Xangô
Reginaldo
Prandi
Xangô é
escolhido rei de Oió
Antes
de se tornar rei de Oió, Xangô foi consultar o oráculo. O adivinho lhe disse
que fizesse um sacrifício. Que oferecesse búzios, dois galos, duas galinhas e
dois pombos. Xangô Afonjá devia oferecer também a roupa que estava usando e dar
alguma coisa para seus parentes e amigos.
Ele
assim o fez e todos se reuniram para comer e beber do sacrifício. Todos se
fartaram e cantaram. Então se perguntou:
“Quem
escolhemos para nosso rei?”
“Que
tal o homem em cuja casa comemos e bebemos?”, alguém propôs.
“Quem
senão Afonjá? Só pode ser Afonjá!”, aclamou a multidão em coro.
“Quem
mais pode ser feito rei?”
“Só
temos Afonjá!”, alguém propôs.
“Que
seja Afonjá”, aclamou a multidão em coro.
E
escolheram Afonjá e o fizeram rei de Oió.
E
Xangô reinou em Oió.
[123]
Xangô é
reconhecido como o orixá da justiça
Xangô
e seus homens lutavam com um inimigo implacável. Os guerreiros de Xangô,
capturados pelo inimigo, eram mutilados e torturados até a morte, sem piedade
ou compaixão. As atrocidades já não tinham limites. O inimigo mandava entregar
a Xangô seus homens aos pedaços. Xangô estava desesperado e enfurecido.
Xangô
subiu no alto de uma pedreira perto do acampamento e dali consultou Orunmilá
sobre o que fazer. Xangô pediu ajuda a Orunmilá.
Xangô
estava irado e começou a bater nas pedras com o oxé, bater com seu machado duplo. O machado arrancava das pedras
faíscas, que acendiam no ar famintas línguas de fogo, que devoravam os soldados
inimigos.
A
guerra perdida foi se transformando em vitória.
Xangô
ganhou a guerra.
Os
chefes inimigos que haviam ordenado o massacre dos soldados de Xangô foram
dizimados por um raio que Xangô disparou no auge da fúria. Mas os soldados
inimigos que sobreviveram foram poupados por Xangô.
A
partir daí, o senso de justiça de Xangô foi admirado e cantado por todos.
Através
dos séculos, os orixás e os homens têm recorrido a Xangô para resolver todo
tipo de pendência, julgar as discordâncias e administrar justiça.
[124]
Xangô torna-se rei de Cossô
Xangô é reconhecido por Aganju como seu filho legítimo
Xangô rouba Iansã de Ogum
Xangô ordena que primeiro saúdem seu irmão mais velho
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Xangô é reconhecido por Aganju como seu filho legítimo
Xangô rouba Iansã de Ogum
Xangô ordena que primeiro saúdem seu irmão mais velho
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Leia também:
XVI – Mitologia dos Orixás: Euá [114] [115]XVIII – Mitologia dos Orixás: Oiá - Iansã [163] [164] [177]
Reginaldo Prandi, paulista de Potirendaba e professor
titular de sociologia da Universidade de São Paulo, é autor de três dezenas de
livros. Pela editora Hucitec publicou Os candomblés de São Paulo, pela Edusp, Um sopro do
Espírito, e pela Cosac Naify, Os príncipes do destino. Dele, a
Companhia das Letras publicou também Segredos guardados: orixás na alma
brasileira; Morte nos búzios; Ifá, o Adivinho; Xangô, o
Trovão; Oxumarê, o
Arco-Íris; Contos e lendas afro-brasileiros: a criação do mundo; Minha querida
assombração; Jogo de escolhas e Feliz Aniversário.
Prandi, Reginaldo.
Mitologia dos Orixás / Reginaldo Prandi; ilustrações de Pedro Rafael. - São
Paulo: Companhia das Letras, 2001.
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