Ensaio 75B – 2ª edição 1ª reimpressão
as preta a escravidão e o descabaço do piá dono de tudo
baitasar
essa coisa de sê espritu qui vai e vem pode tê divertimento e num tê, as veiz se tem mais trabáio enfiado dentro das carne de gente. Eu gosto mais é tá avoando as trança dum lugá pru otro, escutô muriquinhu? Ocê trata de escutá essa avoinha, o muriquinhu escutô? Avoinha tá dum jeito de munto desconforto, parece qui as formiga mais miúda faz andança nas entranha da véia, xereta aqui fuça ali
a escravidão dos preto na villa podia tê um qui otro desconto no feitio dos preto sê usado na escravatura das fazenda, das plantação ou das charqueada, mais num mudava qui os preto tinha dono. Num podia tê vontade própria, precisava obedecê inté na criação dos fiu: ensiná qui os preto era escravo completo de coração, espritu e bolsa. Nem a decifração das escrita os preto podia sabê. O dono de tudo é dono de tudo inté das letra. Num é qui os preto num queria sabê as escrita, mais se o dono num autorizava os preto lê, nóis ficava sem sabê das palavra qui tava escrita. E num aprendia fazê as palavra escrita. E sê eles num autorizava os preto falá, nóis num falava. No dizê do dono de tudo, a obrigação dos preto era com os trabáio nas plantação, nas charqueada e nos cuidado de conforto dos branco. Nem vontade podia tê. Escola prus preto era os ensinamento das corrente e da chibata. O dono de tudo se acha mais gente qui os preto, Por que choras, negro? Tens casa, comida e roupa para ti, tua negra, teus negrinhos... e acomoda o pitu.
os pé pretu raspô o chão enquanto ia e voltava na villa, tudo qui os pretu caminhô pra fazê as riqueza da villa foi escondido pelos contadô das história branca. Eles riscô das lembrança da escravidão o escravismo da villa, as maldade, as covardia, as boca suja
o dono de tudo compra tudo, inté as memória; o dono de tudo é um só, o lucro. Sempre. Nem dá pra dizê qui é só herança ou educação, é tudo isso, e mais a invenção da bondade caridosa qui salva pelo sacrifício. É preciso o custo do sofrimento pra subí no paraíso do dono de tudo, é preciso aceitá a sua proteção do jeito qui ele vende. O dono de tudo é o mais corrupto dos hôme
ele se deixô destruí pelo uso da chibata
o prazê do uso da chibata destrói no hôme branco a vontade de trabaiá, faz dele um merdeiro, um hôme sem disposição pra sê hôme; dominado pelo respeito qui a chibata dá. Ele declara guerra à vida com fúria e qué se eternizá na vasteza sem fim
o dono de tudo sacrifica suas criança em troca da continuação da vida de merdeiro. Ele tem crença e fé na sua vida de merdeiro, cada mentira é divinizada, cada cuspida se faz sagrada, cada calúnia o deixa mais moribundo e acabado. A sua maldição é nascê véio, por isso, ele inventô a sua razão sublime: existi os superiô - os inferiô só existi pra eles fazê uso da bondade caridosa qui salva - e acima de qualqué julgamento fica os dono de tudo
esse feitio de exploração atravessa os tempo. Os fiu branco do dono de tudo, desde cedo, na barriga da mãe, recebe a vocação e o apego, o gosto e o entusiasmo, pela tradição e ajustamento do paladá com a carne humana. Entreouve, entre os lamento de dô e tristeza dos escravizado, que ele faz parte duma irmandade superiô, caridosa, mais dura com os bandido e os pobre qui num tem merecimento. E implacável com os pretu. A educação da escola vai completá o diploma dos fiu qui ficô do feitio do pai. E assim, o dono de tudo vem nascendo e recrescendo a mesma vida, o mesmo deus branco, os mesmo fiudaputa caridoso
tinha veiz qui era preciso tê briga com os castelhano, então os pretu era usado como soldado bucha de canhão. Os dono da escravidão ficava contrariado, mais num tinha jeito e fazia prometimento de vida meió prus pretu aceitá sê bucha de canhão. Prometia o qui nunca cumpriu. Nunca pensô cumprí
os dono de tudo é o mais corrupto dos hôme
eles combina e descombina o qui é mentira, o qui é verdade, isso é sê superiô; e se ocê discorda vira o inimigo pra sê derrotado inté o aniquilamento perfeito. Eles têm a força criadora da mentira qui zomba da villa e da beleza moral qui os superiô inventa pra desculpá os dono de tudo, diante deles mesmo, as mentira qui eles mesmo diz qui é verdade com a voz mais bondosa e caridosa qui eles pode fazê
os dono de tudo despreza a villa, prefere vivê longe, mais precisa da estupidez da villa e da ceguêra qui existi na beleza moral qui desculpa os dono de tudo. Eles precisa do caráter decadente, covarde, monótono e da imaginação estéril, da fadiga mental da villa. É assim qui os fiu dos dono de tudo continua nascendo e recrescendo: a mesma vida dos pai, os mesmo mentiroso, os mesmo fiudaputa bondoso do bem e do mal
muntas preta muntas tarefa diferente, mais num escapava de sê propriedade do siô branco, os dono de tudo. Elas tinha os trabáio de limpeza e arrumação do casarão. Cuidava da cozinha e dos alimento. Preparava os banho. Amamentava os fiu dos dono de tudo. Abanava a siá branca pra espantá o calô e as mosca. Muntas preta num escapava do reparte da cama. Os dono de tudo usava as preta com os reparte ajustado no seu gosto para os favorecimento da cama. E, se os dono da escravidão tinha fiu branco, fazia gosto de usá os mesmo serviço de muié no descabaço do piá. Assim, o muriquinho do oio claro aprendia encabeçá muié do feitio dos pai, nascendo e recrescendo, a mesma vida do pai violentadô, do avô arrombadô, os mesmo fiudaputa covarde
era munta raridade a neinha escapá de oferecê prus dono de tudo os primêro favô de muié. Num escapava. Depois qui era ensinada, tumbém num escapava de oferecê os primêro serviço de muié prus fiu dono de tudo, o pai e o fiu nascendo e recrescendo, as mesma vida de fiudaputa
Essas negrinhas são boas no serviço de quarto, não têm ressentimentos e aguentam bem as suas tarefas.
Até pode ser que esse começo de cama seja com outro animal, como foi em nosso tempo, lembra Conde? Soltos com as bezerras no campo. As barrancas...
Coronel, não vamos dificultar com lembranças de tão longe. Usar o que lhe pertence e no seu gosto, é um dos direitos sagrados da propriedade.
o chefe das pulícia soltô uma duas trêis das suas famosa risada qui dava quando recebia algum pretu fugitivo na sua cadeia, parecia ânsia de colocá as mão
Eu não aceitava lição de quem quer que fosse, mas as bezerrinhas e as negrinhas eram bem-vindas!
quando o guri chegô no tempo do nervosismo de conhecê os serviço de muié, o pai do conde, qui num era dono de tudo, quis imitá os dono de tudo. Uma reação natural, no seu jeito de vê, tava copiando as divindade perfeita. Imaginava qui tirava os pé da pobreza imitando os dono de tudo. Burrice. Precisava perdê o espritu de deus caridoso e bondoso, perdê o arrependimento, mentí, falsificá, corrompê e odiá mais qui tudo
ele passô a mão no muriquinho e foi escoiê a preta qui mais lhe apetecia e as moeda da bolsa podia pagá. Tinha qui tá intocada. Ele já tava com tudo planejado, ia perguntá uma a uma
A neguinha já conheceu homem?
se respondia qui já tinha sido enfiada, ele perdia o interesse. Caso, a resposta certa era dita, Não conheço hôme, coisa fácil de confirmá, o portuga comprava a neinha pra seu uso de serventia, e depois, caso o guri exigisse, prus uso de serventia do fiu. Mais ele num era dono de tudo, era dono dum butecu com seco, moiado e miudeza. Num mandava nem no fiu. O muriquinhu escoieu uma pretinha qui já tinha feitura de fiu. E perdeu o fiu ou foi vendido, coisa aqui o portuga num quis esclarecê. Ela tava numa tristeza e magreza sem fim. O guri confirmô qui ela era sua escôia. Bateu os pé. Embrabeceu e ganhô. Aquilo tudo era uma imitação qui mostrava o parentesco entre os dono de tudo e os qui num é, mais qué munto sê... o coração pula de ambição, mais é diferente. Falta o berço. Eles admira o esforço, a ambição da riqueza, mais falta o contato íntimo, a vontade de devorá a presa, saqueá as vontade inté qui o devorado repeti qui qué sê devorado pelos dono de tudo, a religião do comércio: o mais forte devora, o devorado devora otro, mais fraco, qui tumbém devora. Um dia, quem sabe, num vai sobra ninguém
quando o fiu dos dono de tudo tava perto do tempo de enfiá muié, os dono de tudo marcava a neinha qui mais lhe apetecia. Tinha qui tá intocada. Chamava a neinha e puruguntava
A negrinha já conheceu homem?
se ela ela respondia qui já tinha conhecimento... apanhava, Negrinha vadia, sua obrigação é esperar por minhas ordens, eu sou o conhecimento que a negrinha precisa saber, depois do corretivo ela voltava pras suas lida de escrava. Caso tivesse coragem de mentí, Num conheço hôme, coisa fácil de descobrí, ela apanhava e num voltava. Os dono de tudo vendia a enganosa, Não gosto de fingimentos, preciso confiar nos meus negros, manter o controle das rêdeas sempre esticadas, a educação da chibata e do exemplo
depois de procurá e comprová a ignorância de hôme da neinha, mandava prepará a muriquinha, Precisa de um banho e perfume para melhorar o gosto das carnes tenras, ia sê o primêro hôme da neinha, fazia questão de educá no seu gosto, no gosto qui seu pai, antes dele o avô, educô. Sempre foi assim. Gostava de se gabá qui sabia fazê a escôia meió qui lhe servia os modo e os gosto de sê servido: sem limite de usá as carne preta
esperava recostado nos travessêro de pluma
a neinha entrava toda se tremendo, um passo de cada veiz, as lágrima descendo, precisava mandá a neinha fechá a porta. Ela voltava nos passo inté a porta, se imaginava fechando a porta e fugindo, mais pra onde? Escutava a ordem pra fecha a porta. Ela fechava e voltava os passo inté os travessêro de pena
o dono de tudo dava as mesma intrução trêis a quatro no mês, às veiz, mesmo sem tá com munto gosto, repetia os aprendizado pelo prazê de educá do seu feitio, É de pequena que se ensina gostar do pepino, depois ria alto e solto, entre os assassinato, os incêndio, os naufrágio da estrada das água africana; em uma das mão a espada, na otra a pimenta
quando achava qui a neinha tava no seu gosto, soltava os fiu. As preta escrava com serventia na cama nunca sabia se ia parí o fiu ou o neto do siô dono de tudo e a sua beleza moral, É assim que é, meu filho. E não pode mudar. As coisas boas não suportam mudanças. A rotina educa os costumes, os mandamentos da prática. É sua tarefa conservar as coisas como são. Assim, ocê vai ter certeza que está no caminho certo, firme e inviolável. É isso que ocê é, a continuação. Não pense muito, mande fazer. Não deixe arrebatamentos e lampejos além dos seus despertarem. Devora a bagagem de histórias dos aliviados, esses só fazem falar contra o passado. Aniquila os sonhadores mesquinhos que se intitulam revolucionários. Eles estão em luta contra ocê e os nossos costumes ajustados e firmados. Não esqueça, a vida é uma repetição. Os seus privilégios foram defendidos com muita luta por mim; os meus foram garantidos pelo seu avô, e assim, desde muito tempo, não se perca dos sentimentos e costumes da continuação. E jure nunca fazer qualquer tarefa manual enquanto tiver um escravo. E não esqueça de rezar com caridade e bondade.
pra compensá tanta tarefa, os dono de tudo consentia na aparição dos pretu na missa dominguêra, Rezar nos une. Tem a sua lógica na contemplação e distração. Deixe os negros rezarem, se lhes tiramos isso o que irá sobrar? O espírito militar? A inclinação para a bruxaria? Rezem juntos, mas encontre quem possa repetir a exaustão que os negros não prestam para nada, são vagabundos, animais exóticos. Nunca serão nada. E deixe que visitem a igreja na domingueira dos negros, antes da domingueira dos brancos. Isso irá desviar muito as ideias de ódio e rancor.
mais sem desordená, sem misturá o deus dos pretu com o deus dos branco
num demorô munto esse feitio com duas dominguêra na villa. Ninguém sabe o qui fez das duas missa virá uma só. Um qui otro achô qui foi o padinhu sem vontade de fazê duas veiz o mesmo serviço, otros jurô qui a tradição da igreja foi mais forte qui a força da irmandade na villa; a razão com uns ou com otros, o fato foi qui a missa branca e a missa preta se misturô numa missa mulata
a solução pacífica do padinhu foi criá a repartição dos branco na frente; os mulato, no meio; e os pretu, bem atrás. Trocando em miúdo, os branco sentava mais perto do palanque oratório e saia na frente dos pretu qui sentava mais perto da saída. E os mulato, forçosamente natural, sentado no meio, saia depois dos branco, e antes dos pretu
é bão as família rezá junto
um mundo fictício e de ódio natural, assim começô o branqueamento da villa... com as muié preta, depois as mulata. Os mais branco ou menos branco, os mais mulato ou menos mulato, nos dia de hoje, num pode afirmá qui num é feito da combinação de muié preta com algum dono de tudo
Histórias de avoinha: a beleza moral dos dono de tudo
Ensaio 74B – 2ª edição 1ª reimpressão
Histórias de avoinha: o qui é o qui foi e o qui vem vindo
Ensaio 76B – 2ª edição 1ª reimpressão
as preta a escravidão e o descabaço do piá dono de tudo
baitasar
essa coisa de sê espritu qui vai e vem pode tê divertimento e num tê, as veiz se tem mais trabáio enfiado dentro das carne de gente. Eu gosto mais é tá avoando as trança dum lugá pru otro, escutô muriquinhu? Ocê trata de escutá essa avoinha, o muriquinhu escutô? Avoinha tá dum jeito de munto desconforto, parece qui as formiga mais miúda faz andança nas entranha da véia, xereta aqui fuça ali
a escravidão dos preto na villa podia tê um qui otro desconto no feitio dos preto sê usado na escravatura das fazenda, das plantação ou das charqueada, mais num mudava qui os preto tinha dono. Num podia tê vontade própria, precisava obedecê inté na criação dos fiu: ensiná qui os preto era escravo completo de coração, espritu e bolsa. Nem a decifração das escrita os preto podia sabê. O dono de tudo é dono de tudo inté das letra. Num é qui os preto num queria sabê as escrita, mais se o dono num autorizava os preto lê, nóis ficava sem sabê das palavra qui tava escrita. E num aprendia fazê as palavra escrita. E sê eles num autorizava os preto falá, nóis num falava. No dizê do dono de tudo, a obrigação dos preto era com os trabáio nas plantação, nas charqueada e nos cuidado de conforto dos branco. Nem vontade podia tê. Escola prus preto era os ensinamento das corrente e da chibata. O dono de tudo se acha mais gente qui os preto, Por que choras, negro? Tens casa, comida e roupa para ti, tua negra, teus negrinhos... e acomoda o pitu.
os pé pretu raspô o chão enquanto ia e voltava na villa, tudo qui os pretu caminhô pra fazê as riqueza da villa foi escondido pelos contadô das história branca. Eles riscô das lembrança da escravidão o escravismo da villa, as maldade, as covardia, as boca suja
o dono de tudo compra tudo, inté as memória; o dono de tudo é um só, o lucro. Sempre. Nem dá pra dizê qui é só herança ou educação, é tudo isso, e mais a invenção da bondade caridosa qui salva pelo sacrifício. É preciso o custo do sofrimento pra subí no paraíso do dono de tudo, é preciso aceitá a sua proteção do jeito qui ele vende. O dono de tudo é o mais corrupto dos hôme
ele se deixô destruí pelo uso da chibata
o prazê do uso da chibata destrói no hôme branco a vontade de trabaiá, faz dele um merdeiro, um hôme sem disposição pra sê hôme; dominado pelo respeito qui a chibata dá. Ele declara guerra à vida com fúria e qué se eternizá na vasteza sem fim
o dono de tudo sacrifica suas criança em troca da continuação da vida de merdeiro. Ele tem crença e fé na sua vida de merdeiro, cada mentira é divinizada, cada cuspida se faz sagrada, cada calúnia o deixa mais moribundo e acabado. A sua maldição é nascê véio, por isso, ele inventô a sua razão sublime: existi os superiô - os inferiô só existi pra eles fazê uso da bondade caridosa qui salva - e acima de qualqué julgamento fica os dono de tudo
esse feitio de exploração atravessa os tempo. Os fiu branco do dono de tudo, desde cedo, na barriga da mãe, recebe a vocação e o apego, o gosto e o entusiasmo, pela tradição e ajustamento do paladá com a carne humana. Entreouve, entre os lamento de dô e tristeza dos escravizado, que ele faz parte duma irmandade superiô, caridosa, mais dura com os bandido e os pobre qui num tem merecimento. E implacável com os pretu. A educação da escola vai completá o diploma dos fiu qui ficô do feitio do pai. E assim, o dono de tudo vem nascendo e recrescendo a mesma vida, o mesmo deus branco, os mesmo fiudaputa caridoso
tinha veiz qui era preciso tê briga com os castelhano, então os pretu era usado como soldado bucha de canhão. Os dono da escravidão ficava contrariado, mais num tinha jeito e fazia prometimento de vida meió prus pretu aceitá sê bucha de canhão. Prometia o qui nunca cumpriu. Nunca pensô cumprí
os dono de tudo é o mais corrupto dos hôme
eles combina e descombina o qui é mentira, o qui é verdade, isso é sê superiô; e se ocê discorda vira o inimigo pra sê derrotado inté o aniquilamento perfeito. Eles têm a força criadora da mentira qui zomba da villa e da beleza moral qui os superiô inventa pra desculpá os dono de tudo, diante deles mesmo, as mentira qui eles mesmo diz qui é verdade com a voz mais bondosa e caridosa qui eles pode fazê
os dono de tudo despreza a villa, prefere vivê longe, mais precisa da estupidez da villa e da ceguêra qui existi na beleza moral qui desculpa os dono de tudo. Eles precisa do caráter decadente, covarde, monótono e da imaginação estéril, da fadiga mental da villa. É assim qui os fiu dos dono de tudo continua nascendo e recrescendo: a mesma vida dos pai, os mesmo mentiroso, os mesmo fiudaputa bondoso do bem e do mal
muntas preta muntas tarefa diferente, mais num escapava de sê propriedade do siô branco, os dono de tudo. Elas tinha os trabáio de limpeza e arrumação do casarão. Cuidava da cozinha e dos alimento. Preparava os banho. Amamentava os fiu dos dono de tudo. Abanava a siá branca pra espantá o calô e as mosca. Muntas preta num escapava do reparte da cama. Os dono de tudo usava as preta com os reparte ajustado no seu gosto para os favorecimento da cama. E, se os dono da escravidão tinha fiu branco, fazia gosto de usá os mesmo serviço de muié no descabaço do piá. Assim, o muriquinho do oio claro aprendia encabeçá muié do feitio dos pai, nascendo e recrescendo, a mesma vida do pai violentadô, do avô arrombadô, os mesmo fiudaputa covarde
era munta raridade a neinha escapá de oferecê prus dono de tudo os primêro favô de muié. Num escapava. Depois qui era ensinada, tumbém num escapava de oferecê os primêro serviço de muié prus fiu dono de tudo, o pai e o fiu nascendo e recrescendo, as mesma vida de fiudaputa
Essas negrinhas são boas no serviço de quarto, não têm ressentimentos e aguentam bem as suas tarefas.
Até pode ser que esse começo de cama seja com outro animal, como foi em nosso tempo, lembra Conde? Soltos com as bezerras no campo. As barrancas...
Coronel, não vamos dificultar com lembranças de tão longe. Usar o que lhe pertence e no seu gosto, é um dos direitos sagrados da propriedade.
o chefe das pulícia soltô uma duas trêis das suas famosa risada qui dava quando recebia algum pretu fugitivo na sua cadeia, parecia ânsia de colocá as mão
Eu não aceitava lição de quem quer que fosse, mas as bezerrinhas e as negrinhas eram bem-vindas!
quando o guri chegô no tempo do nervosismo de conhecê os serviço de muié, o pai do conde, qui num era dono de tudo, quis imitá os dono de tudo. Uma reação natural, no seu jeito de vê, tava copiando as divindade perfeita. Imaginava qui tirava os pé da pobreza imitando os dono de tudo. Burrice. Precisava perdê o espritu de deus caridoso e bondoso, perdê o arrependimento, mentí, falsificá, corrompê e odiá mais qui tudo
ele passô a mão no muriquinho e foi escoiê a preta qui mais lhe apetecia e as moeda da bolsa podia pagá. Tinha qui tá intocada. Ele já tava com tudo planejado, ia perguntá uma a uma
A neguinha já conheceu homem?
se respondia qui já tinha sido enfiada, ele perdia o interesse. Caso, a resposta certa era dita, Não conheço hôme, coisa fácil de confirmá, o portuga comprava a neinha pra seu uso de serventia, e depois, caso o guri exigisse, prus uso de serventia do fiu. Mais ele num era dono de tudo, era dono dum butecu com seco, moiado e miudeza. Num mandava nem no fiu. O muriquinhu escoieu uma pretinha qui já tinha feitura de fiu. E perdeu o fiu ou foi vendido, coisa aqui o portuga num quis esclarecê. Ela tava numa tristeza e magreza sem fim. O guri confirmô qui ela era sua escôia. Bateu os pé. Embrabeceu e ganhô. Aquilo tudo era uma imitação qui mostrava o parentesco entre os dono de tudo e os qui num é, mais qué munto sê... o coração pula de ambição, mais é diferente. Falta o berço. Eles admira o esforço, a ambição da riqueza, mais falta o contato íntimo, a vontade de devorá a presa, saqueá as vontade inté qui o devorado repeti qui qué sê devorado pelos dono de tudo, a religião do comércio: o mais forte devora, o devorado devora otro, mais fraco, qui tumbém devora. Um dia, quem sabe, num vai sobra ninguém
quando o fiu dos dono de tudo tava perto do tempo de enfiá muié, os dono de tudo marcava a neinha qui mais lhe apetecia. Tinha qui tá intocada. Chamava a neinha e puruguntava
A negrinha já conheceu homem?
se ela ela respondia qui já tinha conhecimento... apanhava, Negrinha vadia, sua obrigação é esperar por minhas ordens, eu sou o conhecimento que a negrinha precisa saber, depois do corretivo ela voltava pras suas lida de escrava. Caso tivesse coragem de mentí, Num conheço hôme, coisa fácil de descobrí, ela apanhava e num voltava. Os dono de tudo vendia a enganosa, Não gosto de fingimentos, preciso confiar nos meus negros, manter o controle das rêdeas sempre esticadas, a educação da chibata e do exemplo
depois de procurá e comprová a ignorância de hôme da neinha, mandava prepará a muriquinha, Precisa de um banho e perfume para melhorar o gosto das carnes tenras, ia sê o primêro hôme da neinha, fazia questão de educá no seu gosto, no gosto qui seu pai, antes dele o avô, educô. Sempre foi assim. Gostava de se gabá qui sabia fazê a escôia meió qui lhe servia os modo e os gosto de sê servido: sem limite de usá as carne preta
esperava recostado nos travessêro de pluma
a neinha entrava toda se tremendo, um passo de cada veiz, as lágrima descendo, precisava mandá a neinha fechá a porta. Ela voltava nos passo inté a porta, se imaginava fechando a porta e fugindo, mais pra onde? Escutava a ordem pra fecha a porta. Ela fechava e voltava os passo inté os travessêro de pena
o dono de tudo dava as mesma intrução trêis a quatro no mês, às veiz, mesmo sem tá com munto gosto, repetia os aprendizado pelo prazê de educá do seu feitio, É de pequena que se ensina gostar do pepino, depois ria alto e solto, entre os assassinato, os incêndio, os naufrágio da estrada das água africana; em uma das mão a espada, na otra a pimenta
quando achava qui a neinha tava no seu gosto, soltava os fiu. As preta escrava com serventia na cama nunca sabia se ia parí o fiu ou o neto do siô dono de tudo e a sua beleza moral, É assim que é, meu filho. E não pode mudar. As coisas boas não suportam mudanças. A rotina educa os costumes, os mandamentos da prática. É sua tarefa conservar as coisas como são. Assim, ocê vai ter certeza que está no caminho certo, firme e inviolável. É isso que ocê é, a continuação. Não pense muito, mande fazer. Não deixe arrebatamentos e lampejos além dos seus despertarem. Devora a bagagem de histórias dos aliviados, esses só fazem falar contra o passado. Aniquila os sonhadores mesquinhos que se intitulam revolucionários. Eles estão em luta contra ocê e os nossos costumes ajustados e firmados. Não esqueça, a vida é uma repetição. Os seus privilégios foram defendidos com muita luta por mim; os meus foram garantidos pelo seu avô, e assim, desde muito tempo, não se perca dos sentimentos e costumes da continuação. E jure nunca fazer qualquer tarefa manual enquanto tiver um escravo. E não esqueça de rezar com caridade e bondade.
pra compensá tanta tarefa, os dono de tudo consentia na aparição dos pretu na missa dominguêra, Rezar nos une. Tem a sua lógica na contemplação e distração. Deixe os negros rezarem, se lhes tiramos isso o que irá sobrar? O espírito militar? A inclinação para a bruxaria? Rezem juntos, mas encontre quem possa repetir a exaustão que os negros não prestam para nada, são vagabundos, animais exóticos. Nunca serão nada. E deixe que visitem a igreja na domingueira dos negros, antes da domingueira dos brancos. Isso irá desviar muito as ideias de ódio e rancor.
mais sem desordená, sem misturá o deus dos pretu com o deus dos branco
num demorô munto esse feitio com duas dominguêra na villa. Ninguém sabe o qui fez das duas missa virá uma só. Um qui otro achô qui foi o padinhu sem vontade de fazê duas veiz o mesmo serviço, otros jurô qui a tradição da igreja foi mais forte qui a força da irmandade na villa; a razão com uns ou com otros, o fato foi qui a missa branca e a missa preta se misturô numa missa mulata
a solução pacífica do padinhu foi criá a repartição dos branco na frente; os mulato, no meio; e os pretu, bem atrás. Trocando em miúdo, os branco sentava mais perto do palanque oratório e saia na frente dos pretu qui sentava mais perto da saída. E os mulato, forçosamente natural, sentado no meio, saia depois dos branco, e antes dos pretu
é bão as família rezá junto
um mundo fictício e de ódio natural, assim começô o branqueamento da villa... com as muié preta, depois as mulata. Os mais branco ou menos branco, os mais mulato ou menos mulato, nos dia de hoje, num pode afirmá qui num é feito da combinação de muié preta com algum dono de tudo
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