Ensaio 24B
baitasar
O siô Menino
avançava pela rua da Praia, os passo aumentava sem tê conta disso, é sempre
assim, quando se tá indo pelo prazê de tá indo, o caminho é mais comprido, fica
mais crescido e a vontade de chegá é maió qui a decisão de caminhá. O amô
se derrama a cada passo, o coração acelera. E o amô é o coração. A saudade
súbita do espírito faz da estrada uma longa estrada. O siô queria sê o vento
nas árvore derrubando as folha, era preciso sê mais rápido qui os passo pra
encurtá o tempo e diminui a distância.
O
assovio avivava, ia antes dos passô do siô.
Enfiava
e desenfiava as mão nos bolso das calça. Pensô se devia deixá um bigode se
alargá embaixo do nariz, resmungo qui teria onde colocá os dedo pra desviá
atenção do nervosismo das mão, acomodaria uns carinho nele mesmo, mudaria as
máscara. Tinha os motivo pra tê o bigode, mais não era o tempo de decidí.
Aumentô os passo e diminuiu o assovio. O decisório sobre o bigode deixava pra
depois, não se toma por decidido no caminho de tanta agitação, resolvê tê
bigode é decisório sério, muda té os feitio de conversá. Isso é depois, agora é
outra trama.
Deixô
o faro desembuchá, seguia na frente das vista, quase juntinho do assovio, o
tino do nariz alargava a trilha. Foi quando pressentiu os perigo da obra santa,
diminuiu os passo, parô o assovio, levô a mão direita té a testa, a esquerda
ficô trancada no bolso, depois a direita foi no peito, ombro esquerdo, por fim
de todo aquele respeito, no direito, Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito
Santo. Amém.
Atravessô
a frente da obra protegido, acreditava qui tava apadrinhado, Afinal, o amparo
do custeio que a obra recebe, um bom pedaço é do meu ajutório, está certo que
um bocadinho carrego de volta, mas o que fica deve ter algum valor na
confiabilidade do céu.
Malandro
agoniza, mais não morre.
Voltô
a apressá a caminhadura, fungô as venta e aguçô as ferramenta dos ouvido, tinha
puxado o aroma do bom lugá, era farejadô de moça muito bem treinado, O gato
mia, o boi muge, o leão ruge, o Menino assovia, não tenho cadeias nos tornozelos
e nas mãos, sinhá puta Maria Cobra, dona das moças mais tenras e animadas da
Vila, o arrendador está chegando, mal terminô de se anunciá pra ele mesmo,
dobrô na rua Sete Pecados, largada atravessada entre a rua da Praia e a rua
Formosa, sentiu qui tava em casa. Começô brotá os pensamento mais desaforado
qui lhe cabia cismá, como fosse da missa a reza e o ofertório, O entusiasmo da
vida e as confusões da mentira se vive com atrevimento desavergonhado, sem pena
de não ser mais um cordeiro da carnificina, mas é preciso rezar pedindo para
ficar sem remorso e sem pecado, amém.
Esfregô
as mão e entrô sem batê, nunca deixô sê anunciado na casa, gostava de chegá
desavisado, o maravilhamento da intimidade sem-pudor, o portal da
sem-vergonhice, a nudez de atrevimento das moça
— Meninas, chegô o conde Humaitá! — mais o
anúncio da Maria Cobra colocava a casa em alvoroço, gostava de usá a titulação
da nobreza, dava mais respeito pros negócio, depois recomendava — Ele precisa
sê cuidado com mais atenção, afinal, é da nobreza.
O
conde fazia o divertimento do gracejo parecê lhe incomodá, mais se parecia com
a cadela vira-lata Poesia, atirada no chão, as patinha erguida, esperando
agrado de meiguice na barriga, vez qui outra recebia o agrado e mijava no ladrilho
de terra, latia, mais não mordia
— A dona moça sempre de exagero.
Maria
Cobra fez jeito de seriedade, té pareceu incomodada, como se fosse fazê
discurso na tribuna dos representante, gingô o corpo de um lado pra outro,
pareceu qui ia montá o conde, falô devagá, aveludô a voz
— Tudo pra lhe deixá com o contentamento
adocicado.
O
conde tava como a cadela Poesia, deitado de costa, as patinha erguida, a língua
de fora e os olhinho fechado, louco qui as mão das moça desabotoasse suas calça,
doido pra se mijá
— A dona moça me exagera com seus mimos.
Entregou-se
— O conde Humaitá merece o gosto do doce na
boca.
Maria
Cobra ofereceu uma tábua de cortá carne com pedaço da rapadura do melado, junto
ofereceu o decote do vestido qui male-male cobria os biquinho dos peito
— Pra comecá lhe tirar o azedume da rua e
prepará para os quitutes da casa.
O
conde pediu o melhó dos vinho qui tinha na casa, sem desgrudá as vista dos
peito derramando pra fora do vestido, não queria elogiá antes das mão tocá nem
queria perdê das vista.
O
Raposa chegô com o vinho, vinha tocando sua gaita de boca, colocô o garrafão na
mão do siô. O conde olhô o vidro, depois fez gesto de cheirá o vinho, pareceu
aprová o gosto do cheiro, té qui virô no copo da Maria Cobra e na sua caneca, entregô
o vinho pro Raposa e ordenô qui todos fosse servido — Abra esse, também! — tirô
do bolso na casaca o vinho da degola na Irmandade — Minha pequena contribuição
para o nosso recomeço.
A
casa tava cheia
— Quando terminarem pode abrir outro.
As
menina tinha gosto de brincá com o conde, fazê festa das boas-vinda
— O conde chegou! O conde chegou!
O
siô Menino olhô no redó e reparô qui a movimentação tava grande, o entra e sai
dos quarto não deixava as menina pará. Maria Cobra parecia tê reunido os homem
de importância da Vila na sua casa de pecado. Ela usava os cliente pra não tê
incomodação, tinha menina qui fazia o serviço de atendimento na casa do
freguês, Se a montanha não sai do lugá, o jeito é caminhá até a montanha
— Boas noite, sinhô conde...
— Boas noite, delegado! — precisava lembrá
de investigá como o delegado degoladô lhe tomou a frente, Não vou perder tempo com
investigação do delegado, por hora, que tenho afazeres dos mais apetitosos para
apreciar.
Ele
dormia vez qui outra com a dona do seu título, dizia, no bem da verdade, na
maioria das vez, teve gosto de deitá com siá Casta, Mas lhe falta uns desatino
das puta, no fim e ao cabo de tudo, todo mundo perdia e ganhava, umas tinha e
outras não tinha o tal dos desatino, umas tinha e outras não tinha o brio da
fidalguia, não se pode ter tudo em tudo.
As
mão do conde fervia, o coração acelerava, tava impacientado, as vista ia e
vinha nas menina, era o desassossego das vontade, a siá Casta havia de lhe
perdoá. Maria Cobra pediu qui o preto Raposa tocasse mais alto e pulô no colo
do conde, grudô a boca na boca do conde
— O que o conde procura?
O
conde agarrô suas anca, as duas mão prendeu com força um lado e outro da Maria
Cobra, sentiu os dedo enfiado nas carne da mulhé, viu qui os biquinho se arrepiavam
junto com os pelo do braço, Isso não tem preço, pensô e quase qui viu os brio
lhe dando umas piscadela
— O conde não faz ideia de quantas vezes
agarram o meu traseiro...
— Lhe agarram assim?
— Às vezes, mas o conde não tá atrás do
meu traseiro.
Pronto,
chegô a hora de dizê a razão da vontade de tê vindo
— Não vi a pretinha nem a alemoinha... tão
de atendimento, suponho... é uma pena...
A
mulhé lhe acariciava o rosto com os biquinho
— Não, conde... elas foram pro resguardo.
— Adoeceram? — as vista do siô
entristeceram de verdade, tinha muito causo de alegria com as menina, gostava
de sê servido pela preta e a branca, apreciava serví a preta e a branca
— Não! — a Maria Cobra bateu com os nó dos
dedo na madeira e cuspiu no chão, procurava fazê o espanto do azá da palavra
mal falada do conde, toc toc toc — Esconjura o satanás!
Fez
o sinal da sorte por três vez, repetia qui não era supersticiosa, mais qui
precisava revertê os acontecimento negativo. O mau agouro não pode deixá de sê
eliminado, jogado pra fora. Não gosta de desafiá o destino
— É coisa mais simples. Quando chegô o
noticiário que o conde andava nas rua da Vila, elas foram se guardá pra sua
visitação.
A
condessa das puta levantô
— Na dúvida, se o sinhô Menino aparecia ou
não aparecia, acharam melhó ficá guardadas: paciência e fé.
O
conde Menino abriu o sorriso escancarado da satisfação, esse pensamento cuidadoso
merecia uma recompensa — Amanhã, ordeno que o escravo Josino traga algumas
estampas de tecido, as meninas escolhem no seu gosto.
O
amô do conde não se derrama em verso, não lembra o qui pensa antes de abrí as
vista do sono, faz um tempo danado qui não tem sonho, ele carrega o amô nos
bolso
— Vai mandar as meninas?
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