segunda-feira, 3 de março de 2014

Um lugá qui nunca existiu

Ensaio 33B
baitasar
Ali, num lugá qui não existe, despovoado da permanência da vida, o juiz da excelência das lei na Vila e do império, ajuntado com o aconselhadô do governadô, tava tendo uma conversa qui nunca existiu frente das vista um do otro. Os dois era representadô do imperadô debaixo da guarda atenta e das vista do governadô. Eles gostava de tê conversa conciliatória antes da bocagem aberta e oficial dos assunto de interesse sigiloso. O emaranhamento das conveniência do imperadô,  do governadô e das fidalguia precisava arrumação de capricho, agilidade e o hábito de acertá os assunto da Irmandade antes de se enredá neles. É ajuntamento pra pouco ouvido. E os qui fô escutá tem qui controlá a tentação da língua repetí o qui os ouvido escutô. Por isso, o lugá das reunião sigilosa qui nunca existiu não era paradeiro do conhecimento entre as fidalguia e os moradô comerciante da Vila. Aquilo qui os óio não vê, os ouvido não escuta, o coração não há de sentí e a língua não há de espaiá.
O parasitismo das fidalguia não queria mexê no qui tava bom pra ela, nem interessava sabê as coisa qui acontecia ou deixava de acontecê, desde qui as bondade de cortesia do imperadô e dos seus representante alegórico não mudasse de lado. Faziam gosto de rí com as bondade do imperadô. Ele tinha o dom de serví e gastá mais qui ganhava pra esbanjá. As extravagância do imperadô e té das fidalguia se repetia todos os dia. Coisa de quem manda e desmanda com cortesia. A boca dos oposicionista qui reclamava dos privilégio qui não tinha era fechada com as ruindade das lei.
As lei nunca foi aplicada nos amigo, elas serve pra controlá os inimigo. Os de fora da Irmandade. Mais os pobre, as puta e os preto. Esses não tinha boca, mais era útil pra mostrá o lado triste das treva. Eles servia pra avisá os descontente qui o qui já tava ruim podia piorá. Uma espada jurada em cima das cabeça dos desgarrado do bom senso: Amanhã, se ocê é um desgarrado por birra ou coração vai poder se juntar a manada silenciosa dos miseráveis.
O decisório das lei é um podê dos pouco qui se diz fundadô da Vila .
Um sítio clandestino usado pra encontro furtivo e secreto. Esquecido de sê destinado como lugá dos encontro administrativo da governança ou recinto público dos julgamento da sua Excelência. Um lugá de decisão qui os subalterno do serviço público e os ajudante das lei não podia sabê. Os três funcionário do gabarito mais superiô do governadô - qui era da confiança do imperadô - aparecia e desaparecia, não devia conversá assunto reservado em qualqué lugá.
O assunto daquela reunião repentina não era uma trama qualqué. E podia virá assombração se eles não tivesse cuidado de combiná os interesse do siô padre com as conveniência da Irmandade. Pió podia ficá se os três não tivesse atenção com as comodidade do governadô. Eles gostava da missão, mais carecia qui fosse eficiente.
A porta dos fundo da casa qui nunca existiu abriu de repente, como se tivesse acomedimento de assalto. O chefe das pulícia entrô como gostava de fazê, sem cerimônias e com o pé na porta. Os dois já reunido e com começo de conversação se oiô com jeito aborrecido. Aquela turbulência tinha proveito de uso, mais no lugá adequado
—        Desculpem, os maus hábitos e o não cumprimento com a hora combinada, mas nem todas as horas me favorecem.
—        Pelo visto, o meu Chefe da Polícia não perde o costume da intempestividade com as portas.
Antes de respondê, o chefe procurô com as vista o contratante do encontro, lhe fez um gesto de saudação com uma das mão. A otra  mão levô ao bolso da calça manchada de sangue. Retirô a mão do bolso segurando um lenço todo manchado. Usô o pano rendado pra secá o suô da testa
—        Abafado, por aqui. — depois do murmúrio despretencioso, oiô na direção do juiz, pareceu medí a utilidade de instruí o magistrado sobre as ocorrência do dia. Depois dum suspiro resignado começô o falatório da explicação — Vossa Excelência, dono da sabedoria das lei, sabe que o tempo que se gasta pedindo licença rouba o tempo de cumprir meus deveres. E de mais a mais, a fama de muitos cavalos depende das esporas do cavaleiro. – parô otro pouco, fazia gosto de oiá os efeito das suas palavra. Gostava de misturá no meio da sua prosa alguns dito do povo. Puxô a cadeira qui tava lhe esperando e sentô de frente pra sua excelência
—        Amanhã, Vossa Excelência irá receber o caso de um negro fugitivo com dois donos. O negro tinha dois anúncios de fuga. O primeiro dava conta que o escravo de um tal Américo Soares, morador do Caminho do Meio, há mais de um ano se achava ausente dos seus senhores. Tinha sido seduzido por seu vizinho Moacyr Feitosa com promessas de libertá-lo. O nome do tal escravo é Amaro, estatura média, fala branda e expressiva. A cor do fugitivo é preta. O segundo anúncio dava conta que um escravo de Moacyr Feitosa fugido mais de três meses dos trabalhos, nas terras das cercanias do Caminho do Meio. O nome do escravo é João, estatura média, falante, intitula-se forro. A cor é preta.
O magistrado acariciô o queixo pontudo como se tivesse aprofundando o pensamento no livro das lei, depois coçô a cabeça de pouco cabelo, té quase na nuca, fez uma ou duas careta pra dizê com a voz impaciente
—        Amanhã se faz a pergunta do nome ao negro. Quem ele diz quem é, vai ser. Vamos continuar...
—        E se o negro não diz que é o Amaro, nem confirma ser o João? — os dois otro parô o recomeço das conversa pra escutá a pergunta do chefe, ele não parecia tê terminado o relato — O que me interessa é que o escravo fugitivo foi capturado e precisou ganhar um corretivo. Já tinha a marca de fujão.
—        O “F” na testa escura?
O chefe se desviô do juiz e respondeu
—        Bem assim, sinhô Ouvidor. Marcado em brasa. O capitão-do-mato, esse novo que foi contratado pela Comarca da Vila, achou por bem cortar a língua do negro e preservar as orelhas. Perguntei sobre as mudanças no procedimento corretivo. Vossa Excelência tem conhecimento que depois da segunda fuga o negro capturado leva a marca na testa, se o negro teima em fugir, e Vossa Excelência sabe que a teimosia dos negros tem crescido, a lei permite que se corte uma das suas orelhas. O Capitão mudou por conta própria a repreensão do negro e cortou a língua do fugitivo.
O magistrado mostrava na voz siná de irritação com aquele desvio qui já tomava tempo precioso, mais não pode evitá a pergunta do aconselhadô
—        E o sinhô Chefe da Polícia não lhe perguntou o motivo? Ou os motivos desse novo procedimento de admoestação do escravo fugitivo?
O chefe pareceu tê ficado agastadiço com as desconfiança da sua competência, se o recinto não tivesse tanta falta da luz, ia se podê vê qui ele ficô avermelhado como um pimentão maduro, mais a voz lhe traiu a impaciência. Respondia a perguntação enquanto oiava pro magistrado das lei
—        É claro que fiz a pergunta. O sinhô Ouvidor não tem obrigação de conhecer meu desempenho profissional, mas Vossa Excelência me conhece, não faço gosto de perder o controle dos cumprimentos das regras e das leis na Vila.
Na altura daquele relato, o magistrado juiz sabia qui ficá quieto não ia adiantá, o assunto tinha ficado num tamanho qui o silêncio não era o mais apropriado
—        O que foi que o Capitão lhe respondeu?
O chefe se sentia mais na sua vontade com as pergunta do magistrado juiz. Podia parece bobagem de subalterno pra superiô, mais não se importava de dá aclaramento pra quem devia obrigação de se explicá. Um pouco mais ou um pouco menos qui o soldado devê cumprimento de obedecimento aos fardado acima da sua colocação e esperá atendimento pelos debaixo. Mais o pió era sentí a dô de precisá respondê pra essa gente qui nunca vai chegá perto de lutá e pegá nas arma
—        Ele argumentou, no meu entender com sabedoria, que é melhor o negro escutar as ordens do dono que responder com alguma malcriação.
O magistrado juiz levantô do mesmo jeito qui o chefe entrô, a cadeira caiu de costas como um corpo sem vida, deu três passos na direção da porta. Parô e revirô o corpo, pareceu soldado fazendo volta volvê
—        E o negro?
O chefe subiu os ombro e abriu os braço, como se tivesse dando a entendê qui fez o seu possível na confusão criada pelo tal capitão. Esfregô as mão antes de prosseguí
—        Chamei o negro forro que tem o serviço de barbeiro e sangrador. Pensei que se o negro sabia fazer sangrar devia saber um jeito de não deixar sangrar. O tal se mostrou muito competente com a agulha e a linha. Fez as costuras no tal Amaro ou João que estava aos berros e urros. Tinha jeito de bicho. Um porco na hora do abatimento. Negro forte, não perdeu a consciência nem por um minuto. Berrava e se torcia. Mas, enfim, o serviço foi feito. Parecia que era só preciso esperar, mas uma coisa já era certa, esse não ia saber dizer o próprio nome.
O magistrado juiz deu dois passo de volta. Tinha as mão pra trás e um olhá de dúvida
—        Parecia?
O chefe das pulícia levantô da cadeira e endireitô a qui tava caída. Esperô qui o magistrado juiz sentasse. Parece qui ele não queria. Enquanto o magistrado juiz continuava em pé, parado, esperando resposta pra sua pergunta, o ouvidô do governadô lembrava das suas visão do barbeiro sangradô. Té qui o chefe se resolveu de respondê
—        O negro morreu afogado no sangue e engasgado com o resto da língua que engoliu.
—        Nem porco se trata desse jeito.
O chefe das pulícia exasperô sua calma, não ia ficá sentado, escutando as acusação desse pardo de boa vida. Mexê com ele era o mesmo feitio qui se metê com toda pulícia. Mexeu com um soldado, desafiô com o quartel todo. E se a vara qui cutuca fô curta corre o risco de não protegê a mão qui lhe segura
—        O que o sinhô Ouvidor-Geral sugere que tivesse feito? Quando peguei o caso, o negro já era puro sangue. Pensei em consertar a confusão causticando como se faz com a verruga, mas confesso que o serviço precisava de mais habilidade. Até colocar a focinheira um tempo grande já tinha se perdido. O negro sangrou até não ter mais o que sangrar.
O magistrado juiz já tinha sentado, fez sinal qui o chefe também se acomodasse. Afinal, o assunto de interesse da reunião pouco havia sido mencionado e eles precisava encontrá a calmaria do início. O chefe sentô. Aquela estripulia já lhe tinha arrancado das entranha boa parte das força qui tinha guardado pros festejo na rua dos Sete Pecado. O magistrado juiz qui fosse tê entendimento com o bicho do mato e os dois dono do negro
—        O Capitão quer o pagamento da captura, diz que entregou o negrão safado bem vivinho. Não recomendei nada, ficou tudo para sua decisão.
O magistrado juiz levantô, desta vez, como um cavalheiro. Ficô parado em pé, olhando as parede nua. Não tinha pintura de paisagem ou retrato. As mão pra trás do corpo. Calado. Nem se deu o feitio de virá pra liderança de pulícia na Vila. Não queria, mais fez otra pergunta, qui té já conhecia a resposta. Sabia a gula dos Vileiros por moedas de prata
—        Tudo o quê?
O dono das espora e dos cavalo achô meió não enfiá os pé na porta do magistrado juiz, afinal, a excelência do homem e os cuidado com qui usava os entendimento das lei, fazia dele o homem certo, no lugá certo, no dia certo, pras fidalguia, qui no fim de tudo era qui mandava
—        Amanhã, o sinhô Magistrado vai ter três queixosos: o capitão-do-mato exigindo pagamento da captura; os dois donos do negro morto vão querer indenização do prejuízo. Vossa excelência decide quem tem direito no negro morto e quem não tem. E quem ganhar a custódia do corpo já faz a destinação do defunto.
—        Onde está o negro?
—        Continua preso até sua decisão. — o chefe das pulícia precisô segurá a sua vontade de tê um arroto de satisfação. A clareza com qui colocô os fato no colo do magistrado juiz era virtude qui desentravava quando se punha de fazê travessura pro bem ou pro mal — Na verdade, eles querem ter direito no negro vivo, acontece que o negro está morto. E não se sabe se é o Amaro ou o João.
O magistrado juiz voltô a sentá, e pelo oiá de conhecimento do chefe das pulícia com os feitio do siô juiz, ele já tinha decisão tomada
—        Vamos tomar um chimarrão! — nem bem terminô a frase dita, um preto sorumbático e calado entrô segurando a cuia em uma das mão e a chaleira com a otra. Entregô nas mão do magistrado juiz e se foi
—        Então, quem está na vez do chimarrão?
—        Esse é o primeiro, Excelência. — respondeu o chefe das pulícia. Pegô o pano rendado e manchado qui tinha guardado no bolso da jaqueta, passô na testa
—        Isso mesmo... cabungo! — o preto voltô no aposento. Trazia um cabungo pro magistrado juiz cuspí as primeira puxada do chimarrão servido com água fria, pra modo de não entupí a bomba — Então, cabe a mim o prazer de esquentar a erva para o mate com os amigos.
O ouvidô do governadô oiô com espanto a novidade. O magistrado juiz viu a inquietude e o sobressalto nos óio do otro, se apressô de dizê

—        Esse não fala, só escuta.

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