Ensaio 15B
baitasar
Os
três continuavam parados na praia. Josino jazia com a água na cintura, os dedo
enrugando, a carne ardendo da lambida do chicote, fazia tempo qui não sentia a
dô do relho na própria pele. A dô se misturava com o pasmo de espanto do causo.
O siô Barros Colombo pareceu desaprová o destempero do fiô Capitão, mais nada
disse, fez apenas um comentário de consolo
— Josino, amanhã, passa na botica do Juca
dos Remédios. Vou te dar um bilhete com o pedido de unguento para ardidura do
relho.
O
Capitão mantinha esticado seu cipó de boi em cima da areia, pronto pra escová o
couro do Josino. Na sua vontade de disciplinadô, o castigo de aviso podia sê
inteiro, batê mais um pouco, té animô de
dizê
— Se o Josino apanhá, os negros da fazenda
vão sabê das notícias, nenhum outro negro vai querê se rebelá contra o sinhô.
O
sinhô Barros Colombo, qui tem as duas vista verde, olhô o Capitão do olho verde
sozinho, ele pintava outros assunto na cabeça e não queria usá de mais tempo
qui o preciso, fez vista grossa pro atrevimento do moço qui quase lhe estraga a
mercadoria
— Não é o caso do Josino, meu rapaz.
A
vontade de castigá o negro não lhe deixô escutá a caridade na voz do siô Barros
Colombo, quando lhe disse: ‘meu rapaz’; foi o mais perto do qui sempre quis
escutá: ‘meu fiô’. Tem gente qui sabe onde nasce, mais não sabe onde morre, tem
outros qui não sabe onde nasce, mais já sabe onde morre
— Negro como o Josino lhe custa 3$500 pra
capturá...
— Por isso, tenho ocê por perto... para
economizar os três mil e quinhentos réis, e assim, não me obrigando gastar na
compra de outro negro, já tenho o escravo que eu quero.
Aquela
única vista verde do Capitão parecia querê saí do olho, as palavra pra retrucá
ficaram na boca, querendo saí, mais sabia quanto podia e não podia, o mais bão
era deixa a língua guardada pra não desperdiçá a saliva
— Ouço e obedeço o meu sinhô.
— Josino, saia daí...
Saiu
sem dizê nem olhá, sabia o qui acontecia com preto qui reclamava. Ficô olhando
pras mão. Os dedo tinha enrugado. Aprendeu com o preto José, qui fez as muita
medida no começo da obra santa, Rapaz, água é bão, mais no qui marrota os dedo
é bão saí. Seguiu os conselho do véio José e as vontade dolorida do corpo. Era
hora de dormí, sonhá outra vida, numa terra só com preto, pra isso é preciso
continuá vivendo. Não olhô o olho preto do Capitão, não ia adiantá, o outro
olho, o olho verde, não amansava o relho, dos dois olho era o qui mandava.
Esperô parado o ataque com a armadura da pele retesada mais o escudo da vontade
de resistí o açoite
— Se apanhá, sai logo...
O
siô olhô no Capitão antes de respondê, pareceu qui solto um suspiro de
impaciência, o rapaz era bão com o cipó de boi, mais com o pensamento dos
negócio não tinha cacoete. Não sabia fingí preço bão pra mercadoria com
defeito. O máximo qui o siô alcançô lhe ensiná foi dominá a força e o uso das
tira no couro dos preto
— Não é o caso do Josino, recolhe o relho.
Precisô
empurrá a vista verde pro seu lugá de mestiço qui não tem querê. Repetiu qui
ouvia e obedecia. Abaixô a vista preta, depois a verde. Assim qui ele acalmô as
vista no chão, o siô repetiu o chamado, mais sem grito, como tivesse se
ajustando com o cachorro da sua maió estima
— Josino, saia daí. — só faltô oferecê um
pedaço de osso.
Josino
escutô o murmúrio da Milagre qui lhe chegava pelo vento, assoprado da boca de
Oia, Não é tempo de fazê besteira, tem o dia de enfrentá, mais tem o dia de se
recolhê, espreitá melhó, saia daí, meu preto
— E ocê, Capitão... volte à fazenda, amanhã,
bem cedo, que o trabalho lhe espera. Mas antes, leva o Josino para aquele
serviço de reparação no cais.
O
Capitão lhe olhô, mudo de reclamá, apenas tratô de esperá o siô falá tudo qui
precisava
— Depois da reparação feita, vão os dois
acomodar o descanso no porão dos lampiões. Tenho reunião com os próceres da
cidade, parece que a obra do céu não está na ligeireza recomendada do santo
padre, que além das obras de Deus, dá ares de que é entendido das obras dos
homens.
O
casarão dos lampião era a casa do comércio forte da cidade, tirando da conta a
igreja, o casarão da administração e a casa do conselho da municipalidade. O
seu Joca Lampião não tinha terras do paraíso à venda, nem as força militá do
governo central, com esses era preciso entregá os imposto e a doação sem
atrasá, aparecê pra um dedo de prosa e deixá os assunto em dia. Assim, gozava
dos serviço das postura da pulícia, no andá do céu e no andá da terra, mais não
subia nas graça dos siô da fidalguia, ficava na média, entre a nobreza e a
esculmalha.
Na
casa dos lampião, um casarão de boa altura, qui recebia os carregamento do rio,
tinha lampião pra todo gosto e dinheiro: de sebo, de óleo ou de vela. Os
tamanho variava com as necessidade do compradô. Tudo guardado no porão. O galpão
dos fundo não podia sê pra uso de guardá as mercadoria, construído com paredes
de barro da grossura de um palmo, sem pedra ou tijolo, cobertura de telha-vã, o
madeiramento do telhado suspenso em paus a pique, tinha muita umidade se
arrastando pelo chão e nas parede, vazadas das água da Arsenal. O Joca fazia
uso do galpão pra hospedá os preto da obra santa, era seu donativo de poupança,
queria reservá um pedacinho das terra do depois, Uma senzala de luxo, siô
padre. Tinha certeza de uma boa bem-aventurança e glória no paraíso, Deus lhe
abençoe, meu filho.
O
siô Barros Colombo visitava aqueles caminho e tinha gosto de se misturá, queria
o melhó dos dois mundo. Achô qui tinha conseguido o lugá das graça com a elite
da nobreza casando com a siá Casta, filha das fidalguia das nossas terra, gente
qui chegô nos primeiro carregamento de barco. Não funcionô, o siô só era
chamado nas coisa do dia-a-dia, a alta-roda não lhe chamava quando a trama era
apenas ornamental, coisas de aparecimento e bajulação.
Do
mesmo jeito, o dono da casa dos molhado, o Gaspar Espanhol, o espanolito, mais
parecido com algum castelhano fugido das bandas do Uruguai, mantinha sua casa
vendendo o gênero alimentício líquido, não vendia xarope, não queria confusão
com o Juca dos Remédios, nem colocava à venda cana da pura, pra não arrumá
confusão com a taberna do Lagarto, qui cuidava de vendê vinho e as destilada.
As bebida espirituosa era com o Fanho, mais tudo qui é gente, daqueles dias,
conhecia o galpão dos fundos da casa dos molhado. Pra entrá, precisava convite
do espanolito. A desatenção de cuidado com os escrúpulo, os imprudente com a
honestidade, a ignorância, a seriedade de não alegrar-se, ficava com os
fingimento das manhã no domingo ou as conversa no casarão da administração ou
as tramoias no conselho da municipalidade. Ali, na era lugar de traição. Ser
convidado para os folguedos do galpão do espanolito não tinha preço, mostrava o
respeito qui o homem tinha entre os medianos. Os convite era disputado palmo a
palmo, dependendo da noite e do atrativo, tinha cidadão dos mais respeitado qui
saia no tapa pra conseguí a sua convocação pros serviço de putaria e jogatina.
As noite mais procurada era a quarta noite, depois do domingo, o atrativo era o
jogo do osso; na quinta noite, os convidado se reunia na mesa do carteado; na
sexta noite, o galpão brilhava com o desfilá dos encanto amoroso. As donzela
preta era disputada com seu peso em ouro, a vitória no arremate dava direito ao
refúgio da alcova. Nas noite do sétimo dia, o Gaspar Espanhol organizava o
bailado, as menina não podia aceitá intimidade qui não fosse das mão. O galpão
dos fundo era o clube do espanolito: dos destilado, da mesa do carteado, do
jogo do osso e das muita muié. Ele jurava qui casa de alcouce era com a Maria
da Cobra, aquela congregação do divertimento não era nenhuma coisa nem outra,
tava no meio, um novo subalterno da fidalguia qui se estabelecia na cidade. Foi
a primeira confraria qui se soube a permití mistura das cô, as menina tinha qui
tê boniteza, na cô qui fosse, a pele lisinha como massa de porcelana, e sabê
serví com vontade os membro convidado.
Não fazê comentário sobre qualqué membro fora do galpão.
O
espanolito diz qui conheceu outras casa qui oferecia as mesma utilidade, mais
sem o atendimento e o divertimento qui o seu telheiro oferecia. Tinha té fogão
de chão pra esquentá o mate. As moça era escolhida a dedo, rigorosamente, não
queria nenhuma virgem
— Sinhô Barros, essas donzela são muito
metida com o choro, pouco compromisso com os serviço da alegria. Leva tempo pra
educar.
O
siô lhe retrucô
— O amigo diz isso porque nunca tratou de
se enfiar numa neguinha, toda assustada, que só se vê o branco dos olhos arregalados
e a boca muda, o vivente fica numa fúria de usar o cravo na ferradura. Ela sabe
que se gritar vai receber o castigo do rabo do relho. Essas apertadinhas são as
melhores.
— E o que o sinhô Barros acha do uso que
faço desse dedo?
Enfiô
o dedo no copo da destilada e levô na boca o varapau do meio da mão, o maió de
todos tava sempre com a unha crescida, Uso como navalha
— Quando chegar carregamento novo vou
fazer avaliação das peça, fico com as menina pra educar, é de novinha que se
ensina. Depois de bem acostumada com as instrução da educação, faço à venda ou
o arrendamento.
Os
dois soltaram as gargalhadas, ainda com os copos na mão, ofereceram um brinde
as menina da cô e do amo, desceram num só gole a destilada
— Vô indo.
— Mais o sinhô Barros recém chegou.
O
siô do Josino fez um gesto casual de enfarado
— Tenho compromisso com os próceres da
municipalidade, querem mais ligeireza na obra de Deus.
O
Gaspar Espanhol ergueu os ombros e guardô os copo
— Fica pra próxima.
— Isso.
— Vô lhe apresentar uma liberta, uma
escurinha mui graciosa... acabei de comprar.
— Fica pra próxima.
— O sinhô manda por aqui.
— Boas noites.
— Com a graça de Deus.
— Água e lenha todo dia venham.
— Amém.
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