casarão canela preta
Quando o coração não estranha
Ensaio 15cp – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
Trabaiadô escravizado tinha dono, mais podia sê arrendado, emprestado, inté dado como presente. No caso de sê arrendado, a generosidade do custado pelo alugué duspretu era combinado com as parte interessada, menos com uspretu, esses num era parte interessada, nóis era as coisa usada pra trocá com otras coisa. No caso do Josino, parece qui ele foi emprestado pro sinhozinho parecê bondoso. Isso também podia acontecê, parecê sê uqui num é, coisa qui se muntu tumbém aqui. Naquele tempo de trocá gente como pedaço de carne, além das parte interesseira, era costume qui mais ninguém sabia dusacerto feito. Então, sabê ou num sabê, querê sabê ou num querê sabê, dava no mesmo, uspretu era mercadoria de trocação e o destino duspretu só interessava prus branco. Hoje, eles tirá ocê da escola sem ocê nem se dá conta e coloca sentado no banco do trocadô das passagem. E diz pra ocê repetí qui ocê tem qui sê agradecido. Afinal, num é qualqué pretu qui eles dêxa sentá no assento de cobradô. As muié, como sua tiainha, leva vida limpando os alagado e imundície do banheiro branco, otras vai cozinhando. Tem as qui costura. Mudô pouco, é verdade, mais agora o destino duspretu interessa também prus pretu. E ocê, mifioneto, num precisa só ficá no banco da catraca.
Quando o coração não estranha
Ensaio 15cp – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
Trabaiadô escravizado tinha dono, mais podia sê arrendado, emprestado, inté dado como presente. No caso de sê arrendado, a generosidade do custado pelo alugué duspretu era combinado com as parte interessada, menos com uspretu, esses num era parte interessada, nóis era as coisa usada pra trocá com otras coisa. No caso do Josino, parece qui ele foi emprestado pro sinhozinho parecê bondoso. Isso também podia acontecê, parecê sê uqui num é, coisa qui se muntu tumbém aqui. Naquele tempo de trocá gente como pedaço de carne, além das parte interesseira, era costume qui mais ninguém sabia dusacerto feito. Então, sabê ou num sabê, querê sabê ou num querê sabê, dava no mesmo, uspretu era mercadoria de trocação e o destino duspretu só interessava prus branco. Hoje, eles tirá ocê da escola sem ocê nem se dá conta e coloca sentado no banco do trocadô das passagem. E diz pra ocê repetí qui ocê tem qui sê agradecido. Afinal, num é qualqué pretu qui eles dêxa sentá no assento de cobradô. As muié, como sua tiainha, leva vida limpando os alagado e imundície do banheiro branco, otras vai cozinhando. Tem as qui costura. Mudô pouco, é verdade, mais agora o destino duspretu interessa também prus pretu. E ocê, mifioneto, num precisa só ficá no banco da catraca.
eu sei que avóinha tem razão nas preocupações dela, acredito que é tudo muito sério, mas ter dinheiro no bolso também é coisa muito séria
Avoinha, e o Josino?
O Josino... coitado, ele levô as culpa. Mais, dum jeito ou dotro, o trabáio braceiro duspretu aparecia como doação pra construção, junto com as dádiva das pedra, as talba do madêrame, as tinta. Gente boa esses doadeiro, gente boa esses recebedô, uspretu era tomado emprestado pelo santo padre e o sinhozinho emprestadô garantia um lugá no céu do Paraíso, pelo menos nucéu da Villa. Uns tinha cobiça de fazê, otros apetecia parecê tê uqui num tinha: desapego com as coisa da terra e muita devoção nos assunto da obra santa. Gente de falsa devoção qui fazia brotá na cara o fingimento de sê desapegado das coisa e num tinha nehum embaraço pra mostrá apego sem fim ditê pretu escravizado. Os murmúrio da garganta inté qui tentava disfarçá as coisa diferente do qui é, mais as palavra num combinava com usuóio, e usóio num combinava com as mão, qui num combinava com uspé, qui num combinava com a vida.
tem vez que preciso empurrar avóinha para seguir nas histórias
Mas, avóinha... o que fez o Josino para ser enforcado?
Guri, ocê inda leva essa véia ficá deliciada inté na beirada da esgotadura. Quando parece qui num qué mais a história, lá vem ocê cutucá. Antes de escutá faz pouco causo das coisa qui inda num escuta e num vê. Depois, logo em seguida, tá bisbiotêro. Por essa véia aqui, inté é bão, dá movimento pra conversa dessa eternidade, uma coisa parada qui pode sê pra sempre, mais pode num sê. Nunca quis ficá empacotada, fechada na caixinha. Só teve uma caixinha qui guardava sua vó. Adorava sê a bailarina da caixinha com música dumeu pretu. Dessas dança tenho gosto e saudade. Seuvô sabia enfeitiçá e fazê suavó rí, a mágica era bem de perto. Teve veiz, qui num tava com vontade de usá as roupa da bailarina, ele sorria com usóio, fazia cara desavergonhada e agarrava a caixinha; torneava a corda bem devagarinho, quase nem dava pra vê ele dando corda, girava os dedo e ria a alegria da dança. Girava e cantarolava, girava e murmurava, depois soltava o anel da corda e deixava suavó dançá a batucada duspretu. Já fiz pedido pra desencantá pru seuvô, inda num tive resposta, mais credito qui depois dessa incumbência vô sabê. Quero desenfeitiçá, deixá de existí lá e cá. Quero tempo de preguiça cumeu pretu. Podê sê bailarina pela infinidade do além-mundo.
quando avóinha começa com essas intimidades de bailarina fico sem jeito com as palavras
E o Josino, avóinha?
Uqui tem o Josino qui vê com as dança de bailarina com seuvô?
Avóinha fez de novo, parece gostar de dizer e não dizer. Tudo parece brincadeira da paciência davó com a impaciência das pessoas.
Ocê qué sabê o qui mesmo?
Eu até nem sabia desse escravo Josino. Foi avóinha quem beliscou essa história e me fez ficar com gosto de conhecer a vida desse homem. Um dos enforcados da nossa Villa. Eu não sabia que existiu esse tempo da pena de morte e do juiz mandar enforcar. Agora, precisa terminar de contar sobre esse negro que foi mandado para a forca. Uma praça de enforcamentos na Villa. Continua, avóinha...
Posso suspirá fundo antes de começá?
Avoinha...
Tá bem. Ele foi presenteado emprestado pelo sinhô Zé Clemente ao siô padre José, mandachuva da freguesia da Dô. Era por motivo de fazê a subida das parede da capela adoratória pras missa domingueira e otras coisinha mais. O Josino trabaiô duro. Carregô talba, pedra e uqui tinha ordenação pra carregá. O sol castigando, ele trabaiando. Ia e vinha sem reclamá. Nos dia de chuva, nos dia de frio. Num podia tê exaustão nem se escondê da ventania. As rajada minuana assobiava gelada. Num podia desaprová nem desnorteá. A sua luta foi perigosa e penosa: num caí da sela do sofrimento. Precisava continuá montado na sua dô, sem pena dele mesmo.
O escravo doado emprestado, qui mais um tempo menos um tempo, ia voltá pra estância do seu sinhô, num era feito igual as pintura do siô dos branco, nem irmão ou da mesma criação do siô Clemente, mais pagava as culpa do sinhozinho com useus braço, com sua tristeza. Tanta vida na liberdade, quase tanta morte existe nas corrente. O desejo do siô Clemente era maió qui tudo. Decidia tava decidido. Mandava matá tava morto. Ficava assanhado e as preta se escondia. A vontade do Josino era um abismo qui só ele caia. Era preciso sê forte, era preciso sê pretu. Ocê qué sabê uqui fez o Josino? Num se lastimô, se ocupô com os trabáio e as belezura da obra santa. As torre, as escadaria, os sino... num faltava trabáio. Pena, qui num deu interesse de mais cuidado nas falação sem rumo, esses rumô qui aparece num se sabe donde e nunca tem dono. Bisbilhotice. Intriga qui num tem boca qui começa, mais depois qui começa num tem boca com jeito de botá freio.
E que fofoca foi essa, avóinha?
Num foi só mexerico, mifioneto. O palavrório começô dum jeito desimportante, um fuxico aqui, outro lá, foi entranhando nos coração bem-intencionado. Num foi feito pra entrá na cabeça, tinha qui sê no curação. O desamô já tava plantado nas cabeça mal-intencionada. Usá uspretu como coisa ruim ou coisa boa, os pequeno sinhozinho aprendia fazê antes de saí da barriga. Cada sinhozinho qui nascia já tinha uma chibata e as chave das corrente. Então, faltava ódio pelo Josino chegá no coração. Esse era o caminho fácil. Depois disso, qualqué disse ou num disse, num precisava mais prová. Era só dizê, era só inventá, se o coração num estranha a cabeça num duvida.
Mas dizer o quê, avóinha? O que foi dito que fez o preto Josino ser enforcado?
Uqui ocê qué e tem sede? Duqui ocê tem fome? Ocê procura uma resposta simples qui Josino num merece. Ele precisa da verdade inteira, contada da sua maneira. E num pela parte branca qui qué se esquecê das injustiça feita, isso quando num diz qui uspretu é meió como escravizado. Sempre dão no jeito de desconversá e acusá uspretu, pra depois aconselhá: derramado o mal é meió deixá esquecido.
Essa história precisa ser conhecida, avóinha.
E com o curação. Começô com um rumô sem dono: a igreja das Dô num crescia. Parecia qui os trabáio num rendia nem aparecia. E as doação sumia. O escravo Josino num sabia nem tinha como sabe dos rumô. Só podia mostrá sua coragem de homem marcado e qui num cai da sela da dô. Pra caí é preciso sê derrubado. Mais num adianta só tê coragem de aguentá, o bão é num dêxá nascê odiação no coração, depois qui nasce o gosto de odiá num tem muito jeito de falá em amô, as orelha fica tapada com as mão e usóio enxerga pela língua do veneno.
por aqueles dia, ele foi pedido de volta na estância, É cousa pouca, sinhô padre. Ele já volta aos trabalhos da nossa igreja.
Um negro de mui valor, sinhô Clemente. Vai nos fazer falta esses dias de descanso.
Poucos dias, poucos dias, sinhô padre.
josino chegô na estância quando o dia começava espreguiçá, depois da caminhada solitária da dia e noite. num era comum pretu sozinho na estrada, mais o sinhô sabia da certeza da volta do josino. o nosso herói preferia assim, caminhá desacompanhado. sem carga. tinha vez qui era feito montaria pra algum amigo mais desanimado do siô clemente. naquele dia, pode avoá. fez a caminhada quase junto do vento. num teve peso morto pra carregá, carregô o peso do corpo nas perna mais apetite de chegá. assoprava o vento quia na frente
nem bem chegô e já ganhô ordem de arrumação pra cumprí, Negro, ocê tem que descarregar essas tábuas. Precisa esvaziar o barco, fazer desaparecer a carga da beira do rio. Chama mais dois negros da confiança, isso sim, é chegá bem na hora errada, pensô josino. largô os trapo no chão, enrolô nos galho dos maricá sua saudade e assoprô
Já chego, minha preta... só mais um pouco.
o siô num lhe ouviu, mais o siô clemente teve tempo pra dizê, Josino, depois do serviço feito vá para os mato com a negra Gabriela. A sinhá Casta diz que pelas contas da lua, é bem o tempo de fazer embaraço de barriga. Não me desaponta, negro, falô sem sabê uqui dizê, os espírito da mata já tinha avisado
já fazia um tempo, josino escutava do siô qui tava mais qui no tempo de deixá prenhe a escrava gabriela, Negro, não deixa a poeira empoeirar a barriga dessa negra, o siô do josino queria aumentá as carne preta pra fazê delas tudo qui queria fazê, Se ocê não dá conta, negro... arrumo outro com mais jeito na lida com as negras.
josino tinha as vista cheia com as desconfiança nos dias da sua frente, tava perdido das suas firmeza com os destino desde muito tempo. as duas vista num se encontrava. uma extraviada da otra, uma escondida da otra. oiava dum jeito pro lado, com otro jeito o otro lado. sentia qui tinha raiva e medo nas vista
oiô pru amontoado das talba. a saudade tinha qui esperá. o trabáio num lhe metia medo ou fazia preguiça, num era esse o motivo da tristeza. pegava as talba de polegada e puxava pra cima do ombro, depois se arrastava inté o empilhamento começado com uma, depois otra e mais otra talba. era carregamento grande, mais achô qui num tinha necessidade de nehuma ajuda de mais sofrimento
Aqui, não! Amontoe tudo em lugar mais reservado, foi as nova ordem do siô clemente, não preciso dos olhos do padre José ou do nariz do Pereira nesse carregamento. E fica melhor guardado, o siô padre josé recebia uspretu emprestado pra sua obra da construção. vivia atormentado pelas demora de ereção da casa santa com as duas torre, angustiado com os sobressalto de paciência qui precisava tê. o pereira era o chefe de instrução e vigilância das educação servida na villa, como num tinha muito qui fazê, ele ocupava seu tempo nos cuidado do bão proveito da madeira nas casa da villa. gente de importância e cobiça gosta de acumulá mais duqui precisa. quanto mais abarrotado de cobiça mais tem linha direta com algum chefe de mais importância. a cobiça é o siô controladô
nas costa do Josino escoava um suco avermelhado qui borbulhava água benta: sangue, suô salgado e dô. era só fazê a mão tocá as costa do negro, molhá a ponta dos dedo, fazê o siná da cruz e sê abençoado. o siô num creditava em benção nehuma e o Josino num queria sê valente. aquela água de benzedura se enfiô na terra. adubô o chão qui precisava dele, inda ia saí de lá expulso e agredido com as palavra feia do branco capetão
os risco na carne era fundo, cada talba qui subia no lombo esfregava os ferimento como farelo de vidro na carne. depois vinha o suô salgado. ele ficava todo ardido. os golpe das talba na alma, a tristeza daquela confusão de vida, tudo isso ficava misturado com a canseira e as dô da saudade. num tinha uqui fazê, num tinha uqui reclamá. ninguém pra lhe ajudá, nem padre, nem doutô, nem coroné. num conhecia branco qui num queria tê um preto pra mandá. usqui num tinha sonhava tê. eles inda sonha com a volta no passado, e diz qui é meió, vai meiorá, Cuidado, mifioneto, dessa gente satisfeita com sua vida nas sombra, eles num pensa qui tem qui havê algo pra iluminá sua vida. Se ocê deixa eles falá na vontade própria, inda faz ocê creditá qui ocê é a sombra.
Mas, avóinha... o que fez o Josino para ser enforcado?
Guri, ocê inda leva essa véia ficá deliciada inté na beirada da esgotadura. Quando parece qui num qué mais a história, lá vem ocê cutucá. Antes de escutá faz pouco causo das coisa qui inda num escuta e num vê. Depois, logo em seguida, tá bisbiotêro. Por essa véia aqui, inté é bão, dá movimento pra conversa dessa eternidade, uma coisa parada qui pode sê pra sempre, mais pode num sê. Nunca quis ficá empacotada, fechada na caixinha. Só teve uma caixinha qui guardava sua vó. Adorava sê a bailarina da caixinha com música dumeu pretu. Dessas dança tenho gosto e saudade. Seuvô sabia enfeitiçá e fazê suavó rí, a mágica era bem de perto. Teve veiz, qui num tava com vontade de usá as roupa da bailarina, ele sorria com usóio, fazia cara desavergonhada e agarrava a caixinha; torneava a corda bem devagarinho, quase nem dava pra vê ele dando corda, girava os dedo e ria a alegria da dança. Girava e cantarolava, girava e murmurava, depois soltava o anel da corda e deixava suavó dançá a batucada duspretu. Já fiz pedido pra desencantá pru seuvô, inda num tive resposta, mais credito qui depois dessa incumbência vô sabê. Quero desenfeitiçá, deixá de existí lá e cá. Quero tempo de preguiça cumeu pretu. Podê sê bailarina pela infinidade do além-mundo.
quando avóinha começa com essas intimidades de bailarina fico sem jeito com as palavras
E o Josino, avóinha?
Uqui tem o Josino qui vê com as dança de bailarina com seuvô?
Avóinha fez de novo, parece gostar de dizer e não dizer. Tudo parece brincadeira da paciência davó com a impaciência das pessoas.
Ocê qué sabê o qui mesmo?
Eu até nem sabia desse escravo Josino. Foi avóinha quem beliscou essa história e me fez ficar com gosto de conhecer a vida desse homem. Um dos enforcados da nossa Villa. Eu não sabia que existiu esse tempo da pena de morte e do juiz mandar enforcar. Agora, precisa terminar de contar sobre esse negro que foi mandado para a forca. Uma praça de enforcamentos na Villa. Continua, avóinha...
Posso suspirá fundo antes de começá?
Avoinha...
Tá bem. Ele foi presenteado emprestado pelo sinhô Zé Clemente ao siô padre José, mandachuva da freguesia da Dô. Era por motivo de fazê a subida das parede da capela adoratória pras missa domingueira e otras coisinha mais. O Josino trabaiô duro. Carregô talba, pedra e uqui tinha ordenação pra carregá. O sol castigando, ele trabaiando. Ia e vinha sem reclamá. Nos dia de chuva, nos dia de frio. Num podia tê exaustão nem se escondê da ventania. As rajada minuana assobiava gelada. Num podia desaprová nem desnorteá. A sua luta foi perigosa e penosa: num caí da sela do sofrimento. Precisava continuá montado na sua dô, sem pena dele mesmo.
O escravo doado emprestado, qui mais um tempo menos um tempo, ia voltá pra estância do seu sinhô, num era feito igual as pintura do siô dos branco, nem irmão ou da mesma criação do siô Clemente, mais pagava as culpa do sinhozinho com useus braço, com sua tristeza. Tanta vida na liberdade, quase tanta morte existe nas corrente. O desejo do siô Clemente era maió qui tudo. Decidia tava decidido. Mandava matá tava morto. Ficava assanhado e as preta se escondia. A vontade do Josino era um abismo qui só ele caia. Era preciso sê forte, era preciso sê pretu. Ocê qué sabê uqui fez o Josino? Num se lastimô, se ocupô com os trabáio e as belezura da obra santa. As torre, as escadaria, os sino... num faltava trabáio. Pena, qui num deu interesse de mais cuidado nas falação sem rumo, esses rumô qui aparece num se sabe donde e nunca tem dono. Bisbilhotice. Intriga qui num tem boca qui começa, mais depois qui começa num tem boca com jeito de botá freio.
E que fofoca foi essa, avóinha?
Num foi só mexerico, mifioneto. O palavrório começô dum jeito desimportante, um fuxico aqui, outro lá, foi entranhando nos coração bem-intencionado. Num foi feito pra entrá na cabeça, tinha qui sê no curação. O desamô já tava plantado nas cabeça mal-intencionada. Usá uspretu como coisa ruim ou coisa boa, os pequeno sinhozinho aprendia fazê antes de saí da barriga. Cada sinhozinho qui nascia já tinha uma chibata e as chave das corrente. Então, faltava ódio pelo Josino chegá no coração. Esse era o caminho fácil. Depois disso, qualqué disse ou num disse, num precisava mais prová. Era só dizê, era só inventá, se o coração num estranha a cabeça num duvida.
Mas dizer o quê, avóinha? O que foi dito que fez o preto Josino ser enforcado?
Uqui ocê qué e tem sede? Duqui ocê tem fome? Ocê procura uma resposta simples qui Josino num merece. Ele precisa da verdade inteira, contada da sua maneira. E num pela parte branca qui qué se esquecê das injustiça feita, isso quando num diz qui uspretu é meió como escravizado. Sempre dão no jeito de desconversá e acusá uspretu, pra depois aconselhá: derramado o mal é meió deixá esquecido.
Essa história precisa ser conhecida, avóinha.
E com o curação. Começô com um rumô sem dono: a igreja das Dô num crescia. Parecia qui os trabáio num rendia nem aparecia. E as doação sumia. O escravo Josino num sabia nem tinha como sabe dos rumô. Só podia mostrá sua coragem de homem marcado e qui num cai da sela da dô. Pra caí é preciso sê derrubado. Mais num adianta só tê coragem de aguentá, o bão é num dêxá nascê odiação no coração, depois qui nasce o gosto de odiá num tem muito jeito de falá em amô, as orelha fica tapada com as mão e usóio enxerga pela língua do veneno.
por aqueles dia, ele foi pedido de volta na estância, É cousa pouca, sinhô padre. Ele já volta aos trabalhos da nossa igreja.
Um negro de mui valor, sinhô Clemente. Vai nos fazer falta esses dias de descanso.
Poucos dias, poucos dias, sinhô padre.
josino chegô na estância quando o dia começava espreguiçá, depois da caminhada solitária da dia e noite. num era comum pretu sozinho na estrada, mais o sinhô sabia da certeza da volta do josino. o nosso herói preferia assim, caminhá desacompanhado. sem carga. tinha vez qui era feito montaria pra algum amigo mais desanimado do siô clemente. naquele dia, pode avoá. fez a caminhada quase junto do vento. num teve peso morto pra carregá, carregô o peso do corpo nas perna mais apetite de chegá. assoprava o vento quia na frente
nem bem chegô e já ganhô ordem de arrumação pra cumprí, Negro, ocê tem que descarregar essas tábuas. Precisa esvaziar o barco, fazer desaparecer a carga da beira do rio. Chama mais dois negros da confiança, isso sim, é chegá bem na hora errada, pensô josino. largô os trapo no chão, enrolô nos galho dos maricá sua saudade e assoprô
Já chego, minha preta... só mais um pouco.
o siô num lhe ouviu, mais o siô clemente teve tempo pra dizê, Josino, depois do serviço feito vá para os mato com a negra Gabriela. A sinhá Casta diz que pelas contas da lua, é bem o tempo de fazer embaraço de barriga. Não me desaponta, negro, falô sem sabê uqui dizê, os espírito da mata já tinha avisado
já fazia um tempo, josino escutava do siô qui tava mais qui no tempo de deixá prenhe a escrava gabriela, Negro, não deixa a poeira empoeirar a barriga dessa negra, o siô do josino queria aumentá as carne preta pra fazê delas tudo qui queria fazê, Se ocê não dá conta, negro... arrumo outro com mais jeito na lida com as negras.
josino tinha as vista cheia com as desconfiança nos dias da sua frente, tava perdido das suas firmeza com os destino desde muito tempo. as duas vista num se encontrava. uma extraviada da otra, uma escondida da otra. oiava dum jeito pro lado, com otro jeito o otro lado. sentia qui tinha raiva e medo nas vista
oiô pru amontoado das talba. a saudade tinha qui esperá. o trabáio num lhe metia medo ou fazia preguiça, num era esse o motivo da tristeza. pegava as talba de polegada e puxava pra cima do ombro, depois se arrastava inté o empilhamento começado com uma, depois otra e mais otra talba. era carregamento grande, mais achô qui num tinha necessidade de nehuma ajuda de mais sofrimento
Aqui, não! Amontoe tudo em lugar mais reservado, foi as nova ordem do siô clemente, não preciso dos olhos do padre José ou do nariz do Pereira nesse carregamento. E fica melhor guardado, o siô padre josé recebia uspretu emprestado pra sua obra da construção. vivia atormentado pelas demora de ereção da casa santa com as duas torre, angustiado com os sobressalto de paciência qui precisava tê. o pereira era o chefe de instrução e vigilância das educação servida na villa, como num tinha muito qui fazê, ele ocupava seu tempo nos cuidado do bão proveito da madeira nas casa da villa. gente de importância e cobiça gosta de acumulá mais duqui precisa. quanto mais abarrotado de cobiça mais tem linha direta com algum chefe de mais importância. a cobiça é o siô controladô
nas costa do Josino escoava um suco avermelhado qui borbulhava água benta: sangue, suô salgado e dô. era só fazê a mão tocá as costa do negro, molhá a ponta dos dedo, fazê o siná da cruz e sê abençoado. o siô num creditava em benção nehuma e o Josino num queria sê valente. aquela água de benzedura se enfiô na terra. adubô o chão qui precisava dele, inda ia saí de lá expulso e agredido com as palavra feia do branco capetão
os risco na carne era fundo, cada talba qui subia no lombo esfregava os ferimento como farelo de vidro na carne. depois vinha o suô salgado. ele ficava todo ardido. os golpe das talba na alma, a tristeza daquela confusão de vida, tudo isso ficava misturado com a canseira e as dô da saudade. num tinha uqui fazê, num tinha uqui reclamá. ninguém pra lhe ajudá, nem padre, nem doutô, nem coroné. num conhecia branco qui num queria tê um preto pra mandá. usqui num tinha sonhava tê. eles inda sonha com a volta no passado, e diz qui é meió, vai meiorá, Cuidado, mifioneto, dessa gente satisfeita com sua vida nas sombra, eles num pensa qui tem qui havê algo pra iluminá sua vida. Se ocê deixa eles falá na vontade própria, inda faz ocê creditá qui ocê é a sombra.
no fim daquele dia, o empilhamento tava feito. cuspiu nas mão calejada, esfregô uma mão cuspida na outra, fez um suspiro com careta e oiô no céu qui tinha chegado a hora de voltá. ele só tinha no pensamento as ideia de saí correndo pra agarrá sua milagre. usá as força qui guardô só pra ela, Minha preta, tô chegando, assoprava no vento qui ia na frente. ele pedia pra Oiá avisá da sua chegada
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