sábado, 23 de junho de 2018

Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada - Ao "Chat-Qui-Pelote" (4)

 Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Vol 1


1
Estudos de Costumes 
- Cenas da Vida Privada



Ao "Chat-Qui-Pelote"
Dedicado a mlle. Marie de Montheau

(Parte 4)





Escovava o punho da manga esquerda com a direita e não se animava a olhar o velho, que sorria, ao pensar que aquele modesto rapaz precisava sem dúvida, como ele em outros tempos, ser encorajado para completar a explicação.

— Entretanto — continuou o pai de Virgínia —, você não merece muito esse favor, José! Você não deposita em mim a mesma confiança que eu deposito em você. (O caixeiro ergueu repentinamente a cabeça.) — Você tem o segredo do cofre. Faz dois anos que eu o mantenho ao corrente de quase todos os meus negócios. Eu o fiz viajar, ir às fábricas. Enfim, para você não tenho segredos. Mas e você! Sei que tem uma inclinação por alguém e nunca me disse nada. (José Lebas corou.) — Ah! Ah! — exclamou Guillaume. — Pensava enganar uma velha raposa como eu? Eu, a quem você viu adivinhar a falência de Lecoq!

— Como, senhor? — disse José Lebas, examinando o patrão com a mesma atenção com que este o examinava. — Como o senhor saberá a quem eu amo?

— Sei tudo, seu patife — disse-lhe o respeitável e manhoso negociante, puxando-lhe a ponta da orelha. — E perdoo, porque também fiz o mesmo.

— E consentirá no casamento?

— Sim, com cinquenta mil escudos, e te legarei outro tanto. Além disso, entraremos em novas despesas com nova razão social. Faremos grandes negócios, meu rapaz! — exclamou o velho, exaltando-se, pondo-se de pé e agitando os braços. — Vês, meu genro, não há nada como o comércio! Os que perguntam que prazer achamos nisso são uns imbecis. Estar na pista dos negócios, saber orientar-se na praça, esperar com ansiedade, como no jogo, se os Etienne e companhia abrirão falência, ver um regimento da guarda imperial passar com uniformes feitos com a nossa fazenda, dar uma rasteira no vizinho, lealmente, já se vê! Fabricar mais barato do que os outros; acompanhar as várias fases de um negócio que delineamos, que começa, cresce, cambaleia e vence; conhecer como um chefe de polícia todas as molas das casas de comércio, para não dar um passo em falso; manter-se de pé diante dos naufrágios; ter amigos por correspondência em todas as cidades manufatureiras. Não é isso um jogo perpétuo, José? Mas isso é viver! Morrerei nessa barafunda, como o velho Chevrel, mas só aguentando o que me convier.

No calor do seu improviso, o velho Guillaume quase não olhara para o seu caixeiro, o qual chorava a bom chorar.

— Então que é isso, meu rapaz, que tens, José?

— Ah! Senhor Guillaume, eu a amo tanto, tanto, que o coração quase quer parar, creio...

— Pois bem, rapaz — disse o negociante, enternecido —, és mais feliz do que pensas, com os diabos, porque ela te ama. Isso sei eu.

E piscou os dois olhinhos verdes, ao fitar o empregado.

— Senhorita Augustina, senhorita Augustina! — exclamou José no seu entusiasmo.

Ia precipitar-se para fora do gabinete, quando se sentiu deter por um braço de ferro, e o patrão estupefato puxou-o vigorosamente para si.

— Que tem Augustina que ver com este negócio? — perguntou Guillaume, cuja voz enregelou instantaneamente o infeliz José Lebas.

— Não é ela... que... que eu amo? — disse o caixeiro, balbuciando.

Desconcertado por sua falta de perspicácia, Guillaume tornou a sentar-se e agarrou com as duas mãos a cabeça bicuda para refletir sobre a situação singular em que se achava. José Lebas, envergonhado e em pleno desespero, ficou de pé.

— José — disse o negociante com fria dignidade —, eu lhe estava falando de Virgínia. O amor não é coisa que se ordene, sei disso. Conheço a sua discrição; esqueceremos disso. Jamais casarei Augustina antes de Virgínia. Seu interesse será de dez por cento.

O caixeiro, no qual o amor insuflara não sei que grau de coragem e de eloquência, juntou as mãos, tomou a palavra, falou a Guillaume durante um quarto de hora com tanto calor e sensibilidade que a situação se modificou. Se se tratasse de um negócio comercial, o velho negociante teria tido regras fixas para tomar uma resolução; mas atirado a mil léguas do comércio, sobre o mar dos sentimentos e sem bússola, flutuou irresoluto diante de um acontecimento tão original, pensou ele.

Levado por sua natural bondade, disse umas coisas sem nexo.

— Que diabo, José, não ignoras que tive minhas duas filhas com dez anos de intervalo! A senhorita Chevrel não era bonita, e não obstante não tem razão de queixa contra mim. Faze como eu. Enfim, deixa de chorar, não sejas tolo. Que queres? Talvez as coisas se possam arrumar, veremos. Sempre há meio de sairmos de um embrulho. Nós, homens, não somos sempre Céladons[38] para as nossas mulheres. Estás ouvindo? A senhora Guillaume é devota e... Vamos, com os diabos, meu filho, podes dar hoje o braço a Augustina para ir à missa.

Tais foram as frases proferidas, ao acaso, por Guillaume. A conclusão que as rematava encantou o apaixonado caixeiro. Já pensava em um de seus amigos para Virgínia, quando saiu do gabinete enfumaçado, depois de haver apertado a mão do futuro sogro e de lhe ter dito com um arzinho de cumplicidade que tudo se resolveria do melhor modo.

— Que irá pensar a senhora Guillaume? — Essa ideia atormentou prodigiosamente o honrado negociante, quando se viu só.

Depois do almoço, a sra. Guillaume e Virgínia, às quais o negociante deixara provisoriamente na ignorância de seu desapontamento, olharam com malícia para José Lebas, o qual com isso se sentiu profundamente embaraçado. O pudor do caixeiro conciliou-lhe a amizade da sogra. A matrona tornou-se tão alegre que olhou sorrindo para Guillaume e se permitiu alguns leves gracejos de uso imemorial naquelas inocentes famílias. Fez uma alusão às estaturas de José e de Virgínia, para pedir-lhes que se medissem. Essas ninharias preparatórias atraíram algumas nuvens sobre a fronte do chefe da família, e este exibiu mesmo tal amor ao decoro que deu ordem a Augustina para tomar o braço do primeiro caixeiro quando fossem à missa em Saint-Leu. A sra. Guillaume, espantada com essa delicadeza masculina, honrou o marido com um gesto aprovativo. O cortejo saiu da casa, pois, numa ordem que não podia sugerir nenhuma interpretação maliciosa dos vizinhos.

— Não lhe parece, senhorita Augustina — dizia o caixeiro a tremer —, que a esposa de um negociante que tem bom crédito, como o senhor Guillaume, por exemplo, poderia divertir-se um pouco mais do que a senhora sua mãe, usar diamantes, sair de carruagem? Oh! No que me diz respeito, se eu me casasse, me encarregaria de todo o trabalho e quereria ver minha mulher feliz. Não a meteria no meu escritório. Porque, veja, senhorita, no comércio de fazendas, as mulheres hoje não são mais tão necessárias como antigamente. O sr. Guillaume teve razão de proceder como procedeu, e, aliás, era o gosto da esposa. Mas acho que basta uma mulher saber dar uma ajudazinha na contabilidade, na correspondência, no varejo, nas encomendas, nos arranjos domésticos, e só, a fim de não ficar sem fazer nada. Às sete horas, quando a loja fechasse, eu me divertiria, iria ao espetáculo ou a reuniões mundanas. Mas vejo que não me está ouvindo.

— Como não, senhor José! Que diz o senhor da pintura? É uma bela profissão, não acha?

— Sim, conheço um pintor de casas, o sr. Lourdois, que tem dinheiro.

Assim, discreteando, a família chegou à igreja de Saint-Leu. Aí a sra. Guillaume reivindicou seus direitos e fez, pela primeira vez, Augustina sentar-se a seu lado. Virgínia sentou-se na quarta cadeira, ao lado de Lebas. Durante o sermão tudo correu bem entre Augustina e Teodoro, o qual, de pé, por trás de um pilar, orava à sua madona com fervor; mas, na elevação, a sra. Guillaume descobriu, um pouco tarde, que o livro de Horas de Augustina estava de pernas para o ar. Já se dispunha a ralhar severamente com ela quando, tendo baixado o véu, interrompeu sua leitura e pôs-se a olhar na direção preferida pelos olhos da filha. Com o auxílio dos óculos, viu o jovem artista, cuja elegância mundana anunciava mais qualquer capitão de cavalaria em licença do que um negociante do bairro. É difícil imaginar o estado de violenta irritação em que ficou a sra. Guillaume, que se lisonjeava de ter educado perfeitamente as filhas, ao verificar a existência, no coração de Augustina, de um amor clandestino, cujo perigo foi exagerado por sua extrema reserva e ignorância. Julgou a filha gangrenada até o coração.

— Antes de mais nada, senhorita, segure direito o livro — disse ela em voz baixa, mas tremendo de raiva.

Puxou iradamente as Horas acusadoras e colocou-as de modo que as letras ficassem no sentido natural.

— Não tenha a infelicidade de pôr os olhos em outro lugar que não nas suas orações, senão terá de avir-se comigo. Depois da missa eu e seu pai teremos de falar-lhe.

Essas palavras produziram na pobre Augustina o efeito de um raio. Sentiu-se desfalecer; mas, atormentada pela dor que sentia e pelo temor de dar um escândalo na igreja, teve a coragem de ocultar suas angústias. Não obstante, era fácil adivinhar o violento estado de alma, ao ver suas Horas tremer nas mãos e as lágrimas cair em cada página que virava. Pelo olhar enfurecido que lhe lançou a sra. Guillaume, o artista viu o perigo que ameaçava seus amores e saiu enraivecido e decidido a tudo ousar.

— Vá para o seu quarto, senhorita! — disse a sra. Guillaume à filha quando chegaram à casa. — Mandaremos chamá-la, e, sobretudo, lembre-se de não sair.

A conferência que os dois esposos tiveram entre si foi tão secreta que a princípio nada transpirou. Entretanto, Virgínia, que animara a irmã por mil argumentos esperançosos, levou a complacência a ponto de esgueirar-se até a porta do quarto de dormir da mãe, onde se estava processando a discussão, a fim de colher algumas
palavras. Na primeira viagem que fez, do terceiro ao segundo andar, ouviu o pai exclamar:

— Senhora, quer matar sua filha?

— Minha pobre querida — disse Virgínia à irmã desolada —, papai está tomando a tua defesa.

— E que querem eles fazer com Teodoro? — perguntou a inocente criatura.

A curiosa Virgínia tornou a descer; mas dessa vez ficou mais tempo a ouvir; veio assim a saber que Lebas amava Augustina. Estava escrito que, naquele dia memorável, uma casa habitualmente tão calma se transformaria num inferno. O sr. Guillaume levou o desespero ao coração de José Lebas ao confiar-lhe a notícia do amor de Augustina a um estranho. Lebas, que aconselhara um amigo a que pedisse a mão da srta. Virgínia, viu por terra as suas esperanças. A srta. Virgínia, acabrunhada por saber que José, de qualquer modo, a tinha recusado, foi presa de forte enxaqueca. A discórdia semeada entre marido e mulher pela explicação que o sr. e a sra. Guillaume tiveram e na qual, pela terceira vez na vida, ficaram em desacordo, manifestou-se de modo terrível. Enfim, às quatro horas da tarde, Augustina, pálida, trêmula, com os olhos vermelhos, compareceu ante os pais. A pobre criança contou ingenuamente a brevíssima história dos seus amores. Tranquilizada pelo exórdio com que o pai iniciara a conferência, no qual lhe prometia ouvi-la em silêncio, armou-se de certa coragem, pronunciando diante dos pais o nome do seu querido Teodoro de Sommervieux, fazendo maliciosamente soar a partícula aristocrática. Entregando-se ao prazer, novo para ela, de falar de seus sentimentos, teve bastante ousadia para declarar com inocente firmeza que amava o senhor de Sommervieux, que lhe escrevera, e acrescentou com lágrimas nos olhos:

— Seria fazer a minha desgraça se me sacrificassem a outro.

— Mas, Augustina, então você não sabe o que é um pintor? — exclamou a mãe, horrorizada.

— Sra. Guillaume! — disse o velho pai imperativamente, impondo silêncio à mulher. — Augustina — continuou —, os artistas em geral são uns pobres-diabos que não têm vintém. São muito gastadores para não serem sempre uns peraltas. Fui fornecedor do falecido sr. José Vernet, do falecido sr. Lekain e do falecido sr. Noverre.[39] Ah! Se soubesses como esse sr. Noverre, o senhor cavalheiro de SaintGeorges, e sobretudo o senhor Philidor[40] pregaram peças ao pobre velho Chevrel! São uns tipos esquisitos, sei perfeitamente. Todos têm muita lábia, boas maneiras... Ah! Nunca o teu sr. Sumer... Somm...

— De Sommervieux, meu pai!

— Seja, de Sommervieux, como dizes! Nunca ele terá sido tão amável contigo como o senhor cavalheiro de Saint-Georges o foi comigo, no dia em que eu obtive sentença dos cônsules contra ele. Também antigamente eram gente de qualidade.

— Mas, papai, o senhor Teodoro é nobre e me escreveu dizendo que era rico. O pai dele se chamava cavalheiro de Sommervieux, antes da Revolução.

A essas palavras, o sr. Guillaume olhou para a sua terrível cara-metade, que, como mulher contrariada, batia no soalho com a ponta do pé, conservando-se num silêncio sombrio. Evitava até dirigir os olhos enfurecidos para Augustina, parecia deixar ao sr. Guillaume toda a responsabilidade de um assunto tão grave, uma vez que suas opiniões não eram ouvidas. Mas, apesar de sua aparente fleuma, quando viu o marido resignar-se tão calmamente a uma catástrofe que nada tinha de comercial, exclamou:

— Na verdade, senhor... É de uma fraqueza com as suas filhas!... Mas...

O ruído de um carro que se detinha à porta interrompeu repentinamente o sermão que o velho negociante temia. Num instante a sra. Roguin apresentou-se no meio do quarto e, olhando os três atores daquela cena doméstica, disse com ar protetor:

— Sei de tudo, minha prima. A sra. Roguin tinha um defeito, o de acreditar que a mulher de um notário de Paris podia sempre representar o papel de uma coquete. — Sei de tudo — repetiu — e venho na arca de Noé, como a pomba, trazendo o ramo de oliveira. Li essa alegoria em O gênio do cristianismo[41] — disse, virandose para a sra. Guillaume. — A comparação deve agradar-lhe, prima. Sabe — acrescentou sorrindo para Augustina — que esse sr. de Sommervieux é um homem encantador? Deu-me esta manhã meu retrato feito com mão de mestre. Vale pelo menos seis mil francos.

A essas palavras bateu de leve no braço do sr. Guillaume. O velho negociante não pôde deixar de fazer com os lábios um forte trejeito que lhe era habitual.

— Conheço muito o sr. de Sommervieux — continuou a pomba. — Faz uns quinze dias que ele comparece às minhas recepções, das quais se constitui a atração. Contou-me todos os seus pesares e me tomou como advogada. Sei, desde hoje de manhã, que ele adora Augustina, e ele a terá. Ah!, prima, não sacuda assim a
cabeça em sinal de recusa. Saiba que ele vai ser feito barão e que acaba de ser nomeado cavalheiro da Legião de Honra, pelo próprio imperador, no Salão. Roguin é agora seu tabelião e conhece-lhe todos os negócios. Pois bem! O sr. de Sommervieux possui em belos bens imóveis doze mil libras de renda. Sabe o senhor que o sogro de um homem como ele pode vir a ser alguém, subprefeito, da sua circunscrição, por exemplo? Não viu o sr. Dupont[42] ser feito conde do Império e senador por ter ido, na qualidade de prefeito, cumprimentar o imperador por sua entrada em Viena? Oh! Este casamento se fará. Adoro esse rapaz. Seu procedimento com Augustina é desses que só se veem nos romances. Acalma-te, querida, serás feliz, e todos quereriam estar no teu lugar. A duquesa de Carigliano, que tem loucura por Sommervieux, frequenta agora minhas recepções. Há línguas maldizentes que afirmam que ela só vai à minha casa por causa dele, como se uma duquesa de ontem estivesse deslocada em casa de uma Chevrel, cuja família tem cem anos de boa burguesia.

— Augustina — continuou a sra. Roguin depois de pequena pausa —, sabes que vi o retrato? Santo Deus! Como é belo! Sabes que o imperador quis vê-lo? Disse rindo ao vice-condestável que, se houvesse muitas mulheres como aquela na sua corte, enquanto está cheia de reis, ele se comprometeria a manter sempre a paz na Europa. Não é lisonjeiro, isso?

As tormentas pelas quais se iniciara aquele dia deviam assemelhar-se às da natureza, trazendo um tempo calmo e sereno. A sra. Roguin desenvolveu tanta sedução nos seus discursos, soube fazer vibrar tantas cordas ao mesmo tempo nos corações secos do sr. e da sra. Guillaume que acabou por encontrar uma da qual pôde tirar partido. Naquela época singular, o comércio e as finanças tinham mais do que nunca a tresloucada mania de aliar-se a grandes senhores, e os generais do Império aproveitaram-se muito bem dessas disposições. O sr. Guillaume erguia-se com veemência contra essa deplorável paixão. Seus axiomas favoritos eram que uma mulher para ser feliz devia casar-se com um homem de sua classe; cedo ou tarde a gente era castigada por ter querido elevar-se demasiado alto; o amor resistia tão pouco aos atritos domésticos que para ser feliz era preciso encontrar num e noutro qualidades bastante sólidas; era preciso que um dos cônjuges não soubesse mais do que o outro, porque antes de mais nada devia haver compreensão mútua. Inventara essa espécie de provérbio de que um marido que falasse grego e a mulher latim corriam o risco de morrer de fome. Comparava esses casamentos aos antigos
panos de seda e de lã, nos quais a seda acaba sempre por cortar a lã. Todavia, há tanta vaidade no fundo do coração humano que a prudência do piloto que tão bem governava o “Chat-qui-pelote” sucumbiu sob a agressiva facúndia da sra. Roguin. A severa sra. Guillaume, antes de mais ninguém, encontrou na inclinação amorosa da filha motivos para derrogar esses princípios e consentir em receber em casa o sr. de Sommervieux, prometendo a si mesma submetê-lo a um exame rigoroso.


(continua...)


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Honoré de Balzac (Tours, 20 de maio de 1799 — Paris, 18 de agosto de 1850) foi um produtivo escritor francês, notável por suas agudas observações psicológicas. É considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.[1][2] Sua magnum opus, A Comédia Humana, consiste de 95 romances, novelas e contos que procuram retratar todos os níveis da sociedade francesa da época, em particular a florescente burguesia após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815.

Entre seus romances mais famosos destacam-se A Mulher de Trinta Anos (1831-32), Eugènie Grandet (1833), O Pai Goriot (1834), O Lírio do Vale (1835), As Ilusões Perdidas (1839), A Prima Bette (1846) e O Primo Pons (1847). Desde Le Dernier Chouan (1829), que depois se transformaria em Les Chouans (1829, na tradução brasileira A Bretanha), Balzac denunciou ou abordou os problemas do dinheiro, da usura, da hipocrisia familiar, da constituição dos verdadeiros poderes na França liberal burguesa e, ainda que o meio operário não apareça diretamente em suas obras, discorreu sobre fenômenos sociais a partir da pintura dos ambientes rurais, como em Os Camponeses, de 1844.[1] Além de romances, escreveu também "estudos filosóficos" (como A Procura do Absoluto, 1834) e estudos analíticos (como a Fisiologia do Casamento, que causou escândalo ao ser publicado em 1829).

Balzac tinha uma enorme capacidade de trabalho, usada sobretudo para cobrir as dívidas que acumulava.[1] De certo modo, suas despesas foram a razão pela qual, desde 1832 até sua morte, se dedicou incansavelmente à literatura. Sua extensa obra influenciou nomes como Proust, Zola, Dickens, Dostoyevsky, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e Ítalo Calvino, e é constantemente adaptada para o cinema. Participante da vida mundana parisiense, teve vários relacionamentos, entre eles um célebre caso amoroso, desde 1832, com a polonesa Ewelina Hańska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer.


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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Balzac, Honoré de, 1799-1850. 
          A comédia humana: estudos de costumes: cenas da vida privada / Honoré de Balzac;                            orientação, introduções e notas de Paulo Rónai; tradução de Vidal de Oliveira; 3. ed. – São                  Paulo: Globo, 2012. 

          (A comédia humana; v. 1) Título original: La comédie humaine ISBN 978-85-250-5333-1                    0.000 kb; ePUB 

1. Romance francês i. Rónai, Paulo. ii. Título. iii. Série. 

12-13086                                                                               cdd-843 

Índices para catálogo sistemático: 
1. Romances: Literatura francesa 843

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[38]Céladon: personagem de L’Astrée, famoso romance de d’Urfé (1568-1626). Este nome se emprega como sinônimo de amante constante, tímido e langoroso.
[39] Todas pessoas reais em evidência: Claude-Joseph Vernet (1714-1794), pintor; Lekain (1721-1800), ator trágico; Jean-Georges Noverre (1729-1810), coreógrafo.
[40] Também pessoas reais: Cav. Saint-Georges (1745-1794); Philidor (1726-1795), músico e enxadrista.
[41]O gênio do cristianismo: obra célebre de Chateaubriand (1802).
[42]Dupont: Jean Dupont (1735-1819), antigo banqueiro, maire (subprefeito) de um distrito de Paris; chegou, sob o Império, a administrador da Caixa Econômica.



Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada - Ao "Chat-Qui-Pelote" (3)

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