Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Vol 1
1
Estudos de Costumes
- Cenas da Vida Privada
O Baile de Sceaux
A Henri Balzac, [46] seu irmão
Honoré
(Parte 2)
continuando...
Tão afastado do partido de La Fayette quanto do partido de La Bourdonnaye, [64] empreendia com ardor a reconciliação geral de onde deviam surgir uma nova era e brilhantes destinos para a França. Procurava convencer as famílias junto às quais tinha acesso das poucas probabilidades favoráveis que daí por diante ofereciam a carreira militar e a administrativa. Aconselhava às mães a dirigir os filhos para as profissões independentes e industriais, dando-lhes a entender que os postos militares e as altas funções do governo acabariam por pertencer muito constitucionalmente aos filhos segundos das famílias nobres do pariato. Segundo ele, a nação havia conquistado uma larga parte na administração por sua assembleia eletiva, pelos cargos da magistratura e pelos da finança, que, dizia, seriam sempre, como no passado, o apanágio das notabilidades do Terceiro Estado. As novas ideias do chefe da família de Fontaine, e os sábios casamentos que daí resultaram para as suas duas filhas, encontraram forte resistência em sua casa. A condessa de Fontaine conservou-se fiel às velhas crenças que não deviam ser renegadas por uma mulher que, pelo lado materno, pertencia aos Rohan. [65] Embora se houvesse oposto um momento à felicidade e à fortuna que aguardavam suas duas filhas, curvou-se a essas considerações secretas que os esposos confiam um ao outro, à noite, quando sua cabeça descansa sobre o mesmo travesseiro. O sr. de Fontaine demonstrou friamente à esposa, por meio de cálculos precisos, que a estada em Paris, a necessidade de representação, o esplendor da casa que compensava as privações tão corajosamente sofridas por eles no fundo da Vandeia, as despesas feitas com os filhos, absorviam a maior parte de suas rendas orçamentárias. Deviam, pois, agarrar como um favor vindo do céu a oportunidade que se lhes apresentava de casar tão ricamente as filhas. Não iriam elas gozar um dia uma renda de sessenta ou oitenta mil libras? Casamentos tão vantajosos não se encontravam todos os dias para moças sem dote. Finalmente, já era tempo de pensar em economizar para arredondar as terras de Fontaine e reconstruir a antiga fortuna territorial da família. A condessa cedeu, como todas as mães fariam em seu lugar, embora o fizessem talvez de maior boa vontade ante argumentos tão persuasivos. Declarou, porém, que pelo menos sua filha Emília casaria de modo a satisfazer o orgulho que ela, infelizmente, contribuíra para desenvolver naquela jovem alma.
Assim, pois, os acontecimentos que deveriam ter trazido a alegria para o seio daquela família introduziram nela um leve fermento de discórdia. O recebedor-geral e o jovem magistrado sofreram com a frieza de um cerimonial que a condessa e sua filha Emília souberam criar. A etiqueta de ambas encontrou muito mais amplamente ocasião de exercer suas tiranias domésticas: o tenente-general casou com a filha única de um banqueiro, a srta. Mongenod, o presidente casou-se sensatamente com uma senhorita cujo pai, duas ou três vezes milionário, comerciara com telas pintadas; finalmente o terceiro irmão mostrou-se fiel a essas doutrinas plebeias, tomando por esposa a srta. Grossetête, filha única do recebedor-geral de Bourges. As três cunhadas, os dois cunhados achavam tanta sedução e vantagens pessoais em ficar nas altas esferas das potências políticas e em frequentar os salões do faubourg Saint-Germain, que de comum acordo organizaram uma pequena corte em torno da altiva Emília. Esse pacto de interesse e de orgulho não estava, entretanto, tão bem cimentado que a jovem soberana não provocasse, muitas vezes, pequenas revoluções no seu minúsculo Estado. Cenas cabíveis dentro das normas do bom-tom mantinham entre todos os membros dessa poderosa família um humor zombeteiro que, embora não alterando sensivelmente a amizade ostentada em público, degenerava algumas vezes, no interior, em sentimentos pouco caridosos. A mulher do tenente-general, por exemplo, ao tornar-se baronesa, julgava-se tão nobre quanto uma Kergarouët e achava que cem mil boas libras de renda lhe davam o direito de ser tão impertinente como sua cunhada Emília, à qual desejava, às vezes, com ironia, um casamento feliz, participando que a filha do par Fulano de Tal acabara de casar-se com um sr. Beltrano, sem mais nada. A mulher do visconde de Fontaine divertia-se eclipsando Emília pelo bom gosto e pela riqueza notável de suas toilettes, no mobiliário da casa e nas carruagens. O ar zombeteiro com que as cunhadas e os dois cunhados acolheram por vezes as pretensões confessadas pela srta. de Fontaine despertava nela uma irritação que mal e mal se acalmava com uma chuva de epigramas. Quando o chefe da família sentiu certo resfriamento na tácita e precária amizade do monarca, ele temeu tanto mais que, em consequência dos desafios trocistas de suas irmãs, jamais sua filha querida pusera tão alto suas pretensões.
Em meio a essas circunstâncias e no momento em que essa surda luta doméstica se tornara bastante séria, o monarca, cujas graças o sr. de Fontaine esperava recuperar, foi atacado pela doença da qual viria a morrer. O grande político, que tão bem soubera pilotar sua nau no fragor das tormentas, não tardou em sucumbir. Incerto de seu favoritismo futuro, o conde de Fontaine empregou, portanto, os maiores esforços para reunir em torno da última filha a nata dos rapazes casadouros. Quem já tentou resolver o difícil problema constituído pela busca de marido para uma filha orgulhosa e extravagante compreenderá talvez os trabalhos a que se teve de atirar o pobre vendeano. Concluída de conformidade com os desejos de sua querida filha, essa última empresa teria dignamente coroado a carreira que o conde vinha percorrendo em Paris nos últimos dez anos. O modo pelo qual sua família invadia o orçamento de todos os ministérios permitia compará-la à casa da Áustria, a qual, por suas alianças, ameaçava invadir a Europa. Por isso, o velho vendeano não se cansava das suas apresentações de pretendentes, tal era o empenho que fazia pela felicidade da filha; mas nada era mais interessante do que o modo pelo qual a impertinente criatura proferia suas sentenças e julgava o mérito de seus adoradores. Dir-se-ia que, à semelhança de uma daquelas princesas das Mil e uma noites, Emília fosse suficientemente rica, suficientemente bela para ter o direito de escolher entre todos os príncipes do mundo; suas objeções eram cada qual mais cômicas: um tinha as pernas demasiado grossas ou os joelhos cambaios; outro era míope; um porque se chamava Durand; aquele porque coxeava; quase todos lhe pareciam demasiado gordos. Mais viva, encantadora e alegre do que nunca, depois de ter recusado dois ou três pretendentes, ela se atirava nas festas de inverno e percorria os bailes, onde seus olhos de lince examinavam as celebridades do dia; onde se comprazia em atormentar todos os rapazes, provocando, com um coquetismo instintivo, pedidos que sempre rejeitava.
A natureza dera-lhe em profusão as qualidades indispensáveis a esse papel de Celimène [66] que representava. Alta e esbelta, Emília de Fontaine tinha um caminhar imponente ou brejeiro, conforme queria. Seu pescoço, um pouco longo, permitia-lhe encantadoras atitudes de desdém ou de impertinência. Tinha organizado para si mesma um variado repertório desses movimentos de cabeça e desses gestos femininos que tão cruelmente ou com tanta felicidade ilustram as meias palavras e os sorrisos. Belos cabelos negros, sobrancelhas abundantes e fortemente arqueadas emprestavam à sua fisionomia uma expressão de altivez, que a faceirice, da mesma forma que o espelho, lhe haviam ensinado a tornar terrível ou a temperar pela fixidez ou pela doçura do olhar, pela imobilidade ou pela leve inflexão dos lábios, pela frieza ou pela graça do sorriso. Quando Emília queria apoderar-se de um coração, sua voz pura tornava-se melodiosa; mas podia também imprimir-lhe uma espécie de limpidez cortante, quando queria paralisar a língua indiscreta de um cavalheiro. Seu alvo semblante e sua fronte marmórea assemelhavam-se à superfície límpida de um lago que, alternativamente, se encrespa sob a ação da brisa ou retoma sua alegre serenidade quando a atmosfera se acalma. Mais de um rapaz, vítima de seus desdéns, acusava-a de representar uma comédia; mas ela se justificava inspirando aos maldizentes o desejo de lhes agradar e submetendo-os aos desdéns de seu coquetismo. Entre as moças da moda, nenhuma melhor do que ela sabia assumir uma atitude altiva ao receber as saudações de um homem que apenas tinha talento, ou exibir essa polidez insultante para as pessoas que julgava lhe serem inferiores e derramar sua impertinência sobre todos os que tentavam ombrear com ela. Parecia, onde quer que estivesse, receber homenagens mais do que cumprimentos, e, mesmo em casa de uma princesa, seu porte e seu ar converteriam em um trono imperial a poltrona na qual se sentasse.
O sr. de Fontaine descobriu, demasiado tarde, o quanto fora falseada pela ternura de toda a família a educação que dera à filha a quem mais amava. A admiração que a sociedade tributa a princípio a uma pessoa moça, mas da qual não tarda a vingar-se, exaltara ainda mais o orgulho de Emília e aumentara sua confiança em si mesma. Uma condescendência geral desenvolvera nela o egoísmo natural das crianças mimadas, que, como os reis, se divertem com tudo que delas se aproxima. Por enquanto, a graça da mocidade e a sedução do seu brilho ocultavam aos olhos de todos esses defeitos, tanto mais odiosos numa mulher, porquanto esta só pode agradar pela dedicação e abnegação. Mas nada escapa aos olhos de um bom pai, e, por isso, o sr. de Fontaine tentou muitas vezes explicar à filha as mais importantes páginas do enigmático livro da vida. Baldado empreendimento! Muitas e muitas vezes teve de gemer ante a indocilidade caprichosa e a sabedoria irônica da filha, que não lhe permitiram perseverar numa tarefa tão difícil como essa de corrigir uma natureza tão perniciosa. Contentou-se, pois, em dar, de quando em quando, conselhos cheios de doçura e de bondade; mas sofria ao ver que suas mais ternas palavras deslizavam por sobre o coração da filha como se este fosse de mármore.
Os olhos de um pai custam tanto a se abrir que foram necessárias ao velho vendeano várias provas para que ele percebesse o ar de condescendência com o qual a filha lhe concedia raros afagos. Ela lembrava essas criancinhas que parecem dizer à mãe: “Beija-me depressa, que eu quero ir brincar”. Enfim, Emília dignava-se ter alguma ternura pelos pais. Mas, muitas vezes, por súbitos caprichos que parecem inexplicáveis nas moças, ela se isolava e não se deixava ver senão raramente; queixava-se de ter de partilhar o coração dos pais com muita gente; mostrava-se ciumenta de tudo, mesmo dos irmãos e das irmãs. Em seguida, depois de se ter dado a um enorme trabalho para criar o deserto em torno dela, essa singular rapariga acusava a tudo e a todos por sua solidão artificial e seus pesares voluntários. Armada com sua experiência de vinte anos, queixava-se da sorte porque, ignorando que o primeiro princípio da felicidade está em nós mesmos, pedia às coisas da vida que lhe dessem. Teria sido capaz de fugir para os confins da terra a fim de evitar um casamento igual ao das irmãs e, não obstante, tinha no coração um terrível ciúme por vê-las casadas, ricas e felizes. Enfim, algumas vezes, fazia com que a mãe, vítima do seu gênio, como o sr. de Fontaine, acreditasse que tinha um grão de loucura. Essa aberração era explicável; nada mais comum do que essa secreta altivez que desponta no coração de jovens pertencentes a famílias altamente colocadas na escala social e a quem a natureza dotou de grande beleza. Quase todas se convencem que sua mãe, tendo alcançado a idade de quarenta ou cinquenta anos, não mais pode simpatizar com a sua alma moça, nem lhes conceber as fantasias. Imaginam que a maioria das mães, enciumadas, querem vesti-las à sua moda, com a intenção premeditada de eclipsá-las ou de lhes roubar homenagens. Daí, muitas vezes, lágrimas secretas ou surdas revoltas contra a pretensa tirania materna. Em meio a esses pesares que se tornam reais, embora assentados em bases imaginárias, têm ainda a mania de organizar uma norma para a sua existência e de tirar para si mesmas um brilhante horóscopo. Consiste sua magia em tornar seus sonhos em realidade. Resolvem secretamente, nas suas longas meditações, não conceder a mão nem o coração senão ao homem que possuir tais e tais méritos. Esboçam na própria imaginação um tipo, ao qual, queira ou não queira, terá de se parecer o futuro esposo. Depois de terem experimentado a vida e feito as sérias reflexões que os anos trazem, à força de ver a sociedade e sua rotina prosaica, à força de exemplos infelizes, as belas cores da imagem ideal desbotam; depois, veem-se, um belo dia, atiradas na corrente da vida, muito admiradas de serem felizes sem a poesia nupcial de seus sonhos. De acordo com essa poética, a srta. Emília de Fontaine tinha fixado, na sua frágil sabedoria, um modelo, ao qual seu pretendente deveria obedecer para ser aceito. Daí seus desdéns e seus sarcasmos.
Conquanto moço e de antiga nobreza — estipulara ela, no seu íntimo —, ele será par de França ou filho primogênito de um par! Ser-me-ia insuportável não ver meus brasões pintados sobre os painéis de minha carruagem no meio das pregas flutuantes de uma cortina azul e não correr como os príncipes na grande alameda dos Champs-Élysées, nos dias de Longchamps. [67] Aliás, meu pai assegura que essa será um dia a mais honrosa dignidade da França. Quero que seja militar, reservando-me a prerrogativa de fazer com que peça demissão. E também quero que seja condecorado para que nos apresentem armas.
Esses raros atributos ainda não serviriam para nada se essa criatura ideal não fosse também muito amável, não tivesse um porte elegante, espírito e se não fosse esbelto. A magreza, essa graça do corpo, por mais fugaz que pudesse ser, sobretudo num governo representativo, era uma cláusula de rigor. A srta. de Fontaine tinha certo padrão ideal que lhe servia de modelo. O rapaz que à primeira vista não satisfizesse as condições exigidas, não obtinha nem mesmo um segundo olhar.
— Oh! Meu Deus! Vejam como aquele rapaz é gordo! — Era, nela, a mais alta expressão de desprezo.
Segundo dizia, as pessoas de uma razoável corpulência eram incapazes de sentimento, maus maridos e indignos de entrar numa sociedade civilizada. Conquanto fosse uma beleza apreciada no Oriente, a opulência de carnes parecia-lhe uma desgraça nas mulheres, mas para os homens era um crime. Essas opiniões paradoxais divertiam, graças a certo espírito de elocução. Entretanto, o conde compreendeu que mais tarde as pretensões da filha, cujo ridículo ia ser visível para certas mulheres tão perspicazes como pouco caridosas, se tornariam um assunto inevitável de motejos. Teve receio de que as estranhas ideias da filha degenerassem para a vulgaridade. Temia que a sociedade impiedosa já estivesse zombando de uma pessoa que permanecia tanto tempo em cena sem apresentar um desenlace para a comédia que representava. Mais de um ator, desgostoso por uma recusa, parecia estar à espera do menor incidente desastroso para se vingar. Os indiferentes, os ociosos começavam a cansar-se: a admiração é sempre uma fadiga para a espécie humana. O velho vendeano sabia melhor do que ninguém que, se devemos escolher com arte o momento de pisar o tablado da sociedade, da corte, de um salão, ou sobre a cena, é ainda mais difícil sair dele oportunamente. Por isso, durante o primeiro inverno que se seguiu à elevação de Carlos x ao trono, redobrou de esforços, conjuntamente com os três filhos e os dois genros, para reunir nos salões de seu palacete os melhores partidos que Paris e as diversas deputações dos departamentos podiam apresentar. O brilho de suas festas, o luxo de sua sala de refeições e seus jantares perfumados de trufas rivalizavam com os célebres banquetes por meio dos quais os ministros da época asseguravam o voto de seus soldados parlamentares.
O digno vendeano foi então apontado como um dos mais poderosos corruptores da probidade legislativa daquela ilustre câmara que parecia morrer de indigestão. Coisa estranha! Suas tentativas para casar a filha mantiveram-no num esplendente favor. Possivelmente encontrou ele vantagens secretas em vender suas trufas por duas vezes. Essa acusação devida a certos liberais trocistas que compensavam, pela abundância de suas palavras, a escassez de seus aderentes na câmara, não teve nenhum êxito. O procedimento do fidalgo de Poitou era, de modo geral, tão nobre e tão honrado que não lhe tocou um único desses epigramas com os quais os malignos jornais da época feriam os trezentos votantes do centro, os ministros, os cozinheiros, os diretores-gerais, os príncipes do garfo e os defensores oficiosos que sustentavam a administração Villèle.[68] No fim dessa campanha, durante a qual fizera por várias vezes intervir todas as suas tropas, o sr. de Fontaine acreditou que sua legião de pretendentes não seria, dessa vez, uma fantasmagoria para a filha e que era tempo de consultá-la. Tinha certa satisfação íntima de ter bem cumprido com os seus deveres de pai. Ademais, tendo lançado mão de todas as suas reservas disponíveis, tinha a esperança de que, entre tantos corações oferecidos à caprichosa Emília, um ao menos houvesse a quem ela distinguisse. Incapaz de renovar esse esforço e além disso cansado do procedimento da filha, uma manhã, no fim da Quaresma, em que a sessão da Câmara não reclamava imperiosamente seu voto, resolveu consultá-la. Enquanto o criado de quarto desenhava artisticamente em seu crânio amarelado o delta de pó que completava o seu venerável penteado semelhante a asas pendentes de pombo, o pai de Emília deu ordem, não sem certa emoção, ao velho servidor para ir prevenir a orgulhosa senhorita de que deveria comparecer imediatamente perante o chefe da família.
— José — disse ele no instante em que este lhe terminava o penteado —, retire essa toalha, corra as cortinas, ponha essas poltronas no lugar, sacuda o tapete da lareira e espane tudo. Vamos! Areje um pouco meu gabinete, abrindo a janela.
continua...
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Honoré de Balzac (Tours, 20 de maio de 1799 — Paris, 18 de agosto de 1850) foi um produtivo escritor francês, notável por suas agudas observações psicológicas. É considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.[1][2] Sua magnum opus, A Comédia Humana, consiste de 95 romances, novelas e contos que procuram retratar todos os níveis da sociedade francesa da época, em particular a florescente burguesia após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815.
Entre seus romances mais famosos destacam-se A Mulher de Trinta Anos (1831-32), Eugènie Grandet (1833), O Pai Goriot (1834), O Lírio do Vale (1835), As Ilusões Perdidas (1839), A Prima Bette (1846) e O Primo Pons (1847). Desde Le Dernier Chouan (1829), que depois se transformaria em Les Chouans (1829, na tradução brasileira A Bretanha), Balzac denunciou ou abordou os problemas do dinheiro, da usura, da hipocrisia familiar, da constituição dos verdadeiros poderes na França liberal burguesa e, ainda que o meio operário não apareça diretamente em suas obras, discorreu sobre fenômenos sociais a partir da pintura dos ambientes rurais, como em Os Camponeses, de 1844.[1] Além de romances, escreveu também "estudos filosóficos" (como A Procura do Absoluto, 1834) e estudos analíticos (como a Fisiologia do Casamento, que causou escândalo ao ser publicado em 1829).
Balzac tinha uma enorme capacidade de trabalho, usada sobretudo para cobrir as dívidas que acumulava.[1] De certo modo, suas despesas foram a razão pela qual, desde 1832 até sua morte, se dedicou incansavelmente à literatura. Sua extensa obra influenciou nomes como Proust, Zola, Dickens, Dostoyevsky, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e Ítalo Calvino, e é constantemente adaptada para o cinema. Participante da vida mundana parisiense, teve vários relacionamentos, entre eles um célebre caso amoroso, desde 1832, com a polonesa Ewelina Hańska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer.
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)
Balzac, Honoré de, 1799-1850.
A comédia humana: estudos de costumes: cenas da vida privada / Honoré de Balzac; orientação, introduções e notas de Paulo Rónai; tradução de Vidal de Oliveira; 3. ed. – São Paulo: Globo, 2012.
(A comédia humana; v. 1) Título original: La comédie humaine ISBN 978-85-250-5333-1 0.000 kb; ePUB
1. Romance francês i. Rónai, Paulo. ii. Título. iii. Série.
12-13086 cdd-843
Índices para catálogo sistemático:
1. Romances: Literatura francesa 843
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[64] Tão afastado do partido de La Fayette como do de La Bourdonnaye: O marquês Jean-Paul Gilbert Motier la Fayette, o conhecido herói da independência americana, chefiou durante a Restauração o partido realista liberal, ao passo que o conde François Regis de la Bourdonnaye, alcunhado de “Jacobino Branco” por seu contrarrevolucionarismo feroz, encabeçava os reacionários.
[65]Rohan: ilustre família aristocrática. Muitos de seus membros desempenharam papel importante na história da França.
[66] Celimène: jovem viúva, personagem do Misantropo de Molière. É o tipo da mulher bela, espirituosa, faceira e frívola.
[67] Os dias de Longchamps: A planície do Longchamps, no Bois du Boulogne, perto de Paris, durante o século xviii e a primeira metade do xix, era, em três dias da Semana Santa, o alvo de verdadeira invasão da sociedade elegante que lá ia primeiro para rezar na igreja da famosa abadia, mas depois com o fim único de exibir o esplendor de suas carruagens e de seus trajes.
[68] A administração Villèle: trata-se do regime do conde Joseph de Villèle, primeiro-ministro de 1821 e 1828, ultrarrealista, autor de medidas reacionárias.
[65]Rohan: ilustre família aristocrática. Muitos de seus membros desempenharam papel importante na história da França.
[66] Celimène: jovem viúva, personagem do Misantropo de Molière. É o tipo da mulher bela, espirituosa, faceira e frívola.
[67] Os dias de Longchamps: A planície do Longchamps, no Bois du Boulogne, perto de Paris, durante o século xviii e a primeira metade do xix, era, em três dias da Semana Santa, o alvo de verdadeira invasão da sociedade elegante que lá ia primeiro para rezar na igreja da famosa abadia, mas depois com o fim único de exibir o esplendor de suas carruagens e de seus trajes.
[68] A administração Villèle: trata-se do regime do conde Joseph de Villèle, primeiro-ministro de 1821 e 1828, ultrarrealista, autor de medidas reacionárias.
Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada: O Baile de Sceaux (03)
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