Simone de Beauvoir
35. Fatos e Mitos
Terceira Parte
Os Mitos
CAPITULO I
V
" A hesitação do macho entre o medo e o desejo "
MAS A AMBIVALÊNCIA funciona novamente aqui: se a germinação sempre se associa à morte, esta também se associa à fecundidade. A morte detestada apresenta-se como novo nascimento e ei-la bendita. O herói morto ressuscita, como Osíris, na primavera e é regenerado por novo parto. A suprema esperança do homem, diz Jung, em Metamorfoses da Libido, "é que as sombrias águas da morte se tornem águas de vida, que a morte e seu frio amplexo sejam o ventre materno, como o mar que, tragando o sol, o reengendra em suas profundezas". É um tema comum a numerosas mitologias o do sepultamento do deus-sol no seio do mar e sua deslumbrante reaparição. E o homem quer viver, mas ao mesmo tempo aspira ao repouso, ao sono, ao nada. Ele não se deseja imortal e por isso pode aprender a amar a morte. "A matéria inorgânica é o seio materno, escreve Nietzsche. Libertar-se da vida é tornar a ser verdadeiro, é completar-se. Quem compreendesse isso consideraria uma festa retornar ao pó insensível." Chaucer põe essa prece na boca de um velho que não consegue morrer:
Com meu bastão, dia e noite,
bato na terra, porta de minha mãe,
e digo: Ó querida mãe, deixe-me entrar".
O homem quer afirmar sua existência singular e repousar orgulhosamente em sua "diferença essencial", mas ele aspira também a demolir as barreiras do eu, confundir-se com a água, a terra, a noite, o Nada, o Todo. A mulher que condena o homem à finidade permite-lhe igualmente ultrapassar seus próprios limites. Daí a magia equívoca com que ela se reveste.
Em todas as civilizações, e até em nossos dias, ela inspira horror ao homem: é o horror a sua própria contingência carnal que ele projeta nela. A jovem ainda impúbere não encerra nenhuma ameaça, não é objeto de nenhum tabu e não possui nenhum caráter sagrado. Em muitas sociedades primitivas seu sexo é considerado inocente. Os jogos eróticos são permitidos desde a infância entre meninos e meninas. É a partir do dia em que se torna suscetível de conceber que a mulher fica impura. Descreveram-se, muitas vezes, os severos tabus que nas sociedades primitivas cercam a jovem, quando de sua primeira menstruação; mesmo no Egito, onde era tratada com deferências especiais, a mulher permanecia isolada durante o período das regras (1). Muitas vezes expunham-na no telhado de uma casa, relegavam-na numa cabana fora da aldeia, não se devia vê-la nem tocá-la: mais ainda, ela própria não se devia tocar com a mão. Entre os
(1) A diferença entre as crenças místicas e míticas e as convicções vividas dos indivíduos é aliás sensível no fato seguinte: Lévi-Strauss revela que "os jovens Nimebago visitam suas amantes aproveitando-se do segredo a que as condena o isolamento prescrito durante as regras".
povos que praticam habitualmente o espiolhamento dão-lhe um pauzinho para se coçar. Ela não deve tocar os alimentos com os dedos. Por vezes é-lhe radicalmente proibido comer; em outros casos a mãe e a irmã são autorizadas a alimentá-la por intermédio de um instrumento. Mas todos os objetos que entram em contato com ela durante esse período devem ser queimados. Depois dessa primeira provação, os tabus menstruais tornam-se menos severos, mas permanecem rigorosos. Lê-se, em particular, no Levítico: "A mulher que tiver um fluxo de sangue em sua carne permanecerá sete dias na sua impureza. Quem a tocar será impuro até a noite. Todo leito em que dormir. . . todo objeto sobre o qual se sentar será impuro. Quem tocar em seu leito, lavará as roupas e a si próprio com água e será impuro até à noite". Este texto é exatamente simétrico ao que trata da impureza produzida no homem pela gonorreia. E o sacrifício purificador é idêntico em ambos os casos. Uma vez purificada, deve-se contar sete dias e trazer duas pombas ou dois pombos de leite ao sacrificador que os oferecerá ao Criador. É de observar que, nas sociedades matriarcais, as virtudes atribuídas à menstruação são ambivalentes. Por um lado, ela paralisa as atividades sociais, destrói a força vital, faz murcharem as flores, caírem os frutos; mas tem também efeitos benfazejos: os mênstruos são utilizados nos filtros de amor, nos remédios, em particular para cortes e equimoses. Ainda hoje, certos índios, quando partem para dar combate aos monstros quiméricos que frequentam seus rios, colocam à frente do barco um tampão de fibras impregnado de sangue menstrual, cujas emanações são nefastas aos inimigos sobrenaturais. As jovens de certas cidades gregas ofereciam em homenagem no templo de Astarté um trapo manchado com seu primeiro sangue. Mas desde o advento do patriarcado só se atribuíram poderes nefastos ao estranho licor que escorre do sexo feminino. Plínio diz em sua História Natural: "A mulher menstruada estraga as colheitas, devasta os jardins, mata os germes, faz caírem os frutos, mata as abelhas; se toca no vinho, dele faz vinagre; o leite azeda..."
Um antigo poeta inglês exprime o mesmo sentimento quando escreve:
"Oh! menstruating woman, thou'st a fiend
From whom all nature should be screened!"
"Ó mulher, teus mênstruos são uma praga
de que seria preciso proteger a Natureza!"
(2) Um médico do Cher assinalou-me que, na região onde reside, o acesso às culturas de cogumelos é nas mesmas circunstâncias proibido às mulheres. Discute-se, ainda hoje, a questão de saber se tais preconceitos têm algum fundamento. O único fato que o Dr. Binet apresenta a favor é uma observação de Schink (citada por Vignes). Schink teria visto flores murcharem nas mãos de uma criada indisposta; os bolos com levedura feitos por essa mulher só teriam, crescido três centímetros em vez de cinco como habitualmente. Como quer que seja, esses fatos são insignificantes e muito vagamente estabelecidos, tendo-se em conta a importância e a universalidade das crenças cuja origem é evidentemente mística.
Seria muito insuficiente assimilar tais repugnâncias às que suscita o sangue em quaisquer circunstâncias. Sem dúvida, o sangue é em si um elemento sagrado, penetrado mais do que qualquer outro pelo mana misterioso que é a um tempo vida e morte. Mas os poderes maléficos do sangue menstrual são mais singulares. Ele encarna a essência da feminilidade. É por isso que põe em perigo a própria mulher cuja mana assim se materializa. Durante a iniciação dos Chago, exortam-se as mulheres a dissimularem cuidadosamente seu sangue menstrual. "Não o mostres a tua mãe, ela morreria. Não o mostres às tuas companheiras, pode haver uma maldosa que se aposse do pano com que te enxugaste e teu casamento seria estéril. Não o mostre a uma mulher má que pegará o pano para colocá-lo em cima de sua cabana. . . e não poderás mais ter filhos. Não joguem o pano no atalho nem no mato. Uma pessoa ruim pode fazer coisas feias com ele. Enterra-o no chão. Dissimula o sangue aos olhos de teu pai, de teus irmãos e de tuas irmãs. Deixá-lo ver é um pecado" (Cf. Lévi-Strauss, Les Structures êlêmentaire de la Parenté). Entre os Aleutas, se o pai vê a filha quando das primeiras regras, ela pode ficar cega ou muda. Pensa-se que, durante esse período, a mulher é possuída por um espírito e carregada de forças perigosas. Certos primitivos acreditam que o fluxo é provocado pela picada de uma cobra, pois a mulher tem com a serpente e o lagarto suspeitas afinidades: o fluxo participaria do veneno do animal rastejante. O Levítico compara o fluxo menstrual à gonorreia; o sexo feminino sangrento não é apenas uma ferida, é uma chaga suspeita. E Vigny associa as noções de mácula e de doença quando escreve: "A mulher, criança doente é doze vezes impura". Fruto de perturbadoras alquimias interiores, a hemorragia periódica da mulher acerta-se estranhamente ao ciclo da lua: a lua tem também caprichos perigosos (3). A mulher faz parte da temível engrenagem que comanda o movimento dos planetas e do Sol, é presa das forças cósmicas que regulam o destino das estrelas, das marés e cujas irradiações inquietantes os homens têm de suportar. Mas é principalmente impressionante que a ação do sangue menstrual esteja ligada a ideias de creme que azeda, de maionese que não se faz consistente, de fermentação, de decomposição; diz-se também que é capaz de provocar a quebra de objetos frágeis, de rebentar as cordas dos violinos e das harpas; mas tem sobretudo influência nas substâncias orgânicas a meio caminho
(3) A lua é fonte de fertilidade; ela se apresenta como "o senhor das mulheres"; acredita-se muitas vezes que possui as mulheres sob a forma de um homem ou de uma serpente. A serpente é uma epifania da lua; muda de pele e regenera-se, é imortal, é uma força que distribui fecundidade e ciência. É quem guarda as fontes sagradas, a arvore da vida, a Fonte da Juventude etc. Mas é também quem tirou a imortalidade do homem. Conta-se que a serpente tem relações sexuais com as mulheres. As tradições persas e rabínicas pretendem que a menstruação é devida às relações da primeira mulher com a serpente.
entre a matéria e a vida; e isso menos por ser sangue do que por emanar dos órgãos genitais. Sem lhe conhecer sequer a função exata, sabe-se que está ligada à germinação da vida. Ignorando a existência do ovário, os Antigos viam mesmo nos mênstmos o complemento do esperma. Em verdade, não é esse sangue que faz da mulher uma impura; antes, ele manifesta a impureza; aparece no momento em que a mulher pode ser fecundada e quanto desaparece ela se torna em geral estéril; jorra do ventre em que se elabora o feto. Através dele exprime-se o horror que o homem sente ante a fecundidade feminina.
Entre os tabus que dizem respeito à mulher em estado de impureza, nenhum é tão rigoroso quanto a proibição de relações sexuais com ela. O Levítico condena a sete dias de impureza o homem que transgredir essa regra. As leis de Manu são mais severas: "A sabedoria, a energia, a força, a vitalidade de um homem que se achega a uma mulher maculada por excreções menstruais morrem definitivamente". Os penitentes ordenavam cinquenta dias de penitência aos homens que com elas mantivessem relações sexuais durante o período de menstruação. Como se considera que o princípio feminino atinge, então, sua força máxima, receia-se que um contato íntimo venha a triunfar do princípio masculino. De maneira mais imprecisa, repugna ao homem encontrar na mulher que possui a essência temível da mãe; ele procura dissociar esses dois aspectos da feminilidade: eis por que a proibição do incesto, pela exogamia ou outras formas mais modernas, é uma lei universal; eis por que o homem se afasta sexualmente da mulher nos momentos em que ela se prende mais a seu papel reprodutor: durante as regras, durante a gravidez e quando amamenta. O complexo de Édipo — cuja descrição cumpriria aliás rever — não contradiz essa atitude, antes a implica. O homem defende-se contra a mulher enquanto fonte confusa do mundo e turvo devir orgânico.
Entretanto, é também sob esse aspecto que ela permite à sociedade que se separou do cosmo e dos deuses, permanecer em comunicação com eles. Ainda hoje, entre os beduínos e os iroqueses, ela assegura a fecundidade dos campos. Na Grécia antiga, ela capta as vozes subterrâneas, a linguagem do vento e das árvores; ela é Pítia, Sibila, profetisa; os mortos e os deuses falam pela sua boca e tais poderes ela continua a ter: é médium, quiromante, cartomante, vidente, inspirada; ouve vozes e tem visões. Quando os homens sentem necessidade de mergulhar de novo no seio da vida vegetal e animal, apelam para a mulher como Anteu que tocava a terra para refazer suas forças. Através das civilizações racionalistas da Grécia e de Roma, subsistem os cultos ctônicos. Eles desenvolvem-se, em geral, à margem da vida religiosa oficial; acabam mesmo, como em Elêusis, por assumir a forma dos mistérios; seu sentido é inverso ao dos cultos solares em que o homem afirma sua vontade de separação e de espiritualidade; mas são o complemento destes. O homem busca arrancar-se da solidão pelo êxtase; esse é o fim dos mistérios, das orgias, das bacanais. No mundo reconquistado pelos homens é um deus masculino, Dionísio, que usurpa as virtudes mágicas e selvagens de Ichtar, de Astarté; mas são ainda as mulheres que se desencadeiam em torno de sua imagem: Menadas, Tíades, Bacantes incitam os homens à embriaguez religiosa, à loucura sagrada. O papel da prostituição sagrada é análogo: trata-se de desencadear e canalizar, concomitantemente, as forças da fecundidade. Ainda hoje as festas populares caracterizam-se por explosões de erotismo; a mulher não aparece nelas simplesmente como um objeto de gozo, mas sim como um meio de atingir esse hybris em que o indivíduo se supera. "O que um ser possui no fundo de si mesmo de perdido, de trágico, a "maravilha ofuscante" só pode ser encontrado numa cama", escreve G. Bataille.
No desencadeamento erótico, o homem, ao se unir à amante, procura perder-se no infinito mistério da carne. Mas vimos que, ao contrário, sua sexualidade normal dissocia a mãe da esposa. Ele sente repugnância pelas misteriosas alquimias da vida, ao passo que sua própria vida se alimenta e se encanta com os frutos saborosos da terra; aspira a apossar-se deles; deseja Vênus saindo inteiramente nova das águas. É como esposa que a mulher inicialmente se descobre no patriarcado, porquanto o criador supremo é masculino. Antes de ser a mãe do gênero humano, Eva é a companheira de Adão; foi dada ao homem para que ele a possua e fecunde como possui e fecunda a solo; e, através dela, ele faz da Natureza inteira seu reino. Não é apenas um prazer subjetivo e efêmero que o homem busca no ato sexual; quer conquistar, pegar, possuir; ter uma mulher é vencê-la; penetra nela como o arado nos sulcos da terra; ele a faz sua como faz seu o chão que trabalha: ara, planta, semeia; estas imagens são velhas como a escrita; da Antiguidade aos nossos dias poderíamos citar mil exemplos: "A mulher é como o campo e o homem como a semente", dizem as leis de Manu. Em um desenho de André Masson vê-se um homem com uma pá na mão, cavando o jardim de um sexo feminino (4). A mulher é a presa do esposo, sua propriedade.
(4) Rabelais chama o sexo masculino "lavrador da Natureza". Já vimos a origem religiosa e histórica da assimilação falo-arado, mulher-sulco.
A hesitação do macho entre o medo e o desejo, entre o temor de ser possuído por forças incontroláveis e a vontade de captá-las, reflete-se de maneira impressionante nos mitos da Virgindade. Ora temida pelo homem, ora desejada e até exigida, ela se apresenta como a forma mais acabada do mistério feminino; é o aspecto mais inquietante deste e ao mesmo tempo o mais fascinante. Segundo se sinta esmagado pelas forças que o cercam ou se acredite orgulhosamente capaz de anexá-las a si o homem recusa ou reclama que a esposa lhe seja entregue virgem. Nas sociedades mais primitivas, em que o poder da mulher é exaltado, é o temor que vence; convém que a mulher tenha sido deflorada antes da noite de núpcias. Marco Polo afirmava dos tibetanos que "nenhum deles desejaria ter por mulher uma jovem ainda virgem". Explicou-se por vezes essa recusa de maneira racional: o homem não quer por esposa uma mulher que não tenha suscitado ainda desejos masculinos. O geógrafo árabe El Bekri, referindo-se aos eslavos, observa que "se um homem se casa e verifica que a mulher é virgem, ele lhe diz: se valesse alguma coisa terias sido amada por homens e algum te teria tirado a virgindade. A seguir, ele a expulsa e repudia". Dizem mesmo que certos primitivos só aceitam casar com uma mulher que já tenha sido mãe e dado assim prova de fecundidade. Mas os verdadeiros motivos dos costumes tão difundidos de defloramento são místicos. Certos povos imaginam que há, na vagina, uma serpente que morderia o esposo no momento da ruptura do hímen; atribuem-se virtudes terrificantes ao sangue vaginal, aparentado ao sangue menstrual e suscetível, ele também, de quebrar o vigor do homem. Através dessas imagens, exprime-se a ideia de que o princípio feminino tem mais força e comporta mais ameaças estando intato (5). Há casos em que a questão do defloramento não existe; entre os
(5) Daí o poder que se atribui às virgens nos combates; as Valquírias, a Donzela de Orléans, por exemplo.
continua...
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O SEGUNDO SEXO
SIMONE DE BEAUVOIR
Entendendo o eterno feminino como um homólogo da alma negra, epítetos que representam o desejo da casta dominadora de manter em "seu lugar", isto é, no lugar de vassalagem que escolheu para eles, mulher e negro, Simone de Beauvoir, despojada de qualquer preconceito, elaborou um dos mais lúcidos e interessantes estudos sobre a condição feminina. Para ela a opressão se expressa nos elogios às virtudes do bom negro, de alma inconsciente, infantil e alegre, do negro resignado, como na louvação da mulher realmente mulher, isto é, frívola, pueril, irresponsável, submetida ao homem.
Todavia, não esquece Simone de Beauvoir que a mulher é escrava de sua própria situação: não tem passado, não tem história, nem religião própria. Um negro fanático pode desejar uma humanidade inteiramente negra, destruindo o resto com uma explosão atômica. Mas a mulher mesmo em sonho não pode exterminar os homens. O laço que a une a seus opressores não é comparável a nenhum outro. A divisão dos sexos é, com efeito, um dado biológico e não um momento da história humana.
Assim, à luz da moral existencialista, da luta pela liberdade individual, Simone de Beauvoir, em O Segundo Sexo, agora em 4.a edição no Brasil, considera os meios de um ser humano se realizar dentro da condição feminina. Revela os caminhos que lhe são abertos, a independência, a superação das circunstâncias que restringem a sua liberdade.
4.a EDIÇÃO - 1970
Tradução
SÉRGIO MILLIET
Capa
FERNANDO LEMOS
DIFUSÃO EUROPÉIA DO LIVRO
Título do original:
LE DEUXIÊME SEXE
LES FAITS ET LES MYTHES
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Segundo Sexo é um livro escrito por Simone de Beauvoir, publicado em 1949 e uma das obras mais celebradas e importantes para o movimento feminista. O pensamento de Beauvoir analisa a situação da mulher na sociedade.
No Brasil, foi publicado em dois volumes. “Fatos e mitos” é o volume 1, e faz uma reflexão sobre mitos e fatos que condicionam a situação da mulher na sociedade. “A experiência vivida” é o volume 2, e analisa a condição feminina nas esferas sexual, psicológica, social e política.
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