Josino: I - a aparição da vida
o balanço da rede
Ensaio 11j – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
ela pedia pra ele perdê o controle da sua natureza desnaturada disê inquietude e medo sem esperança, sofrimento embrulhado no porão do tumbêro na estrada das água, Pra quê, pra quê tudo isso – só assim pra animá a imaginação, voltá sê na rede de pedra cantoria e verso com rima –, ocê é a sua história esparramada na terra pelo vento das mata inté as água doce da sua Oxum. É só entregá ocê mesmo às vontade da vida desamarrada e desembrulhada.
num conseguia disfarçá sua vontade diquerê tudo com perfeição, num podia fugí daquela dança, num queria perdê mais qui já perdeu, queria tudo otra veiz, mais e mais, repetí aquela vontade didá e tê, oferecê e recebê inté a fartura qui num se termina no abraço destravado, queria vivê pra encorajá e reanimá, queria dinovo, dinovo e dinovo, queria dinovo inté ficá desmanchada em água, num ia desistí da vida e num ia esperá uqui vem depois
sentia as mão duseu hôme, o calô duseu abraço, a umidade da língua, a sua carne qui lhe entrava viva e teimosa, sorria de gratidão pra Oxum qui lhe tinha permitido aquele amô arteiro e mimoso, Num aproveitá tanto oferecimento seria uma desestima da vida, Uqui foi, muié, Nada, hôme. Só tava resmungando o meu contentamento.
usdois qui tinha parado de colocá as palavra na boca, usava o silêncio pra fazê milagre sem nehuma ordem, lição ou sermão – essa coisa enjoativa qui precisa ficá ouvindo sem podê falá, sem querê escutá –, apenas se provocando, ele sabia qui aquela muié num precisava sê desafiada, mais gostava disê encantada, Eu sô a tentação do apetite mais a vontade pra comê, Ocê é a pintura das coisa boa da vida, Bobice, meu hôme. Sua preta é as tinta colorida da vida, sem eu num tem pintura, num tem vida. As corrente amarra o corpo – quia brancura leitosa despreza pruqui qué se dona –, mais num acorrenta as vontade de lutá nem tira das lembrança o gosto da imaginação da primêra chuvarada das manga. O hôme e a muié preta junto ou ajuntado é alegria disê o nascimento da vida qui aprendeu sonhá pra num durumí. A certeza disê do povo baobá qui se alevanta nessa terra estrangeira. Nosso quefazê é derretê a dô na escuridão e fazê dela uma otra luta, um otro feitio divivê, uma otra luz.
a muié balançô na rede de pedra, deu balanço no próprio corpo, inté qui josino ficô estufado e num conseguiu mais deixá guardado os gemido qui deixava trancado um dia depois dotro, uma noite depois dotra, escapava baixinho, inté parecia um choro, um arrependimento, Minha preta me perdoa, num foi pressa e num foi descuido, Qui tanto ocê se desculpa, ela fez cara de disfarce da brabeza, depois lhe sorriu com alegria
na rede tava dois corpo sem nó e sem amarra, Num se mexa, Nem quero e nem posso, Fique assim, o céu estrelado atráis do meu hôme esfomeado é munta buniteza divê. Agora, ocê fecha usóio e faz como o guanumbi, beija a flô e bebe da doçura enquanto lhe cuido, Tão bão, Assim, assim, assim tumbém é bão, solta o amô como o vento no meio das fôia e dos ramo.
a ventania tem a sua obrigação e tráis mudança, mais num acaba com a vontade da vida, num deve tê coisa qui sustenta meió a vida quiu balanço da rede
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é bão lê tumbém se quisé...
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histórias de avoinha: Josino (I04j - quando vai mudá?)
histórias de avoinha: Josino (I05j - o fogo nas gota do choro)
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histórias de avoinha: Josino (I08j - assopre as estrela, tumbém)
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