quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Eu quero sê cuidada, mas ocê não vai me cuidar

Ensaio 27B
baitasar
Essa briga qui podia acontecê, entre os estancieiro do charque e couro contra os qui achava bão como tava as ordem do governo imperial, era dissentimento dos irmãos da Irmandade. A desavença tinha chance de terminá em luta. Não devia. Mais do jeito qui ia nem o tempo e o vento resolvia, ia acabá dum jeito ou doutro quando acabá as conversá.
O conde Humaitá (titulatura inventada pela boca da Maria Cobra, qui se espalhô como o vento esparramado nas ondulação das pastagem sem embaraço nem luta, criô uma verdade qui não existia, serviu pra refrescá as história contada do siô Menino Cabral) resmungô no meio dos dente
—        Bestice... quem tem muito está sempre chorando que tem pouco...
Foi tê acabado de dizê e sentiu no arrepiu dos pelo qui falô além da conta. O telhado do conde era feito de vidro, aquilo dito foi um destrambelho da pavonice, falô mais qui podia ou devia. Precisava aprendê  guardá pro seu próprio divertimento – e prudência de proteção – os pré-juízo qui tinha daqueles homens de pose e fortuna declarada ou escondida. Não queria tê dito, não quis sê ouvido, mais foi.
Não teve bom senso nem sorte, o siô juiz ouviu sua indiscrição e lhe perguntô direto, com a voz grave e nas vista de todos
—        E vosmecê, o Menino Cabral, é a favor do imposto cobrado no comércio do charque mais o couro? — o siô Menino precisava pensá mais rápido qui todos, sentiu qui as vista de espiá e os ouvido de espreitá tava tudo virado pra ele, concentrado nas afirmativa, o pântano dos interesse contrariado dum lado e doutro é pegajoso, gruda como os namoro novo: o tempo todo
—        Não me entenda mal, acredito que tudo se resolve com as doações ficando mais fortes.
Decepcionô os dois lado, mais fez o contentamento do siô padre, pareceu qui os peito estufado desavolumô, o assunto daquele encontro voltô nos trilho: as doação.
Ficô decidido na reunião qui dali por diante, o obreiro chefe tinha o devê do próprio ofício de fazê o registro dos donativo com o nome dos doadô, assim o fingimento de dizê qui deu e não deu, oferecê e não cumprí
—        E quem vai vigiá o obreiro chefe?
A pergunta agitô os irmão.
O siô Menino, no jeito qui deu, sumiu. Caminhô com os passo de corrida té a rua dos Pecado. Precisava tá num lugá de mais alegria e confiança. Respeitava a casa dos gracejo desavergonhado, não tinha luxo, mais oferecia discrição decência recato, a timidez pendia pra sem-vergonhice. Conhecia Maria Cobra, gostava da prosa daquela muié, a descuriosidade de fazê pergunta errada. Não tinha disfarce de sê o qui não é, Sou puta, mas gosto de sê bem cuidada, lhe serve assim, foi a primeira pergunta qui fez pro siô
—        Meu conde, somos um negócio ilegítimo, por isso, somos uma afronta, uma imoralidade. Vai chegá o dia qui vão querê algum sinal, um aviso marcado na testa: puta! Um lenço amarelo no pescoço!
O conde Humaitá sabia, não precisava perguntá, ouviu da boca do padre qui o legisladô já tinha as lei dos pecado da carne fraca — As prostitutas terão que usar um lenço amarelo, sempre que saírem à rua. — foi o qui bastô pro amarelo sumí da moda das domingueiras. Escondido das prateleiras e miudezas. As pessoa boa não comprava nada na cô amarelada. As tintura do colorido amarelo foi enxotada. Quem gostava do amadurado amarelento passô a desencorajá do gosto. Passô a dizê pilhéria grotesca e cômica do uso do pano alourado. A obediência da lei havia de caí no desuso, mais té lá, a Vila tava na falta de pano dourado. Asilado. Mais muito havia de se passá té o amarelo recuperá o seu prestígio entre as senhora da Vila.
Pelo visto, as história do pescado e as pedra, a primeira pedra qui não foi jogada, não tinha muito valô na Vila, era parte das história qui se escolhia esquecê. As muié qui fosse direita precisava se protegê do bordel: aglomeração desleal das muié qui não fosse direita. Então, se queria entrá nas disputa dos marido das muié direita, precisava usá o lenço amarelo pra caminhá nas calçada da Vila: a confissão qui era puta, pra todo o mundão da Vila, mais o Pai Filho Espírito Santo, qui já devia sabê.  
As família não podia perdê as fortuna dos cuidado do chefe da família, na causa de uma qui otra calcinha rendada. Não havia compaixão, uma vez qui é para sempre será, não podia endireitá. Nenhuma das muié direita ia lhe visitá ou convidá como visita. Não havia propósito. Elas por lá, as sinhás por cá
—        Por sorte e competência, os homens das leis são clientes da casa, conhecem os dois lados. Sempre trabalhei ilegal, eles fazem as lei e o jeito de pulá o cercamento nós ensinamos. É só fechá uma das vista.
—        A Maria Cobra goza ou se faz de gozada?
A muié pediu mais vinho, o Raposa voltô com o Poesia, o vinho, mais um prato com um naco de queijo. Largô no chão porque os dois tava no rente do piso. Serviu a caneca da Maria, olhô o siô, esperô o consentimento pra serví. Saiu do lugá levando o Poesia.
Maria Cobra tomô o vinho e mordeu o queijo, ofereceu pro siô
—        Vosmecê sabe como eu gosto de sê usada, mas ocês não se impõem na minha vida, isso não é um dilema, é assim. O que mais gosto é saber que o cliente está deleitando-se, gostando do que estou fazendo.
O siô abocanhô otro pedaço, derramô o vinho boca pra dentro
—        Como ocê sabe que eu gosto?
Ela lhe deixô vê o seu sorriso maroto
—        Ocê volta, não volta?
Ele lhe deixô vê o seu. Ela continuô o palavrório
—        Quando um casal tá na cama é muito íntimo e romântico, não é apenas volúpia ou comércio, mas não tem que achar que é amor. Gosto de saber que os homens ficam atraídos por mim. E quando vale a pena deixo que me digam o que devo fazer. Aprendi que o amor é um fantasma que assombra e some. — um pequeno gole da caneca — Nunca desejei ser homem: los hombres matan la vida que las mujeres crean: soy más que hombre y menos que dios
O siô Menino Cabral sentiu o gosto do mofo na boca, Maria Cobra não era uma vigarista exótica. Ele não tinha medo daquela muié, nem do perfume barato
—        O que me deixa molhada é sentir o cabelo do homem na minha pele.
—        Fico aceso só de pensar...
—        O siô conde é muito doce, mas não sabe o que estou pensando, o que eu gosto... quero mais vinho...
O siô se virô e pegô na garrafa, ofereceu pra Maria Cobra, ela aceitô o oferecimento assanhado, levô a garrafa nos lábio e aproveitô o vinho qui se derramava na boca e pelos cantos da boca, escorreu no pescoço té a bacia da intimidade. O siô colocô a cabeça no caminho do vinho e tomô com lambidas
—        Eu adoro a enxurrada de desejos que me provoco. Ocê está gostando de matar a sede?
—        É divertido beber o que ocê está tomando, parece que a Maria Cobra gosta de ser tomada como vinho.
Ela pede que ele lhe mostre seu corpo, desabotoe um pouco e liberte a pele. Ela é tão muié, ele tão homem
—        Como ocê está... que delícia, vem querido... minha nossa...
—        Como ocê gosta?
—        Ei! Calma! Às vezes, é bom lento e suave, outras, forte e rápido, mas precisa sê atencioso.
Pouca coisa assusta Maria Cobra, nada a derruba, quando não sabe se tá subindo ou descendo e a dô aumenta, ela se esforça mais, Eu aguento, coloque tudo aqui dentro.
Sente que precisa tê alguma afinidade, mais não tem. É quando tem o medo de virá um animal, um buraco sem passado. Ela deseja as coisa qui as outra diz qui faz com a alma e o coração, Eu quero sê cuidada, mas ocê não vai me cuidar

—        O siô conde precisa dormir.
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Ensaio 26B - Os tributos do charque e do couro

Ensaio 28B - Ocê não pensa os pensamento da alforria?

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