Ensaio 27B
baitasar
Essa
briga qui podia acontecê, entre os estancieiro do charque e couro contra os qui
achava bão como tava as ordem do governo imperial, era dissentimento dos irmãos
da Irmandade. A desavença tinha chance de terminá em luta. Não devia. Mais do
jeito qui ia nem o tempo e o vento resolvia, ia acabá dum jeito ou doutro
quando acabá as conversá.
O
conde Humaitá (titulatura inventada pela boca da Maria Cobra, qui se espalhô
como o vento esparramado nas ondulação das pastagem sem embaraço nem luta, criô
uma verdade qui não existia, serviu pra refrescá as história contada do siô
Menino Cabral) resmungô no meio dos dente
— Bestice... quem tem muito está sempre
chorando que tem pouco...
Foi
tê acabado de dizê e sentiu no arrepiu dos pelo qui falô além da conta. O
telhado do conde era feito de vidro, aquilo dito foi um destrambelho da
pavonice, falô mais qui podia ou devia. Precisava aprendê guardá pro seu próprio divertimento – e
prudência de proteção – os pré-juízo qui tinha daqueles homens de pose e
fortuna declarada ou escondida. Não queria tê dito, não quis sê ouvido, mais
foi.
Não
teve bom senso nem sorte, o siô juiz ouviu sua indiscrição e lhe perguntô
direto, com a voz grave e nas vista de todos
— E vosmecê, o Menino Cabral, é a favor do
imposto cobrado no comércio do charque mais o couro? — o siô Menino precisava
pensá mais rápido qui todos, sentiu qui as vista de espiá e os ouvido de
espreitá tava tudo virado pra ele, concentrado nas afirmativa, o pântano dos
interesse contrariado dum lado e doutro é pegajoso, gruda como os namoro novo:
o tempo todo
— Não me entenda mal, acredito que tudo se
resolve com as doações ficando mais fortes.
Decepcionô
os dois lado, mais fez o contentamento do siô padre, pareceu qui os peito
estufado desavolumô, o assunto daquele encontro voltô nos trilho: as doação.
Ficô
decidido na reunião qui dali por diante, o obreiro chefe tinha o devê do
próprio ofício de fazê o registro dos donativo com o nome dos doadô, assim o
fingimento de dizê qui deu e não deu, oferecê e não cumprí
— E quem vai vigiá o obreiro chefe?
A
pergunta agitô os irmão.
O
siô Menino, no jeito qui deu, sumiu. Caminhô com os passo de corrida té a rua
dos Pecado. Precisava tá num lugá de mais alegria e confiança. Respeitava a
casa dos gracejo desavergonhado, não tinha luxo, mais oferecia discrição
decência recato, a timidez pendia pra sem-vergonhice. Conhecia Maria Cobra,
gostava da prosa daquela muié, a descuriosidade de fazê pergunta errada. Não
tinha disfarce de sê o qui não é, Sou puta, mas gosto de sê bem cuidada, lhe
serve assim, foi a primeira pergunta qui fez pro siô
— Meu conde, somos um negócio ilegítimo,
por isso, somos uma afronta, uma imoralidade. Vai chegá o dia qui vão querê
algum sinal, um aviso marcado na testa: puta! Um lenço amarelo no pescoço!
O
conde Humaitá sabia, não precisava perguntá, ouviu da boca do padre qui o legisladô
já tinha as lei dos pecado da carne fraca — As prostitutas terão que usar um lenço
amarelo, sempre que saírem à rua. — foi o qui bastô pro amarelo sumí da moda
das domingueiras. Escondido das prateleiras e miudezas. As pessoa boa não
comprava nada na cô amarelada. As tintura do colorido amarelo foi enxotada.
Quem gostava do amadurado amarelento passô a desencorajá do gosto. Passô a dizê
pilhéria grotesca e cômica do uso do pano alourado. A obediência da lei havia
de caí no desuso, mais té lá, a Vila tava na falta de pano dourado. Asilado. Mais
muito havia de se passá té o amarelo recuperá o seu prestígio entre as senhora
da Vila.
Pelo
visto, as história do pescado e as pedra, a primeira pedra qui não foi jogada,
não tinha muito valô na Vila, era parte das história qui se escolhia esquecê.
As muié qui fosse direita precisava se protegê do bordel: aglomeração desleal
das muié qui não fosse direita. Então, se queria entrá nas disputa dos marido
das muié direita, precisava usá o lenço amarelo pra caminhá nas calçada da
Vila: a confissão qui era puta, pra todo o mundão da Vila, mais o Pai Filho Espírito
Santo, qui já devia sabê.
As
família não podia perdê as fortuna dos cuidado do chefe da família, na causa de
uma qui otra calcinha rendada. Não havia compaixão, uma vez qui é para sempre
será, não podia endireitá. Nenhuma das muié direita ia lhe visitá ou convidá
como visita. Não havia propósito. Elas por lá, as sinhás por cá
— Por sorte e competência, os homens das
leis são clientes da casa, conhecem os dois lados. Sempre trabalhei ilegal,
eles fazem as lei e o jeito de pulá o cercamento nós ensinamos. É só fechá uma
das vista.
— A Maria Cobra goza ou se faz de gozada?
A
muié pediu mais vinho, o Raposa voltô com o Poesia, o vinho, mais um prato com
um naco de queijo. Largô no chão porque os dois tava no rente do piso. Serviu a
caneca da Maria, olhô o siô, esperô o consentimento pra serví. Saiu do lugá
levando o Poesia.
Maria
Cobra tomô o vinho e mordeu o queijo, ofereceu pro siô
— Vosmecê sabe como eu gosto de sê usada,
mas ocês não se impõem na minha vida, isso não é um dilema, é assim. O que mais
gosto é saber que o cliente está deleitando-se, gostando do que estou fazendo.
O
siô abocanhô otro pedaço, derramô o vinho boca pra dentro
— Como ocê sabe que eu gosto?
Ela
lhe deixô vê o seu sorriso maroto
— Ocê volta, não volta?
Ele
lhe deixô vê o seu. Ela continuô o palavrório
— Quando um casal tá na cama é muito
íntimo e romântico, não é apenas volúpia ou comércio, mas não tem que achar que
é amor. Gosto de saber que os homens ficam atraídos por mim. E quando vale a
pena deixo que me digam o que devo fazer. Aprendi que o amor é um fantasma que
assombra e some. — um pequeno gole da caneca — Nunca desejei ser homem: los hombres
matan la vida que las mujeres crean: soy más que hombre y menos que dios.
O
siô Menino Cabral sentiu o gosto do mofo na boca, Maria Cobra não era uma
vigarista exótica. Ele não tinha medo daquela muié, nem do perfume barato
— O que me deixa molhada é sentir o cabelo
do homem na minha pele.
— Fico aceso só de pensar...
— O siô conde é muito doce, mas não sabe o
que estou pensando, o que eu gosto... quero mais vinho...
O
siô se virô e pegô na garrafa, ofereceu pra Maria Cobra, ela aceitô o
oferecimento assanhado, levô a garrafa nos lábio e aproveitô o vinho qui se
derramava na boca e pelos cantos da boca, escorreu no pescoço té a bacia da
intimidade. O siô colocô a cabeça no caminho do vinho e tomô com lambidas
— Eu adoro a enxurrada de desejos que me
provoco. Ocê está gostando de matar a sede?
— É divertido beber o que ocê está
tomando, parece que a Maria Cobra gosta de ser tomada como vinho.
Ela
pede que ele lhe mostre seu corpo, desabotoe um pouco e liberte a pele. Ela é
tão muié, ele tão homem
— Como ocê está... que delícia, vem
querido... minha nossa...
— Como ocê gosta?
— Ei! Calma! Às vezes, é bom lento e
suave, outras, forte e rápido, mas precisa sê atencioso.
Pouca
coisa assusta Maria Cobra, nada a derruba, quando não sabe se tá subindo ou
descendo e a dô aumenta, ela se esforça mais, Eu aguento, coloque tudo aqui
dentro.
Sente
que precisa tê alguma afinidade, mais não tem. É quando tem o medo de virá um
animal, um buraco sem passado. Ela deseja as coisa qui as outra diz qui faz com
a alma e o coração, Eu quero sê cuidada, mas ocê não vai me cuidar
— O siô conde precisa dormir.
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