O Festival de Besteira
Festival de Besteira que já Assolou e voltou Assolar o País
Ontem um grupo de coleguinhas jornalistas estava comentando a nota enviada pelos outrossim coleguinhas jornalistas de Brasília ao sr. ministro das Relações Exteriores. A nota, em síntese, pede a sua excelência que tenha suas relações exteriores, mas sem prejudicar suas relações interiores; isto é, os notistas ficaram um bocado chateados com as declarações de sua excelência, de que o noticiário dos repórteres que fazem a cobertura do contrabando de minérios por cidadãos norte-americanos é tudo mentira e os rapazes são todos comunistas, interessados apenas em atrasar nossas relações diplomáticas com a grande nação da América do Norte.
Festival de Besteira que já Assolou e voltou Assolar o País
Meio a meio
Ontem um grupo de coleguinhas jornalistas estava comentando a nota enviada pelos outrossim coleguinhas jornalistas de Brasília ao sr. ministro das Relações Exteriores. A nota, em síntese, pede a sua excelência que tenha suas relações exteriores, mas sem prejudicar suas relações interiores; isto é, os notistas ficaram um bocado chateados com as declarações de sua excelência, de que o noticiário dos repórteres que fazem a cobertura do contrabando de minérios por cidadãos norte-americanos é tudo mentira e os rapazes são todos comunistas, interessados apenas em atrasar nossas relações diplomáticas com a grande nação da América do Norte.
Entre os que discutiam a coisa, um havia que defendia a tese de que o melhor é a gente cumprir o dever e não dar bola para fofocas oficiais. Mas os outros protestaram contra isso, porque — hoje em dia — ser chamado de comunista é uma barbada. O Ibrahim, por exemplo, chama de comunista todo aquele que lê o seu livro, 000 contra Moscou, e não gosta. Ora, como todo mundo que lê não gosta, é claro… todo mundo é comunista, não é mesmo? Esta folga precisa acabar.
Precisa, não precisa — a discussão ia nessa base, quando um dos presentes afirmou que era muito chato ser comunista por antecipação. E contou o caso do deputado fluminense José Antônio da Silva, cassado pela Assembleia de seu estado, acusado de comunista e subversivo. O deputado foi cassado e instaurado um IPM contra ele. Agora o IPM foi arquivado, depois de concluir-se sua completa inocência. O arquivamento deu-se por inexistência de ilícito penal na acusação formulada.
Pombas, a cassação da precipitada Assembleia fluminense não pode voltar atrás, porque aí enveredava tudo pelo perigoso caminho da galhofa (como se já não tivesse enveredado — o parêntese é aqui do Lalau).
— E como é que ficou o deputado então? — perguntou um interessado.
— Bem — foi dizendo o que contava o caso — ficou assim, nessa esculhambação. O jeito seria considerar-se metade da conclusão da Assembleia acertada e metade da conclusão do IPM também acertada. Assim o deputado José Antônio da Silva fica sendo um ótimo cidadão às segundas, quartas e sextas, e um comunista nojento às terças, quintas e sábados. Aos domingos ele descansa.
Continua... o festival de besteiras
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Leia também:
Stanislaw PP - FeBeAPá: O Festival de Besteira (1)
Stanislaw PP - FeBeAPá: O Festival de Besteira (2)
Stanislaw PP - FeBeAPá: O Festival de Besteira (3)
Stanislaw PP - FeBeAPá: O Festival de Besteira (4)
Stanislaw PP - FeBeAPá: O puxa-saquismo desvairado
Stanislaw PP - FeBeAPá: Nas tuberosidades isquiáticas
Stanislaw PP - FeBeAPá: O informe secreto
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* Vanja Orico (1931-2015), cantora e atriz, célebre por viajar ao exterior com enorme frequência.
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* Vanja Orico (1931-2015), cantora e atriz, célebre por viajar ao exterior com enorme frequência.
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SÉRGIO PORTO nasceu no Rio de Janeiro em 1923 e morreu na mesma cidade em 1968. Foi cronista, radialista, homem de teatro e TV, compositor. Conhecido nacionalmente por meio do pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, publicou, além de Febeapá, coletâneas de crônicas, textos sobre futebol, entre outros.
SÉRGIO PORTO nasceu no Rio de Janeiro em 1923 e morreu na mesma cidade em 1968. Foi cronista, radialista, homem de teatro e TV, compositor. Conhecido nacionalmente por meio do pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, publicou, além de Febeapá, coletâneas de crônicas, textos sobre futebol, entre outros.
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