mulheres descalças
a pulícia e a política andam juntas
Ensaio 113B – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
os quatro conversadô caminhava e parava pelo chão batido da terra se soltando, as conversa seguia misturada com as risada alta e satisfeita com a vida qui eles levava: dois comerciante fixo com lugá marcado pra vivê regulá, firme e seguro; e dois ambulante sem caminho certo pra vida, mais com liberdade pra saí e voltá, isso num tem preço
juca, o boticário farmacêutico, tirô do bolso do avental branco um estojo de ouro, pegô um cigarro e ofereceu o estojo prus trêis palestrante, só o traficante ambulante das terra dos pretu aceitô o cigarro
o maneco coxa agradeceu, mais ele só colocava na boca o fumo qui ele mesmo enrolava na páia. num era hômi de muntus capricho. uma das cisma era essa, o otro cuidado qui tinha com as própria vontade num vai nunca dizê. acha as pessoa muntu degenerada e com bisbilhotice demais pra entendê o seu gosto de durumí agarrado na sua égua, uma potranca do mais puro sangue índio. num conseguiu escapá, foi botá os óio e ficá arrebatado
nunca feiz pedido de casamento, laçô no campo e domô na barranca. um hábito qui aprendeu piquinino e feiz ela se prendê na sacola com os torrão de doçura. nas suas viajada das charqueada, pra cá e pra lá, ela ia atada na carreta dos boi acompanhando o cortejo, passo à passo. ninguém tinha autoridade pra montá na égua, muntu menos, alisá a cabelêra longa e acastanhada. nos caminho das charqueada, de tempos em tempos, ele oiava pra tráis e acenava pra sua venturosa, otras veiz, piscava um dos ôio. ele se achava um hômi de munta sorte. os dois nunca brigava e nunca se falava, um casal calmo como os morto, ela obedecia e ele montava
Não, Juca. Obrigado.
Fica na sua vontade, Maneco.
Prefiro fazer o cigarro no meu capricho. Não consigo me habituar com o gosto afeminado, prefiro o gosto forte do fumo de corda.
o joca dos lampião tumbém agradeceu, mais num pegô. o ambulante traficante dos pretu foi o único qui aceitô o oferecimento e pegô carona com o fogo qui o juca usô, deu uma tragada funda e pareceu encontrá o gosto mais bão na fumaça
Pois eu, meus amigos, não vejo hora de acomodar o esqueleto e fixar moradia com meus móveis e os sons próprios que hoje me soam estranhos.
E o amigo não acha estranho ter esses pensamentos depois de tanto brilho no seu trabalho?
Minha estranheza é pelo descostume com esses seus fazeres diários. Não sei se vou conseguir viver como os amigos vivem. Não tanto como vosmecê, falô na direção do maneco coxa, que a sua e a minha lida são muito parecidas: carregar carne de um lugar para o outro. Mas confesso, hoje me parece estranho sentar na rede da sala, fumando um cigarro, bebendo um vinho caprichado, ter conversas animadas e descomplicadas ou brincar com os netos os assuntos da professorinha com as crianças. Hoje, parar seria como tirar a sorte, renunciar a adaga até não sair mais da cama. Não pensei que um dia iria me acomodar em ler os jornais para saber das mentiras.
Mas isso pode ser melhorado.
Eu sei, Juca. Outra vontade que espero realizar é deitar ao pé do fogão das lenhas com duas ou três negrinhas.
Já se vê que o sinhô Domingos Jorge tem faro e bom gosto.
Não penso renunciar de empunhar minha adaga.
numa das ponta do quadrado da conversa, o maneco coxa coçava a barba quase descontrolada, as unhas dos dedos suja de terra, esterco e carne, acompanhava as palavra do traficante dos pretu como vigiava as carnes salgada no varal, antes do embarque na carreta dos boi ou enquanto esfregava e amarrava a charrua com um tapa carinhoso nas duas anca cô da cuia
num parecia tá assustado, mais precisava saí daquela agonia apertada
Mas se Domingos Jorge parar... quem irá fazer o seu trabalho?
o noviço na villa num pareceu ficá incomodado com a bajulação, eles ainda num sabia qui ele bebia muntu e usava da enganação pra engordá a sacola das moeda, dava jeito de roubá um ou otro pretu pra oferecê como retomado o fujão qui num tinha fugido. um herói de fajuta, mais a bem da verdade, o bandido era de briga e debochado, num tinha medo dos escondedouro ou toca, um dos meió pulícia pra procurá esconderijo de pretu
Não sei, sinhô Maneco. Mas já sinto o peso do tempo arrastando meus pés, cada dia, pouco a pouco, um pingo mais puxado e demorado.
os quatro desmanchô o quadrado da conversa pra voltá a descê fazendo uma linha deaprumo, lado com lado, cadum deu quatro ou cinco passo levando junto os pensamento qui tinha, Não acredito que um caçador da vossa importância vai virar fazendeiro!
o maneco coxa sabia vê diferença entre os dois jeito de vivê, mais ele é o detetive caçadô qui sabe se instalá nos pensamento dos otro. ele ensina os otro creditá na própria bondade e no mundo criado por eles com a sua proteção. uma combinação de doença, cura e culpa mais a coragem dele qui se ajusta no resguardo dos otro, O melhor jeito de ensinar é punindo, arrematô o maneco as própria palavra
Meus amigos, as pessoas querem ter coisas, bichos, índios e negros, elas precisam mostrar essas mercadorias para outras pessoas. Eu também quero ter a posse de tudo isso. Eu quero a minha parte. Fodam-se os criolos com as suas choradeiras, somos os donos da terra. O senso moral é o nosso, as leis são as nossas! A polícia é nossa, as armas são nossas, os padres são nossos! Os políticos são nossos! Já vai longe o tempo que se trocou criolo por garrafa de aguardente, e que nunca algum criolo sente em nossa presença ou use sapato! E caso um dos amigos não faça a pergunta, por medo ou algo parecido, eu respondo: sou a favor da libertação dos criolos na velhice, ficar com os criolos na velhice, por quê? É um tempo só de incomodação, os ôio do viajante num parava num lugá só, tava ansioso, procurava o alívio do leito clandestino da cama das escrava, oiava as preta qui subia e descia
ele adorava mostrá seu mau comportamento
Pegaram! Pegaram!
os quatro se oiô, cada um tinha um ôio risonho e otro alvoroçado, qui gostava de dá viva pras boa notícia ou sentença de morte dalgum pretu, eles num conseguia disfarçá o sorriso discreto. num teve nada combinado nem eles levantô a voz ou perdeu o comedimento, mais eles deu junto um murmúrio de alívio, Já estava na hora da vida na Villa voltar a ser o que sempre foi.
mais prus pretu era preciso achá uma otra vida, Onde, abicu?
No trapiche...
as palavra voando e zoando feito doidas, nada parecia abalá os quatro palestrante. os dois comerciante firme, regulá e seguro consultô o relógio qui eles carregava no bolso do colete feito da mesma pele do chicote, Bem, muito bem, na hora...
o maneco qui num carrega relógio e nem bolso ergueu as vista pru céu, Não carece de carregá peso acessório para saber da hora. Logo, a Villa se acalma e começam as histórias que as bocas inventam sobre o que os olhos não viram, esticô as atenção pra posição do sol, ali, na volta da praça, naquele caos de terra e grito histérico, sentiu saudade dos agarramento com a sua charrua em noite estrelada
desespero e esterco
lá prus lado do beco do fanho, um pretu trotava ligêro, seguia atormentado por um piá com um chicote em punho enquanto, mais perto, alguém muntu perturbado tocava piano, tudo parecia desajustado, confuso e civilizado
Hoje, a música da mocinha não parece estar acertada com o piano.
os dedos estalava o piano do mesmo jeito qui as tira do chicote lascava o pretu
Isso acontece em dias como esse... la verdad es que no hay nada que hacer, la chica está en sus días de sangrado.
os quatro soltô a risada qui relincha e se misturô com o portunhol do maneco
Ah! Coitado do piano!
Esse Maneco...
coitado do pretu qui seguiu sendo atormentado, pedí otro abicu pra acompanhá e socorrê o acontecido
Vejam aquele piá, tão pequeno e com manejo de gente grande com o chicote.
Um bom pai ensina o manejo do chicote antes do piá alcançá tamanho para pegar no relho.
Bobagem, meus amigos. A prática é o melhor professor... repetir, repetir e repetir, até o chicote ser a extensão da mão, combinando todos os movimentos. Começar cedo pode ajudar, mas se não tiver a repetição de nada vai adiantar.
um relincho sem elegância, um riso com mau gosto, desumano, a cobiça de sê dono dos sangramento da natureza e do castigo, uma deseducação de humanidade
E vosmecê, Maneco...
O que tem eu?
Parece ser o único que não tem problemas com esses sangramentos selvagens...
o maneco coxa ficô da tintura do sangramento mais brabo qui já viu brotá dum índio degolado. o seu caso de amô com a venturosa charrua num parecia tá escondido e fora do alcance das língua de trapo. o assunto ficô sem tê graça pru maneco. ele deu dois passo na direção do rebuliço, voltô a atenção pras palavra dita no quiprocó da praça, Chama... mãinha! Chama a Cavalaria!
Fumaça! Cadê Xangô? Cadê Xangô?
o piano desajustado, os chamado da preta liberata, o chicote estatelando em tiras no pretu trotando, as súplica, as risada do mau gosto, os grito desgarrado, tudo foi ajuntado na praça, Deixa eu cuspir no criolo!
num é qui a maldade num existia, ela tava esparramada pelos canto da villa, mais é nos dia como esse qui tudo se encontrava
os quatro tinha simpatia pela caçada feita, mais tumbém pensava no desperdício de tempo e lucro perdido enquanto toda villa ficá metida dos pé inté a cabeça no acossamento e procura do pretu, Essa apuração toda está além da hora. Ninguém vai ter indenização pelo tempo perdido sem lucro, de todo jeito, é preciso esperá o desfecho
É preciso ter calma, Juca.
Eu sei, a polícia e a política andam juntas.
Isso, Juca.
Não quero problemas, Joca.
a medida e a envergadura do ruído das palavra dos dois hômi ficô doente com a doença do medo e falta do ânimo, dois vício dos batizado na villa. eles num queria testá o jeito qui a pulícia e a política se misturava, eles leva jeito de sabê das mistura, Nem eu quero. Acabei de chegar e fui muito bem recebido pelos senhores, mas como poderão existir pessoas de bem da Villa sem a polícia e a política? É preciso separar o joio do trigo. Um serviço que também é dos padres...
Pegaram! Pegaram!
os quatro se oiô, cada um tinha um ôio risonho e otro alvoroçado, qui gostava de dá viva pras boa notícia ou sentença de morte dalgum pretu, eles num conseguia disfarçá o sorriso discreto. num teve nada combinado nem eles levantô a voz ou perdeu o comedimento, mais eles deu junto um murmúrio de alívio, Já estava na hora da vida na Villa voltar a ser o que sempre foi.
mais prus pretu era preciso achá uma otra vida, Onde, abicu?
No trapiche...
as palavra voando e zoando feito doidas, nada parecia abalá os quatro palestrante. os dois comerciante firme, regulá e seguro consultô o relógio qui eles carregava no bolso do colete feito da mesma pele do chicote, Bem, muito bem, na hora...
o maneco qui num carrega relógio e nem bolso ergueu as vista pru céu, Não carece de carregá peso acessório para saber da hora. Logo, a Villa se acalma e começam as histórias que as bocas inventam sobre o que os olhos não viram, esticô as atenção pra posição do sol, ali, na volta da praça, naquele caos de terra e grito histérico, sentiu saudade dos agarramento com a sua charrua em noite estrelada
desespero e esterco
lá prus lado do beco do fanho, um pretu trotava ligêro, seguia atormentado por um piá com um chicote em punho enquanto, mais perto, alguém muntu perturbado tocava piano, tudo parecia desajustado, confuso e civilizado
Hoje, a música da mocinha não parece estar acertada com o piano.
os dedos estalava o piano do mesmo jeito qui as tira do chicote lascava o pretu
Isso acontece em dias como esse... la verdad es que no hay nada que hacer, la chica está en sus días de sangrado.
os quatro soltô a risada qui relincha e se misturô com o portunhol do maneco
Ah! Coitado do piano!
Esse Maneco...
coitado do pretu qui seguiu sendo atormentado, pedí otro abicu pra acompanhá e socorrê o acontecido
Vejam aquele piá, tão pequeno e com manejo de gente grande com o chicote.
Um bom pai ensina o manejo do chicote antes do piá alcançá tamanho para pegar no relho.
Bobagem, meus amigos. A prática é o melhor professor... repetir, repetir e repetir, até o chicote ser a extensão da mão, combinando todos os movimentos. Começar cedo pode ajudar, mas se não tiver a repetição de nada vai adiantar.
um relincho sem elegância, um riso com mau gosto, desumano, a cobiça de sê dono dos sangramento da natureza e do castigo, uma deseducação de humanidade
E vosmecê, Maneco...
O que tem eu?
Parece ser o único que não tem problemas com esses sangramentos selvagens...
o maneco coxa ficô da tintura do sangramento mais brabo qui já viu brotá dum índio degolado. o seu caso de amô com a venturosa charrua num parecia tá escondido e fora do alcance das língua de trapo. o assunto ficô sem tê graça pru maneco. ele deu dois passo na direção do rebuliço, voltô a atenção pras palavra dita no quiprocó da praça, Chama... mãinha! Chama a Cavalaria!
Fumaça! Cadê Xangô? Cadê Xangô?
o piano desajustado, os chamado da preta liberata, o chicote estatelando em tiras no pretu trotando, as súplica, as risada do mau gosto, os grito desgarrado, tudo foi ajuntado na praça, Deixa eu cuspir no criolo!
num é qui a maldade num existia, ela tava esparramada pelos canto da villa, mais é nos dia como esse qui tudo se encontrava
os quatro tinha simpatia pela caçada feita, mais tumbém pensava no desperdício de tempo e lucro perdido enquanto toda villa ficá metida dos pé inté a cabeça no acossamento e procura do pretu, Essa apuração toda está além da hora. Ninguém vai ter indenização pelo tempo perdido sem lucro, de todo jeito, é preciso esperá o desfecho
É preciso ter calma, Juca.
Eu sei, a polícia e a política andam juntas.
Isso, Juca.
Não quero problemas, Joca.
a medida e a envergadura do ruído das palavra dos dois hômi ficô doente com a doença do medo e falta do ânimo, dois vício dos batizado na villa. eles num queria testá o jeito qui a pulícia e a política se misturava, eles leva jeito de sabê das mistura, Nem eu quero. Acabei de chegar e fui muito bem recebido pelos senhores, mas como poderão existir pessoas de bem da Villa sem a polícia e a política? É preciso separar o joio do trigo. Um serviço que também é dos padres...
os trêis oiô grosso pru forastêro recém-chegado, eles pareceu descobrí qui num tava satisfeito com os anúncio dado pelo estrangêro. o maneco coxa, namoradô da venturosa de nome charrua, já tinha perdido o tom avermeiado na cara de tropêro, purguntô pru estrangêro com seu jeito de brutalizá a charrua, Pois vosmecê não declarou com clareza de intenção por que veio com os seus costados até esse final do mundo...
o recente na villa num pareceu tê ficado desconfortado, encantava misteriosamente os trêis, parecia sê do tipo qui nunca abandona seus pensamento, seja pras coisa boa, seja pras armadilha do ruim, Pois vim cá abrir uma banca.
os trêis se oiô e puruguntô junto, Comerciante do quê?
o puruguntado parecia tá mais divertido qui aborrecido, Não, não é nada disso.
os trêis feiz otra tentativa, Advogado?!
o estrangêro soltô um riso escancarado, mais num recuô nehum tanto de nada, o riso parecia saído das treva como os latido da cachorrada nas noite desestrelada, Não... não, mais riso e tosse, gostava de prolongá o sofrimento e a bisbilhotice, eu fui convidado para abrir uma banca que captura os africanos fujões. Um serviço de delegado para controlar os criolos.
Um capitão-do-mato estrangeiro!
Não é bem isso, ou como queiram... não é só isso. Conheço os negros da África e isso pode ajudar nas conversas com os negros de bem: criolos que não estão contrariados com a escravidão e veem na escravidão a possibilidade de uma vida melhor que na África.
Ora, ora... vivi para ver isso. A nossa Villa está progredindo. A lei e a conversa mole quer dar um fim nos africanos fujões.
o juca num escondeu sua satisfação com a cruzada qui o estrangêro recém-chegado anunciô, mais pru joca tinha uma purugunta qui num foi respondida, uma interrogação qui faz ele coçá a barriga com o cotovelo, E quem vai lhe pagar?
pru traficante pulícia num tinha purugunta qui ele deixava sem resposta com verdade ou mentira
A autoridade pública vai pagar por meus serviços. Não esqueçam das suas palavras: polícia e política andam juntas. Mas não se preocupem, os meus serviços não serão burocratas. Todos sabem como minha família é apaixonada por caçadas, mas também vou ficar atento com as brigas de negros bêbados e o abigeto de sempre dos criolos, feiz um piquinino silêncio antes de recomeçá falá, peço aos senhores discrição até o anúncio oficial.
Pode contar conosco...
isso ia fazê sensação na villa, pensô o joca, mais era assunto pra depois do fim daquele nervosismo na beirada do rio junto com o defunto seguro e morto do negro
... a polícia e a política são irmãs da nossa família.
E o padre...
Isso, o padre também.
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