segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

XIII – Mitologia dos Orixás: Nanã [93] [94]

Nanã
Reginaldo Prandi
Nanã fornece a lama para a modelagem do homem
Dizem que quando Olorum encarregou Oxalá de fazer o mundo e modelar o ser humano, o orixá tentou vários caminhos. Tentou fazer o homem de ar, como ele. Não deu certo, pois o homem logo se desvaneceu. Tentou fazer de pau, mas a criatura ficou dura. De pedra ainda a tentativa foi pior. Fez de fogo e o homem se consumiu. Tentou azeite, água e até vinho-de-palma, e nada.
Foi então que Nanã Burucu veio em socorro.
Apontou para o fundo do lago com seu ibiri, seu cetro e arma, e de lá retirou uma porção de lama. Nanã deu a porção de lama a Oxalá, o barro do fundo da lagoa onde morava ela, a lama sob as águas, que é Nanã.
Oxalá criou o homem, o modelou no barro.
Com o sopro de Olorum ele caminhou.
Com a ajuda dos orixás povoou a Terra. Mas tem um dia que o homem morre e seu corpo tem que retornar à terra, voltar à natureza de Nanã burucu. Nnã deua matéria no começo mas quer de volta no final tudo que é seu.
[93]

Nanã esconde o filho feio e exibe o filho belo
Conta-se que Nanã teve dois filhos.
Oxumarê era o filho belo e Omulu, o filho feio.
Nanã tinha pena do filho feio e cobriu Omulu com palhas, para que ninguém o visse e para que ninguém zombasse dele.
Mas Oxumarê era belo, tinha a beleza do homem e tinha a beleza da mulher. Tinha a beleza de todas as cores.
Nana o levantou bem alto no céu para que todos admirassem sua beleza.
Pregou o filho no céu com todas as suas cores e o deixou lá para encantar a Terra para sempre. E lá ficou Oxumarê, à vista de todos.
Pode ser admirado em seu esplendor de cores, sempre que a chuva traz o arco-íris.
[94]
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Leia também:

XII – Mitologia dos Orixás: Oquê [91] [92]
XIV – Mitologia dos Orixás: Obaluaê – Omulu – Xapanã - Sapatá [97] [98]

Reginaldo Prandi, paulista de Potirendaba e professor titular de sociologia da Universidade de São Paulo, é autor de três dezenas de livros. Pela editora Hucitec publicou Os candomblés de São Paulo, pela Edusp, Um sopro do Espírito, e pela Cosac Naify, Os príncipes do destino. Dele, a Companhia das Letras publicou também Segredos guardados: orixás na alma brasileiraMorte nos búziosIfá, o AdivinhoXangô, o TrovãoOxumarê, o Arco-ÍrisContos e lendas afro-brasileiros: a criação do mundoMinha querida assombraçãoJogo de escolhas e Feliz Aniversário.


Prandi, Reginaldo. Mitologia dos Orixás / Reginaldo Prandi; ilustrações de Pedro Rafael. - São Paulo: Companhia das Letras, 2001.



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