Ensaio 83B – 2ª edição 1ª reimpressão
mais uma vida na barriga
o tabulêro num tinha feito nehum serviço de ajuda, tava pronto pra ajudá cuidá da vida. os caminhadô passava pra lá, voltava pra cá, e nada de pedí socorrimento. o tabulêro sabia esperá
os branco qui passava parecia num vê – num queria ou num sabia vê
os pretu titubiava – num sabia se parava ou num parava – num queria acordá os demônio pintado nas cabeça dos branco. eles qui jurava sê coisa do demônio os assunto proibido da feitiçaria dos pretu no tabulêro
liberata sabia qui o primêro causo com precisão de ajuda do tabulêro era coisa qui o tempo resolvia. depois do acerto e da cura alcançada as notícia da boca pra otra boca ia esparramá os anúncio da bondade feita e chamá os necessitado
o muriquinho num parava de saí do tabulêro pra inté a pedra e voltá. pediu permissão da liberata pra avisá os serviço de cura da avoinha e do tabulêro, Eu tenho um vozeirão, parece que Deus encolheu o meu tamanho, mas aumentou a força dos meus gritos.
Num tem precisão, neinhu. As coisa contece pruqui tem qui contecê.
reparô qui avoinha tava com um pano branco na cabeça, pruguntô do pano e escutô qui precisava tê mais cuidado de vê, A educação do neinhu tá muntu longe de sê boa. Senta e escuta.
Escutar o quê?
a preta levô o dedo inté a boca, Quieto. Agora é quando a boca num fala. Num diz nada, colocô a mão no peito e tirô um saco piquinino de pano branco qui tava guardado. num sabe como ela fez nem quando fez, mais avoinha tava toda com vestido branco, num foi assim qui ela saiu e num foi assim qui ela chegô: toda de branco das cabeça inté os pé
É veiz de pensá nos sofrido qui tá na volta da pedra dos martírio. É muntu padecimento, munta tristeza, muntu castigo, munta tontura. É bão pedí ajuda pra cortá as coisa ruim, desmanchá as maldade no corpo e os encosto dos espritu ruim, retirá as maldade da gente ruim.
colocô cinza e sal grosso numa cabaça de barro piquinina, e repetiu
a rezadêra e a mesa tava feita, era só esperá
E eu?
Ocê u qui?
O quê eu faço?
os dois tava com o mesmo tamanho. ela com os joêio fincado na mesa, ele todo espichado com os pé arrimado na terra. a curandêra preta oiô direto nos óio do muriquinho, tava tão encharcada com a luz da humildade qui se pareceu como uma rocha imensa. tava animada prus mais fraco, avisava qui ninguém tá sozinho no mundo dos vivo nem dos espritu, é munto mais bão entendê qui julgá. o neinho tava se descobrindo no lugá certo. fez silêncio. o silêncio qui qué aprendê é diferente do silêncio qui qué se escondê
É bão o neinhu tê carregado muntu pensamento bão, isso vai fazê as coisa boa e os espritu bão aproximá do neinhu. É muntu bão tá cercado da dominação da boa vontade boa. As coisa ruim do egoísmo chama pra perto as coisa ruim qui tá solta em tudo. Essas coisa ruim usa qualqué fresta pra tormentá as pessoa. Num deixa de usá as cisma ou os receio do neinhu pra num deixá passá as coisa qui num é bão pra vida. E se passá dos cuidado feito, é bão num deixá elas grudá.
E o que fazemos agora?
a preta qui num tirava os óio da vida e a atenção de escutá sorriu da purugunta. ele tava aprendendo. o muquinho tava se ensinando. repetiu
É bão dá atenção de vivê a vida pra toda vida qui a vida tem. Num é fácil, é mais à toa falá qui fazê, precisa tá carregado com muntu pensamento bão. É preciso lutá com generosidade e ternura pela vida de toda vida, isso faz as coisa boa e os espritu bão se juntá na luta. É bão tá cercado com as força da boa vontade, mais é ocê qui precisa fazê a boa luta. As coisa ruim do egoísmo chama pra perto as coisa ruim qui tá solta em tudo. Escuta com atenção, muriquinhu...
Pode falar, avoinha. Estou escutando.
É preciso escutá com bondade, e repetiu, num deixa as coisa ruim grudá em ocê, avoinha deixô a voz menó qui podia, ficô um murmúrio, u muriquinhu faça as reza e as mandinga qui achá qui é bão fazê, mais num esquece do retorno. As intenção volta em tudo sobre o mandiguêro... mais cedo ou tarde.
o muriquinho num falava e num respirava, ele encontrô o gosto de aprendê qui tanto procurô. num queria nem piscá
Ô muié!
os dois levô o mesmo susto. eles tava ali pra sê chamado, pra atendê os chamado, mais os pensamento dum e otro tava todo nos assunto dito, as pessoa da volta num tava nas vista do encantamento. liberata foi qui recuperô a atenção primêro. e respondeu
Quem é qui chama esse chamado de urgência?
abriu os óio qui tava aberto dentro dos pensamento pra vê fora
Eu aqui, a muié qui respondeu num precisô se fazê recomendada
Baronesa!
o muriquinho caminhô um qui otro passo pra trás, mais num tirô as vista da visita, era munto linda. os pensamento qui tinha tava no feitio de oiá, as palavra saia pelas vista, É linda! Eu queria crescer. Aham, eu queria ser muito poderoso e muito rico
Levei um susto quando vi a preta Liberata com um tabuleiro de remédios caseiros estendido na rua, sentada nas pedras do chão. Resolvi pará, sabê o que acontece.
a otra se riu dum jeito alegre qui o muriquinho ficô espantado
A neinha ainda tem?
Tenho.
Pois, eu duvido.
Não duvide.
Então, mostre...
a visita colocô a mão no cavado do vestido qui num deixava os peito se derramá, tirô uma boneca preta piquininina de pano
Não perdi.
E num esqueceu.
baronesa é o chamamento qui as pessoa dá nas rua. o nome da baronesa é otro. recebeu depois qui desceu do negrêro e foi batizada, ficô catita. o nome da catita é otro. recebeu quando nasceu nas terra da sabedoria do baobá. ayomide. minha alegria chegô
ayomide catita baronesa
treis numa só. sentada na frente da liberata tava as treis, mais falava a muié sem casá do barão da guarda qui guarda as arma na entrada da villa, pra quem vem das banda da gravataí. o amô dos dois era munto visto, mais num tinha como a preta catita casá nas igreja dos branco. num tinha como casá com o barão das entrada dos lado da gravataí. um amô consumado na cama, mais jamais marcado no papel
E a Baronesa tá pra cá fazendo visita?
a preta catita vestia as curva do corpo com os vestido fino das branca, usava com mais elegância e buniteza qui as moça branca. guardô sua abayomi nas curva do cavado nos peito
Caminhava arrumando os pensamentos. Mas encontrá ocê, Liberata, foi como tê minhas preces atendidas. Posso tomá aconselhamento?
as duas oiava uma e otra com graça, alegria e munta saudade das terra de longe. o muriquinho tava na distância do silêncio encantado. as duas conhecia mais da vida qui ele, recém chegado lá da frente dos dia qui tava pra chegá, o futuro quase sempre num sabe explicá o qui se passô. avançá num qué dizê sabedoria, num qué dizê avanço
Fico feliz no caso de podê ajudá.
Sinto que aqui é um bom lugá de conforto. É bom sabê procurá.
liberata estendeu os dois braço pra sua menina de sofrimento no barco negrêro
Quem procura acha, Ayomide.
Mas tem vez que só encontrá não basta, Adebanke.
deus tá cuidando dela. liberata fechô as vista pra lembrá do nome qui é seu desde munto tempo e foi silenciado
Eu sei. Tomo muntu cuidado com u qui procura sarna pra coçá... inté achá, só pra tê o gosto de reclamá.
as duas riu pra cima, pru alto, mais alto qui alto, riu munto alto, a etiqueta das rua num deixava as muié pru alto, mesmo se fô muié preta. inda mais duas preta. uma fôrra, uma escrava
É isso, os aconselhamentos bons estão soltos em tudo. E os ruins, também. É preciso escolhê. Cada um escolhe se vai querê os bons ou aqueles que não são bons. Cada um escolhe a vida que vai tê. Escolhê é a maió liberdade que pode existí.
É isso, prus qui pode fazê de juntá ou separá os juízo qui tem, é pena qui esse juízo num é prus pretu. Escravo com juízo obedece. Mais a preta Catita, pelo visto e num visto, tá muntu bunita no embruio das branca.
o rabicho das vista se encontrô na metade da ida e vinda dos óio, otro riso alto. depois, o silêncio caiu nas duas, o riso parô
Liberata, preciso ajuda da amiga.
pedido assim num pede riso, qué atenção e cuidado
O qui fô preciso, Ayomide.
o silêncio entre as duas num tava vazio, nunca teve desocupado ou despovoado
O Barão... Adebanke.
liberata fechô os óio e esperô. ela sabia qui as pessoa qui tem mais curiosidade qui vontade de ajudá é um balão de sabedoria cheio de vento. e se rompe em ventania no primêro espinho. as palavra qui precisava sê dita carecia sê bem escutada, num queria sê atrapaiada pela mesma curiosidade do sonâmbulo qui faz dormindo o qui faz. e num lembra qui fez. sentiu qui catita tinha urgência da tranquilidade qui espera a continuação das palavra saí pra fora, no tempo do próprio tempo
o muriquinho tava no seu tempo de oiá a buniteza da visita. e só vê buniteza. sentô na pedra. os pensamento num parava de vê a buniteza vestida qui ele teimava desvestí, sem pedí ou puruguntá se ela queria, Branco, filho-da-puta, está comendo bem. Quero mais que a Liberata não ache solução e você morra podre
A urina do Barão está com a cô do leite.
a preta liberata num podia evitá de mostrá o seu próprio alívio, o sofrimento da doença tava no branco, num tava na sua neinha, Essas coisa tem conserto. Num é fácil, mais tem ajuda.
Nunca vi nada assim...
o muriquinho sorriu prus pensamento, Mijo branco, esse está fodido. Espero que morra logo. Essa boniteza merece coisa melhor.
E ocê, muriquinhu... é bão arrancá essa maldade de ocê, o muriquinho levô susto de escutá avoinha dentro da sua cabeça, atravessada nas conversa dele com ele mesmo, a vida existi pruqui ocê existi, mais ocê só existi pruqui a vida existi. Cuide da sua vida, sim. Mais ajude cuidá da vida de tudo qui é vida. Num precisa tê medo, num dói. É preciso aprendê assobiá e falá as língua da vida
Avoinha vai oferecer ajuda para o branco que mata e bate nos pretos. Vai oferecer a outra face para levar outra marca.
Num fui oferecê, mais num posso virá as costa pru pedido feito. Vida é só vida se ocê num abrí o seu quarto piquinino dos fundo pra vivê o verão. Quanto mais ocê cuida só da sua vida, menos vida ocê tem, e mais vazio fica o seu silêncio
Nunca vi nada assim...
A Catita precisa ficá calma. O segredo da cura, caso tenha, e nem tudo tem cura, é conhecê as doença. Aprendê dos remédio é fácil, mais oiá pra doença e sabê dizê o nome dela num é pra intrometido.
as duas tava sentada nos garrão, os joêio dobrado na mesa. o tabulêro entre as duas
E a amiga pode dizê o nome do mal que acomete o Barão?
as vista num desviava duma notra, elas sabia qui o tempo da vida é a vida
Pode sê qui posso, pode sê qui num posso. A baronesa precisa respondê uma qui otra resposta.
Pois, pergunte.
o silêncio da avoinha nunca tava vazio
Ayomide credita em sonho?
a muié num sabia dizê, tanto tempo qui a neinha ayomide virô uma boneca de pano
Não sei, Adebanke. E a mulher preta curandeira sonha?
Tive um sonho.
E que sonho foi esse?
No sonho eu tava com mais uma vida na barriga.
Histórias de avoinha: a vida num tem mais vida qui a vida
Ensaio 82B – 2ª edição 1ª reimpressão
Histórias de avoinha: um mundo sem dono num precisa chefiaEnsaio 84B – 2ª edição 1ª reimpressão
mais uma vida na barriga
baitasar
o tabulêro num tinha feito nehum serviço de ajuda, tava pronto pra ajudá cuidá da vida. os caminhadô passava pra lá, voltava pra cá, e nada de pedí socorrimento. o tabulêro sabia esperá
os branco qui passava parecia num vê – num queria ou num sabia vê
os pretu titubiava – num sabia se parava ou num parava – num queria acordá os demônio pintado nas cabeça dos branco. eles qui jurava sê coisa do demônio os assunto proibido da feitiçaria dos pretu no tabulêro
liberata sabia qui o primêro causo com precisão de ajuda do tabulêro era coisa qui o tempo resolvia. depois do acerto e da cura alcançada as notícia da boca pra otra boca ia esparramá os anúncio da bondade feita e chamá os necessitado
o muriquinho num parava de saí do tabulêro pra inté a pedra e voltá. pediu permissão da liberata pra avisá os serviço de cura da avoinha e do tabulêro, Eu tenho um vozeirão, parece que Deus encolheu o meu tamanho, mas aumentou a força dos meus gritos.
Num tem precisão, neinhu. As coisa contece pruqui tem qui contecê.
reparô qui avoinha tava com um pano branco na cabeça, pruguntô do pano e escutô qui precisava tê mais cuidado de vê, A educação do neinhu tá muntu longe de sê boa. Senta e escuta.
Escutar o quê?
a preta levô o dedo inté a boca, Quieto. Agora é quando a boca num fala. Num diz nada, colocô a mão no peito e tirô um saco piquinino de pano branco qui tava guardado. num sabe como ela fez nem quando fez, mais avoinha tava toda com vestido branco, num foi assim qui ela saiu e num foi assim qui ela chegô: toda de branco das cabeça inté os pé
É veiz de pensá nos sofrido qui tá na volta da pedra dos martírio. É muntu padecimento, munta tristeza, muntu castigo, munta tontura. É bão pedí ajuda pra cortá as coisa ruim, desmanchá as maldade no corpo e os encosto dos espritu ruim, retirá as maldade da gente ruim.
colocô cinza e sal grosso numa cabaça de barro piquinina, e repetiu
Vamo chamá santé na calunga,
oiá este camba
qui é fiu dus espritu
fiu de Umbanda
a rezadêra e a mesa tava feita, era só esperá
E eu?
Ocê u qui?
O quê eu faço?
os dois tava com o mesmo tamanho. ela com os joêio fincado na mesa, ele todo espichado com os pé arrimado na terra. a curandêra preta oiô direto nos óio do muriquinho, tava tão encharcada com a luz da humildade qui se pareceu como uma rocha imensa. tava animada prus mais fraco, avisava qui ninguém tá sozinho no mundo dos vivo nem dos espritu, é munto mais bão entendê qui julgá. o neinho tava se descobrindo no lugá certo. fez silêncio. o silêncio qui qué aprendê é diferente do silêncio qui qué se escondê
É bão o neinhu tê carregado muntu pensamento bão, isso vai fazê as coisa boa e os espritu bão aproximá do neinhu. É muntu bão tá cercado da dominação da boa vontade boa. As coisa ruim do egoísmo chama pra perto as coisa ruim qui tá solta em tudo. Essas coisa ruim usa qualqué fresta pra tormentá as pessoa. Num deixa de usá as cisma ou os receio do neinhu pra num deixá passá as coisa qui num é bão pra vida. E se passá dos cuidado feito, é bão num deixá elas grudá.
E o que fazemos agora?
a preta qui num tirava os óio da vida e a atenção de escutá sorriu da purugunta. ele tava aprendendo. o muquinho tava se ensinando. repetiu
É bão dá atenção de vivê a vida pra toda vida qui a vida tem. Num é fácil, é mais à toa falá qui fazê, precisa tá carregado com muntu pensamento bão. É preciso lutá com generosidade e ternura pela vida de toda vida, isso faz as coisa boa e os espritu bão se juntá na luta. É bão tá cercado com as força da boa vontade, mais é ocê qui precisa fazê a boa luta. As coisa ruim do egoísmo chama pra perto as coisa ruim qui tá solta em tudo. Escuta com atenção, muriquinhu...
Pode falar, avoinha. Estou escutando.
É preciso escutá com bondade, e repetiu, num deixa as coisa ruim grudá em ocê, avoinha deixô a voz menó qui podia, ficô um murmúrio, u muriquinhu faça as reza e as mandinga qui achá qui é bão fazê, mais num esquece do retorno. As intenção volta em tudo sobre o mandiguêro... mais cedo ou tarde.
o muriquinho num falava e num respirava, ele encontrô o gosto de aprendê qui tanto procurô. num queria nem piscá
Ô muié!
os dois levô o mesmo susto. eles tava ali pra sê chamado, pra atendê os chamado, mais os pensamento dum e otro tava todo nos assunto dito, as pessoa da volta num tava nas vista do encantamento. liberata foi qui recuperô a atenção primêro. e respondeu
Quem é qui chama esse chamado de urgência?
abriu os óio qui tava aberto dentro dos pensamento pra vê fora
Eu aqui, a muié qui respondeu num precisô se fazê recomendada
Baronesa!
o muriquinho caminhô um qui otro passo pra trás, mais num tirô as vista da visita, era munto linda. os pensamento qui tinha tava no feitio de oiá, as palavra saia pelas vista, É linda! Eu queria crescer. Aham, eu queria ser muito poderoso e muito rico
Levei um susto quando vi a preta Liberata com um tabuleiro de remédios caseiros estendido na rua, sentada nas pedras do chão. Resolvi pará, sabê o que acontece.
a otra se riu dum jeito alegre qui o muriquinho ficô espantado
A neinha ainda tem?
Tenho.
Pois, eu duvido.
Não duvide.
Então, mostre...
a visita colocô a mão no cavado do vestido qui num deixava os peito se derramá, tirô uma boneca preta piquininina de pano
Não perdi.
E num esqueceu.
baronesa é o chamamento qui as pessoa dá nas rua. o nome da baronesa é otro. recebeu depois qui desceu do negrêro e foi batizada, ficô catita. o nome da catita é otro. recebeu quando nasceu nas terra da sabedoria do baobá. ayomide. minha alegria chegô
ayomide catita baronesa
treis numa só. sentada na frente da liberata tava as treis, mais falava a muié sem casá do barão da guarda qui guarda as arma na entrada da villa, pra quem vem das banda da gravataí. o amô dos dois era munto visto, mais num tinha como a preta catita casá nas igreja dos branco. num tinha como casá com o barão das entrada dos lado da gravataí. um amô consumado na cama, mais jamais marcado no papel
E a Baronesa tá pra cá fazendo visita?
a preta catita vestia as curva do corpo com os vestido fino das branca, usava com mais elegância e buniteza qui as moça branca. guardô sua abayomi nas curva do cavado nos peito
Caminhava arrumando os pensamentos. Mas encontrá ocê, Liberata, foi como tê minhas preces atendidas. Posso tomá aconselhamento?
as duas oiava uma e otra com graça, alegria e munta saudade das terra de longe. o muriquinho tava na distância do silêncio encantado. as duas conhecia mais da vida qui ele, recém chegado lá da frente dos dia qui tava pra chegá, o futuro quase sempre num sabe explicá o qui se passô. avançá num qué dizê sabedoria, num qué dizê avanço
Fico feliz no caso de podê ajudá.
Sinto que aqui é um bom lugá de conforto. É bom sabê procurá.
liberata estendeu os dois braço pra sua menina de sofrimento no barco negrêro
Quem procura acha, Ayomide.
Mas tem vez que só encontrá não basta, Adebanke.
deus tá cuidando dela. liberata fechô as vista pra lembrá do nome qui é seu desde munto tempo e foi silenciado
Eu sei. Tomo muntu cuidado com u qui procura sarna pra coçá... inté achá, só pra tê o gosto de reclamá.
as duas riu pra cima, pru alto, mais alto qui alto, riu munto alto, a etiqueta das rua num deixava as muié pru alto, mesmo se fô muié preta. inda mais duas preta. uma fôrra, uma escrava
É isso, os aconselhamentos bons estão soltos em tudo. E os ruins, também. É preciso escolhê. Cada um escolhe se vai querê os bons ou aqueles que não são bons. Cada um escolhe a vida que vai tê. Escolhê é a maió liberdade que pode existí.
É isso, prus qui pode fazê de juntá ou separá os juízo qui tem, é pena qui esse juízo num é prus pretu. Escravo com juízo obedece. Mais a preta Catita, pelo visto e num visto, tá muntu bunita no embruio das branca.
o rabicho das vista se encontrô na metade da ida e vinda dos óio, otro riso alto. depois, o silêncio caiu nas duas, o riso parô
Liberata, preciso ajuda da amiga.
pedido assim num pede riso, qué atenção e cuidado
O qui fô preciso, Ayomide.
o silêncio entre as duas num tava vazio, nunca teve desocupado ou despovoado
O Barão... Adebanke.
liberata fechô os óio e esperô. ela sabia qui as pessoa qui tem mais curiosidade qui vontade de ajudá é um balão de sabedoria cheio de vento. e se rompe em ventania no primêro espinho. as palavra qui precisava sê dita carecia sê bem escutada, num queria sê atrapaiada pela mesma curiosidade do sonâmbulo qui faz dormindo o qui faz. e num lembra qui fez. sentiu qui catita tinha urgência da tranquilidade qui espera a continuação das palavra saí pra fora, no tempo do próprio tempo
o muriquinho tava no seu tempo de oiá a buniteza da visita. e só vê buniteza. sentô na pedra. os pensamento num parava de vê a buniteza vestida qui ele teimava desvestí, sem pedí ou puruguntá se ela queria, Branco, filho-da-puta, está comendo bem. Quero mais que a Liberata não ache solução e você morra podre
A urina do Barão está com a cô do leite.
a preta liberata num podia evitá de mostrá o seu próprio alívio, o sofrimento da doença tava no branco, num tava na sua neinha, Essas coisa tem conserto. Num é fácil, mais tem ajuda.
Nunca vi nada assim...
o muriquinho sorriu prus pensamento, Mijo branco, esse está fodido. Espero que morra logo. Essa boniteza merece coisa melhor.
E ocê, muriquinhu... é bão arrancá essa maldade de ocê, o muriquinho levô susto de escutá avoinha dentro da sua cabeça, atravessada nas conversa dele com ele mesmo, a vida existi pruqui ocê existi, mais ocê só existi pruqui a vida existi. Cuide da sua vida, sim. Mais ajude cuidá da vida de tudo qui é vida. Num precisa tê medo, num dói. É preciso aprendê assobiá e falá as língua da vida
Avoinha vai oferecer ajuda para o branco que mata e bate nos pretos. Vai oferecer a outra face para levar outra marca.
Num fui oferecê, mais num posso virá as costa pru pedido feito. Vida é só vida se ocê num abrí o seu quarto piquinino dos fundo pra vivê o verão. Quanto mais ocê cuida só da sua vida, menos vida ocê tem, e mais vazio fica o seu silêncio
Nunca vi nada assim...
A Catita precisa ficá calma. O segredo da cura, caso tenha, e nem tudo tem cura, é conhecê as doença. Aprendê dos remédio é fácil, mais oiá pra doença e sabê dizê o nome dela num é pra intrometido.
as duas tava sentada nos garrão, os joêio dobrado na mesa. o tabulêro entre as duas
E a amiga pode dizê o nome do mal que acomete o Barão?
as vista num desviava duma notra, elas sabia qui o tempo da vida é a vida
Pode sê qui posso, pode sê qui num posso. A baronesa precisa respondê uma qui otra resposta.
Pois, pergunte.
o silêncio da avoinha nunca tava vazio
Ayomide credita em sonho?
a muié num sabia dizê, tanto tempo qui a neinha ayomide virô uma boneca de pano
Não sei, Adebanke. E a mulher preta curandeira sonha?
Tive um sonho.
E que sonho foi esse?
No sonho eu tava com mais uma vida na barriga.
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