segunda-feira, 26 de maio de 2014

Pegadas

Bebeto Alves





Pegadas

Nas pegadas das minha botas
Trago as ruas de Porto Alegre
E na cidade de meus versos
O sonho dos meus amigos
Caminhando pelas ruas de
uma cidade americana
Eu percebo que não quero migalhas
Nem tampouco medalhas
Isso tudo é ilusão
Vendo as mesmas mentiras
num país desenvolvido
Armado até os dente para a guerra
Me dói o coração
Perceber a situação que estamos
envolvidos sem perspectivas
De qualquer solução
Nas pegadas...
É quando penso na razão que nos leva a acreditar
Que estamos mudando um país
Uma voz vem lá de dentro que me diz
Que o sistema no fundo é o mesmo
e em nós se perpetua
E não cabe mais aqui e agora
essa máquina que nos fez aprendiz
De um poder vagabundo
Nas pegadas das...
E não podemos mais
desperdiçar energia
Com uma vazia retótica estética
amordaçando o grito de um coração
Que luta contra toda falta de perspectiva
e informação do pensamento
Abatido pelos mísseis imperialistas
dentro de sua própria nação
com toda falta de cultura, sensibilidade,
amor, respeito e educação
Nas pegadas...
E fico puto ao constatar que
desperdiçamos tempo parados em segredo
Bebendo num bar que nos feriu
a memória e nos tirou a força humana
O único sentido de revolução de um ser
O objetivo intrínseco de um homem
novo de qualquer geração
Para toda e qualquer falta de possibilidade
Tem que haver reação
Nas pegadas...
E agora eu sei que o que nos ensinou a esperar inutilmente
Foi a burocracia, o misticismo e a religião
Esperar por Deus, por alimento, pão
Esperar que as coisas mudem num próximo momento
E eu atento contra a culpa e o sofrimento
judaico-cristão
Contra toda dúvida e medo
Com muita insatisfação
Nas pegadas...
Caminhando pelas ruas de uma cidade americana
Eu lembro o poeta Duclós que disse-me estar a salvo -
não é se salvar
E eu complementaria, hoje em dia
se sentir salvo é esperar pela salvação
E nada nos salvará
Um dia, ainda, nos aniquilarão
Parodiando Russians do Tting
eu também diria
Então espero que os brasileiros amem seus filhos,
de coração
Nas pegadas...



Nei Lisboa
Faxineira




Carlinhos Hartlieb
Maria da Paz




Almôndegas
Gaudêncio sete luas




Vitor Ramil 
Loucos de Cara



Loucos de Cara
Kleiton Ramil / Vitor Ramil

Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!

Não importa que Deus
Jogue pesadas moedas do céu
Vire sacolas de lixo
Pelo caminho

Se na praça em Moscou
Lênin caminha e procura por ti
Sob o luar do oriente
Fica na tua

Não importam vitórias
Grandes derrotas, bilhões de fuzis
Aço e perfume dos mísseis
Nos teus sapatos

Os chineses e os negros
Lotam navios e decoram canções
Fumam haxixe na esquina
Fica na tua

Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!

Não importa que Lennon
Arme no inferno a polícia civil
Mostre as orelhas de burro
Aos peruanos

Garibaldi delira
Puxa no campo um provável navio
Grita no mar farroupilha
Fica na tua

Não importa que os vikings
Queimem as fábricas do cone sul
Virem barris de bebidas
No rio da prata

Boitatá nos espera
Na encruzilhada da noite sem luz
Com sua fome encantada
Fica na tua

Poetas loucos de cara
Maldito loucos de cara
Pirados loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Parceiros loucos de cara
Ciganos loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!

Se um dia qualquer
Tudo pulsar num imenso vazio
Coisas saindo do nada
Indo pro nada

Se mais nada existir
Mesmo o que sempre chamamos real
E isso pra ti for tão claro
Que nem percebas

Se um dia qualquer
Ter lucidez for o mesmo que andar
E não notares que andas
O tempo inteiro

É sinal que valeu!
Pega carona no carro que vem
Se ele não vem, não importa
Fica na tua

Videntes loucos de cara
Discrentes loucos de cara
Inquietos loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Latinos, deuses, gênios, santos, podres
Ateus, imundos e limpos
Moleques loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Gigantes, tolos, monges, monstros, sábios
Bardos, anjos rudes, cheios do saco
Fantasmas loucos de cara
Ah, vamos sumir!

Vem, anda comigo pelo planeta
Vamos sumir!
Vem, nada nos prende, ombro no ombro
Vamos sumir!

Bixo da Seda

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