Parábolas de uma Professora
báskara
baitasar e paulo e marko
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Parábolas de uma Professora
báskara
baitasar e paulo e marko
sinto uma vontade incontrolável de
fumar, sinto uma vontade irresponsável de amar, nua de alma, transformando-me
linda para deliciar o gosto do amor
Colegas, o que acham de fazermos um
teatro com as turmas sobre o tema gerador... tipo os três porquinhos?
lia, em pé, tentava sugerir um
jeito diferente, pelo menos aqui, de fazer pedagogia, pensa e acredita no fazer
coletivo
Eu não vou deixar os meus conteúdos
para me dedicar a essa coisa de teatrinho!
eis a serviçal da mesa dos
conteúdos, layla, completamente colonizada pela idéia de necessitar possuir
alguma coisa, mesmo que sejam os conteúdos de uma disciplina
Pronto! Neste ritmo vou virar
fantoche em teatro de bonecos ou alguma bruxa bem feia e nariguda de um conto
de fadas qualquer.
acemira sempre preocupada com o
espelho e a mais leve possibilidade de ser associada com a feiúra da pobreza. nunca
consegui conversar com a acemira sobre a feiúra e a pobreza da alma, na
verdade, nunca me permiti pensá-la com alma, come da mesma maneira que é comida:
atormentada, tirana e cruenta
Colegas, nós estamos desviando e
saindo da pauta de discussão, nosso assunto agora é conselho de classe e a
questão para debate é a participação ou não dos alunos nos conselhos.
o nosso diretor é um batalhador
energético, mas muitas vezes o percebo caminhando sobre um fio de navalha,
acreditando que irá manter-se em equilíbrio sem cortes e marcas profundas,
neste jogo duro de interesses pessoais e corporativistas. não existem coletes
salva-vidas para todos, mas queremos boiar, respirando e gritando, os gritos e
o desamor pesam como chumbo, descobrimos já muito tarde para flutuar com
dignidade
Aguinaldo, eu não tenho nada para
escutar de alunos indisciplinados, que não dedicam um mínimo de seu tempo jovem
para os estudos, eles é que precisam parar e escutar, ouvir com atenção, se
possível com a tua participação, e talvez, eu disse talvez, no silêncio a que
forem obrigados, escutem o que temos para lhes dizer.
cabayba procura não deixar dúvidas,
não acredita em alunos, não conseguem construir um diálogo em sala de aula. duvida
que irão fazê-lo nos conselhos de classes participativos, acredita em chamar os
pais ou as mães, ou responsáveis irresponsáveis, para relatar num filme de
chanchada todas as vulgaridades cometidas por estes pequenos infratores
Alguém aqui, já leu Paulo Freire e
o seu conceito de educação ‘bancária’ e a doação do saber?
lia pergunta ao grupo questões
esquecidas por um fazer automático, construído na rotina escravazista em guetos
escolares diferenciados. um dia frio sem reflexões ou degustações de vinhos e
com palavras breves sem o prerrequisito da paixão, a gramática tornada mais
importante que o entusiasmo
Estou com sede, mas não quero
cerveja nem água mineral. Eu quero a água que sai da bica e o suor que escorre
das brincadeiras de dançar e brincar e aprender dentro da escola.
Como é possível fazer uma lambada
assim gostosa pra gente se mexer?
Precisamos de várias vidas ao mesmo
tempo e mais algumas que chegarão no andar da carruagem e das discussões que se
fizerem e fizermos sobre os nossos atos insensatos e sensatos de educar com
alegria, sorrisos, abraços, cantos, amor e esperança. educar em nós mesmas nossas
crianças.
Mas enquanto esta alegria insensata
não chega como vou vivendo?
Isso não é um remédio que você toma
e pronto está curada do egoísmo ou do medo. Vai se vivendo das fantasias do
sonho acordado ou dormido, caminhado ou parado. Você quer uma regra para viver?
Lute por uma humanidade menos imbecilizada, mais solidária, amorosa... construída
com todos e todas incluídas num mundão ou mundinho menos elitista, menos
preconceituoso, menos autoritário e menos desigual: por la vida siempre.
Dia destes, eu tive um sonho e
acordei aplaudindo em pé, junto com todos os professores da minha cidade
cidadã, aos alunos da sensibilidade, criatividade, competência, senso crítico,
dedicação, disciplina, sonoridade, alegria, amor e esperança em nós, eles
tocavam violinos, mas poderiam tocar pandeiros, falavam com sua música, dança e
malas de viagem que ainda acreditam e que sentem esperança que posso me
humanizar.
Mas muitos deles e delas não sabem
ler!
E o quê eles e elas não sabem ler?
Vi meus alunos e alunas fazendo a leitura perfeita do corpo, nos seus
diferentes ritmos e movimentos, vi e ouvi meus alunos e alunas fazendo a
leitura musical perfeita, meus sentidos da audição se sentiram reconfortados
com sua musicalidade. Meu óbito conservador estava diante de meus olhos
umedecidos. Qual o final feliz? O que fazer? Voltar ao início não é mais
possível, mas é o que sempre desejamos fazer nas adversidades e dificuldades,
voltar e retornar como se fosse possível magicamente refazer a história.
Somos mutantes e ficamos virados de
costas, para nós mesmos e nossas dores que são reais, para nos colocarmos
frente a dores que são apenas virtuais, a leitura da contabilidade. Somos
pessoas fracas, rezamos por uma vida fácil que nunca vem. Queremos ajudar, mas
não podemos nos comprometer. Sabemos que estamos errando, mas dá muito trabalho
avançar para além, recomeçar em outras formas de pensar e agir, pois a escola
sempre fez assim, desta maneira, desumana e fria. Mentiras. Falta a ética na
vida real que nos faça caminhar uma estrada de humanidade. Estamos presos em
nossos próprios sonhos de consumo e obrigações cotidianas pessoais com a vida
da contabilidade. Não dá para somente nos arrependermos precisamos caminhar em
outra direção que a caminhada até hoje. Um mundo novo precisa ser forjado por
uma sociedade menos desigual e mais humana, Cansamos do mundo das aparências em
que vivemos, ou não?
Dia destes, caminhando pelas ruas
em que jamais havia passado, encontrei um sujeito que se disse chamar Báskara. Ele
me surpreendeu ao afirmar, Amigos, não levem tão a sério aqueles números e
sinais e letras que lhes ofereci, vocês têm urgências humanas que não esperam.
Mas quem somos sem essas letras e
signos?
Tudo bem, Paulo, façamos o tal de
conselho de classe participativo e criativo, mas já aviso que não vou permitir
insultos e ofensas.
E o dia letivo? E os números? E a
gramática?
Estou me sentindo empurrado ladeira
abaixo.
as concessões ocorrem, tanto a
professora acemira quanto o transmutador botto apenas consentem, mas fixam
limites em comportamentos que precisariam acontecer para serem reconstruídos na
reflexão dialógica de todos. a educação que oferecemos não os desafia nem
empurra, continuam com sua desabitada alma perguntando sobre o corpo, querendo entendê-lo para voar. pensam num voo ortodoxo como aves de rapina em sua
tentativa de abater com as escravas garras presos indefesos, pequenas roedoras,
mas educo em meu espírito pensamentos de beija-flor e rolinhas em paz,
delicadas e sensíveis aos movimentos da vida em torno dos vivos, sou chamada de
ingênua, mas acredito que amar se aprende amando
Alguém mais quer dar sua opinião?
não quero pertencer a casta
daqueles e daquelas que se jactam de terem sido eleitos diretores ou diretoras
de escola. pode ser medo. vejo-me impedida em minha incapacidade de deitar concessões
à mesa de negociações. os interesses ora de um lado, ora de outro flanco, nunca
se juntam do mesmo rumo, nem se encontram no meio do caminho, na metade da
estrada, é um luta desigual. é um poder hormonal que se consome na anorexia
inspirada pelo espelho deformado da estética de ter mais. admiro a luta
daquelas que se atiram de corpo e alma na discussão pedagógica que participa,
fala, escuta e ouve para argumentar e fazer. a práxis pedagógica misturada aos
contos e lendas de amor com os manuscritos de allan poe
Espero que o Samuel deixe bem claro
aos alunos que as insolências não podem superar a educação e o sentimento da
boa convivência. Educação é o que esperamos!
e assim, caminha claudicante a
humanidade escolar, ora de joelhos rezando para espiar pecados, ora pisando
jardins floridos, como compreender o desejo de perdão nos mesmos joelhos que se
dobram orando e que dançam de imediato ao clarim do saque das almas?
hoje, quase não vim à escola, nem
sei se vim. ainda estou por aí, contando as estrelas, descalça, amando,
enquanto castigo meu corpo aqui, parado e sentado, sem direito a queixumes. tenho
que me disciplinar, já vai muito tempo perdido. terminar esses estudos e
arrumar um bom emprego. ser feliz. sinto o cansaço que me vazia por dentro, é
muito difícil de explicar, sei lá, acho que estou enfastiada de esperar, sonhar
e esperar, Como é possível desejar tanto um homem que nem conheço? me sinto
quase tocando esse homem invisível com as pontas de meus dedos, mas nunca o vi,
homem não-sei-quem, sinto-o na chuva que molha meu corpo, Estou viva? vejo-o em
sonhos coloridos de bocas mudas que apenas se abrem, homem não-sei-bem, Quem és?
a resposta não escuto, apenas aproximo meus sentidos, interrogo meus arrepios e
sigo-o aos assobios. sonho com a perfeição tua que busco no instante da magia,
na carne que brilha úmida das minhas águas, linda e suave em olhos que choram
ao vê-lo sem alegria. Imagino a procura do momento da perfeição minha e tua. O
segredo da magia, dia após noite e noite depois dia, luta contra exércitos sem
rosto, bocas sem gosto, brilha nos teus lábios, toque das mãos do amor sonhado,
enquanto envelheço no festim de atos dessa orgia romanceira. Já não tenho minha
alma vazia, Meu homem, tu tens as mãos, me dominas, Será tua submissão igual a
minha? Duvido muito, sinto atropelos na fantasia dos corpos amantes, suplico na
busca minha, dona felicidade bata em minha porta
trago minhas mãos para onde possa
vê-las, Professor Abá, não acredito mais no meu time. ele voltou e o assunto só
poderia ser jogo de bola, Por quê, pergunta como se na condição de homem não
entendesse dos sentimentos que o outro lhe confessa. são todos um boçais
incompetentes, fingem naturalidades na sua tirania, não me deixo tiranizar,
quero apenas amar, Eu e o meu time sofremos muito. é triste ver alguém sofrendo
por um time de bola, sendo humilhado, não conseguindo ser feliz, sangrando, é
muita idiotice, Também, só perde, começou a provocação, Ô meu, não te chamei na
conversa, reclama o alvo da provocação, O
torcedor deve ficar quieto para o time brasileiro ganhar, se mete outro, O
Brasil já venceu todos o time que joga contra ele, mais um que vem sem convite,
Calma, pessoal, não façamos do futebol uma disputa da vida ou da morte,
Mas 7 X 1? fala em paz e amor, não sabe no que está se metendo, ou será que
sabe e está se fazendo, mais dúvidas, Então diz pra ele fica na dele e não
encher o saco, grita o babaca da camiseta e da bola embaixo do braço, A Selesao Brasileira E penta campiam do mundo para mostrar para muinta
gente que não acreditava no trabalho do treinador, leio ou decifro, gente
burra. não quero disputa verbal e corporal, não entendo e nem faço questão de
entender, um bando de loucos correndo pra lá e de volta pra cá, uma multidão de
furiosos gritando e xingando, apanhando e correndo da polícia
não tenho conta de quantos domingos
perdi sozinha em casa, esperando, olhando às paredes, chorando de raiva, por um
homem que não amo, mas me aquece. é útil quando não tem jogo de bola. depois do
jogo chega em casa e vai pra frente da televisão ver os golos, Esses homens
põem a perder suas mulheres por causa do futebol, Não é culpa do futebol, Não
chega ter ido ao estádio, reclamo, me
diz que não conseguiu ver direito no estádio, todo mundo levantou e tinha um
baita negrão na sua frente, todo de vermelho, não viu nenhum dos golos,
reclamo, me convida para ir junto ao estádio. fico horrorizada só de pensar em
entrar no estádio e escutar palavrões, Boazuda, Gostosona, Vem sentar aqui em
cima, e pior, já pensou se ninguém diz nada a gente entra é ignorada e ainda
gritam a ordem, Senta logo, Olha o mijo. não me arrisco a ser humilhada de um
jeito ou de outro, fico em casa, e sonho com ele que não se afasta e me leva
para passear aos domingos, me dobra com carinhos, percorre minha umidade,
descobre minha humanidade, continuo sozinha, O problema, professor, além da dor
da derrota é ser obrigado a torcer contra o rival para que ele também perca, e
ele não perde. outro colega que fala e se mostra como mais um sofrendo com o
futebol, piormente é o mau humor, o desânimo, a bebida, Esquece futebol que eu
existo, dá uma chance aos homens de amar e ao meu homem de me encontrar
tenho saudades dos meus domingos
sem rádio, sem futebol, E porque tu tens que torcer
contra, não basta torcer pelo teu time, pergunta o outro, já atraído
pelo cheiro da bola rolando pelo gramado, um tapete verde estendido para as
dores e misérias do mundo, Pô, professor, eles não
podem ganhar e a gente perder, grita este que retorna à discussão, tenho
vontade de pedir que fale mais baixo para não interromper meus sonhos, Por quê, pergunta mais alto, numa voz de vaqueiro
tocando o gado, essa conversa vai longe, Eu me
sinto obrigado a torcer contra, todo mundo faz assim, se não consigo vencer que
eles percam. essa conversa tá me parecendo grito de guerra do tipo
‘matar ou morrer’, Mas não pode ser diferente,
Diferente como, professor, diz o carinha da
camiseta e da bola embaixo do sovaco fedido, Sei
lá, o meu interesse é o meu clube, minha luta e torcida é para que ele vença,
tenha um bom time, capaz de vencer e disputar as competições em que entra, o
que acontece com os outros clubes não me interessa acompanhar com a mesma
paixão e dedicação. não parece acreditar muito no que está dizendo,
ninguém parecem dar crédito as suas palavras, Professor,
escreve aqui comigo pra essa menina de Pernambuco, chama algum mais
interessado no computador do que na conversa fantástica sobre a magia que
arrasa com nossos ideais de boa convivência, transferindo nossos sonhos para as
chuteiras de um outro alguém, A resposta é tua e
não minha, Mas o caso é que o senhor escreve
mais bonito e é o senhor que sabe mais, não é, responde o desligado da
bola sem desmanchar seu jeito de sentir-se menos.
o pior cego é aquele que não quer
ver, e esse professor, levado pela cegueira, acredita mesmo nestes homens, que
aos domingos nos trocam por estádios de futebol, e sempre que têm um jogo para
assistir ou ouvir, quando ficamos sozinhas e perdidas, jogadas e esperando o
relógio dizer que o tempo passou, irão deixar de desejar, querer, cobiçar a
derrota dos inimigos de papel jornal e satisfazerem-se apenas com a paixão pelo
clube do coração. fica indiferente à minha solidão em dias de jogo. nem eu sei
exatamente o espaço que ocupo, se o da simples espera ou de um objeto capaz de
conter líquido ou sólido, um receptáculo humano. quanto mais escuto o professor
mais acredito que ele não entende nada do nosso mundo, a nossa realidade não se
transforma, é sólida na sua dureza e aspereza, líquida apenas na consumação da
carne, nos seus fluidos da natureza, Escreve a palavra acreditar e tudo que
possa significar esta tua paixão pelo teu time de futebol. nos olhamos sem
entender nosso cego guia, Não tem outra coisa pra fazer, questiona a camiseta
com a bola embaixo do braço, Sempre existem outras possibilidades, o que queres
fazer, Dá pra jogar um joguinho no computador, eis um desafio premeditado, Não,
esta chance não existe, responde sem dar a oportunidade da discussão, e
continua, Nós não estamos aqui para jogar joguinhos, Estamos aqui pra quê,
pergunta aquele da camiseta ainda com a bola embaixo do sovaco, Para torcermos
pela vitória do teu time, respondo em atrevimento. sinto os olhares exigindo o
meu silêncio num assunto que não me é destinado, Mundo de machos tolos, fêmeas
submissas, embebidos e consumidas na culpa do pecado original, a minha
personagem tem que representar a eterna espera, sem rosto, sem carne e sem dor,
apenas esperando, ficando na torcida que tudo dê certo, Mas hoje não tem jogo,
isto é bobagem, recebo uma resposta desatenta, E torcer pelo teu time e torcer
contra os outros times são asneiras, pergunto ao que se aproxima da discussão,
ressuscitei o interesse pela consideração da maldita bola. fico indignada
comigo mesma por não ter resistido a uma boba provocação, sou assim, tenho a
cor do sangue, A gente sempre tá torcendo, mas no dia do jogo é mais forte a
angústia, é mais difícil desligar o radinho, ele fica ligado todo dia no
futebol, continua o recém chegado, Queria
tanto a vitória do meu time, mas não adianta só a devoção dos torcedores porque
os jogadores só pensam no dinheiro, diz em um estranho momento de lucidez o
nosso camiseta e bola embaixo do braço, Acho até que não podem agir de outro
modo, pois estamos vivendo de jeito oco, sem sentimentos e apenas com o
dinheiro no pensamento, continua e não me atrevo a provocá-lo, Até no Natal só
se fala em Papai Noel, nem ouço falar em Jesus Cristo, imaginem que o dinheiro
consegue abafar aquele amor que Jesus veio dizer, como resistir, essa é aquela
das havaianas, a verdadeira, Não conseguimos, por isso saímos como loucos e
loucas as compras e nos endividamos para demonstrar nosso afeto, estamos
aleijados, mas nossa mutilação não é física, Não conseguimos, torno a responder
para mim mesma, num olhar triste e cheio de arrependimentos.
a mutilação é moral e do espírito,
talvez, num relâmpago de tempestade e cura, percebam que no futebol, que
pensamos ser levado ao extremo da paixão e da fé, a deformidade espiritual nos
leva a rezar e pedir a vitória sobre o mesmo povo do mesmo deus. arrogância ou
ignorância nos leva pensar que nossas preces têm mais força, energia e que
merecem ser atendidas, por vezes, até são atendidas, Sonho
com a vitória do meu time ouvindo o meu radinho todo o dia, falam dos
jogadores, e o terço desfiado, Sei tudo que se
passa no meu clube do coração escutando meu radinho, estou ficando velho escutando
meu radinho, Eu que o diga, penso,
sozinha entre todas, na minha vida, não posso escutar minhas músicas, pois
atrapalham as entrevistas dos jogadores, dos bonitinhos, mas o volume do
radinho ta lá a todo vapor. os caras passam o dia dizendo as mesmas coisas e
perguntando as coisas mesmas, e não adianta mudar o entrevistador, a coisa da
cantilena é a mesma, e a mesma conversa monótona quando o jogo vem pela
televisão. o homem que já não é lá essas coisas vira uma coisa só, olho na
telinha e ouvido no radinho. somos a carne que se desmancha e no meio a dor,
grito e sofrimento que não descansa, Desliga o
radinho e sai para jogar bola, Vamos
passear, rir com os amigos, namorar, grito em desafio, quero ser ouvida,
Não tem outra coisa pra fazer, pergunta a
camiseta com a bola embaixo da manga
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