quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O amô qui se carrega nos bolso

Ensaio 24B
baitasar
O siô Menino avançava pela rua da Praia, os passo aumentava sem tê conta disso, é sempre assim, quando se tá indo pelo prazê de tá indo, o caminho é mais comprido, fica mais crescido e a vontade de chegá é maió  qui a decisão de caminhá. O amô se derrama a cada passo, o coração acelera. E o amô é o coração. A saudade súbita do espírito faz da estrada uma longa estrada. O siô queria sê o vento nas árvore derrubando as folha, era preciso sê mais rápido qui os passo pra encurtá o tempo e diminui a distância.
O assovio avivava, ia antes dos passô do siô.
Enfiava e desenfiava as mão nos bolso das calça. Pensô se devia deixá um bigode se alargá embaixo do nariz, resmungo qui teria onde colocá os dedo pra desviá atenção do nervosismo das mão, acomodaria uns carinho nele mesmo, mudaria as máscara. Tinha os motivo pra tê o bigode, mais não era o tempo de decidí. Aumentô os passo e diminuiu o assovio. O decisório sobre o bigode deixava pra depois, não se toma por decidido no caminho de tanta agitação, resolvê tê bigode é decisório sério, muda té os feitio de conversá. Isso é depois, agora é outra trama.
Deixô o faro desembuchá, seguia na frente das vista, quase juntinho do assovio, o tino do nariz alargava a trilha. Foi quando pressentiu os perigo da obra santa, diminuiu os passo, parô o assovio, levô a mão direita té a testa, a esquerda ficô trancada no bolso, depois a direita foi no peito, ombro esquerdo, por fim de todo aquele respeito, no direito, Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Amém.
Atravessô a frente da obra protegido, acreditava qui tava apadrinhado, Afinal, o amparo do custeio que a obra recebe, um bom pedaço é do meu ajutório, está certo que um bocadinho carrego de volta, mas o que fica deve ter algum valor na confiabilidade do céu.
Malandro agoniza, mais não morre.
Voltô a apressá a caminhadura, fungô as venta e aguçô as ferramenta dos ouvido, tinha puxado o aroma do bom lugá, era farejadô de moça muito bem treinado, O gato mia, o boi muge, o leão ruge, o Menino assovia, não tenho cadeias nos tornozelos e nas mãos, sinhá puta Maria Cobra, dona das moças mais tenras e animadas da Vila, o arrendador está chegando, mal terminô de se anunciá pra ele mesmo, dobrô na rua Sete Pecados, largada atravessada entre a rua da Praia e a rua Formosa, sentiu qui tava em casa. Começô brotá os pensamento mais desaforado qui lhe cabia cismá, como fosse da missa a reza e o ofertório, O entusiasmo da vida e as confusões da mentira se vive com atrevimento desavergonhado, sem pena de não ser mais um cordeiro da carnificina, mas é preciso rezar pedindo para ficar sem remorso e sem pecado, amém.
Esfregô as mão e entrô sem batê, nunca deixô sê anunciado na casa, gostava de chegá desavisado, o maravilhamento da intimidade sem-pudor, o portal da sem-vergonhice, a nudez de atrevimento das moça
—        Meninas, chegô o conde Humaitá! — mais o anúncio da Maria Cobra colocava a casa em alvoroço, gostava de usá a titulação da nobreza, dava mais respeito pros negócio, depois recomendava — Ele precisa sê cuidado com mais atenção, afinal, é da nobreza.
O conde fazia o divertimento do gracejo parecê lhe incomodá, mais se parecia com a cadela vira-lata Poesia, atirada no chão, as patinha erguida, esperando agrado de meiguice na barriga, vez qui outra recebia o agrado e mijava no ladrilho de terra, latia, mais não mordia
—        A dona moça sempre de exagero.
Maria Cobra fez jeito de seriedade, té pareceu incomodada, como se fosse fazê discurso na tribuna dos representante, gingô o corpo de um lado pra outro, pareceu qui ia montá o conde, falô devagá, aveludô a voz
—        Tudo pra lhe deixá com o contentamento adocicado.
O conde tava como a cadela Poesia, deitado de costa, as patinha erguida, a língua de fora e os olhinho fechado, louco qui as mão das moça desabotoasse suas calça, doido pra se mijá
—        A dona moça me exagera com seus mimos.
Entregou-se
—        O conde Humaitá merece o gosto do doce na boca.
Maria Cobra ofereceu uma tábua de cortá carne com pedaço da rapadura do melado, junto ofereceu o decote do vestido qui male-male cobria os biquinho dos peito
—        Pra comecá lhe tirar o azedume da rua e prepará para os quitutes da casa.
O conde pediu o melhó dos vinho qui tinha na casa, sem desgrudá as vista dos peito derramando pra fora do vestido, não queria elogiá antes das mão tocá nem queria perdê das vista.  
O Raposa chegô com o vinho, vinha tocando sua gaita de boca, colocô o garrafão na mão do siô. O conde olhô o vidro, depois fez gesto de cheirá o vinho, pareceu aprová o gosto do cheiro, té qui virô no copo da Maria Cobra e na sua caneca, entregô o vinho pro Raposa e ordenô qui todos fosse servido — Abra esse, também! — tirô do bolso na casaca o vinho da degola na Irmandade — Minha pequena contribuição para o nosso recomeço.
A casa tava cheia
—        Quando terminarem pode abrir outro.
As menina tinha gosto de brincá com o conde, fazê festa das boas-vinda
—        O conde chegou! O conde chegou!
O siô Menino olhô no redó e reparô qui a movimentação tava grande, o entra e sai dos quarto não deixava as menina pará. Maria Cobra parecia tê reunido os homem de importância da Vila na sua casa de pecado. Ela usava os cliente pra não tê incomodação, tinha menina qui fazia o serviço de atendimento na casa do freguês, Se a montanha não sai do lugá, o jeito é caminhá até a montanha
—        Boas noite, sinhô conde...
—        Boas noite, delegado! — precisava lembrá de investigá como o delegado degoladô lhe tomou a frente, Não vou perder tempo com investigação do delegado, por hora, que tenho afazeres dos mais apetitosos para apreciar.
Ele dormia vez qui outra com a dona do seu título, dizia, no bem da verdade, na maioria das vez, teve gosto de deitá com siá Casta, Mas lhe falta uns desatino das puta, no fim e ao cabo de tudo, todo mundo perdia e ganhava, umas tinha e outras não tinha o tal dos desatino, umas tinha e outras não tinha o brio da fidalguia, não se pode ter tudo em tudo.
As mão do conde fervia, o coração acelerava, tava impacientado, as vista ia e vinha nas menina, era o desassossego das vontade, a siá Casta havia de lhe perdoá. Maria Cobra pediu qui o preto Raposa tocasse mais alto e pulô no colo do conde, grudô a boca na boca do conde
—        O que o conde procura?
O conde agarrô suas anca, as duas mão prendeu com força um lado e outro da Maria Cobra, sentiu os dedo enfiado nas carne da mulhé, viu qui os biquinho se arrepiavam junto com os pelo do braço, Isso não tem preço, pensô e quase qui viu os brio lhe dando umas piscadela
—        O conde não faz ideia de quantas vezes agarram o meu traseiro...
—        Lhe agarram assim?
—        Às vezes, mas o conde não tá atrás do meu traseiro.
Pronto, chegô a hora de dizê a razão da vontade de tê vindo
—        Não vi a pretinha nem a alemoinha... tão de atendimento, suponho... é uma pena...
A mulhé lhe acariciava o rosto com os biquinho
—        Não, conde... elas foram pro resguardo.
—        Adoeceram? — as vista do siô entristeceram de verdade, tinha muito causo de alegria com as menina, gostava de sê servido pela preta e a branca, apreciava serví a preta e a branca
—        Não! — a Maria Cobra bateu com os nó dos dedo na madeira e cuspiu no chão, procurava fazê o espanto do azá da palavra mal falada do conde, toc toc toc — Esconjura o satanás!
Fez o sinal da sorte por três vez, repetia qui não era supersticiosa, mais qui precisava revertê os acontecimento negativo. O mau agouro não pode deixá de sê eliminado, jogado pra fora. Não gosta de desafiá o destino
—        É coisa mais simples. Quando chegô o noticiário que o conde andava nas rua da Vila, elas foram se guardá pra sua visitação.
A condessa das puta levantô
—        Na dúvida, se o sinhô Menino aparecia ou não aparecia, acharam melhó ficá guardadas: paciência e fé.
O conde Menino abriu o sorriso escancarado da satisfação, esse pensamento cuidadoso merecia uma recompensa — Amanhã, ordeno que o escravo Josino traga algumas estampas de tecido, as meninas escolhem no seu gosto.
O amô do conde não se derrama em verso, não lembra o qui pensa antes de abrí as vista do sono, faz um tempo danado qui não tem sonho, ele carrega o amô nos bolso

—        Vai mandar as meninas?
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Ensaio 23B - Uma garrafa de vinho

Ensaio 25B - O Poesia

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