quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Os tributos do charque e do couro

Ensaio 26B
baitasar

Os cinco mandante da Vila tava reunido embaixo das vista da Irmandade. Depois da festa pra recebê de abraço aberto o siô Menino Cabral e o compromisso do siôzinho com os princípio de conduta dos associado, tudo regado com sangue de bode e vinho, começô a concentração nos trabalho de governança da Vila.
Os associado estabelecia e ajeitava as regra qui não andava ou qui caminhava pouco a pouco, não tinha novidade. As notícia nova foi o batizado do Menino Cabral, herdeiro, por casamento com a siá Casta Antão, das terra do Humaitá e do lugá na confraria da paz, sossego e harmonia. A confraria era a Vila qui era a confraria, o qui uma queria a otra também havia de querê.
Levô um ano bem cheio, desde a morte do véio Antão – dono das terra do Caminho Novo, qui pra muitos era terra de banhado sem serventia -, pro siô Menino Cabral sê chamado e tê a sua assunção, precisô esperá o tempo do luto, depois convencê o padre qui era homem mui leal e de valô. Os donativo do siô Menino Cabral, anunciado pra obra Santa, fez o serviço de convencê qui o siô era gente de muita fé, desapegado das ganância, pronto pra serví, ao invés de sê servido, bem pió podia sê: homem com gosto de se serví.
O qui tava feito, tava feito, a reunião precisava seguí pra frente com os assunto. Obedecê a ordem do dia, té qui o padre atropelô a encadeação das questão dos motivo da reunião. Soltô a carta escondida na manga da sua batina preta – engomada por mão qui conhecia o ofício de passadeira – na mesa dos negócio
—        É isso, então! — o padre já tava em pé, qui as palavra a sê dita não tinha a mesma emoção dita sentada — Mexemos em quase tudo e não mudamos nada, pois do jeito que vai, melhor dizendo, do jeito que não vai, é preciso suspender as domingueiras!
O enviado pelo Pai Filho Espírito Santo pra cuidá dos desviados, os desgarrado da crença no Sinhô, não podia deixá por menos, Quero lembrar a todos vocês que o dia vem amanhã, mas não se sabe como ele vem, pode chegar venturoso, como pode vir para levar o dito pelo não dito, é sempre bom saber que a fé no Senhor nos protege e oferece a vida eterna.
O medo da morte, o desconhecimento do qui vem depois disto daqui, era prosa qui arroto nenhum desdenhava. E acabá com a domingueira, por qualqué tempo, longo ou curto, era o mesmo qui fechá as porta do sacramento, deixá de fora da casa do Pai Filho Espírito Santo as pessoa com fome de pão e sede do vinho – o corpo e o sangue do sacramento, a confirmação da graça
—        Isso, não! — todos tavam em pé, qui a resposta da ameaça feita precisava teatro do mesmo tamanho, a dô ensiná o pecadô a gemê, o ferido é capaz de berrá mais qui o ferimento pode doê.
As domingueiras e os enforcamento era o lugá de aliviá a raiva, rezando ou babando, tudo se via na luz da manhã. Era triste, mais era alegre, torcendo pra acabá logo, e não acabá, olhando o padre qui falava doce pro candidato da forca e deixava escondida nas palavra do medo as sua ameaça com o inferno, O Sinhô lhe perdoa, mas os homens não podem lhe perdoar, as famílias encarando o enforcado, as crianças fazendo birra, querendo rapadura, as mocinhas namorando, as beatas esfregando as coxas, retorcendo as mãos, as calça molhada, uma qui otra boca rezando, rogando por alguma graça, torcendo por alguma desgraça, Bem qui a corda do enforcado podia arrebentá, Em que isso ia adiantá, ordem do juiz é pra sê cumprida, Assim, podia começá tudo de novo.
Pro enforcado a certeza qui o dia da vida eterna havia lhe chegado, a vida eterna no inferno decretada pela justiça do homem, acatada pela divina
—        Não é concebível! — o legisladô Bicão levantô a voz mais qui a maioria, voltô no assunto de criá um imposto provisório de construção pra obra Santa, nada muito pesado, nem tão leve qui não fosse valê o esforço de arrecadá
—        Não é pra tanto... — voltô a dizê o juiz. Todos já tinham sentado, qui a teatração agora exigia mais calma, comedimento e perícia com as palavra. Raciocínio de solução pra diminuí o tamanho dos ânimos qui já tava exaltado. O aviso tinha sido dado de um lado e do otro, não era queda de braço, mais era preciso tê  cuidado com as força metida naquela confusão — ... esse assunto de aumentar os donativos não pode virar penalidade forçada, ajudou: vai subir, não ajudou: vai descer.
—        Mas essa é a trama: quem ajuda fica mais em cima nas considerações da missa, quem ajuda menos fica mais embaixo. O tamanho da ajuda mostra a medida da altura.
O chefe das pulícia anunciava qui sabia fazê cumprí as lei e enxergava as medida qui cada pilantra e malfeitô  merecia apanhá
— Tem vez que não dá tempo de esperar pelo juiz, nem pelo inferno. — gostava de repetí quando perdia por falecimento um qui otro negro
—        Isso tudo é balela, conversa inventada... o já doado se fosse usado com economia, sem abuso ou indiscrição, já se teria visto da obra o fim... — o visconde Bonfim, qui tinha suas terra nos arredô do Caminho do Meio, não plantava nem criava nada nas terra, só deixava crescê os  mato ruim, era homem de vista cumprida, esperava a cidade crescê, assim vendia cada pedacinho das terra pelo preço qui jurava qui pagô, mais tudo qui é gente apostava qui não pagô, se pagô foi pro escrivão fazê as escritura, inventá uma compra qui nunca existiu — ... o amigo fazedor das leis enlouqueceu!
A reunião da Irmandade virô panela no fogo, se a quentura das labareda não diminuí a fartura dos alimento vai queimá
—        Aumentar o quê? Aonde?
—        No charque e no couro! — foi o grito qui se ouviu do meio pro fundo da reunião. Os bode caminhava dum lado e otro, borbulhando, mexidos com a colhê de pau do padre
—        Irmãos, essa reunião é pra discutí as doações...
—        E as doações não chegam?
—        Nem pensar no charque! — foi otro grito de horrô qui se ouviu do meio pro fundo do salão, o mexido borbulhava, a tapadura da panela estremecia
—        Logo agora, que os fio-da-puta dos platinos tão de bobagem, querendo compensação pro nosso gado pastar do lado deles. — otro estancieiro com medo da diminuição dos lucro
—        Já começaram a coleta?
—        Ainda não, mas é uma questão que o tempo não resolve, mais dia ou menos dia, ela vem...
—        Meus filhos... meus filhos... o charque não é o assunto a ser resolvido nesta reunião. — o padre não queria qui um assunto tão amotinadô tivesse misturado com as doação. É um tempo de muita desconfiança e revolta dos estancieiro com o governo imperial
—        Não, padre! Aqui, em outro lugar, os imposto no comércio do couro e do charque é assunto de muita importância. Os fios-da-puta platinos estão colocando o couro e o charque mais barato direto em São Paulo e no Rio de Janeiro... — o estancieiro e o padre tavam em pé, as vista de um cravava nas vista do otro — ... se o governo imperial não quer baixar os tributo do nosso couro e charque, então que faça tributação no charque e no couro dos platinos!
—        Meu filho, vosmecê está desatinado, eu sei... precisamos de menos taxas, mas...
—        Não sou seu filho, padre. Sou o que o governo imperial conhece por sucre, estancieiro-soldado, e do jeito que os platinos são tratados, chega a dar na vontade ficar do lado deles, riscar no chão outras fronteiras!
Os dois continuava sem sentá, qui discussão daquela é feita do fio a pavio erguido em cima das perna, té qui o legisladô Bicão pediu a palavra. Ele também achô melhó alevantá
—        Mas quem foi que falou em aumentar os tributos do charque?
O chefe das pulícia não deu tempo pra resposta alguma, ainda com as mão marcada do bode, levantô a voz pra se anunciá na controvérsia

—        Assim, ocês acabam criando uma guerra!
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