hipócrita, egoísta e cega d’ódio
Ensaio 127Bzq – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
quanto mais pra frente, no tempo quitá pra chegá, pôco das coisa vai mudá prus fiu dusfiu dusiô augusto, é assim mesmo, miúdo bem ensinado pra latí e mordê vai tá sempre correndo atráis do osso, eles vai dizê qui nos dia diantes era assim, e se assim foi é preciso continuá, Não tem porque mudar. A negrada não é gente! Foi trazida com o propósito de servir, e assim vai continuar. É bem feito! Eles não têm qualificação e as negrinhas o que têm de bom e gostoso nem é bom comentar. Não têm moral, não têm cultura decente e não fazem nada importante, pelo contrário, ignorantes, preguiçosos e maliciosos, vivem de fazer feitiço. O melhor de tudo é que assim o trabalho sujo é da negrada. Juro que eles não têm estômago. Estão tão acostumados. É um nojo! Não se importam de voltar para suas senzalas com os pés churriados, as unhas impregnadas da sujidade, exalando um odor fétido, atraindo moscas ávidas e felizes, um festim de suor e fedor. Tenho nojo e medo ao mesmo tempo. Espero que queimem no fogo do inferno! Deus nos livre! Enterrar e misturar no lixão da cidade vai dar no mesmo e não se perde tempo nem receita.
a brancura vai continuá defendendo as regalia qui tem com tudo qui tá nas mão pra usá: as lei feita pela brancura pra ajustá meió o abuso, o uso e o aproveitamento duspretu obrigado dipassá naquela vida da miséria e escravidão, Todo negro fujão achado que se ponha com fogo uma marca em uma espádua com a letra F, e que quando for executada essa pena, for achado com a mesma marca, se lhe cortará uma orelha; tudo por simples mandado do juiz de fora, ou ordinário da terra ou do ouvidor da comarca, sem processo algum e só pela notoriedade do fato, logo que for trazido, antes de entrar para a cadeia, as pulícia tumbé era destacada, selecionada, ensinada, nomeada e marcada pra fazê uso das lei da brancura, em nome da brancura, pra protegê os ganho da brancura
tudo já tinha dono: os meió lugá pra vivê, as meió coisa ditê, a villa risonha num ia deixá difazê uso duspretu nem índio ou desafortunado desdentado pra continuá risonha, pra continuá à vontade com as caridade faz-de-conta, as mentira deslavada, malvada e desalmada
mesmo muntu tempo pra frente, uspretu vai tê precisão pra prestá tenção nuseus modo pra dizê uqui pensa – caso tenha permissão pra falá –, nuseus modo pra caminhá, pra corrê, a brancura num consegue evitá disê uquié: hipócrita, egoísta e cega d’ódio, num consegue impedí quiatitude escondida escorregue no meio dusdedo, fingindo qui num sabe nada duqui contece, na verdade, essa gente do bem – quióia pra quem faz o bem – só tomatitude caso o mau, a doença ou a desavença chega nela, então, e só então, ela desmancha a cara de paisagi e toma coragi pra enfrentá o medo divê qui vivê junto na villa risonha num é vivê só pra ela mesma
a brancura vai continuá defendendo as regalia qui tem com tudo qui tá nas mão pra usá: as lei feita pela brancura pra ajustá meió o abuso, o uso e o aproveitamento duspretu obrigado dipassá naquela vida da miséria e escravidão, Todo negro fujão achado que se ponha com fogo uma marca em uma espádua com a letra F, e que quando for executada essa pena, for achado com a mesma marca, se lhe cortará uma orelha; tudo por simples mandado do juiz de fora, ou ordinário da terra ou do ouvidor da comarca, sem processo algum e só pela notoriedade do fato, logo que for trazido, antes de entrar para a cadeia, as pulícia tumbé era destacada, selecionada, ensinada, nomeada e marcada pra fazê uso das lei da brancura, em nome da brancura, pra protegê os ganho da brancura
tudo já tinha dono: os meió lugá pra vivê, as meió coisa ditê, a villa risonha num ia deixá difazê uso duspretu nem índio ou desafortunado desdentado pra continuá risonha, pra continuá à vontade com as caridade faz-de-conta, as mentira deslavada, malvada e desalmada
mesmo muntu tempo pra frente, uspretu vai tê precisão pra prestá tenção nuseus modo pra dizê uqui pensa – caso tenha permissão pra falá –, nuseus modo pra caminhá, pra corrê, a brancura num consegue evitá disê uquié: hipócrita, egoísta e cega d’ódio, num consegue impedí quiatitude escondida escorregue no meio dusdedo, fingindo qui num sabe nada duqui contece, na verdade, essa gente do bem – quióia pra quem faz o bem – só tomatitude caso o mau, a doença ou a desavença chega nela, então, e só então, ela desmancha a cara de paisagi e toma coragi pra enfrentá o medo divê qui vivê junto na villa risonha num é vivê só pra ela mesma
us muriquinhu qui vê num pode judá, Quiria pudê judá, Num tem uqui fazê, Iô sei, Uqui contece num é nosso, Iô sei, é dusvivo nascido.
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é bão lê tumbém:
histórias de avoinha: Sinto-me tão só
histórias de avoinha: um império invisível
histórias de avoinha: uma sombra sem corpo não cruza as pernas
histórias de avoinha: Bagaço hipócrita!
histórias de avoinha: a vaga de marido
histórias de avoinha: a lua na escuridão
histórias de avoinha: chegô no piano
histórias de avoinha: o silêncio no brejo dos pensamento
histórias de avoinha: borboleta preta
histórias de avoinha: Obrigada, Açunta!
histórias de avoinha: ôum velório de vida
histórias de avoinha: o feitiço das trança
histórias de avoinha: o siô ajeitado e as duas miúda
histórias de avoinha: Simão
mulheres descalças: é mansa...
mulheres descalças: Mas você devia!
mulheres descalças: Dez sacas, o amigo concorda?
mulheres descalças: café ralo e mandioca cuzida
mulheres descalças: o descuido da miúda
mulheres descalças: a traste
mulheres descalças: até quando
mulheres descalças: uma sombra silenciosa
mulheres descalças: a perigosa é ela
mulheres descalças: uma resposta deboche
mulheres descalças: gostar sem resistir
mulheres descalças: buraco do barranco
mulheres descalças: caridade é uma brisa morna
mulheres descalças: hipócrita, egoísta e cega d’ódio
mulheres descalças: a pulícia pública
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