Ensaio 18B
baitasar
O
Capitão continuava sentado nas pedra da beirada do rio, a chibata enrolada e
protegendo a cintura. Não era homem de confiá nos outro, muito menos, deixá a
incumbência do serviço na vontade dos negro, Escravos sem índole, se deixo por
conta, ficam enfiados em cantorias e danças, as feitiçarias desses negros só
respeitam a mão que controla o rebenque. O olhá do Capitão ia do palheiro té os
dois preto qui desembarcava as madeira da carroça. Ele montava o fumo e a palha
embaixo da lua crescente. O barco do siô Barros tava encostado na esquina das
água, no meio do capinzal, embalava com as ondulação do rio enquanto recebia as
madeira atabafada.
Não
tinha chilique no jeito de enrolá a palha, era pacientoso, não alarmava por
susto, tava sempre preparado pros avisado e desavisado, mais, naquela noite,
ansiava pelo seu chimarrão qui precisava sê atrasado. Sentia falta do mate
amargo e a água quente. Na incumbência de vigiá aquele serviço secreto, não
tinha razão iluminá a escuridão, a fogueira podia esperá, não era o causo de
fazê o fogo pra fervura a água da chaleira. Não podia chamá atenção de algum
espiadô, não queria se arriscá com bisbilhotice, O serviço deve ser secreto, no
escuro e longe da ponte, Entendi, siô Barros, o patrão lhe metia nos apuro, não
lhe perguntava nada, nem lhe chamava pelo apelido: fiô.
O
coração lhe subia a garganta, mais não mexia nenhum nervo, te qui explodia a
fúria
— Criolo, cuidado! As tábuas não podem
molhá! — ele quebrava o silêncio das tábuas sendo desembarcada, não conseguia evitá,
parecia qui o bastardo precisava alertá qui ele mandava, existe gente assim,
não basta comandá, subí na vida, tem qui dominá a esperança do outro. O Capitão
queria um pouco mais, ele queria branqueá. Sabia qui ia morrê sem o nome do siô
e sem o reconhecimento do pai, mais queria a confiança do siô, queria sê
alforriado, queria podê casá com moça branca.
Não
mostrava os dente pros negro se não fosse pra mordê, um infame aborrascado.
Tudo era causo de castigo no modo de pensá do bastardo, era e não era nada,
tinha e não tinha nada, filho sem pai da escrava Rita, a nêga Rita do siô, qui
fez questão de levá junto, té a siá Casta lhe deu pouca importância, Vosmecê
pode ter as escravas que quiser, mas não me arrume uma amante branca. A mãe do
bastardo também não era nada. Dava importância mostrá pros olho do siô qui não
sentia pena nem dó dos negro, riscava o couro com sangue e sal, Hoje, acordei
com o pensamento de não acabá o dia sem fazê salmora rosada. Lembrô das ordem
do pai, Me façam o desembarque do jeito escondido. E ordem do siô é ordem qui
precisa de cumprimento.
O
Josino aproveitô o descuido do grito, o desconcerto do bastardo
— Capitão... — o adulterado qui carregava
na cara a vista verde do pai, num olho, e a vista preta da mãe, no outro olho,
não parô de vigiá os dois negro carregadô, não interrompeu os trabalho com o
palheiro, nem mudô a boca ou a posição das vista, a verde nos escravo, a preta
no palheiro
— O que é, negro? — o Josino qui começô
aquela conversa arriscada, chegô a pensá qui seria melhó adiá ou esquecê a
prosa, mais a língua não conseguiu ficá escondida na boca, Meu preto, tem tempo
pra tudo, é preciso paciência, Não quero mais proteção, quero reparação, Ocê é
o meu siô, o siô da Milagres, escutá o siô dos Milagres qui ocê tem dentro
— Posso lhe fazê uma pergunta? — o
adulterado não mexeu com nada na cara, esperô terminá o fumigadô, mais não lhe
olhô o tempo duma piscadela, enfiô o palheiro terminado na saca dos pronto, começô
outro
— Fale, logo. — nenhum podia mais recuá do
palavrório, nem o qui ia perguntá, nem o outro, qui não ia respondê
— Essas madeira se parece com as madeira
qui foi largada no Largo da Quitanda... não faz muitos dia.
O
Capitão do olho verde ficô acautelado, nenhum naco do peçonho se mexeu. A voz
não saiu do jeito qui queria, não foi grito, vontade não lhe faltava, não foi
sussurro, mais se pareceu com o chocalho da boiquira antes do bote
— Isso não foi pergunta, é conversa de
assunto qui não interessa nos olho do negro. Ocê só tem uma obrigação no
pensamento, no caso de ocê pensá, é claro, apenas um cuidado: obedecê, fazê os
serviços pra não sofrê os horrores do inferno. Eu sô o inferno!
— Pensava qui as tábua era pra obra
santa...
— E desde quando criolo pensa? — tem vez
qui é preciso sabê do perigo qui pode deitá o fogo na casa. O Josino não parõ
pra escutá o capitão esverdeado, continuava descarregando no barco as tábua em
questão, E pelo jeito das prancha, pensô Josino, esse reparte nem chegô descê
no canteiro das obra santa. Ficô encilhada, esperando as providência da
retirada, parte do donativo voltava pro doadô, qui dava com uma das mão, tirava
com a outra.
O
Capitão acabô mais um cigarro de palha, levantô da pedra, parô na frente do
Josino, a prancha apoiada nas costa do escravo
— Criolo não mete o nariz onde não é
devido. Isso é assunto do siô e não cabe na boca do criolo, se o criolo insistì
com essa curiosidade, aquela negra, qui parece não sabê o qui é melhó pra ela,
vai recebê notícia qui não é boa... — os pé do Josino afundava na areia da
água, parecia qui a prnacha lhe enfiava pra dentro da garganta da terra molhada
— ... vai sabê qui o criolo dela fugiu e não voltô. Deixô ela pra trás. E o siô
vai precisá colocá outro criolo na rede da negra Milagres.
Os
dois preto se olhava, nos olho as faísca pulava, Tem tempo, Josino, tem tempo
pra tudo, Mais minha preta, Tem hora, meu preto, essa não é a boa hora. A brisa
carregava a fedentina dos peixe morto, os resto do pescado qui foi perdido com
as miudeza desentranhada, tudo boiava, o fedô e as entranha
— Ocê qué o meu lugá na rede?
— Eu não sou negro!
— Eu sei, ocê é um bastardo.
As
faísca devorava os olho um do outro. Quem sabe pescá não degenera pela fome,
sabe escutá o encantamento suave do rio lambendo as perna do pescadô, É preciso
sabê esperá, respeitá as vontade do intestino, ele tem hora e tempo pra
funcioná.
O
Josino desviô do bastardo do mato, entrô na água e embarcô outra tábua. Não
soltô o suspiro qui queria. Ergueu as vista e viu as lanterna amarela
brilhando, anunciando as ruas da vila. O Betobento já tava na sua lida. A brisa
apodrecida, o barulho das águas conformada em chegá e partí, nenhum desespero
— Um tempinho de descanso? — a pergunta
inesperada do Tição desconcertô o capitão bastardo, a primeira vez qui um negro
se atrevia tanto
— É claro que não... não tem necessidade
do descanso, quanto antes ocês terminam o serviço mais cedo tiram os pé do rio.
— desenrolô a chibata e estalô na água, tinha recuperado a força da mão, depois
acertô os dois, alvo fácil, tavam afundado té os joelho. Os dois balançaram
descontrolado e desceram na água té as virilha — terminem o que foi começado.
As
prancha parecia com os osso raspado de um cadáver maldito qui ninguém reclama.
Os dois preto na água parecia o cadáver maldito qui todo branco qué escondê,
mais antes, precisá usá, esfolá, fatiá té perdê a serventia. Josino sentiu qui
a brisa vinha com aviso da sua preta, endireitô as costa e ficô parado, a
prancha deitada por cima, té qui ela lhe encontrô, coçô o carinho qui
carregava, Meu preto, ocê precisa tê mais cuidado, tem gente com gosto só em
odiá.
Mais
um estalo do chicote.
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