Ensaio 19B
baitasar
Depois
da carga desembarcada da carroça, os dois negro foram deixado na senzala da
obra santa, qui não era na obra santa, a obra santa não sujava as mão com o
sofrimento dos negro, mais qui oferecia salvação oferecia, té praqueles qui
beijava a cruz marcado com ferro e brasa e sangue e dô as corrente e a chibata,
era o tempo da menos valia um negro liberto qui dois acorrentado, de qualquer
jeito e maneira, a senzala da obra santa ficava no galpão do Joca Lampião, pros
lado da Arsenal, a mesma praia qui viu os preto despedaçado nas boca da
cachorrada. O Joca não tinha nada de santo, muito pelo contrário, dormia com o
negro Varão, qui o padre fingia qui não sabia já qui não via, é bem assim, o qui
o seu coração não sente é porque as vista ainda não viu ou não quis vê, as
vista procura o interesse de vê, ocê vê o qui qué vê, o coração sente o qui ocê
qué vê, pode té dizê qui isso é pouco de quase nada, nem lhe interessa essa
conversa, mais presta atenção nas coisa qui ocê não qué vê e fingi qui não tem
importância e pergunte por que tem medo de abrí as vista, pará de se escondê
dos pensamento dentro dos pensamento.
Antes
de sê deixado na solidão do galpão, foi muito instruído pelo Capitão bastardo
sobre a importância de não fazê nenhum comentário sobre o embarque das prancha
no barco do siô, como se fosse interesse dos preto o qui um branco roubava do
outro, fingia qui dava, mais não dava ou dava e depois tirava
— Capitão...
— Fala, negro.
— Esse deus do branco deve sê cego ou
surdo...
— Cala a boca, criolo... o siô Barros diz
qui ele escreve o certo pelas linha torta.
— O siô escreve torto?
— Não é esse siô, é o outro Siô... chega
dessa conversa, criolo, agora é hora de dormí, recuperá no sono as força, é
tempo de guardá a língua. — o tombo na rede de dormí foi o mesmo nos dois
escravo: com fome, com sede, ardido como as lambida do cipó de boi. O bastardo
falava como se nada tivesse acontecido, como se fosse natural sê assim, uns
bate, outros apanha, se fez crime ocê tem castigo, se ocê mentiu também tem
repreensão, se ocê é negro ganha corretivo, como se o castigo pudesse mudá a cô
do preto, talvez não fosse pra mudá a cô, mais humilhá o preto e fazê ele
respondê, Sim, siô, sim, siô, sim siô sim siô simsiô
— Amanhã, ocês recuperam a fome e a sede.
— o bastardo se ocupô dos dois té qui se acomodaram nos pano balançante, as
rede pendurada com argola boiando por cima da terra qui eles molha com o suô e
aduba com o sangue.
O
cansaço faz o sono tomá conta do corpo, vem como o animal qui cai no fojo
espalhado no mato, com suas estaca pontiaguda, uma ponta fincada no chão, a
outra olhando pra cima, a boca aberta esperando a sua hora, té qui o animal
pisa nos galho esparramado, escondendo os dente e a garganta da armadilha, o
buraco se abre, o Josino desce na emboscada do sono, um lugá de vivê do seu
jeito as vontade de sê liberto, um preto alforriado de importância pra sua
Milagres, as estaca vira estrela, um rio de estrela interminável qui devolve os
dois pra terra dos avoengo, de volta ao começo de tudo.
A
muié vem voante na brisa das árvore té chegá do seu lado, anunciando o seu amô
ao rei negro, pronta pra cantá as história do homem e da muié dos começo antes
de tudo, as dô e as saudade carregada no sangue e nas lembrança das cicatriz,
os mapa dos caminho qui andô té chegá aqui, longe da casa, a terra do umbigo.
Os fiô é o sonho qui plantô pra tê razão de lutá, uma luta solitária pra não
branqueá, não beijá a cruz pra tem alma de branco, queria sonhá com os seus
orixá, com as cantoria, as dança, as história, queria continuá a negra dos
espírito nas feitiçaria.
A
muié voante tem nas mão o milho, a batata, a mandioca, o gado fica escondido no
olho, tá molhada do suô da noite, perfumada com as suas água de muié. A voz
doce e as mão assanhada tirava o Josino do sono enquanto dormia e encontrava a
fartura dos alimento da terra. O espírito erguido olhava ele qui dormia: grande,
forte, um preto brilhoso, os cabelos raspado, a respiração alta, áspera,
calorosa, indecente, as marca ardida no rosto, os rabisco do cipó de boi no
peito e nas costa, as perna imensa, os pé gigante, um preto todo grande, um
baobá.
Agarrado
na mão da sua preta voltava voante té a pedra do amô, o lugá da sua alforria,
do seu casamento, de fazê revivê as lembrança qui carrega no sangue, na cô, nas
memória qui vê com as vista fechada. Era quando ela não lhe deixava dizê nada,
usava uma das mão no peito do baobá, ele cabia inteiro na pedra qui ela chamava
terra dos antepassado, com a outra mão ajudava derramá o milho, a batata, a
mandioca, té a boca ficá cheia, depois engolia o alimento, ela é a terra, o
lugá qui faz tudo continuá.
A
sua planície é o berço do Josino, ela não queria deixá o rei negro se aliviá té
o fim do sonho, apertava a mão e empurrava o alimento na embocadura da alma, té
o fundo da carne, nem o homem nem o lugá qui faz tudo continuá conseguia
respirá, desacendê aquela fome de amô.
Rolavam na pedra, té qui o baobá deitava por cima, descia té as raiz do
lugá de continuá a vida, beijava e atiçava, depois a sua boca mordia e caçoava,
fazia brincadeira com a casca dos pé da Milagres. A lua crescente assistia
desavergonhada, delirando. As estrela sumia e aparecia, parecia qui brincava e
piscava. O fogo lambia, subia as labareda té os joelho qui tremeluzia o baobá
embriagado, as mão cismada com a cintura da preta não parava de agarrá e soltá.
Não tava mais desconfiado com a vida, escalava as perna, as mão subia sem
pressa apressada, dava o tempo de se apaixoná de novo e de novo, firmava nas
duas cuia preta, a boca queria e não queria subí, as mão não esperava, ficava
roçando com o polegá num e noutro ponto moreno, arrebitado em cima do coração. O
zunzunzum continuava nas virilha, a pelagem preta encaracolada, encrespada, lhe
entrava na boca e sai nos intestino, a saliva engravidava misturada com as água
da muié qui erguia a garupa da pedra, se oferecia e pedia, Me entra, me entra,
a língua lhe entrava, a labareda consumia o baobá enraizando no lugá qui faz
tudo continuá.
O
rei negro continuava o caminho da boca pelo corpo da Milagres encantada, Ah,
meu preto encantado, me carrega na tua boca encantada, me faz encantada, té qui
a boca chegava no seio espetado, uma ponta fincada na carne, a outra olhando
pra cima, ousada, esperando a sua hora, té qui a lámbida lhe passa toda molhada
e o buraco se abriu, o Josino queria a armadilha dos dois bico rijo, teso,
humano, selvagem, qui se oferecia pra amamentá, Me toma, me toma, a boca sugava
as água, té sê o rio da vida qui se despeja no lago, o milho, a batata, a
mandioca, a carne comida. E a terra servia o sustento da vida.
Quando
a boca do homem encontrô a boca da muié, as vista dos dois se fechô, as perna
da terra se abriu, té qui o baobá lhe entrô a raiz té o fim, não tinham afobação,
um queria sentí no outro o amô do tempo antigo, quando a criação veio como uma
mágica, o tempo qui o homem era árvore, a árvore-mundo, o rei negro achava
qui dominava a terra, té qui ela fazia o baobá sentí o amô dos milagres, o
gosto da fertilidade. Os dois vira encantamento num novelo de perna pra
dormí, os galho brotando , as chuva dos olho do baobá molhando a planície da
terra arreganhada, a vida se renova. O baobá não qué esquecê, faz tudo de novo:
desce té as raiz e molha a casca dos pé da muié encantada, rola a terra qui
fica acomodada, virada com as costa pras vista do baobá. A árvore-mundo se
dobra sobre a terra e engravida mais uma e outra vez.
O
Josino baobá agarrô o sono na pedra do amô dum jeito qui Milagres arredondô,
Minha preta, ocê tá linda com esse jeito crescente, Mentira, to feia, Bobice,
sua planície parece a lua crescendo, Num sonho ocê não sabe o que é verdadeiro,
Nem a vida sabe, ela só sabe qui é vida.
Os
dois não sabe como o siô e o bastardo encontraram o lugá dentro do sono, nem
deu tempo de entendê o pai qui ordenô ao filho, Abre, eu quero ver a cor, o
filho bastardo desenrolô a chibata e estalô no ventre das Milagres. Josino não
suportô e abriu as vista. Não podia vê, não podia deixá o filho nascê com as
marca do cipó de boi.
Naqueles
dias, não ia dormí mais, nem vê Milagres
— Esse maldito devê do Capitão bastardo
não é com a vida.
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