Ensaio 16B
baitasar
O
siô Barros olhô no redó e fez cumprimento de despedida pras visita e os cativo
da casa do Gaspar.
Saiu.
Quando
pisô no chão da rua deu um grande suspiro, logo atrás, veio um gemido de vento
silencioso, um murmúrio de aclamação do intestino lhe fez esfregá as mão de
contentamento, enxergava qui a vila podia crescê com toda aquela data de chão e
o erguimento das casa de moradia, via tudo
com as vista da gula, a terra não demorava pra
tê dono, É preciso correr atrás desse dinheiro. O siô misturava nos
pensamento os assunto do comércio e o gosto de sê reconhecido, aprovava sê
bajulado pelo dinheiro qui carregava no bolso, Isso não tem preço. Lembrô qui tem
coisa na vida qui não se compra, por falta de preço. Prometeu, pra ele mesmo,
Ainda paro com tudo e faço uma lista com as coisas que não têm preço, mas,
antes, preciso...
Parô
no meio do nada, queria lembrá onde andava, aonde ia, num breve instante,
dormiu em pé, ali na rua, Não vou conseguir acordar desse sonho sem sono, tava
com os olho aberto e não via as calçada, os calçamento, Será que eu me perdi,
ninguém por perto, até qui se atinou, A rua da Praia.
Lembrô
qui aquela rua havia de levá os pé té outro destino. Recomeçô o caminho. Andô
pelo pelourinho, a marca da força dos branco, muito do sangue dos preto e preta
se derramô ali, os choro das dô, as súplica silenciosa. O siô passô a mão pelo
pelourinho como se tivesse acarinhando o couro fatiado pelo cipó. Outros preto
já tava marcado pra conhecê a coluna de pedra. Depois veio a ponte do embarque
e desembarque, desviô do beco do Pedro Mandinga. Olhô na frente, nos lado,
quase se desvia e entra na rua dos Pecados Mortais, uma visitinha pra sua amiga
Maria Cobra lhe passô pela vontade, mais as moça havia de esperá, Na volta, na
volta. As menina não dorme cedo, nem é de duvidá qui passam as noite sem pregá
os olho, fazendo graça qui acorda o mais desencantado.
Não
podia, sem motivo de muita importância, deixá de aparecê na reunião da
Irmandade. Não era homem de desculpa esfarrapada. Armô as perna com coragem de
enfrentá subida té a Crista da Colina. Cuidava de não destorreá as bosta no
caminho pisado, pras rua da beirada da praia não existia o fundo para
calçamento. Esses recurso era destinado aos caminho dos esnobe, povoados por
família requintada, gente qui chegô antes e se adonô do qui pode, Vou subir
pelo beco do Fanha.
Nos
passo qui dava não encontrava alma viva perambulando. A botica do Juca Curadô
ficava no caminho. Passava por lá, lhe deixava o aviso da visita do Josino e a
necessidade do unguento. Diziam qui ele cuidava de tudo, não tinha enfermidade
sem algum remédio de cura ou diminuição da dô, o Juca cumpria sua missão de
curá. O cura-tudo
— Boa noite! — junto com o palavrório fez
mesura da educação, no modo qui aprendeu de olhá os cumprimento pra siá Casta:
inclinô a cabeça, segurando o chapéu, levemente
— Boa noite, sinhô Barros Colombo! — o
homem fez a mesma referência da cortesia, não tinha chapéu pra segurá, mais
levo a mão té a testa. Os pensamento do boticário tava escancarado no jeito de
olhá, Fidaputa, tá comendo bem, pensa que mudô muito porque saiu daqui, fodê a
sinhá lhe abriu algumas portas, mas têm outras que nunca vão abrir.
Siô
Barros gostava da vida na cidade, gente qui lhe tinha medo sem precisão de uso
do relho. O respeito plantado com muito trabalho dos preto. Ele mesmo não
agarrô uma enxada, nem a chibata, só precisô agarrá as carne da mocinha Casta
— Amanhã, lhe mando o escravo Josino com
um bilhete. Vai precisar unguento para as costas.
— Pode deixá, sinhô Colombo, vou tratar do
escravo como se fosse um dos negros da casa. Como é mesmo o nome desse seu
negro?
— Josino.
— Isso, Josino. Não esqueço mais, pois,
esse tal Josino, devia agradecê de tê um dono como o sinhô Colombo, preocupado
com os ferimentos do couro. Aqui, na botica, se escuta muitas histórias que
acontecem no mato.
— São apenas histórias, Juca.
O
boticário não pareceu disposto em perdê um ouvinte tão ilustre, com tanta
fidalguia e cheiro de bosta
— Pois, ontem mesmo, um padre noviço veio
na botica, o rapaz cheirava boa-fé, mais corria atrás do donativo pra obra
santa. Quando falô me desencantei, queria mais ajuda. Disse que a vila precisa
das benção da Senhora, toda proteção contra os negro do quilombo é bem-vinda.
— Não perca o sono por tão pouco, Juca. — a voz entumecida do siô não fez o efeito de
acalmá o boticário, tem vez qui o pesadelo é mais influente qui a vida, é
quando rezá ou pegá nas arma é a mesma coisa, parece sê a única esperança, no
entanto, esse engano custa mais qui a esperança, faz nascê o desapontamento, o
desencanto, a desilusão e a desesperança desencoraja o sonho
— Os negros do quilombo atacam os
tropeiros, matam todos. — e caveira sem sonho credita em qualquer mentira,
esquece de corrê atrás da vida, precisa a confiança da riqueza pra vivê, corre
cheia de esperança atrás da fortuna e morre antes de morrê
— São muitas léguas de distância.
O
Juca Curadô enfiô os dedo da mão nos fio do cavanhaque, olhô na escuridão, té
qui deixô escapá um queixume
— O sinhô deve sabê que a légua grande ou
a pequena não assusta escravo foragido. Esses fidaputa roubam as mulheres
brancas pra escravizá. Imagine o apavoramento das moças, deitá com a negraria,
fazendo nascê um mestiço depois do outro. Rezo pra Senhora não deixá essa
imundícia acontecê com uma das minhas filhas, mato as menina...
— Vosmecê mata sua filha?
— Mato a filha e o mestiço na barriga... e
vendo o negro, esses malditos... por que vieram pra essas terras... — parô de
comentá, o siô Barros parecia distante dali, o entusiasmo não tava naquela
prosa, caminhava na sua frente — ... a minha botica tá às suas ordens.
— Amanhã, Juca... amanhã. — deu dois passo
na frente, parô e virô, parecia tê esquecido algo — Boas noites, Juca Curadô!
O
boticário lhe abriu um sorriso qui ficava tapado pelo vasto bigode amarelado
acima do cavanhaque. A fumarada amarelenta do palheiro continuava entre os dedo
— Boas noites, pra todos! Em especial, pra
vosmecê, sinhô Barros Colombo.
O
sinhô devolveu a cortesia com um leve cumprimento com a cabeça. Desvirô e
recomeçô o caminho da reunião.
O
Juca Curadô, no interesse de mostrá cuidado, fez o último comentário das
despedida
— Cuidado com os negros que ficam
disfarçados na escuridão. Esses fidaputa são feitos com carne e osso, mas não
têm piedade.
— Deixa estar, Juca.
O
nariz voltô pra frente, queria senti o faro pro seu destino: as conversa de
atraso na obra santa. Não tinha na vontade nenhum apetite naquele abocamento de
donativo, Se essa ajuda me fosse de alguma ajuda, não conversava mais com a siá
Casta sobre esse desperdício do Josino e dos donativo. Tentô uma ou duas vez,
mais a siá Casta lhe afirmô qui a família ajudô construí quase tudo na vila,
não podia deixá de ofertá préstimo de favô pra sua Senhora. Era melhó não mexê
nisso, Merda de perda de tempo, se não for preciso alongar as conversas da
reunião que ninguém se meta a besta, essa noite ainda pode render com a passada
no covil das putas.
O
siô tinha muita estima pela casa da Maria Cobra, um lugá de tá sem preocupá qui
tá. Ela mesma, já tinha lhe servido da sua taça, sabia, como nenhuma das moça,
usá com dedicação as própria carne, conquistava pela perfeição como atinava com
as vontade do correntista, Se a dona Casta pega umas aulas com a Maria...
Mais
o tempo, nesse negócio da putaria, é rápido, o gosto pode ficá enjoativo. É só
desapegá um pouquinho, e pronto, a vontade desgruda, Se a dona Casta parasse
com a cisma de tê um filho...
Caminhava
nas rua vazia, desencantada de gente, por certo, a siá Casta haveria de
desaprová o esposo caminhando naquelas horas. Gente de bem não tinha razão nem
motivo de colocá o olho na rua, tão tarde do anoitecê, menos ainda, levá os pé
té a calçada. Era na noite qui a ralé brilhava com suas cantoria, fazia
conversa de algazarra, Marido, foi essa gente que inventou o falatório e a
feitiçaria. O siô sonhava com os falatório, a desordem do sossego, as
feitiçaria, a bebida destilada, as puta, Não se preocupe, dona Casta, sei onde
piso. Ou deveria ter dito, sei onde me enfio com os cravo e a ferradura.
Era
preciso corrê mais qui o tempo, do contrário não ia tê o tempo qui queria com
as moça da Maria Cobra.
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