, e mais importante, fica com a boca fechada. O que entra pelos olhos não sai pela boca. Trabalha como um cavalo e sem um gemido. Negro assim é escasso e raro. O preço do negro subiu para 350$000 mil-réis. Esse último lote ainda consegui comprar um que outro negro por 200$000 mil-réis: o valor aproximado de cento e cinquenta cavalos.

Sinhô meu marido, o Josino voltou para ficar pouco, a pergunta de sabê da siá era a vontade de sabê da escrava. O coração da preta tava de adiantamento, a aceleração e a urgência corria a mais qui a boca tentava se fechá. Só as mão treinada da escrava não tremia, mais o resto da mulhé parecia vara verde, as perna mal lhe deixava em pé

O negro mal chegou e já tem recado do viúvo ganancioso, o siô levantô e caminhô, mais desta vez as mão não tava acorrentada nas costa

Sinhozinho, não fale assim. O sinhô padre só deve querer saber quando o Josino há de voltar... o sinhô devia apreciar o seu café.

O padre sabe que o negro é de bom preço. Mas por aqui, na estância, me vale mais para fazer boas crias, siá Casta levô uma das mão na boca e baixô as vista, a gesticulação qui avisava do seu embaraço

Sinhozinho, não me fale assim, o siô Clemente parecia não lhe escutá

Vai cruzar com quem eu lhe mandar!

Sinhô meu marido sente à mesa. O café lhe espera.

Com atraso... com atraso, sinhá.

Siá Casta oiô Grabiela qui tava espetada no chão, esperando ordem da siá

Ocê pode voltar aos serviços na cozinha, mas fique com os ouvidos atentos, ela saiu sem nenhuma palavra dita, só podia escutá.

Tudo ou quase tudo pode não sê do feitio qui se pensa qui é ou se qué pensá qui é, Grabiela sabe qui o feitio da verdade qui é verdade não existe. A verdade fica do lado qui conta melhó a história pra sê contada. Então, a verdade qui fica é as história do mais forte. E os qui não pensa... credita e repete.

Sabê daquela conversa do siô e da siá na mesa do café deixô Josino na maió tristeza da preocupação, mais também lhe alertô pra falação qui precisava tê com sua Milagres. Ele não queria fazê fio escravo, mais pra fazê fio liberto era preciso fugí. Para Milagres interessava é tê o fio ou a fia, ela lhe contô qui tinha fé na semente dele germinando na sua terra fértil de mulhé

Não credito nas promessa do siô, ele tem querê pra forçá as suas cisma de branco, tem o ânimo e a força pra fazê existí as coisa qui qué pro bem dele.

Eu sei, Josino... eu sei, ela precisô suspirá pra modo de concordá, esse é o nosso tempo de vivê, mais pode sê qui o tempo dos fio seja otro.

Essa gente nem os farelo deixa escapá, eles tem mais gosto de botá fora qui deixá os preto se aproveitá, e isso é assim e não vai mudá, ela o desconhecia quando tava exaltado e deixava a brabeza saí da garganta

Mais aqui se tem mais amparo qui no mato, ele levô o dedo com doçura na boca da sua Milagres e lhe pediu pra ouví

O qui existe aqui, onde tá o proveito do trabalho, perguntô com os braço aberto, como se pudesse lhe mostrá toda a estância.

Ela balançô os ombro

Se os preto não vivê dentro das ordem do siô vai tê tronco, chibata e as corrente, e mais as tristeza com as dô das marca.

Josino abriu os braço e abraçô Milagres, juntô os lábio grosso pertinho dos óio da mulhé, esse lugá precisa de nóis, mais nóis não precisa desse lugá.

Com os primeiro siná do dia ele voltô pro erguimento das torre

Não tenho mais dia marcado pra voltá, minha preta, ela lhe colocô a mão na boca e pediu pra ele aquietá

Vê se não morre e volta, Josino. Já tô acostumada com ocê, acho qui é amô. Ocê precisa se cuidá.

Sô propriedade de dois siô, é muito cuidado pra tê.

Não vá passá dos limite e não se atormente. O seu desavançá nas torre santa é assunto pra sê tratado com siá Casta. Vô ajudá com as conta da lua dela.

Josino mostrô o sorriso quieto e desdentado.

E partiu.




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Leia também:


As Contas da Lua
Ensaio 17B – 2ª edição 1ª reimpressão

A vida cansa se ocê só reclamá
Ensaio 19B – 2ª edição 1ª reimpressão



quinta-feira, 7 de agosto de 2014

XIX – Mitologia dos Orixás: Obá [183] [184]

OBÁ
Reginaldo Prandi
Obá é possuída por Ogum
Obá escolheu a guerra como prazer nesta vida. Enfrentava qualquer situação e assim procedeu com quase todos os orixás. Um dia, Obá desafiou para a luta Ogum, o valente guerreiro. O ardiloso Ogum, sabendo dos feitos de Obá, consultou os babalaôs.
Eles aconselharam Ogum a fazer oferendas de espigas de milho e quiabos, tudo pilado, formando uma massa viscosa e escorregadia.
Ogum preparou tudo como o recomendado e depositou o ebó num canto do lugar onde lutariam.
Chegada a hora, Obá, em tom desafiador, começou a dominar a luta. Ogum levo-a ao local onde estava a oferenda. Obá pisou no ebó, escorregou e caiu.
Ogum aproveitou-se da queda de Obá, num lance rápido tirou-lhe os panos e a possuiu ali mesmo, tornando-se, assim, seu primeiro homem.
Mais tarde Xangô roubou Obá de Ogum.
[183]

Obá corta a orelha induzida por Oxum

Obá e Oxum competiam pelo amor de Xangô. Cada semana, uma das esposas cuidava de Xangô, fazia sua comida, servia à sua mesa.
Oxum era a esposa mais amada e Obá imitava Oxum em tudo, inclusive nas artes da cozinha, pois o amor de Xangô começava pelos pratos que comia. Oxum não gostava de ver Obá copiando suas receitas e decidiu vencer definitivamente a rival.
Um dia convidou Obá à sua casa, onde a recebeu usando um lenço na cabeça, amarrado de modo a esconder as orelhas.
Oxum mostrou a Obá o alguidar onde preparava uma fumegante sopa, na qual boiavam dois apetitosos cogumelos. Disse à curiosa Obá que eram suas próprias orelhas, orelhas que ela cortara, segredou cumplicemente. Xangô havia de se deleitar com a iguaria.
Não tardou para que ambas testemunhassem o sucesso da receita.
O marido veio comer e o fez com gula, se fartou. Elogiou sem parar os dotes culinários da mulher. Obá quase morreu de ciúme.
Na semana seguinte, Obá preparou a mesma comida, cortou uma das orelhas e pôs para cozinhar. Xangô, ao ver a orelha no prato, sentiu engulhos. Enojado, jogou tudo no chão e quis bater na esposa que chorava.
Oxum chegou nesse momento, exibindo suas intactas orelhas.
Obá num segundo entendeu tudo, odiou a outra mais que nunca. Envergonhada e enraivecida, precipitou-se sobre Oxum e ambas se envolveram numa briga que não tinha fim.
Xangô já não suportava tanta discórdia em casa e esse incidente só fez aumentar a sua raiva. Ameaçou de morte as briguentas esposas, perseguiu-as. Ambas tentaram fugir da cólera do esposo.
Xangô procurou alcançá-las, lançou o raio contra elas, mas elas corriam, embrenhando-se nos matos, ficando cada vez mais distantes, mais inalcançáveis.
Conta-se delas que acabaram por ser transformadas em rios. E de fato, onde se juntam o rio Oxum e o rio Obá, a correnteza é uma feroz tormenta de águas que disputam o mesmo leito.
[184]

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Leia também:

XVIII – Mitologia dos Orixás: Oiá - Iansã [163] [164] [177]

XX – Mitologia dos Orixás: Oxum [186] [187]


Reginaldo Prandi, paulista de Potirendaba e professor titular de sociologia da Universidade de São Paulo, é autor de três dezenas de livros. Pela editora Hucitec publicou Os candomblés de São Paulo, pela Edusp, Um sopro do Espírito, e pela Cosac Naify, Os príncipes do destino. Dele, a Companhia das Letras publicou também Segredos guardados: orixás na alma brasileiraMorte nos búziosIfá, o AdivinhoXangô, o TrovãoOxumarê, o Arco-ÍrisContos e lendas afro-brasileiros: a criação do mundoMinha querida assombraçãoJogo de escolhas e Feliz Aniversário.


Prandi, Reginaldo. Mitologia dos Orixás / Reginaldo Prandi; ilustrações de Pedro Rafael. - São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

Gabriela Mistral (Chile)

Los Poetas del Amor (3)


El amor que calla

Si yo te odiara, mi odio te daría
en las palabras, rotundo y seguro;
pero te amo y mi amor no se confía
a este hablar de los hombres, tan oscuro.

Tú lo quisieras vuelto en alarido,
y viene de tan hondo que ha deshecho
su quemante raudal, desfallecido,
antes de la garganta, antes del pecho.

Estoy lo mismo que estanque colmado
y te parezco un surtidor inerte.
¡Todo por mi callar atribulado
que es más atroz que el entrar en la muerte!




César Vallejo (Perú)


Yeso

Silencio. Aquí se ha hecho ya de noche,
ya tras del cementerio se fue el sol;
aquí se está llorando a mil pupilas:
no vuelvas; ya murió mi corazón.
Silencio. Aquí ya todo está vestido
de dolor riguroso; y arde apenas,
como un mal kerosene, esta pasión.

Primavera vendrá. Cantarás «Eva»
desde un minuto horizontal, desde un
hornillo en que arderán los nardos de Eros.
¡Forja allí tu perdón para el poeta,
que ha de dolerme aún,
como clavo que cierra un ataúd!

Mas... una noche de lirismo, tu
buen seno, tu mar rojo
se azotará con olas de quince años,
al ver lejos, aviado con recuerdos
mi corsario bajel, mi ingratitud.
Después, tu manzanar, tu labio dándose,
y que se aja por mí por la vez última,
y que muere sangriento de amar mucho,
como un croquis pagano de Jesús.

¡Amada! Y cantarás;
y ha de vibrar el femenino en mi alma,
como en una enlutada catedral.




Luis Cernuda (España)


No decía palabras

No decía palabras,
acercaba tan sólo un cuerpo interrogante,
porque ignoraba que el deseo es una pregunta
cuya respuesta no existe,
una hoja cuya rama no existe,
un mundo cuyo cielo no existe.

La angustia se abre paso entre los huesos,
remonta por las venas
hasta abrirse en la piel,
surtidores de sueño
hechos carne en interrogación vuelta a las nubes.

Un roce al paso,
una mirada fugaz entre las sombras,
bastan para que el cuerpo se abra en dos,
ávido de recibir en sí mismo
otro cuerpo que sueñe;
mitad y mitad, sueño y sueño, carne y carne,
iguales en figura, iguales en amor, iguales en deseo.
Auque sólo sea una esperanza
porque el deseo es pregunta cuya respuesta nadie sabe.


O Ciclista

Walther Moreira Santos


"Foi numa noite, meses antes de Ceres resolver ir embora, anos depois de Ceres se mudar para minha vida. Aconteceu uma coisa estranha. Lá pela madrugada, ao descer para verificar se tudo estava em ordem, como a porta devidamente trancada, eu notei que Caio não estava inteiramente deitado no sofá."


Santos, Walther Moreira
          O Ciclista / Walther Moreira Santos. - Belo Horizonte : autêntica Editora, 2008.


Romance (Prêmio José Mindlin, Prêmio Cidade de Curitiba e um dos 10 melhores romances de 2008 pelo Prêmio São Paulo de Literatura)
















Neste link mais obras do autor:
Walther Moreira Santos

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

eu queria sabê fazê assim...

Elis Regina



É com esse que eu vou





Aprendendo a Jogar





Sinal Fechado e Transversal do Tempo





Travessia





O Bebado e A Equilibrista




Se Eu Quiser Falar Com Deus




Como Nossos Pais



Como Nossos Pais
Belchior


Não quero lhe falar
Meu grande amor
Das coisas que aprendi
Nos discos…

Quero lhe contar
Como eu vivi
E tudo o que
Aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
E eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa…

Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens…

Para abraçar meu irmão
E beijar minha menina
Na rua
É que se fez o meu lábio
O seu braço
E a minha voz…

Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantado
Como uma nova invenção
Vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pr’o sertão
Pois vejo vir vindo no vento
O cheiro da nova estação
E eu sinto tudo
Na ferida viva
Do meu coração…

Já faz tempo
E eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Esta lembrança
É o quadro que dói mais…

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como Os Nossos Pais…

Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
As aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu estou por fora
Ou então
Que eu estou enganando…

Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem…

E hoje eu sei
Eu sei!
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Está em casa
Guardado por Deus
Contando seus metais…

Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo, tudo
Tudo o que fizemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como Os Nossos Pais…

Nanananã! Naninananã!
Nanananã! Naninananã!
Hum!…



Romaria





Tatuagem


Samba da Benção é um pouco de amor na vida

Esses Vinícius & Baden


"O único entre nós que viveu como um poeta" - Drummond





É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

Feito essa gente que anda por aí
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem
Sem provar muito bem provado
Com certidão passada em cartório do céu
E assinado embaixo: Deus
E com firma reconhecida!
A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

Eu, por exemplo, o capitão do mato
Vinicius de Moraes
Poeta e diplomata
O branco mais preto do Brasil
Na linha direta de Xangô, saravá!
A bênção, Senhora
A maior ialorixá da Bahia
Terra de Caymmi e João Gilberto
A bênção, Pixinguinha
Tu que choraste na flauta
Todas as minhas mágoas de amor
A bênção, Sinhô, a benção, Cartola
A bênção, Ismael Silva
Sua bênção, Heitor dos Prazeres
A bênção, Nelson Cavaquinho
A bênção, Geraldo Pereira
A bênção, meu bom Cyro Monteiro
Você, sobrinho de Nonô
A bênção, Noel, sua bênção, Ary
A bênção, todos os grandes
Sambistas do Brasil
Branco, preto, mulato
Lindo como a pele macia de Oxum
A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que já viajaste tantas canções comigo
E ainda há tantas por viajar
A bênção, Carlinhos Lyra
Parceiro cem por cento
Você que une a ação ao sentimento
E ao pensamento
A bênção, a bênção, Baden Powell
Amigo novo, parceiro novo
Que fizeste este samba comigo
A bênção, amigo
A bênção, maestro Moacir Santos
Não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Inclusive meu São Sebastião
Saravá! A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração



Baden Powell





Vinicius de Moraes & Joao Gilberto





Vinicius de Moraes e Toquinho




Maria Bethania




Elis Regina - Samba de la Bénédiction




Criolo, Rael, Terra Preta & Marcel Powell

domingo, 3 de agosto de 2014

Histórias de avoinha: Josino - As Contas da Lua 02B

Josino

as contas da lua
Ensaio 02B – 2ª edição 1ª reimpressão

baitasar




Gosto de tu, minha preta. Mais gosto de sê assim: os murmúrio do contentamento, as bobice do amô, as conversa do gosto derramado, é bão ficá agarrado, um nó no otro, depois dormecê enfiado nas vista, nos braço das folha qui a ventania derrubô

Na pedra do amô, eu e o meu preto.

Isso, minha preta. Bem assim, dormecê nos balanço da pedra é mais qui bão, é como não precisá fechá as vista pra sonhá

Dormece... dormece, meu homem.

Josino se revirô na rede de pedra encapada com o pasto das folha solta na ventania, desaninhô a cabeça do colo perfumado de amô, quis oiá as estrela, escutá com atenção a barulheira do mato misturada com a falação doce da sua mulhé.

Milagres lhe despertô a bisbilhotice das carne qui qué vivê, desviô as vista do trabalho. O homem virô, revirô e virô, procurava as vista da mulhé, mais ela não lhe oiava, tava quieta.

A boca da noite se fechô, as dô do dia tava chegando com o padecimento da cegueira desalmada. A voz da mulhé sumindo, o peito desacalmô

Escuitá com atenção as palavra do siô.

Josino levô otro susto quando arregalô os óio, o primeiro foi com o estalo do chicote, depois foi descobrí qui não tava onde queria tá. Ainda achô qui tava num sonho muito ruim e qui já ia acordá na pedra do amô. Pediu ajuda pra mulhé dos milagre, queria abrí os óio e desdormí daquele estorvo de sonho ruim

Acorda, nêgo safado. Tá querendo dormí mais qui a noite. Pula dessa rede, o chicote estalando na volta dos preto, procurando as carne pra riscá, marcá com as força enfuriada da mão qui ensiná obedecê, nêgo preguiçoso tem qui dormí no chão frio da pedra.

O chicote estalando, fazendo o chão gemê. Era preciso levantá, arrastá as corrente sem vida, continua indo e vindo sobre os rastro do suô e as trilha do sangue. Não tinha pra quem reclamá. Esse mundo não ia lhe ajudá, os desalmado desse mundo não queria só se aproveitá, eles queria se serví nas carne preta

Onde ocê anda, minha preta, a pergunta do Josino era o seu pedido de socorro, ele não sabia pedí ajuda, não ia sê ajudado. Milagre não acontecia na senzala, num lugá pra depositá as carne preta, onde a Siá das Dô não queria aparecê. Ela ficava guardada na guarnição de pedra qui o Josino levantava, caindo de joelho quando o chicote estalava. E foi acontecendo qui a senzala virô o terreiro da resistência, onde os espírito do conforto ia fazê o seu trabalho de sentinela e cuidado, semeá a esperança na luta

O viúvo da vestimenta preta e o fiscal só olham com os olhos da cara, o siô Clemente acordô reclamando, antes do café daquela manhã, gostava de intrigá contra o siô padre e o siô chefe das madeira, tinha cisma quando as vista dos fiscalizadô caia nele, gostava de atacá antes de sê atacado, a pimenta sempre é bão qui fique no gosto dos otro

Por que o sinhô meu marido tem implicância com o sinhô padre? Essa impertinência não lhe fica bem, falava do seu lugá de esposa preocupada com a falação desmedida do marido. Parô a conversa para chamá a escrava Gabriela

O que acontece que o café do sinhô ainda não foi servido? O sinhô Clemente tem os compromissos do dia esperando, a escrava Gabriela lhe respondeu qui a ordenha do leite atrasô. O preto Sebastião qui fazia o serviço... morreu dormindo

Essa é uma boa morte, a sinhá minha esposa não acha, o siô gostava de cutucá a sua onça, não lhe importava o tamanho da vara. Levantô e caminhô na volta das duas, não se apresse, eu lhe espero.

A sinhá Casta dispensô a escrava, mas qui voltasse assim qui o leite ficasse pronto

Mas dona Casta, o homem não lhe parece um viúvo, e fez um intervalo de quase um minuto em silêncio, um aborrecimento ensaiado, inté se resolvê de completá, assim todo de preto?

A siá esposa do siô Clemente fez o siná da cruz e credo, e mais não disse uma qui otra palavra. E se disse, não dava para escutá, mais, por bem ou por mal da siá, quem havia de escutá ia sabê o qui ela tinha dito ou não dito

E, se por acaso, que o Senhor do céu e desta terra não me ouça, o sinhô ficar viúvo com o meu finamento, não vai usar as roupas de viuvez do sinhô padre?

O siô Clemente deu mais uns passo pra lá e cá, blasfemô a morte tranquila do escravo Sebastião, onde já se viu um negro morrer dormindo e esse atraso do café e essa conversa absurda com sinhá Casta, parô os passo e deu grito na direção da cozinha

Gabriela, o diabo desse café vem ou não vem, a mulhé saiu apressada da cozinha pra lhe dizê qui os preparativo tava terminando, logo vinha. Mais otros passo pra cá e lá, levava as mão agarrada uma na otra, nas costa, parecia não sabê nem querê sabê, mais continuava falando com divertimento

Mas que conversa mais sem proveito, é só um chamamento de divertimento com a aparência do homem. Minha esposa não precisa se incomodar tanto, no ponto de me imaginar viúvo. Isso é assunto que não cabe adivinhação. Cada um faz o que acha que deve fazer e tem o que plantou para ter, num acontecido deste não quero me ver de um jeito ou de outro.

Gabriela tinha bisbilhotice de escutá os assunto do siô com a siá. Ficô com os pé fincado no chão, feito duas estaca enfiada nas carne da terra, as palavra nos entendimento das orelha chegava inté a cozinha. Ela sabia escutá, entendê... e sabia ficá quieta

Atiná antes é meió qui atiná depois, ela sabia qui não tinha otro feitio dos preto sabê das trama dos coligado branco. Tremia, mais não arredô os pé do lugá de vigiá. A porta inté podia parecê fechada, mais não tava. Os dois inté podia parecê qui tava sozinho, mais não tava. E pra modo de clareá esse assunto, eles não se importava com o qui os preto escutava, não ia fazê nenhuma diferença sabê antes ou depois, ou não sabê

Qual a razão para tanta reclamo do sinhô meu marido, a pergunta da siá Casta mostrô pro siô qui ela não tava com a vontade de encerrá aquela conversa. Ele lhe oiô com feitio de cansado, como se a razão da queixa fosse mais uma trama enfadonha pra siá entendê

Minha esposa, parô a falação pelo meio, ele gostava de fazê uso desse costume, o siô era manhoso nas coisa de dizê e não dizê, inté qui continuô, tudo tem um valor de preço.

Tudo, lhe perguntô a siá. Tinha na voz um feitio estranho qui o siô não percebeu. Ela esperô a confirmação

Tudo.

E não perdeu a motivo pro atrevimento da pergunta

Até o casamento?

O siô Clemente continuô com as mão acorrentada nas costa, era o seu gosto caminhá acorrentado assim, os passo indo e vindo com as mão escondida. Não colocô as vista na siá. Ela ia tê oiado qui o siô tava desalinhado da boca e dos óio. O qui falava não era o mesmo qui os óio mostrava. A voz adoçada não combinava com a frieza das vista

Claro que não, minha esposa. A sinhá tem precisão de ter preocupação com os filhos. É assim que as mulheres enchem suas vidas. Os filhos. A poesia. As conversas sem importância e preocupação.

E quando o sinhô meu marido acha que vamos ter esses filhos?

O siô Clemente parô as andança, foi preciso pará de andá pra lá e cá. Oiô siá Casta, mais Gabriela jurava qui ele não sabia oiá, não atinava vê. E não queria aprendê. Não sabê pode sê bão ou pode não sê, mais não querê sabê é como ocê se escondê de atiná de vê. Não querê aprendê não é bão, mais tem vez qui pode sê

A sinhá minha esposa vai ter os filhos que Deus lhe deixar ter.

Ela tava sentada esperando escutá otras palavra, mais não ia escutá essas otras palavra

Mas se o sinhô meu marido continuar com as brincadeiras...

Eu sei, eu sei... e lhe peço desculpas, ele não a deixô terminá de falá, peço perdão, não é difícil dizê as palavra que mente, eu só quis dizer que o problema do preço é quando os olhos não dão um valor que se aceita como preço.

Gabriela podia sentí o esforço da siá Casta tentando fingí não entendê o qui sabia nem apetecia confessá qui sabia. O preço podia não sê do valô, mais era preciso continuá parada na jaula.

O siô sentô. Deixô as mão aliviada nos joelho.

A siá levantô e se afastô, queria lhe mostrá as costa, não queria revelá os óio. Ia continua obedecendo o siô nas suas vontade, se abrindo às suas ordem, aos feitio desajeitado. Levô muito tempo inté tê coragem de abrí as vista e vê o qui nunca quis vê, ele foi comprado.

Tudo tem um preço.

Queria lhe dizê qui era nojento ele coloca suas carne podre na sua cama e se derramá. Mais ia fingí qui ele podia continuá, ela aceitô o preço qui não deu valô. Caminhava com os braço pendurado nos lado do corpo esfriando, queria uma porta na parede, bem na sua frente, pra saí caminhando sem voltá. Aprendeu qui não podia falá, precisava deixá a leoa trancada na jaula. Podia não gostá da jaula nem de ficá parada, e não gostava, mais não ia sê devorada sozinha

Não entendi, sinhô meu marido...

O siô oiô pra mulhé qui mostrava as costa, sem nenhum herdeiro pra se desentediá, nem qui fosse uma menina

A sinhá Casta não acha que esse casarão tem necessidade do choro e gritaria das criança para se alegrar?

É uma boa lembrança, sinhô meu marido, mas quando vamos fazer o pedido à Deus, uma pergunta direta qui mulhé de respeito não devia se metê a fazê, mais devia se contentá em esperá acontecê

Deixa assim, é melhor, isso é preocupação do homem, ele pareceu se incomodá com as palavra clara e direta da siá. Depois, fez silêncio e esperô siá Casta lhe virá as vista. Ela aceitô o jogo e ficô como ficô, não queria oiá a mentira com as vista, era suficiente escutá.

Ele esperô ela se cansá de colocá as vista pra fora da janela. Quando se deu por conta qui ela devia tá encabulada com aquela palavraria, tomô como sua responsabilidade de homem da casa fazê a última frase da conversa

A sinhá precisa encher o tempo do pensamento e da preocupação com as coisa da casa e da cama familiar, parô de falá e fez silêncio dos pensamento qui continuô pensando, não me adianta de nada uma esposa parada que não me dá herdeiros nem ajuda nas conversas.

O assuntá do marido sobre a casa fez a siá Casta lhe voltá as vista, esse era assunto qui dominava, podia falá sem deixá o marido malcontente, subiu o tom do palavrório

O sinhô meu marido tem alguma preocupação com as coisa da casa, ele lhe oiô e pareceu esquecê de medí o qui tava pensando, ela perguntava, ele perguntava, pareceu qui os dois devia tê feito mais pergunta, um no otro, antes do acerto do preço e do valô do casamento com o falecido sogro

As suas contas da lua não têm valor de confiança. A sinhá não acerta as próprias contas nem as contas da negra do Josino. As duas ficam no come e dorme sem serventia de dar uma cria. O descaso do Josino tenho como resolver, mas com a sinhá não tenho solução, as duas mulhé abaixô as vista, a qui tava na sala e a qui escutava na cozinha. Não era só da tristeza qui elas não falava, elas não falava da preocupação qui cada uma sentia, os rumo do humô do siô das duas podia mais atrapalhá qui ajudá a vida

A sinhá não deve ser boa com as contas ou não entende da lua. Toda vez que a sinhá apontou à lua... cumpri meu dever, a mulhé preta sentiu pena da otra, qui escutava de perto as acusação do siô, ele mesmo com fieira de fio e fia desfilando na estância, mulato mais escuro, multa mais clara, e ela sem um branquinho pra mostrá

Vou lhe conseguir um filho merecedor do seu sucessório. Tenho fé que tudo se resolve.

O siô dono de tudo qui andava e falava na estância não pareceu se importá com as promessa da sià, caminhô inté o armário das aguardente e serviu no copo a cachaça da cana. Tomô a primeira medida dum feitio só, serviu outra medida e se derramô apressado na garganta e nos rococó antiquado da camisa. Na terceira medida já tinha perdido a pressa

Antes do café, sinhô meu marido...

É seu dever patriótico me dar um filho!

Tenho fé que...

Esqueça o padre! Isso é entre a sinhá e eu. Não me traga o padre na cama! A sinhá me fez um homem impaciente e aflito com as suas carnes sem vida que não sabem me avivar. A sinhá carece de acertar as contas, melhorar as conversas com a lua e me avisar!

O café siá Casta.




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