quinta-feira, 8 de maio de 2014

Um inventor de paisagens

Jair Rodrigues



Disparada






Disparada
Geraldo Vandré


Prepare o seu coração
Pras coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar

Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo pra consertar

Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu

Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei

Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente

Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto pra enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei

Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu

Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei


Composição: Geraldo Vandré e Theo de Barros






O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar

Escravo no mundo em que estou
Escravo no reino e que sou
Mas acorrentado ninguém pode amar

Feio, não é bonito
O morro existe, mas pedem pra se acabar
Canta, mas canta triste
Porque tristeza é só o que se tem pra contar
Chora, mas chora rindo
Porque é valente e nunca se deixa quebrar
Ama, o morro ama
Amor bonito, amor aflito que pede outra história

Vamos, carioca, sai do teu sono devagar
O dia já vem vindo aí, o Sol já vai raiar
São Jorge o teu padrinho, te dê cana pra tomar
Xangô teu pai, te dê muitas mulheres para amar

Saravá Ogum
Mandinga da gente continua
Cadê o despacho pra acabar
Santo guerreiro da floresta
Se você não vem eu mesma vou
Brigar

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Brilha tão leve, mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

Subi lá no morro só pra ver o que o negro tem
Pra cantar assim gostoso e fazer samba como ninguém
Mas eu subi lá no morro só pra ver o que é que o meu neguinho tem
Pra cantar assim gostoso e pra fazer samba como ninguém

Vou andar por aí
Perguntar por aí
Pra ver se eu encontro
A paz que perdi

A sorrir eu pretendo levar a vida
Pois chorando eu vi a mocidade perdida

Se alguém perguntar por mim
Diz que fui por aí
Levando um violão embaixo do braço
Em qualquer esquina, eu paro em qualquer botequim
Eu entro, e se houver motivo
É mais um samba que eu faço
Se quiserem saber se volto, diga que sim
Mas só depois que a saudade se afastar de mim

Acender a vela já é profissão
Quando não tem samba, tem desilusão
Acender as velas já é profissão
Quando não sou eu, é Nara Leão

Eu sou o samba
A voz do morro sou eu mesmo, sim senhor
Quero mostrar ao mundo que tenho valor
Eu sou o rei dos terreiros
Eu sou o samba
Sou natural daqui do Rio de Janeiro
Sou eu quem leva alegria
Para milhões de corações brasileiros

O morro não tem vez
E o que ele fez já foi demais
Mas olhem bem vocês
Quando derem vez ao morro
Toda a cidade vai cantar


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O Morro Não Tem Vez (Tom Jobim, Vinícius De Moraes)
Esse Mundo É Meu (Sergio Ricardo, Ruy Guerra)
Feio Não É Bonito (Carlos Lyra, Gianfrancesco Guarnieri)
Samba Do Carioca (Carlos Lyra, Vinícius de Moraes)
Esse Mundo É Meu (Sergio Ricardo, Ruy Guerra)
A Felicidade (Tom Jobim, Vinícius De Moraes)
Samba De Negro (Roberto Correia, Sylvio Son)
Vou Andar Por Aí (Newton Chaves)
O Sol Nascerá (A sorrir) (Cartola, Elton Medeiros)
Diz Que Fui Por Aí (Zé Keti, Hortêncio Rocha)
Acender As Velas (Zé Keti)
A Voz Do Morro (Zé Keti)
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Acompanhamento feito pelo Jongo Trio, que mais tarde com a saída de Cido e a entrada de César Camargo Mariano, virou Som Três
Cido Bianchi (piano)
Sabá (contrabaixo)
Toninho Pinheiro (bateria)



Deixa que digam que pensem que falem... azar deles

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