quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Histórias de avoinha: o parasitismo da bisbilhotice

Ensaio 71B – 2ª edição 1ª reimpressão


o parasitismo cínico da bisbilhotice


baitasar


ali, na sacristia, lugá do descanso e intimidade do padinhu, ponto das troca do fardamento da missa e das folga do rezadô, adoratório de guardá o pão e o vinho, qui se disfarça com as badalada da sineta, as palavra certa, os medo certo, no corpo e no sangue do sacrificado na cruiz pra se comido e bebido, ele usava o vigô do corpo pra colocá as vista de sentinela nos cuidado dos fiô preto. Um camarote credô do qui deve sê pago. Distinto. E qui devia sê tratado com distinção. Oiava os protegido de ninguém. Comprado. Emprestado. Usado inté a exaustão. Roubado. Moeda das troca. Lambo preto recortado em tira pelos açoite severo ou leve: 200 ou 1000 chibatada. Desprotegido com as bíblia nas mão

mais eles tinha as mandiga, as reza, malungo chorô quando perdeu o seu amô, as reza braba, as reza de cantoria, os abá, ioiô se esqueceu qui é branco e foi ao terrêro, abaiá, abantó, abolexé, aborô, abrozô, açá, ê ê ê salve o reino da minha iorubá, a elegante Iemanjá, acarajé, maculê-ô, adalu pra Ogum, a coroa adanji de Xangô, adarrum, a coroa do mundo, festa de congo nhô nhô é festa de rei, adjá, adocó, adofuró, Obatalá – o céu, Odudua – a terra, Iemanjá – irmã e esposa de Aganju, agueré pra Oxóssi, babalao, língua de santo, povo de santo, atabaque, Olurum qui é dono do mundo, aluá, o arco-íris angorô, Aluvaiá-Exu, num dianta me surrá pruqui num vai duê, Ganga Zumba, meu quilombo, Zumbi, ebó, quero me livrá desse ebó, salve Oxalá

os feitiço tem meió aplicação se o medo do enfeitiçado é maió qui as sorte combinada. Os villêro num é despachado nos fanatismo da crendice prefere as crendice do chicote, mais num deixa de fazê a cruiz toda veiz qui cruza na frente das igreja, faz assim, leva a mão na testa, faz a cruiz, depois beija os dedo, quantas veiz é preciso, pai fiô espritu santo, quase tudo qui é villêro num credita nas mandiga, mais carrega pru perto os preto qui faz defumatório pra pará de tê medo. Os branco tem preto guardado só pru uso defumatório. Quanto mais fortidão do chêro mais irritadiço fica pras coisa-feita entrá nas porta e janela dos branco bão

sai-te daqui, Aluvaiá
qui aqui num é o teu lugá
num te quero aqui
qui num é lugá de apanaiá.

o povo da villa é assim: credita, mais diz qui num credita nos enfeitiçamento, tem medo de dizê qui credita e ficá enfeitiçado de auê

cum licença auê,
cum licença auê,
cum licença de Zambiapongo
cum licença auê

é gente qui num qué sê enfeitiçada, num gosta dos preto, mais usa os preservativo defumatório com nome de limpeza

pelas vossa chaga,
pela vossa cruiz,
livrai-nos do feitiço,
sinhô bão jesuis.

e quando a sineta toca o aviso dos feitiço do vinho qui vira sangue e do pão qui vira corpo, os enfeitiçado ajôeia, junta as mão, fecha os óio, e mexe os lábio pra pedí proteção, um milagre, uma salvação. Uma procissão das palavra inté o cemitério, lugá de todos, preparatório da vida eterna na morte. Um lugá de vivê morto pra sempre. Os bão fiô do bão jesuis reza pra tê uma chuva de santo na sua proteção

anjo da guarda

são jorge

santa maria

santa rita

santo antônio

lá fora, longe dos anjo, o trabáio das formiga preta continua, num sossega

ninguém sossega

as grandona ou pequititita

subindo ou descendo

saindo ou chegando

as cortadêra

as carregadora

a prontidão das vigia impaciente

um formiguêro preto

o oiá curioso dos passante

munta bisbilhotice

munto entusiasmo com a bisbilhotice

num tinha pescoço qui pudesse resistí aquela vontade de espiá os trabáio qui nunca acabava, e mais os preto movimentadiço do formiguêro. O oiá era de quase selvageria, Até que ponto esses negros se colocam com vontade no serviço do Sinhô Jesus Cristinho?

de tempo em tempo, aparecia na boca dos observadô uma e otra história, Caso fosse a construção de algum mocambo tosco coberto de capim, essa negrada estaria trabalhando com cantoria e alegria.

foi dito qui a obra num parecia tê fim pruqui pra cada duas pedra subida no lombo preto, uma era descida em otro lombo preto, Para baixo... todo Santo ajuda!

só num explicava pruqui as pedra descia

as testemunha era diferente dos observadô, uns procurava alguma negrice: se eles num faz na subida, vai fazê cagada na descida. Otros queria vê os movimento daquele trabáio santo. Num era raro essa bisbilhotice qui queria vê ou escutá algum fato ou dito pra contá as minúcia com veneno, otros num sabia vê o qui via, mais queria fazê das minúcia coisa valiosa, Quem sabe até posso me tornar acusação da justiça? A delação de um ou outro negro...

uns cumpria a obrigação da curiosidade e da observância dos movimento dos bicho naquela jaula de santidade, Esses negros desgraçados são todos muito preguiçosos! Não colocam vontade no que fazem. Primitivos esquecidos do próprio significado.

Os meus negros cantam o dia inteiro!

A minha negrada só deixo cantar antes do sol nascer.

ai! senhê!
ai! senhê!
ô... ô imbanda, combera ti, senhê
ô... ô imbanda, combera ti, senhê
ai! ê... rê... rê...

Os meus negros acostumaram com suas cantorias ao meio-dia.

andambi, ucumbi u atundá,
sequerendê,
ucumbi a uariá...
andambi, ucumbi u atundá!

Os meus criolos só têm permissão para fazerem suas cantorias no caminho da lida, coisa para animar a negrada. Ajuda os preguiçosos andarem depressa.

oia amundá,
oia amundá,
amundá rirá,
oia amundá,
oia amundá.

Minha negraria já acostumou que cantoria só quando o sol está entrando no chão e o trabalho foi feito.

oenda auê, a a!
ucumbi oenda, auê, a...
oenda auê, a a!
ucumbi oenda, auê, no calunga.

tem o coro dus qui vai na frente do cantadô

ucumbi oenda ondoró onjó
ucumbi oenda ondoró onjó

depois das duas veiz do coro, entrava o coro dus qui ia depois do cantadô, duas veiz

iô vou oendá, pu curima auê
iô vou oendá, pu curima auê

Eu não me importo com as cantorias, só precisam me pedir autorização. Só para manter a moral do bem sobre o mal.

ia uê ererê aiô gombê
com licença do curiandamba,
com licença do curiacuca,
com licença do sinhô môço,
com licença do dono de terra

brigá eles num brigava, mais os interessêro com bisbilhotice disputava os méio lugá prus poderio da visão aferrada em prucurá suas conveniência. Os chapéu de sol bailava dum lado e otro. Na villa as cobertura de copa e aba mostrava as dignidade do dono

uns e umas faz da sua vida a observância da vida dos otro, tem prazê em espreitá. Num gosta de refletí sobre si mesmo, dá preferência em espiá, repará ou censurá os otro; num faz bisbilhotice, os otro é qui faz

os trabáio dos preto na obra santa virô motivo da curiosidade e persistência da observância. Um aproveitamento interessêro entre otros tanto: mostrá qui o seu escravo é bão no trabáio e vale munto mais qui aparenta prum preto

o probrema ruim da obra num acabá era a fama qui os preto ficô de mais preguiçoso qui os preto quinum tava na obra, o renome de malandro pilhante das doação dos branco bão, ê calunga ê eu vô calunga eu vô, vô corrê minha gira, calunga, eu vô lá no meu congo eu vô, malungo chorô quando perdeu o seu amô

Essa negrada enfeitiça as pedras e o madeirame. Eles dão sumiço sem proveito. É luta de morte. Pura maldade. Vingança.

os costume da época perdoa tudo ou quase tudo dos branco

Cantar e dançar a negrada sabe, mas são o que são: selvagens e degenerados sem moral ou bons costumes.

tinha dia qui a obra parecia um mercado: um território negro de escravo

Não podemos deixá-los livres para escolherem seus destinos.

Olhem! Olhem bem... são infantis e ignorantes, mas não se deixem enganar por esses negros. Eles são perigosos!

Vosmecê aceita uma rapadura?

Aceito.

São preguiçosos!

o papagaio dôrado, o mais grandão dos vigilante em público, levantô da pedra qui tava sentado, caminhô bem mais falante, Não se enganem, isso é corpo mole. Não gostam dessa vida que levam, mas sabem que negro fujão sem quilombo vive na miséria... morrendo de fome, parô os passo e a voz, ergueu a aba do chapéu com a ponta dos dedos, a otra mão tava enfiada entre a faixa da cintura e a barriga, suava só de falá, mais continuô sua falação, Estamos apertando o cerco contra as fugas e acabando com seus cultos de feitiçaria, se correrem o capitão do mato pega, se ficarem vagabundando o açoite lanha, a opção de para ficarem é trabalhar. Mas trabalham com lentidão, fazem trabalhos grosseiros, esperam duas ou três ordens antes de iniciarem os trabalhos. Quebram as ferramentas ou as perdem, tratam mal os cavalos, quebram qualquer maquinário por falta de atenção. Provocam incêndios misteriosos.

Meu Deus! E ainda precisamos dar conta do sustento dessa negrada!

Precisamos ficar vigilantes para que não nos aconteça o que aconteceu no Haiti. Precisamos evitar o perigo haitiano!

O que é isso? Haiti?

Um lugar de muitas ilhas. Onde o medo se espalhou por conta dos negros escravos. Revoltados contra os brancos criaram a primeira república negra.

Meu Deus!

Saqueavam e queimavam tudo. O pavor se esparramou por todo o Caribe.

Mas como vosmecê...

Um velho lobo do mar já viajou por todo esse mundão de terras e águas. Já vi de tudo. Acreditem, esses negros são perigosos!

a bisbilhotice na obra qui começô pra tê fim num parecia tê fim, num parecia tá com feitio qui tava acabando, ela num parava, crescia

os preto vigiado pela multidão de branco tinha tarefa de trabaiá e a promessa de recebê a liberdade depois da coisa feita. Num ia recebê, mais eles precisava creditá. Os branco gostava do parasitismo das bisbilhotice com o quifazê dos preto contada com munta boca ou boca-a-boca do próprio jeito. Quanto mais os óio claro oiava os preto trabaiando menó vontade de trabaiá do jeito dos preto os óio claro tinha. Eles num queria tê a vida dos preto nem em sonho

as bisbilhotice animava a observância

aquela bisbilhotice num tinha serventia pra aligêrá a obra santa, eles só queria vê, ouví e bisbilhotá os preto na gaiola do padinhu. A bisbilhotice só tem serventia pra aumentá a desconfiança, a cisma e a implicância com os mais fraco

os preto subindo ou descendo carregado, subindo as parede

os branco em pé ou sentado, os mestiço da pulícia mais atrás, suando ou babando, embaixo da cobertura de copa e aba, sem vontade de botá as vista no qui acontece nas volta da própria vida. Os mais aborrecido nem demorava em pé ou sentado, procurava as palavra qui meió mostrava o seu jeito de vê o qui só ele podia tê oiado

Vagabundos! Não querem trabalhar!

os imaginativo da fofoca ajudô na feitura dos primêro jornalístico sério da villa, isso foi trágico




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