casarão canela preta
é tudo bem antigo e novo
Ensaio 14cp – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
quando a chuva começa e não se apressa já sei que não vai logo embora. espiolhei os viandantes entranhados no rocinante, dei conta do silêncio quando girei a catraca. apareceu um brilho que parecia um risco desenhado no céu. o estalo da catraca também pareceu um estrondo. depois, veio o gotejamento grosso, lento e vagaroso, no teto do animal. e outro brilho que parecia um risco desenhado no céu. e outro estrondo. o tempo lá fora não estava muito bom. o valente carregador de cargas movediças seguia viagem
estava assustado, na verdade, eu estava muito assustado
não tenho as qualidades do capitão ahab, não sou acima do comum, até poderia dizer, sou bem abaixo do abundante. pensei no comandante enfrentando fantasmas, mas dono dos seus nervos e da situação. um comandante não deixa seus liderados perceberem que está com medo. fiquei em pé, no banco
estava no controle, na verdade, tinha descontrolado minha vigilância
procurava os três meninos. olhos e ouvidos vigilantes. concentrados. encontrei. estavam sentados no último banco dos passageiros. no traseiro do rocinante. lugar de saltos e solavancos. os três num único assento. apertados, mas seguros
lá fora, a chuva engrossando aos pouquinhos. levei minha mão direita à guia pendurada no pescoço. antes dos pedidos, fiz minha reza à maria do azul e do dourado, e declamei o credo. tudo pode acontecer, então é bom rezar para todos os santos
É bão rezá, neinho. Mais não é só rezá, era avoinha só com a voz. não era avoinha com o corpo presente. só o espírito da voz. minhas lembranças dos conselhos de avoinha estavam num sonho e no aviso acertado para jamais dormir com a escuridão do medo
sentei satisfeito com a acomodação dos meninos e a proteção da mãe. a melhor vida para começar é crescer no colo da mãe. é isso aí, a vida continua da mãe correndo nos campinhos improvisados das ruas desertas e na várzea. bendita várzea! é a estrada do tempo. os meninos são papagaios de papel ao vento. dizemos que é milagre quando a linha não arrebenta antes do tempo. as meninas demoram mais, bem mais, para virarem papagaias ao vento. é uma pena elas ficarem tão presas. todos sabem, mas fingimos que não compreendemos. seguram as papagaias em terra, seguras das ventanias
não sei quem é meu pai. queria que fosse um vendedor de papagaios de papel ou vendedor de flores. as mãos perfumadas e atadas na linha, equilibrando o papagaio de papel no ar. borrifando águas, suspiros e preces atenciosas. não lembro mamãe, mas sei que foi muito frágil. queria poder lembrar quando me abraçava e o tempo parava. o mundo cheio de bolsos para aquecer as mãos, vez que outra é preciso proteger as mãos nos bolsos
o mundo fica menos caótico no colo das mães e na mão dos pai. os dois sumiram e a vida me deixou avoinha. deveria agradecer todos os dias o destino que me deu avoinha. bobagem, não foi sorte o amor de avoinha. era meu ensaio amoroso com a vida. o colo seguro para as desconfianças com o meu tamanho. na escola, escutava que tinha mais sorte que tamanho. avoinha ajudou achar as saídas que pude para olhar o mundo com o meu jeito. continuava com a mão na guia, assim acreditava que conseguia aumentar o amor de dentro que me defendia do desamor de fora
o cego já estava sentado, menos uma preocupação
pensei no amor que aprendi com avoinha. o amor carregado nos braços, nas pequenas emoções, nos calafrios, estremecidos, calmarias, e na preocupação com a vida, tudo que é vida. não sei, se a solidariedade é a demonstração da existência de deus, mas me é impensável que ele não seja quem dizem que ele é
O neinho inda não viu nada, nem começô chovê, desta vez, não procurei com as vistas, avoinha. não quis saber de ver. nem respondi. continuei olhando o cego. como já disse, procuro ganhar tempo para entender as aparições de avoinha, principalmente, quando ela vem e não se mostra, mas não controlo a vontade de perguntar e fico imaginando o que pode ser e o que pode não ser
O que avoinha sabe da chuva que vem chegando?
aconteceu de novo, avoinha avoou feito um balão escapando ar na barriga, Não posso falá duqui não conteceu e pode num contecê.
ela me deixou preto de brabeza, Então, avoinha precisa parar! Não de assustar com essa conversa de fim do mundo. Avoinha fala como se já tivesse até a data marcada.
ela desceu do teto e caiu de mansinho no balcão, lá vem avoinha com a deseducação de ficar de cócoras, E tudo num tem fim? Mais tá bem...
desconfiei daquela desistência tão imediata. não era avoinha. fechei os olhos e pedi para descer da minha mesa, Isso é qui mostra a importância do miúdo? O neinho tem mesa... hum... isso tem importância... tê mesa... num quero sê má influência, desapareceu do balcão, mas não deu tempo de uma piscadela e avoinha me apareceu nas costas, encostada no vidro da janela, massageando meus ombros, repuxei assunto do seu querer. apostava que com os pensamentos falando ela parava com aquela agarração. as intimidades da aparição de avoinha estavam me deixando desarranjado
Então, a história do tambor gigante na praça, as árvores dos enforcados, o magrão cortador das árvores, foi invenção de avoinha?
fiz a pergunta e fiquei calado, esperando resposta, Das coisa contecida posso contá, ninguém me pediu segredo, mais duqui pode contecê... é só palpite.
parou com a massagem e apareceu sentada na mesa, Avoinha precisa sair da mesa do dinheiro, não é lugar de avoinha sentar. Até parece que avoinha quer sentar no dinheiro.
Mifioneto, lugá de sentá é onde dá, mais se tem lugá qui num quero sentá é no dinheiro.
Avoinha... preciso trabalhar.
ela não se mexeu nenhum pouquinho, nadica de nada. estava séria no jeito de colocar as vistas em mim, parecia escolhendo as palavras que queria soltar dos pensamentos, Neinho, quero continuá as história do pretu Josino.
Essa não é a melhor hora, avoinha.
recuei para provocar sua vontade, Bobice, ninguém sai. Só entra. É fácil controlá. E tem mais, escutá contação de história com chuva, é tudo de bão.
ela não entendia a importância daquele trabalho de cobrador de passagens. precisei retrucar, achei até que já podia começar a ser deseducado, Fácil para quem fica do outro lado do mundo só olhando e falando.
Também num foi fácil o caso do Josino. Ele só oiava quieto, mais acabô com a culpa de tudo: Enforca! Pendura o negro safado! Lugar de carvão é no fogo!
As gentes na praça do arvoredo tava chibatante. Ia podê vê com usóio da cara o justiçamento do criminoso. Perigoso e desavergonhado. Muitos dos passante nem sabia o nome do condenado. Acabava qui eles descobria pelas língua da falação. E de gente faladeira duqui pensa qui sabe, mais num sabe, esse mundão foi sempre bem servido. Os urubu com língua: O nome do negro safado? Claro, eu sei... é Josino! Coitado, a corda vai lhe salvar. Parece sina, mas das cordas esses negros não escapam. Ou é a corda do açoite ou é a corda para esticar pescoço. Mas Deus é misericordioso. Ele é...
avoinha parecia viajar e levar junto nas suas contação de histórias
Mais a verdade das verdade, dita sem medo dusódio das mentira, é qui o acontecido qui fez desaguá o pescoço do Josino na corda misericordiosa, pendurada no arvoredo, foi pedido já bem de antes. Vô tentá contá quase do início. O capricho e a esperança numa otra vida, juramentada pela fé do sinhô padre, num tempo qui ele vestia o vestido bem cumprido e negro das viúva, pra escutá e falá ducéu bondoso com o fiel da missa, fez criá vontade misteriosa na Villa, otro apetite: levantá do chão e do nada uma casa pra Nossa Senhora das Dô, o domicílio de endereço da salvação nas vizinhança.
não sei como ela faz, mas davó consegue me fazer sumir e aparecer onde ela aponta as suas palavras, Mifioneto, é a gente qui cria os próprio caminho da salvação e da perdição. Quando num interessa quanto custa um lugá pra harmonia e boa vontade de limpá as culpa dos erro, no fundo da escuridão dessa gente, a caridade é o elo qui liga os dominado e os dominadô... eles num credita no céu do sinhô padre. Faz qui credita pruqui é bão mostrá qui é bão creditá. Assustá usqui credita no céu... qui existe o inferno, tumbém é bão. Tudo tem useu valô. Mais num se engana, eles só credita nas moeda do ouro e nuqui elas pode comprá. Queria podê vê a cara, um por um, tomá posse das terra divina qui credita qui comprô com o suô e o sangue duspretu.
Com o domicílio comprovado da Nossa Santa davó não acha que fica mais fácil conversar com o Nosso Senhor. Regular as vontades do bem.
Neinho, quem qué fazê maldade num óia quem, faz e pronto, depois da maldade reza fervoroso pedindo perdão. As doação pra construção Santa era o jeito do sinhô pedí pra sê redimido, quius erro não fosse jogado na suas culpa. Desse jeito, o sinhô ficava sem as culpa só pra ele. Os erro era repartido. Esse era o plano do senhorio, no começo: repartí as custa da Casa Santa e assim ficá mais fácil pro sinhô dos escravo aliviá os custo da construção do perdão. Depois, usôio gordo viu qui podia dá e tirá de novo. É tudo bem novo do antigo.
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estava assustado, na verdade, eu estava muito assustado
não tenho as qualidades do capitão ahab, não sou acima do comum, até poderia dizer, sou bem abaixo do abundante. pensei no comandante enfrentando fantasmas, mas dono dos seus nervos e da situação. um comandante não deixa seus liderados perceberem que está com medo. fiquei em pé, no banco
estava no controle, na verdade, tinha descontrolado minha vigilância
procurava os três meninos. olhos e ouvidos vigilantes. concentrados. encontrei. estavam sentados no último banco dos passageiros. no traseiro do rocinante. lugar de saltos e solavancos. os três num único assento. apertados, mas seguros
lá fora, a chuva engrossando aos pouquinhos. levei minha mão direita à guia pendurada no pescoço. antes dos pedidos, fiz minha reza à maria do azul e do dourado, e declamei o credo. tudo pode acontecer, então é bom rezar para todos os santos
É bão rezá, neinho. Mais não é só rezá, era avoinha só com a voz. não era avoinha com o corpo presente. só o espírito da voz. minhas lembranças dos conselhos de avoinha estavam num sonho e no aviso acertado para jamais dormir com a escuridão do medo
sentei satisfeito com a acomodação dos meninos e a proteção da mãe. a melhor vida para começar é crescer no colo da mãe. é isso aí, a vida continua da mãe correndo nos campinhos improvisados das ruas desertas e na várzea. bendita várzea! é a estrada do tempo. os meninos são papagaios de papel ao vento. dizemos que é milagre quando a linha não arrebenta antes do tempo. as meninas demoram mais, bem mais, para virarem papagaias ao vento. é uma pena elas ficarem tão presas. todos sabem, mas fingimos que não compreendemos. seguram as papagaias em terra, seguras das ventanias
não sei quem é meu pai. queria que fosse um vendedor de papagaios de papel ou vendedor de flores. as mãos perfumadas e atadas na linha, equilibrando o papagaio de papel no ar. borrifando águas, suspiros e preces atenciosas. não lembro mamãe, mas sei que foi muito frágil. queria poder lembrar quando me abraçava e o tempo parava. o mundo cheio de bolsos para aquecer as mãos, vez que outra é preciso proteger as mãos nos bolsos
o mundo fica menos caótico no colo das mães e na mão dos pai. os dois sumiram e a vida me deixou avoinha. deveria agradecer todos os dias o destino que me deu avoinha. bobagem, não foi sorte o amor de avoinha. era meu ensaio amoroso com a vida. o colo seguro para as desconfianças com o meu tamanho. na escola, escutava que tinha mais sorte que tamanho. avoinha ajudou achar as saídas que pude para olhar o mundo com o meu jeito. continuava com a mão na guia, assim acreditava que conseguia aumentar o amor de dentro que me defendia do desamor de fora
o cego já estava sentado, menos uma preocupação
pensei no amor que aprendi com avoinha. o amor carregado nos braços, nas pequenas emoções, nos calafrios, estremecidos, calmarias, e na preocupação com a vida, tudo que é vida. não sei, se a solidariedade é a demonstração da existência de deus, mas me é impensável que ele não seja quem dizem que ele é
O neinho inda não viu nada, nem começô chovê, desta vez, não procurei com as vistas, avoinha. não quis saber de ver. nem respondi. continuei olhando o cego. como já disse, procuro ganhar tempo para entender as aparições de avoinha, principalmente, quando ela vem e não se mostra, mas não controlo a vontade de perguntar e fico imaginando o que pode ser e o que pode não ser
O que avoinha sabe da chuva que vem chegando?
aconteceu de novo, avoinha avoou feito um balão escapando ar na barriga, Não posso falá duqui não conteceu e pode num contecê.
ela me deixou preto de brabeza, Então, avoinha precisa parar! Não de assustar com essa conversa de fim do mundo. Avoinha fala como se já tivesse até a data marcada.
ela desceu do teto e caiu de mansinho no balcão, lá vem avoinha com a deseducação de ficar de cócoras, E tudo num tem fim? Mais tá bem...
desconfiei daquela desistência tão imediata. não era avoinha. fechei os olhos e pedi para descer da minha mesa, Isso é qui mostra a importância do miúdo? O neinho tem mesa... hum... isso tem importância... tê mesa... num quero sê má influência, desapareceu do balcão, mas não deu tempo de uma piscadela e avoinha me apareceu nas costas, encostada no vidro da janela, massageando meus ombros, repuxei assunto do seu querer. apostava que com os pensamentos falando ela parava com aquela agarração. as intimidades da aparição de avoinha estavam me deixando desarranjado
Então, a história do tambor gigante na praça, as árvores dos enforcados, o magrão cortador das árvores, foi invenção de avoinha?
fiz a pergunta e fiquei calado, esperando resposta, Das coisa contecida posso contá, ninguém me pediu segredo, mais duqui pode contecê... é só palpite.
parou com a massagem e apareceu sentada na mesa, Avoinha precisa sair da mesa do dinheiro, não é lugar de avoinha sentar. Até parece que avoinha quer sentar no dinheiro.
Mifioneto, lugá de sentá é onde dá, mais se tem lugá qui num quero sentá é no dinheiro.
Avoinha... preciso trabalhar.
ela não se mexeu nenhum pouquinho, nadica de nada. estava séria no jeito de colocar as vistas em mim, parecia escolhendo as palavras que queria soltar dos pensamentos, Neinho, quero continuá as história do pretu Josino.
Essa não é a melhor hora, avoinha.
recuei para provocar sua vontade, Bobice, ninguém sai. Só entra. É fácil controlá. E tem mais, escutá contação de história com chuva, é tudo de bão.
ela não entendia a importância daquele trabalho de cobrador de passagens. precisei retrucar, achei até que já podia começar a ser deseducado, Fácil para quem fica do outro lado do mundo só olhando e falando.
Também num foi fácil o caso do Josino. Ele só oiava quieto, mais acabô com a culpa de tudo: Enforca! Pendura o negro safado! Lugar de carvão é no fogo!
As gentes na praça do arvoredo tava chibatante. Ia podê vê com usóio da cara o justiçamento do criminoso. Perigoso e desavergonhado. Muitos dos passante nem sabia o nome do condenado. Acabava qui eles descobria pelas língua da falação. E de gente faladeira duqui pensa qui sabe, mais num sabe, esse mundão foi sempre bem servido. Os urubu com língua: O nome do negro safado? Claro, eu sei... é Josino! Coitado, a corda vai lhe salvar. Parece sina, mas das cordas esses negros não escapam. Ou é a corda do açoite ou é a corda para esticar pescoço. Mas Deus é misericordioso. Ele é...
avoinha parecia viajar e levar junto nas suas contação de histórias
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não sei como ela faz, mas davó consegue me fazer sumir e aparecer onde ela aponta as suas palavras, Mifioneto, é a gente qui cria os próprio caminho da salvação e da perdição. Quando num interessa quanto custa um lugá pra harmonia e boa vontade de limpá as culpa dos erro, no fundo da escuridão dessa gente, a caridade é o elo qui liga os dominado e os dominadô... eles num credita no céu do sinhô padre. Faz qui credita pruqui é bão mostrá qui é bão creditá. Assustá usqui credita no céu... qui existe o inferno, tumbém é bão. Tudo tem useu valô. Mais num se engana, eles só credita nas moeda do ouro e nuqui elas pode comprá. Queria podê vê a cara, um por um, tomá posse das terra divina qui credita qui comprô com o suô e o sangue duspretu.
Com o domicílio comprovado da Nossa Santa davó não acha que fica mais fácil conversar com o Nosso Senhor. Regular as vontades do bem.
Neinho, quem qué fazê maldade num óia quem, faz e pronto, depois da maldade reza fervoroso pedindo perdão. As doação pra construção Santa era o jeito do sinhô pedí pra sê redimido, quius erro não fosse jogado na suas culpa. Desse jeito, o sinhô ficava sem as culpa só pra ele. Os erro era repartido. Esse era o plano do senhorio, no começo: repartí as custa da Casa Santa e assim ficá mais fácil pro sinhô dos escravo aliviá os custo da construção do perdão. Depois, usôio gordo viu qui podia dá e tirá de novo. É tudo bem novo do antigo.
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