Taiguara
Texto do jornalista Marcello Pereira Borghí
Em 1975, o compositor Taiguara gravou seu mais brilhante álbum, intitulado IMYRA, TAYRA, IPY. Entre outras coisas, o disco fazia referência à sua primeira filha. O disco seria lançado no ano seguinte no Rio Grande do Sul, mas o evento foi proibido pela censura federal.
Ainda em 1975, foi lançado um compacto promocional, com 3 canções que estariam no disco. Uma delas teve a exibição vetada e foi retirada do LP. O compacto foi recolhido e hoje é peça de colecionador. A canção vetada não foi mais distribuída, nem nos LP's, nem nos CD's que foram prensados a posteriori. Seu nome: LAR FUTURO.
Disco censurado de Taiguara, de 1976, é enfim reeditado em CD no Brasil
Hoje
Hoje
Taiguara
Hoje
Trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero, a vida num momento
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo...
Hoje
Trago no olhar imagens distorcidas
Cores, viagens, mãos desconhecidas
Trazem a lua, a rua às minhas mãos,
Mas hoje,
As minhas mãos enfraquecidas e vazias
Procuram nuas pelas luas, pelas ruas...
Na solidão das noites frias por você.
Hoje
Homens sem medo aportam no futuro
Eu tenho medo acordo e te procuro
Meu quarto escuro é inerte como a morte
Hoje
Homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência
Que é o que me resta, vivo em minha sorte
Sorte
Eu não queria a juventude assim perdida
Eu não queria andar morrendo pela vida
Eu não queria amar assim como eu te amei.
Composição: Taiguara
Em 1975, o compositor Taiguara gravou seu mais brilhante álbum, intitulado IMYRA, TAYRA, IPY. Entre outras coisas, o disco fazia referência à sua primeira filha. O disco seria lançado no ano seguinte no Rio Grande do Sul, mas o evento foi proibido pela censura federal.
Ainda em 1975, foi lançado um compacto promocional, com 3 canções que estariam no disco. Uma delas teve a exibição vetada e foi retirada do LP. O compacto foi recolhido e hoje é peça de colecionador. A canção vetada não foi mais distribuída, nem nos LP's, nem nos CD's que foram prensados a posteriori. Seu nome: LAR FUTURO.
Disco censurado de Taiguara, de 1976, é enfim reeditado em CD no Brasil
Blog Notas Musicais
Um dos títulos mais obscuros da discografia do cantor e compositor uruguaio Taiguara (1945 - 1996), Imyra, Tayra, Ipy ganha a primeira edição em CD no Brasil dentro da terceira fornada de reposições do catálogo da gravadora Kuarup, revitalizado com distribuição da Sony Music. A edição chega às lojas em agosto de 2013. Lançado originalmente em 1976 pela gravadora EMI-Odeon, o disco foi recolhido do mercado dias após chegar às lojas por determinação da censura do governo militar de Ernesto Geisel (1907 - 1996).
Um dos alvos principais dos órgãos de repressão da época, Taiguara tinha sido tão perseguido que se exilara em Londres na primeira metade dos anos 70. Foi na volta ao Brasil, em 1975, que o artista começou a conceber Imyra, Tayra, Ipy, disco de referências indígenas, inspirado pela leitura de Quarup (1967), romance do escritor fluminense Antônio Callado (1917 - 1997) do qual Taiguara extraiu os três termos em tupi que batizam o álbum. Hermeto Pascoal assina os arranjos de seis das oito músicas do disco, gravado por músicos como Jacques Morelembaun (violoncelo), Nivaldo Ornellas (sax e flautas), Novelli (baixo), Toninho Horta (violão) e Zé Eduardo Nazário (bateria e percussão). As regências foram confiadas ao maestro e produtor Wagner Tiso. Formatada em arranjo de pegada nordestina, a mineira Três Pontas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967) foi a única regravação do disco, de repertório essencialmente autoral.
Assinadas por Taiguara com seu sobrenome Chalar da Silva, para tentar driblar a censura, músicas como Aquarela de um país na lua, Primeira bateria, Sete cenas de Imyra (faixa de tom experimental), Situação e Terra das palmeiras são peças-chaves de repertório de forte cunho ideológico e social. Lançado em CD no Japão, em 2004, Imyra, Tayra, Ipy chega enfim ao mercado brasileiro em CD oportuno que mostra que o cancioneiro engajado e consciente de Taiguara não se limita aos hits gravados pelo cantor em álbuns editados pela Odeon na virada dos anos 60 para os 70.
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Joana Duah & Bruno Morais
SETE CENAS DE IMYRA
Wagner Tiso fala sobre o Disco "imyra, tayra, ipy, taiguara"
Composição de Taiguara - Show realizado no SESC Belenzinho intitulado "imyra, tayra, ipy, taiguara" em 31/05/2014, - Lançamento do disco de Taiguara, censurado e recolhido em 1976. Com Wagner Tiso (direção musical e piano), Toninho Horta (violão e guitarra), Jaques Morelenbaum (cello), Nivaldo Ornellas (sax e flauta), Novelli (baixo), Zé Eduardo Nazário (bateria e percussão) - Convidado especial: Toninho
Discografia
1965 - Taiguara - Philips LP
1966 - Crônica da cidade amada - Philips LP
1966 - Primeiro tempo 5x0 - Philips LP
1968 - Taiguara, o Vencedor dos Festivais - EMI-Odeon LP
1969 - Hoje - EMI-Odeon LP
1970 - Viagem - EMI-Odeon LP
1971 - Carne e osso - EMI-Odeon LP
1972 - Piano e Viola - EMI-Odeon LP
1973 - Fotografias - EMI-Odeon LP
1974 - Let the children hear the music - KPM LP
1975 - Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara - EMI-Odeon LP
1975 - Lar Futuro/Publico/Primeira Bateria - EMI-Odeon - Compacto Simples parcialmente extraído do LP Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara
1981 - Porto de Vitória/Sol do Tanganica (1981) Alvorada Continental - Compacto simples
1984 - Canções de amor e liberdade - Alvorada Continental Discos LP
1984 - Mais valia/Vos do leste/Guarânia Guaraní/Anita - Alvorada Continental - Compacto duplo extraído do LP Canções de Amor e Liberdade.
1985 - Grandes sucessos de Taiguara - EMI-Odeon LP
1986 - Grandes sucessos de Taiguara volume 2 - EMI-Odeon LP
1987 - A paz do meu amor - EMI-Odeon LP
1988 - O Talento de Taiguara - EMI-Odeon LP duplo
1989 - Teu sonho não acabou - EMI-Odeon LP
1990 - Teu sonho não acabou - EMI-Odeon CD
1990 - O Talento de Taiguara - EMI-Odeon CD
1994 - Brasil Afri - Movieplay CD
2000 - Taiguara, Serie Bis - EMI-Odeon CD Duplo
2004 - Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara - EMI-Toshiba CD
Gente Humilde
Composição: Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque
Tem certos dias eu que eu penso em minha gente
e sinto assim todo meu peito se apertar
porque parece que ancontece de repente
como um desejo de eu viver sem me notar
igual a como quando eu passo no subúrbio
eu, muito bem, vindo de trem de algum lugar
e ai me dá uma inveja dessa gente que vai em frente
sem nem ter com quem contar
São casas simples com cadeiras na calçada
e na fachada escrita em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias como alegria que nao tem onde encostar
E ai me dá uma tristeza no meu peito
feito um despeito e eu não ter como lutar
e eu que não creio, peço a Deus por minha gente
É gente humilde que vontade de chorar
É gente humilde que vontade de chorar
Um dos alvos principais dos órgãos de repressão da época, Taiguara tinha sido tão perseguido que se exilara em Londres na primeira metade dos anos 70. Foi na volta ao Brasil, em 1975, que o artista começou a conceber Imyra, Tayra, Ipy, disco de referências indígenas, inspirado pela leitura de Quarup (1967), romance do escritor fluminense Antônio Callado (1917 - 1997) do qual Taiguara extraiu os três termos em tupi que batizam o álbum. Hermeto Pascoal assina os arranjos de seis das oito músicas do disco, gravado por músicos como Jacques Morelembaun (violoncelo), Nivaldo Ornellas (sax e flautas), Novelli (baixo), Toninho Horta (violão) e Zé Eduardo Nazário (bateria e percussão). As regências foram confiadas ao maestro e produtor Wagner Tiso. Formatada em arranjo de pegada nordestina, a mineira Três Pontas (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1967) foi a única regravação do disco, de repertório essencialmente autoral.
Assinadas por Taiguara com seu sobrenome Chalar da Silva, para tentar driblar a censura, músicas como Aquarela de um país na lua, Primeira bateria, Sete cenas de Imyra (faixa de tom experimental), Situação e Terra das palmeiras são peças-chaves de repertório de forte cunho ideológico e social. Lançado em CD no Japão, em 2004, Imyra, Tayra, Ipy chega enfim ao mercado brasileiro em CD oportuno que mostra que o cancioneiro engajado e consciente de Taiguara não se limita aos hits gravados pelo cantor em álbuns editados pela Odeon na virada dos anos 60 para os 70.
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Joana Duah & Bruno Morais
SETE CENAS DE IMYRA
Wagner Tiso fala sobre o Disco "imyra, tayra, ipy, taiguara"
Composição de Taiguara - Show realizado no SESC Belenzinho intitulado "imyra, tayra, ipy, taiguara" em 31/05/2014, - Lançamento do disco de Taiguara, censurado e recolhido em 1976. Com Wagner Tiso (direção musical e piano), Toninho Horta (violão e guitarra), Jaques Morelenbaum (cello), Nivaldo Ornellas (sax e flauta), Novelli (baixo), Zé Eduardo Nazário (bateria e percussão) - Convidado especial: Toninho
Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara (1976)
1965 - Taiguara - Philips LP
1966 - Crônica da cidade amada - Philips LP
1966 - Primeiro tempo 5x0 - Philips LP
1968 - Taiguara, o Vencedor dos Festivais - EMI-Odeon LP
1969 - Hoje - EMI-Odeon LP
1970 - Viagem - EMI-Odeon LP
1971 - Carne e osso - EMI-Odeon LP
1972 - Piano e Viola - EMI-Odeon LP
1973 - Fotografias - EMI-Odeon LP
1974 - Let the children hear the music - KPM LP
1975 - Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara - EMI-Odeon LP
1975 - Lar Futuro/Publico/Primeira Bateria - EMI-Odeon - Compacto Simples parcialmente extraído do LP Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara
1981 - Porto de Vitória/Sol do Tanganica (1981) Alvorada Continental - Compacto simples
1984 - Canções de amor e liberdade - Alvorada Continental Discos LP
1984 - Mais valia/Vos do leste/Guarânia Guaraní/Anita - Alvorada Continental - Compacto duplo extraído do LP Canções de Amor e Liberdade.
1985 - Grandes sucessos de Taiguara - EMI-Odeon LP
1986 - Grandes sucessos de Taiguara volume 2 - EMI-Odeon LP
1987 - A paz do meu amor - EMI-Odeon LP
1988 - O Talento de Taiguara - EMI-Odeon LP duplo
1989 - Teu sonho não acabou - EMI-Odeon LP
1990 - Teu sonho não acabou - EMI-Odeon CD
1990 - O Talento de Taiguara - EMI-Odeon CD
1994 - Brasil Afri - Movieplay CD
2000 - Taiguara, Serie Bis - EMI-Odeon CD Duplo
2004 - Imyra, Tayra, Ipy, Taiguara - EMI-Toshiba CD
Gente Humilde
Composição: Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque
Tem certos dias eu que eu penso em minha gente
e sinto assim todo meu peito se apertar
porque parece que ancontece de repente
como um desejo de eu viver sem me notar
igual a como quando eu passo no subúrbio
eu, muito bem, vindo de trem de algum lugar
e ai me dá uma inveja dessa gente que vai em frente
sem nem ter com quem contar
São casas simples com cadeiras na calçada
e na fachada escrita em cima que é um lar
Pela varanda flores tristes e baldias como alegria que nao tem onde encostar
E ai me dá uma tristeza no meu peito
feito um despeito e eu não ter como lutar
e eu que não creio, peço a Deus por minha gente
É gente humilde que vontade de chorar
É gente humilde que vontade de chorar
Hoje
Hoje
Taiguara
Hoje
Trago em meu corpo as marcas do meu tempo
Meu desespero, a vida num momento
A fossa, a fome, a flor, o fim do mundo...
Hoje
Trago no olhar imagens distorcidas
Cores, viagens, mãos desconhecidas
Trazem a lua, a rua às minhas mãos,
Mas hoje,
As minhas mãos enfraquecidas e vazias
Procuram nuas pelas luas, pelas ruas...
Na solidão das noites frias por você.
Hoje
Homens sem medo aportam no futuro
Eu tenho medo acordo e te procuro
Meu quarto escuro é inerte como a morte
Hoje
Homens de aço esperam da ciência
Eu desespero e abraço a tua ausência
Que é o que me resta, vivo em minha sorte
Sorte
Eu não queria a juventude assim perdida
Eu não queria andar morrendo pela vida
Eu não queria amar assim como eu te amei.
Composição: Taiguara
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