domingo, 29 de maio de 2022

Poemas de Amor - Adelino Fontoura

Poemas de Amor - 01

um na semana... 
é preciso tempo para se alastrar em nós
essa voz e seus nós



Atração e repulsa


Eu nada mais sonhava nem queria
que de ti não viesse, ou não falasse;
e como a ti te amei, que alguém te amasse
coisa incrível até me parecia.

Uma estrela mais lúcida eu não via
que nesta vida os passos me guiasse,
e tinha fé, cuidando que encontrasse,
após tanta amargura, uma alegria.

Mas tão cedo extinguisse este risonho,
este encantado e deleitoso engano,
que o bem que achar supus, já não suponho.

Vejo enfim que és como um peito desumano;
se fui té junto a ti de sonho em sonho,
voltei de desengano em desengano.



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1859, Axixá, MA - 1884, Lisboa, Portugal


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