domingo, 12 de agosto de 2018

Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada - Ao "Chat-Qui-Pelote" (5)

 Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Vol 1


1
Estudos de Costumes 
- Cenas da Vida Privada



Ao "Chat-Qui-Pelote"
Dedicado a mlle. Marie de Montheau

(Parte 5)





O velho negociante foi em busca de José Lebas e o pôs a par dos acontecimentos. Às seis e meia, a sala de jantar, honrada pela presença do pintor, reuniu sob sua claraboia de vidro o sr. e a sra. Roguin, o jovem pintor e sua encantadora Augustina, José Lebas, que suportava pacientemente sua desgraça, e a srta. Virgínia, cuja enxaqueca passara. O sr. e a sra. Guillaume viram em perspectiva as filhas instaladas na vida e os destinos do “Chat-qui-pelote” confiados a mãos hábeis. Sua alegria chegou ao cúmulo quando, à sobremesa, Teodoro presenteou-os com o admirável quadro que não tinham podido ver e que representava o interior daquela velha loja, à qual tanta felicidade se devia. 

— Que gentileza! — exclamou Guillaume. — E dizer que queriam dar trinta mil francos por isto! 

— Mas é que aí estão as minhas fitas — disse a sra. Guillaume. 

— E essas fazendas desdobradas — acrescentou Lebas —, a gente é capaz de agarrá-las com a mão. 

— Fazenda sempre se presta muito — respondeu o pintor. — Nós, artistas modernos, nos sentiríamos felicíssimos se chegássemos à perfeição do antigo planejamento. 

— Pelo que vejo, gosta do negócio de fazendas — exclamou o velho Guillaume. — Pois então, com os diabos, aperte aqui estes ossos, meu jovem amigo. Uma vez que aprecia o comércio, nós nos entenderemos. E, afinal, por que deveria ele ser desprezado? O mundo começou por aí, pois Adão vendeu o paraíso por uma maçã. Valha a verdade, não foi um alto negócio. 

E o velho negociante expandiu-se numa franca e gostosa risada, excitada pelo champanhe que ele fazia circular generosamente. A venda que cobria os olhos do jovem artista era tão espessa que ele achou os futuros parentes amáveis. Chegou até a diverti-los com alguns ditos de bom gosto. Em suma, agradou a todos. À noite, quando o salão mobiliado de coisas opulentas, para nos servirmos da expressão de Guillaume, ficou deserto, enquanto a sra. Guillaume ia da mesa à lareira, do candelabro ao castiçal, apagando precipitadamente as velas, o honrado negociante, que sabia ver claro, assim que se tratava de negócios ou de dinheiro, atraiu Augustina para junto de si e, depois de a ter sentado nos joelhos, fez-lhe o seguinte discurso: 

— Minha querida filha, tu te casarás com o teu Sommervieux, já que assim o queres; tens o direito de arriscar teu capital de felicidade. Mas eu não me deixo prender por esses trinta mil francos que se ganham estragando boas telas. O dinheiro que vem tão depressa, depressa se vai. Não é que esse jovem desmiolado disse hoje que, se o dinheiro era redondo, era para rolar? Se para os pródigos ele é redondo, é chato para as pessoas econômicas, que o empilham e acumulam. Ora, pois, minha filha, esse belo rapaz falou em dar-te carruagens e diamantes, não é? Ele tem dinheiro, que o gaste contigo, bene sit.[43] Nada tenho a ver com isso. Mas, no que diz respeito ao que eu te dou, não quero que escudos tão penosamente ganhos se vão em carruagens e bugigangas. Quem muito gasta nunca enriquece. Com os cem mil escudos do dote não se pode comprar toda Paris. Embora tenhas de receber um dia algumas centenas de mil francos, tenho a esperança, com os diabos!, de que seja o mais tarde possível. Assim é que levei o teu pretendente para um canto, e um homem que superintendeu a falência Lecoq não teve grande dificuldade em fazer que um artista consentisse em casar com separação de bens. Estarás de olho aberto no contrato, para que sejam bem estipuladas as doações que ele te pretende fazer. Vamos, minha filha, tenho a esperança de ser avô, com os diabos!, e desde já quero ocupar-me da sorte de meus netos: assim, pois, jura-me agora que nunca assinarás coisa alguma em questão de dinheiro, senão a conselho meu, e, se eu tiver de ir encontrar-me mais cedo do que desejo com o velho Chevrel, jura-me consultar o jovem Lebas, teu cunhado. Prometes? 

— Sim, meu pai, juro. 

Ditas essas palavras com voz meiga, o velho beijou a filha nas duas faces. Nessa noite, todos os amantes dormiram quase tão serenamente quanto o sr. e a sra. Guillaume. 

Poucos meses depois desse domingo memorável, o altar-mor de Saint-Leu presenciou dois casamentos bem diversos. Augustina e Teodoro apresentaram-se com todo o brilho da felicidade, com os olhos cheios de amor, trajando vestes elegantes, servidos por brilhante equipagem. Vindos num carro de aluguel, Virgínia, dando o braço ao pai, seguia a irmã humildemente, vestida com a máxima modéstia, como uma sombra necessária à harmonia daquele quadro. 

O sr. Guillaume empenhara-se exaustivamente em obter da igreja que Virgínia casasse antes de Augustina, mas teve a dor de ver o alto e o baixo clero dirigir-se em todas as circunstâncias à mais elegante das noivas. Ouviu alguns vizinhos seus aprovar calorosamente o bom-senso da srta. Virgínia, a qual, segundo diziam, fazia o casamento mais sólido e conservava-se fiel ao bairro, ao passo que atiraram algumas farpas — fruto da inveja — sobre Augustina, que desposava um artista, um nobre. Acrescentaram, com uma espécie de pavor, que, se os Guillaume tinham ambições, o negócio deles estava perdido. Tendo um velho negociante de leques afirmado que aquele come-tudo em breve o deixaria na miséria, o velho Guillaume aplaudiu-se in petto[44] pela prudência que empregara na redação das convenções matrimoniais. À noite a família separou-se, depois de suntuoso baile, seguido de uma dessas ceias copiosas, cuja lembrança se vai perdendo na presente geração. O sr. e a sra. Guillaume ficaram no seu palacete da rue du Colombier, onde se realizara o casamento. O sr. e a sra. Lebas voltaram no seu carro de aluguel para a velha casa da rue Saint-Denis, a fim de ali dirigir a nau do Chat-qui-pelote. O artista, ébrio de felicidade, tomou nos braços a sua querida Augustina, carregou-a vivamente, quando o cupê chegou à rue des Trois-Frères, e levou-a ao seu elegante apartamento. 

O ímpeto de paixão que dominava Teodoro fez que um ano, quase, decorresse para o casal sem que a mais leve nuvem viesse toldar a limpidez do azulado céu sob o qual viviam. Para eles a existência nada teve de pesada. Teodoro espalhava por sobre cada dia incríveis fioriture[45] de prazeres. Comprazia-se em variar os arrebatamentos da paixão, pela dolente languidez desses repousos em que as almas são projetadas tão alto no êxtase que parecem esquecer a união corporal. Incapaz de refletir, a ditosa Augustina prestava-se ao ritmo ondulante de sua felicidade. Achava não fazer ainda o bastante, entregando-se toda ao amor permitido e santo do casamento. Simples e ingênua, não conhecia nem o coquetismo das recusas nem o domínio que uma jovem de alta sociedade adquire sobre o marido por atilados caprichos. Amava demasiadamente para calcular o futuro e não imaginava que uma vida tão deliciosa pudesse um dia acabar. Feliz por constituir então todos os prazeres do marido, acreditou que aquele inextinguível amor seria sempre para ela o mais belo de todos os adornos, da mesma forma que sua dedicação e obediência seriam eterno atrativo. Enfim, a felicidade do amor tornara-se tão brilhante que sua beleza lhe inspirou orgulho e deu-lhe a consciência de poder reinar sempre sobre um homem tão fácil de inflamar como o sr. de Sommervieux. Assim é que sua qualidade de mulher não lhe trouxe outros ensinamentos mais do que os do amor. No seio daquela felicidade permaneceu ela, a ignorante menina que vivia obscuramente na rue Saint-Denis, e não se lembrou de adquirir os modos, a instrução, o tom da sociedade na qual devia viver. Suas palavras, sendo palavras de amor, nelas punha, é verdade, certa viveza de espírito e certa delicadeza de expressão; mas servia-se da linguagem comum a todas as mulheres quando se acham mergulhadas numa paixão que parece ser o seu elemento. Se, por acaso, uma ideia discordante das de Teodoro era expressa por Augustina, o jovem artista ria como a gente ri dos primeiros erros que comete um estrangeiro, mas que acabam por cansar se ele não se corrige. 

Entretanto, ao expirar aquele ano, tão encantador quanto rápido, Sommervieux sentiu, certa manhã, a necessidade de recomeçar seus trabalhos e seus hábitos. Augustina estava grávida. Ele tornou a ver seus amigos. Durante os longos sofrimentos do ano, em que pela primeira vez uma mulher amamenta um filho, trabalhou, não há dúvida, com o máximo ardor, mas, por vezes, tornou a procurar distrações na alta sociedade. A casa aonde ia de preferência era a da duquesa de Carigliano, que tinha acabado por atrair aos seus salões o célebre artista. Quando Augustina se restabeleceu, quando seu filho deixou de exigir esses cuidados assíduos que vedam a uma mãe os prazeres sociais, Teodoro chegara ao ponto de desejar experimentar esse gozo de amor-próprio que a sociedade nos dá quando nos apresentamos com uma bonita mulher, objeto de inveja e de admiração. Percorrer os salões, aureolada pelo brilho de empréstimo da glória do marido, ver-se invejada por todas as mulheres foi para Augustina uma nova fonte de prazer, mas foi o último lampejo que devia lançar a sua felicidade conjugal. Começou por ferir a vaidade do marido quando, não obstante vãos esforços, deixou transparecer sua ignorância, a impropriedade de sua linguagem e a estreiteza de suas ideias. O caráter de Sommervieux, domado durante quase dois anos e meio pelos primeiros arroubos do amor, retomou, com a tranquilidade de uma posse já menos nova, as inclinações e os hábitos por um momento desviados de seu curso. A poesia, a pintura e os delicados gozos da imaginação possuem sobre os espíritos elevados direitos imprescritíveis. Essas necessidades de uma alma forte não tinham sido amortecidas em Teodoro durante aqueles dois anos, tinham apenas encontrado novo alimento. Depois de os campos do amor terem sido percorridos, depois de o artista, como as crianças, ter colhido rosas e centáureas com tal avidez que não via que suas mãos não podiam mais contê-las, a cena mudou. Se o pintor mostrava à mulher o esboço de suas mais belas composições, ouvia-a exclamar como o faria o velho Guillaume: “É bem bonito!”. Sua admiração sem entusiasmo provinha não de um sentimento consciente, mas da fé sob palavra, do amor. Augustina preferia um olhar ao mais belo quadro. O único sublime que ela conhecia era o do coração. Enfim, Teodoro não pôde negar a evidência de uma verdade cruel: sua mulher não era sensível à poesia, não vivia na esfera dele, não o acompanhava em todos os seus caprichos, nas suas improvisações, nas suas alegrias, nas suas dores. Ela marchava terra a terra na vida real, ao passo que ele tinha a cabeça nas nuvens. Os espíritos vulgares não podem avaliar os sofrimentos contínuos do ser que, unido a outro pelo mais íntimo de todos os sentimentos, é forçado a recalcar a todo instante as mais caras expansões de seu pensamento e a fazer voltar ao nada as imagens que uma potência mágica o obriga a criar. Para ele esse suplício é tanto mais cruel quanto o sentimento que ele tributa ao companheiro, ordena, como sua primeira lei, nunca dissimular coisa alguma um ao outro e mesclar as efusões do pensamento, da mesma forma que as expansões da alma. Não se enganam impunemente os imperativos da natureza: ela é inexorável como a Necessidade, a qual, certamente, é uma espécie de natureza social. Sommervieux refugiou-se na calma e no silêncio de sua oficina, na esperança de que o hábito de viver com artistas poderia formar sua mulher e nela desenvolver os germes entorpecidos de uma alta inteligência que alguns espíritos superiores julgam preexistentes em todos os seres; mas Augustina era muito sinceramente religiosa para que não se alarmasse com o tom dos artistas. No primeiro jantar que Teodoro deu, ela ouviu um jovem pintor dizer com essa infantil leviandade que ela não soube perceber e que absolve um gracejo de qualquer irreverência: 

— Mas, minha senhora, seu paraíso não é mais bonito do que a Transfiguração de Rafael, não é? Pois bem, fiquei farto de olhá-la. 

Augustina levou, pois, para aquela sociedade espiritual um estado de desconfiança que não escapava a ninguém. Tornou-se um constrangimento. Os artistas quando constrangidos são impiedosos, ou fogem, ou zombam. A sra. Guillaume tinha, entre outros ridículos, o de exagerar a dignidade, que lhe parecia o apanágio das mulheres casadas, e, conquanto Augustina inúmeras vezes tivesse zombado disso, não pôde furtar-se a uma leve imitação da excessiva reserva materna. Esse exagero do pudor, que nem sempre as mulheres virtuosas evitam, sugeriu alguns epigramas a crayon cuja graça inocente era de tão bom gosto que Sommervieux não se pôde zangar. Embora esses gracejos tivessem sido mais cruéis, não seriam afinal de contas senão represálias exercidas contra ele por seus amigos. Mas nada podia ser leve para uma alma que como a de Teodoro recebia tão facilmente impressões do exterior. Por isso foi ele insensivelmente invadido por uma frieza que só podia aumentar. Para chegar à felicidade conjugal é preciso escalar uma montanha, cujo estreito planalto está à beira de uma encosta tão íngreme quanto escorregadiça, e o amor do artista a Augustina descia. Achou a mulher incapaz de interpretar as considerações morais que justificavam, aos seus próprios olhos, a singularidade de seus modos para com ela e julgou-se completamente inocente por esconder-lhe pensamentos que ela não compreendia e desvios quase injustificáveis no tribunal de uma consciência burguesa. Augustina fechou-se numa dor sombria e silenciosa. Esses sentimentos secretos estenderam entre os dois esposos um véu que devia espessar-se dia a dia. Sem que o marido fosse desatencioso para com ela, Augustina não podia deixar de tremer ao verificar que ele reservava para a sociedade os tesouros de graça e de espírito que em outros tempos lhe vinha depor aos pés. Em breve, ela interpretou fatalmente os ditos espirituosos proferidos nos salões sobre a inconstância dos homens. Não se lamentou, mas sua atitude equivalia a uma censura. Três anos após o casamento, aquela jovem e bonita mulher, que passava tão brilhante na sua brilhante carruagem, que vivia num ambiente de glória e de riqueza, invejada por tanta gente despreocupada e incapaz de avaliar com exatidão as situações da vida, foi presa de violentos desgostos. Tornou-se pálida. Refletiu, comparou; depois a desgraça desenrolou os primeiros textos da experiência. Resolveu permanecer corajosamente no círculo de seus deveres, na esperança de que esse procedimento generoso lhe restituísse, mais cedo ou mais tarde, o amor do marido. Tal, porém, não aconteceu. Quando Sommervieux, cansado, saía do ateliê, por mais rapidamente que Augustina escondesse o seu trabalho o pintor via que ela estava cerzindo e remendando a roupa com a minúcia de uma boa dona de casa. Fornecia, generosamente, sem murmurar, o dinheiro necessário às prodigalidades do marido; mas, no desejo de conservar a fortuna de seu querido Teodoro, mostrava-se econômica fosse para com ela, fosse em certos pormenores da administração doméstica. Esse procedimento é incompatível com o deixa-estar dos artistas, os quais, no final da carreira, já gozaram tanto da vida que jamais indagam os motivos da sua ruína. Inútil assinalar cada uma das degradações de cor pelas quais o fulgurante colorido de sua lua de mel se extinguiu e os deixou em profunda escuridão. Uma tarde, a triste Augustina, que havia muito ouvia o marido falar com entusiasmo doentio da duquesa de Carigliano, recebeu de uma amiga alguns avisos maldosamente caridosos sobre a natureza da amizade que Sommervieux concebera por aquela célebre coquete, que dava o tom à corte imperial. Aos vinte e um anos, em todo o esplendor da mocidade e da beleza, Augustina viu-se traída por uma mulher de trinta e seis anos. Sentindo-se infeliz no meio da sociedade e de suas festas para ela desertas, a pobre pequena não mais compreendeu a admiração que inspirava nem a inveja que despertava. Seu semblante adquiriu nova expressão. A melancolia imprimiu-lhe nas feições a doçura da resignação e a palidez de um amor desdenhado. Não tardou em ser cortejada pelos homens mais sedutores, mas conservou-se solitária e virtuosa. Algumas palavras de desdém proferidas descuidadamente pelo marido causaram-lhe incrível desespero. Um clarão fatal lhe fez entrever as faltas de contato que, em consequência da mesquinhez de sua educação, impediam a união completa de sua alma com a de Teodoro: teve amor bastante para absolvê-lo e condenar-se a si própria. Chorou lágrimas de sangue e reconheceu demasiado tarde que há uniões desiguais de espíritos, da mesma forma como as há de costumes e posição social. Ao pensar nas delícias primaveris de sua união, compreendeu a extensão da felicidade passada e conveio consigo mesma que uma tão rica messe de amor era uma vida inteira que não se podia pagar senão com sofrimento. Entretanto, amava com excessiva sinceridade para que perdesse toda esperança. Por isso animou-se aos vinte e um anos a iniciar sua instrução e a tornar sua imaginação pelo menos digna daquele que admirava. “Se não sou poetisa”, dizia a si mesma, “pelo menos compreenderei a poesia.”



(continua...)



______________________



Honoré de Balzac (Tours, 20 de maio de 1799 — Paris, 18 de agosto de 1850) foi um produtivo escritor francês, notável por suas agudas observações psicológicas. É considerado o fundador do Realismo na literatura moderna.[1][2] Sua magnum opus, A Comédia Humana, consiste de 95 romances, novelas e contos que procuram retratar todos os níveis da sociedade francesa da época, em particular a florescente burguesia após a queda de Napoleão Bonaparte em 1815.

Entre seus romances mais famosos destacam-se A Mulher de Trinta Anos (1831-32), Eugènie Grandet (1833), O Pai Goriot (1834), O Lírio do Vale (1835), As Ilusões Perdidas (1839), A Prima Bette (1846) e O Primo Pons (1847). Desde Le Dernier Chouan (1829), que depois se transformaria em Les Chouans (1829, na tradução brasileira A Bretanha), Balzac denunciou ou abordou os problemas do dinheiro, da usura, da hipocrisia familiar, da constituição dos verdadeiros poderes na França liberal burguesa e, ainda que o meio operário não apareça diretamente em suas obras, discorreu sobre fenômenos sociais a partir da pintura dos ambientes rurais, como em Os Camponeses, de 1844.[1] Além de romances, escreveu também "estudos filosóficos" (como A Procura do Absoluto, 1834) e estudos analíticos (como a Fisiologia do Casamento, que causou escândalo ao ser publicado em 1829).

Balzac tinha uma enorme capacidade de trabalho, usada sobretudo para cobrir as dívidas que acumulava.[1] De certo modo, suas despesas foram a razão pela qual, desde 1832 até sua morte, se dedicou incansavelmente à literatura. Sua extensa obra influenciou nomes como Proust, Zola, Dickens, Dostoyevsky, Flaubert, Henry James, Machado de Assis, Castelo Branco e Ítalo Calvino, e é constantemente adaptada para o cinema. Participante da vida mundana parisiense, teve vários relacionamentos, entre eles um célebre caso amoroso, desde 1832, com a polonesa Ewelina Hańska, com quem veio a se casar pouco antes de morrer.


_____________________

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
(Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

Balzac, Honoré de, 1799-1850. 
          A comédia humana: estudos de costumes: cenas da vida privada / Honoré de Balzac;                            orientação, introduções e notas de Paulo Rónai; tradução de Vidal de Oliveira; 3. ed. – São                  Paulo: Globo, 2012. 

          (A comédia humana; v. 1) Título original: La comédie humaine ISBN 978-85-250-5333-1                    0.000 kb; ePUB 

1. Romance francês i. Rónai, Paulo. ii. Título. iii. Série. 

12-13086                                                                               cdd-843 

Índices para catálogo sistemático: 
1. Romances: Literatura francesa 843

____________________



[43]Bene sit: frase latina que significa “assim seja”, “pois bem”. 
[44]In petto: expressão italiana que significa “no peito”, isto é, “intimamente”. 
[45]Fioriture: palavra italiana que significa “adornos”, “requintes”.




Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada - Ao "Chat-Qui-Pelote" (4)

Honoré de Balzac - A Comédia Humana / Cenas da Vida Privada - Ao "Chat-Qui-Pelote" (6)


Nenhum comentário:

Postar um comentário