Edgar Allan Poe - Contos
Um Homem na Lua
Título original: The Unparalleled Adventure of One Hans Pfaall
Publicado em 1835
Cheio o coração de delirantes fantasias
Que eu capitaneio,
Com uma lança de fogo e um cavalo de ar
Viajo através da imensidade.
— Canção de Tom O’Fedlan
Segundo as mais recentes notícias de Roterdão, parece que a cidade se encontra num singular estado de efervescência filosófica. Produziram-se realmente fenómenos de caráter tão inesperado e tão novo, de tal forma são contraditórias as notícias recebidas, que não duvido de que, dentro de muito pouco tempo, a Europa esteja completamente revoltada, a física comece a fermentar, e a razão e a astronomia se arrepelem.
Segundo parece, no dia... do mês... (não me recordo bem da data), tinha-se reunido imensa multidão, com um motivo que não conseguimos esclarecer ainda, na grande praça da Bolsa da confortável cidade de Roterdão.
O dia era singularmente quente para a estação em que se estava; havia apenas um sopro de ar e a multidão agradecia de quando em quando uma simples e amigável brisa que vinha das amplas massas de nuvens brancas, abundantemente distribuídas pela cúpula azul do firmamento.
Cerca do meio-dia, houve na multidão um frémito ligeiro mas vincado, seguido do murmúrio de dez mil línguas. Minutos depois, dez mil rostos se levantaram para o céu, dez mil cachimbos desceram, simultaneamente, das dez mil bocas, e um grito, que não podia ser comparado senão ao rugido estrondoso do Niágara, soou amplamente, furiosamente, ao longo da cidade, e para além ainda dos arredores de Roterdão.
Não tardou a compreender-se o motivo deste escândalo. Saindo do fundo de uma daquelas vastas massas de nuvens de contornos rigorosamente definidos, viu-se desembocar e entrar numa das lagoas da extensão azul um ser estranho, heterogéneo, de aparência sólida, e tão singularmente construído, tão fantasticamente organizado que a multidão de burgueses que o fitava de baixo, com a boca aberta, não podia compreender do que se tratava nem podia deixar de se espantar.
Que seria aquilo? Em nome de todos os diabos de Roterdão, que significava? Que podia pressagiar? Ninguém o sabia; ninguém podia adivinhá-lo, nem sequer o burgomestre minheer Superbus Von Underduck; ninguém possuía o mais insignificante dado para esclarecer o mistério. Assim, pois, não tendo nada melhor a fazer, os obesos habitantes de Roterdão voltaram a colocar, com toda a gravidade, os seus cachimbos nas respetivas bocas; lançaram grandes fumaças, fizeram uma pausa, moveram-se da direita para a esquerda e grunhiram significativamente; depois, moveram-se da esquerda para a direita, grunhiram, fizeram uma pausa e, por fim, voltaram a lançar novas fumaças.
Entretanto, via-se descer, cada vez mais baixo, cada vez mais perto da beatífica cidade de Roterdão, o objeto de tal curiosidade e o motivo de tão espessa fumarada. Em poucos minutos chegou suficientemente perto para que se pudesse distinguir com toda a exatidão. Parecia ser, era indubitavelmente, uma espécie de balão; mas sucede que Roterdão nunca tinha visto balão semelhante.
Porque, vejamos: já viu alguém, ou ouviu falar alguma vez de um balão formado por completo de jornais velhos? Na Holanda, pelo menos, não. E, no entanto, ali mesmo, em frente do nariz de todo o povo, ou melhor, um pouco mais alto que o seu nariz, aparecia o artefato em questão construído com aquele material inverossímil. Isto era um enorme insulto ao senso comum dos burgueses de Roterdão.
Quanto à forma do fenômeno, era ainda mais censurável, visto que se tratava de uma carapuça de louco, voltada ao contrário. E esta semelhança, quando se examinava de mais perto, longe de diminuir era mais evidente, vendo-se que em volta do bordo superior ou da base do cone havia uma saliência e, dependurados dela, uma série de pequenos instrumentos semelhantes a campainhas de gado que retiniam incessantemente com o ritmo musical de Retty Martin.
Mas o mais extraordinário era que, dependurado de uma das fitas azuis, balançava-se, à maneira de barquinha, um imenso chapéu americano de castor cinzento, de abas enormemente largas, copa hemisférica, com uma fita negra e uma fivela de prata. Embora nenhuma pessoa pudesse jurar que conhecia de antemão este chapéu, toda a multidão o fitava com olhos familiares, enquanto a senhora Grettel Pfaall lançou, ao vê-lo, uma exclamação de alegre surpresa e declarou que aquele era, positivamente, o chapéu do seu marido.
Esta circunstância era tanto mais importante quanto era certo que Pfaall desaparecera de Roterdão, com três amigos seus, havia aproximadamente cinco anos, e desaparecera de uma maneira tão súbita e inexplicável que até ao momento em que começa esta história tinham fracassado todas as pesquisas e investigações. É bem verdade que se tinham descoberto recentemente, no extremo este da cidade, algumas ossadas que, a princípio, se tomaram por humanas, entre um montão de escombros, e que alguns tinham chegado a supor que eram os vestígios de um espantoso crime no qual tivessem perecido Hans Pfaall e os seus camaradas. Mas voltemos à nossa narrativa.
O balão, porque realmente se tratava de um balão, tinha descido a cem pés do solo e mostrava à multidão o seu único tripulante. Era um indivíduo bem extraordinário. Não teria mais de dois pés de altura, mas por muito pequeno que fosse perderia o equilíbrio e passaria pela borda da minúscula navezita, se não fosse um rebordo circular que lhe subia até ao peito e estava ligado às cordas do globo.
O corpo do homenzinho era excessivamente volumoso e dava a impressão de uma rotundidade absurda. Os seus pés, naturalmente, não se viam; as mãos eram monstruosamente grossas; tinha os cabelos grisalhos e apanhados atrás, num rabicho; o nariz, prodigiosamente longo, pencudo e vermelho; os olhos, brilhantes e vivos; o queixo e as faces, embora enrugadas pela velhice, eram rubicundos; mas por mais que se olhasse não se lhe podia descobrir nenhuma orelha.
Vestia um capote amplo, azul celeste, uns calções curtos, largos e abertos de um lado, presos aos joelhos por anilhas de prata, e o casaco era de um pano amarelo e brilhante. Trazia na cabeça um gorro de tafetá branco, e, além disso, cobria o pescoço com uma manta atada pretensiosamente e de que as longas pontas caíam sobre o peito.
Apenas desceu, como dizíamos, aproximadamente a cem pés do solo, o velhote pôs-se muito nervoso e não pareceu mostrar muitos desejos de pisar terra firme. Deitou fora grande quantidade de areia de um saco de pano que levantou com muito esforço e conseguiu desta maneira que o balão se mantivesse quieto durante alguns instantes. Então, tirou do bolsinho do casaco uma grande carteira de coiro. Sopesou-a nas mãos com ar de grande surpresa, e por último, abrindo-a, tirou dela uma carta enorme, fechada com lacre vermelho, e deixou-a cair aos pés do burgomestre Von Underduck .
Sua excelência inclinou-se para apanhá-la. Mas como naquele momento o aeronauta, cada vez mais inquieto e desejoso de abandonar Roterdão, fazia precipitadamente os seus preparativos de partida, começaram a cair sobre as costas do infortunado burgomestre, um por um, doze sacos de areia.
Deve supor-se que o grande Underduck não deixou passar impunemente esta impertinência do homenzinho. Segundo dizem, a cada um dos sacos não deixou de lançar a correspondente fumaça do seu querido cachimbo, o qual o não abandonaria até ao dia da morte.
O balão ergueu-se no ar azul, como uma calhandra, e voando por cima da cidade acabou por se ocultar tranquilamente atrás de uma nuvem semelhante àquela donde saíra. E desta maneira desapareceu perante os olhos assombrados dos pacíficos cidadãos de Roterdão.
Toda a atenção se concentrou então sobre a carta cuja entrega tinha sido tão fatal à pessoa e à dignidade de Sua Excelência Von Underduck. Não se esquecera este funcionário de pôr em segurança objeto tão importante do qual era o primeiro destinatário, e de que era o segundo o professor Rudabub, como presidente e vice-presidente respetivos do Colégio Astronómico de Roterdão. Aberta a carta imediatamente pelos dignitários, encontraram o seguinte texto, realmente extraordinário:
«A Suas Excelências Von Underduck e Rudabub, presidente e vicepresidente do Colégio Nacional Astronómico da Cidade de Roterdão.
«Com certeza não esqueceram Vossas Excelências o humilde artífice Hans Pfall, construtor de foles, que desapareceu de Roterdão há aproximadamente cinco anos de uma forma inexplicável e acompanhado de outros três indivíduos. O próprio Hans Pfaall é, com permissão de Vossas Excelências, o autor desta carta.
«Todos os meus concidadãos sabem que no momento da minha desaparição eu ocupava a casita de ladrilhos vermelhos situada no princípio da rua Sauerkraust, onde vivia há quatro anos. Todos os meus antepassados, desde tempos imemoriais, exerceram invariavelmente, como eu, a muito respeitável e lucrativa profissão de construtores e ajustadores de foles. Porque, a dizer a verdade, até estes últimos anos, em que a política aqueceu a cabeça a tanta gente, nunca existiu indústria mais frutuosa que esta e nenhum cidadão de Roterdão a exerceu tão dignamente como eu. Tinha crédito e não precisava nem de dinheiro nem de boa vontade. Mas, desgraçadamente, como vou dizer, depressa tínhamos que sentir o efeito da liberdade dos pomposos discursos do radicalismo e de toda a classe de drogas do mesmo género.
«Começaram a escassear os fregueses; tinham bastante em que ocupar-se aprendendo a marcha ideológica das inteligências no século presente. Se precisavam de soprar o fogo, contentavam-se com abaná-lo com um jornal.
«À medida que o governo debilitava, eu ia adquirindo a convicção de que o coiro e o ferro eram cada vez mais indestrutíveis. Bem depressa deixou de haver em Roterdão um único fole que necessitasse de ser reparado. A situação era insustentável. Fiquei mais pobre que os ratos e, como tinha mulher e filhos que manter, e os gastos eram cada vez menos suportáveis, pus-me a refletir acerca da maneira mais conveniente de sair dessa situação.
«Não me deixaram, no entanto, os credores tempo suficiente para lamentações. Via literalmente assaltada a minha casa por eles, desde manhã até à noite. Havia, sobretudo, três indivíduos que me atormentavam insuportavelmente, sempre na frente da minha porta, e ameaçando-me com o peso da lei. Tanto me molestaram que jurei a mim próprio vingar-me cruelmente, se alguma vez tivesse a felicidade de os ter entre as minhas garras. Foi provavelmente esta sedutora esperança que me impediu de pôr em execução imediatamente o plano que tinha meditado para me suicidar. Pareceu-me mais oportuno dissimular a raiva interior e entretê-los com promessas e boas palavras até que o caprichoso acaso me pusesse em condições de me vingar deles.
«Estava nesse estado de espírito quando um dia em que me sentia mais abatido do que nunca, depois de andar ao acaso por uma infinidade de ruas, fui ter, sem saber como, a uma biblioteca pública. Desejoso de dissipar o meu mau humor, agarrei no primeiro volume que tive à mão.
«Tratava-se de um livrinho sobre astronomia especulativa, escrito pelo professor Encke, de Berlim, ou por um francês cujo nome se parece muito com o dele. Como eu tinha algumas noções desta ciência, depressa me interessou a leitura e fiquei tão absorvido pelo livro que o li duas vezes de cabo a rabo antes de me aperceber do tempo que passara.
«Quando já começava a anoitecer, dirigi-me para minha casa. Mas a leitura da obra astronómica, coincidindo com uma descoberta de física que me comunicara recentemente um primo meu de Nantes, no maior segredo, tinha causado no meu espírito uma profunda impressão. Ao longo das ruas crepusculares ia repassando minuciosamente na minha memória os raciocínios estranhos e quase ininteligíveis do escritor.
«Algumas passagens do livro inquietavam-me extraordinariamente e cada vez era mais intenso o interesse que excitavam no meu espírito. A minha educação limitada, a minha indubitável ignorância a respeito de filosofia natural, longe de me tirar toda a confiança na minha atitude compreensiva ou de me induzir a pôr em dúvida as noções confusas e vagas produzidas pela leitura, eram, pelo contrário, um acicate poderosíssimo da imaginação. E eu era suficientemente louco ou talvez suficientemente razoável para perguntar a mim mesmo se estas ideias indigestas que surgem nos espíritos mal coordenados não contêm, na maioria dos casos, toda a força, toda a realidade e todas as outras propriedades inerentes ao instinto e à intuição.
«Era já muito tarde quando cheguei a casa, e deitei-me imediatamente. Mas estava demasiado preocupado para poder dormir e passei a noite meditando. Levantei-me muito cedo e corri logo a uma livraria onde empreguei todo o dinheiro que me restava na aquisição de alguns volumes de mecânica e de astronomia práticas.
«Levei-os para casa como um tesouro e consagrei à sua leitura os meus forçados momentos de ociosidade. Graças a isso fiz bastantes progressos na minha cultura, e estes novos estudos permitiram-me executar certo projeto, inspirado não sei se pelo diabo se pelo meu génio familiar.
«Durante esse tempo, os meus três credores não deixaram de me procurar, até que, por fim, consegui acalmá-los um pouco vendendo parte do meu mobiliário para satisfazer metade da dívida, prometendo liquidar o resto logo que houvesse realizado um pequeno projeto para o qual precisava dos serviços deles. Como se tratava de indivíduos muito ignorantes, não me custou muito a convencê-los.
«Ajudado por minha mulher, e com as maiores precauções, procurei retinir algum dinheiro, vendendo ao desbarato os bens que me restavam e conseguindo que me emprestassem pequenas quantias sem que me preocupasse, confesso-o envergonhado, quando nem como poderia devolvê-las.
«Com todos estes recursos, comprei várias peças de cambraia de linho de onze jardas cada uma, uma grande quantidade de cordel, uma grande porção de verniz de borracha, um enorme cesto de vime feito de encomenda e ainda outros artigos necessários para a construção e equipamento de um balão de extraordinárias dimensões. Dei a minha mulher as ordens necessárias para que o confeccionasse o mais rapidamente possível. Entretanto, eu arranjava numerosos instrumentos e artigos necessários para fazer toda a espécie de experiências nas altas regiões atmosféricas.
«Uma noite transportei, prudentemente, para um sítio afastado da cidade, cinco barricas de dimensões iguais e uma sexta barrica maior, seis tubos de zinco de três polegadas de diâmetro e de quatro pés de comprimento, cada um fabricado ad hoc, uma grande quantidade de certa substância metálica ou semi metálica, que não nomearei, e uma dúzia de garrafões cheios de um ácido muito vulgar. O gás que devia resultar desta combinação é um gás que ninguém, exceto eu, fabricou até hoje, ou que pelo menos não foi, até hoje, aplicado da forma como eu o apliquei.
«A única coisa que direi é que se trata de uma das partes constitutivas do azote, considerado como irredutível, e cuja densidade é trinta e sete vezes e quatro décimos aproximadamente menor que a do hidrogénio. Não é inodoro mas é insípido; arde, quando puro, com uma chama esverdeada e ataca instantaneamente a vida animal. Eu não tinha inconveniente algum em revelar o segredo, mas já disse que este pertence a um cidadão de Nantes (França), que me comunicou com essa condição.
«O mesmo indivíduo confiou-me, sem que eu lhe pedisse, um processo para construir os balões com certo tecido animal que torna impossível as fugas de gás; mas como me parecesse muito dispendioso esse processo, optei por revestir a cambraia com borracha. Faço constar esta circunstância porque, provavelmente, o indivíduo em questão fará um destes dias uma ascensão com o novo gás e com a matéria citada, e não é justo que eu o prive das honras da sua originalíssima invenção.
continua...
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Edgar Allan Poe (nascido Edgar Poe; Boston, Massachusetts, Estados Unidos, 19 de Janeiro de 1809 — Baltimore, Maryland, Estados Unidos, 7 de Outubro de 1849) foi um autor, poeta, editor e crítico literário estadunidense, integrante do movimento romântico estadunidense.[1][2] Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de contos e é geralmente considerado o inventor do gênero ficção policial, também recebendo crédito por sua contribuição ao emergente gênero de ficção científica.[3] Ele foi o primeiro escritor americano conhecido por tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difíceis.
Ele nasceu como Edgar Poe, em Boston, Massachusetts; quando jovem, ficou órfão de mãe, que morreu pouco depois de seu pai abandonar a família. Poe foi acolhido por Francis Allan e o seu marido John Allan, de Richmond, Virginia, mas nunca foi formalmente adotado. Ele frequentou a Universidade da Virgínia por um semestre, passando a maior parte do tempo entre bebidas e mulheres. Nesse período, teve uma séria discussão com seu pai adotivo e fugiu de casa para se alistar nas forças armadas, onde serviu durante dois anos antes de ser dispensado. Depois de falhar como cadete em West Point, deixou a sua família adotiva. Sua carreira começou humildemente com a publicação de uma coleção anônima de poemas, Tamerlane and Other Poems (1827).
Poe mudou seu foco para a prosa e passou os próximos anos trabalhando para revistas e jornais, tornando-se conhecido por seu próprio estilo de crítica literária. Seu trabalho o obrigou a se mudar para diversas cidades, incluindo Baltimore, Filadélfia e Nova Iorque. Em Baltimore, casou-se com Virginia Clemm, sua prima de 13 anos de idade. Em 1845, Poe publicou seu poema The Raven, foi um sucesso instantâneo. Sua esposa morreu de tuberculose dois anos após a publicação. Ele começou a planejar a criação de seu próprio jornal, The Penn (posteriormente renomeado para The Stylus), porém, em 7 de outubro de 1849, aos 40 anos, morreu antes que pudesse ser produzido. A causa de sua morte é desconhecida e foi por diversas vezes atribuída ao álcool, congestão cerebral, cólera, drogas, doenças cardiovasculares, raiva, suicídio, tuberculose entre outros agentes.
Poe e suas obras influenciaram a literatura nos Estados Unidos e ao redor do mundo, bem como em campos especializados, tais como a cosmologia e a criptografia. Poe e seu trabalho aparecem ao longo da cultura popular na literatura, música, filmes e televisão. Várias de suas casas são dedicadas como museus atualmente.
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Edgar Allan Poe
CONTOS
Originalmente publicados entre 1831 e 1849
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