quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Poesia Africana: Vadinho Velhinho (Cabo Verde)

Poesia Africana  - 05




E SÓ NESSE DIA OUTRO BORGES NÃO SERÁS



Nos teus deslumbrados olhos um tigre inteiramente doirado
E um outro inteiramente preto disputam os anjos


De Blake. Frios, esperam os espelhos que acordes
Para que te nomeiem. Já não sabe o labirinto


Nem o sul e as pampas ou o degolado templo
De Dagon o sabem — do antigo e secreto caminho


Que a teus olhos de volta conduz. A mão dita-te
O epitáfio e lê-te a rosa o esquecimento qu’inda luz.


O caixão, que por Genebra ninguém viu passar, cru
Levam-no Muraña e, reconciliados, os irmãos Iberra.


Um dia, quando do teu sono acordares, Georgie,
Banhada em êxtase e tango, terás defronte a ti, sob a Lua,


Um infame, um vil, a limpar-te na glande o resto do sêmen
Com uma navalha que a mais nenhuma mão obedecerá.






MÁSCARAS



De que fingimos
Não se dão conta
As Máscaras


Para coisas maiores
Foram feitas






UM POETA FALANDO A NIETZCHE



Deus morreu,
Nietzsche,
Mas no teu interior,
Dentro de ti,
Está mais vivo do que nunca.
Mil vezes mais vivo.


Disso eu sei porque
De vocês os dois
Sou eu a sepultura.



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