Logum Edé
Logum Edé nasce de Oxum e Erinlé
Reginaldo Prandi
Um
dia Oxum Ipondá conheceu o caçador Erinlé e por ele se apaixonou perdidamente.
Mas
Erinlé não quis saber de Oxum.
Oxum
não desistiu e procurou um babalaô.
Ele
disse que Erinlé só se sentia atraído pelas mulheres da floresta, nunca pelas
do rio.
Oxum
pagou o babalaô e arquitetou um plano: embebeu seu corpo em mel e rolou pelo
chão da mata.
Agora
sim, disfarçada de mulher da mata, procurou de novo o seu amor.
Erinlé
se apaixonou por ela no momento em que a viu.
Um
dia, esquecendo-se das palavras do adivinho, Ipondá convidou Erinlé para um
banho no rio.
Mas
as águas lavaram o mel de seu corpo e as folhas do disfarce se desprenderam.
Erinlé
percebeu imediatamente como tinha sido enganado e abandonou Oxum para sempre.
Foi-se
embora sem olhar para trás.
Oxum
estava grávida; deu à luz Logum Edé.
Logum
Edé é metade Oxum, a metade do rio, e é metade Erinlé, a metade do mato.
Suas
metades nunca podem se encontrar e ele habita num tempo o rio e noutro tempo
habita o mato.
Com
o ofá, arco e flecha que herdou do
pai, ele caça.
No
abebé, espelho que recebeu da mãe,
ele se mira.
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Leia também:
V – Mitologia dos Orixás: Erinlê [60]
Reginaldo
Prandi, paulista de Potirendaba e professor
titular de sociologia da Universidade de São Paulo, é autor de três dezenas de
livros. Pela editora Hucitec publicou Os candomblés de
São Paulo, pela Edusp, Um sopro do Espírito, e pela Cosac Naify, Os príncipes do destino. Dele, a Companhia das Letras publicou também Segredos guardados: orixás na alma
brasileira; Morte nos búzios; Ifá, o Adivinho; Xangô, o Trovão; Oxumarê, o Arco-Íris; Contos e lendas
afro-brasileiros: a criação do mundo; Minha querida assombração; Jogo de escolhas e Feliz Aniversário.
Prandi,
Reginaldo. Mitologia dos Orixás / Reginaldo Prandi; ilustrações de Pedro
Rafael. - São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
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