No se puede hacer la revolucion sin las mujeres
Livro Um
baitasar
Memórias
cuando el hombre se despertó, Blanca passava pelo seu corpo um pano úmido com as lágrimas que desciam dos olhos negros amendoados, O que te passa?
La tristeza de la alegría
que se há ido, ele continuou deitado, as costas na
esteira, el cuerpo adormecido pelas águas derramadas sendo lavado aos
pedaços, ojos cerrados, sabia porque Blanca chorava
o sol já subia la Montaña, ele, por sua vez, teria que descer, os sonhos e la Montaña andam juntos, para o bem ou para o mal, Conheci montanhas que chupam cadáveres, desmancham suas carnes e mostram como são, qualquer coisa que apodrece e fede, qualquer coisa sem vida, qualquer coisa que se acabou para os olhos e ouvidos estranhos, deixando de ser alguma coisa com vida. Não sei por que continuam subindo a montanha, minha irmã olhava-o em silêncio, escutava os seus mistérios, encontrei mulheres e homens ingênuos enfrentando inimigos brutais e infames, mariposas e abelhas voando, enquanto os vermes seguem bebendo as águas doces do arroio manso dos olhos do povo. Assisti com meus olhos e ouvidos os enredos e tramas sobre montanhas de milho, gente que viveu e morreu – antes mesmo de nascer – escrava do senhorio de la Montaña.
Para nostros hombres y mujeres el maizal es sagrado, incluso después de que nuestros cadáveres se deshagan en raíces y maíz, os seus ritos são sempre consagrados aos deuses de la Montaña, falam com os ventos, com os espíritos dos que já partiram e os chamam para a cerimônia da colheita
Mas a permissão para
semear vem de fora de Piedras Altas!
a dureza daquelas
palavras aquietou os dois, Blanca devia saber que tirar a tampa da mente
do Carbonel seria trabalhoso e improvável, assim como ensinar observar as coisas
maravilhosas dos labirintos de milho sem entrar no milharal
velhos e moços sentam a
volta do fogo e chamam os espíritos antigos, rezam para aliviarem as
dificuldades, cantam para festejar a vida, conversam, entendem seus sinais e
humores, mas não sabem decifrar os cheiros podres da ganância no falatório de
homens e mulheres que mentem, pela mesma razão que não se vê o sol à noite, é
da sua natureza
olho para você, minha querida
testemunha, e sim, a resposta continua a mesma, não confiaria em mais ninguém
esses relatos da memória
preciso de uma energia
muito forte para perceber meu espírito, voltar a ter gosto pela vida simples e
aprofundar minha sensibilidade, semear flores pelo prazer dos perfumes e dos coloridos, cultivar plantas pelo contentamento da vida, contar as histórias que vi e vivi é a única
maneira de conciliar-me com as memórias invisíveis daqueles e daquelas que
existiram sem terem existido no panteão dos heróis, suas vidas e vozes soam
como breves sussurros, espirros do acaso, gente descartável, vidas facilmente esquecidas
jamais tiveram uma trégua de solidariedade da humanidade colonizadora – chupadora de cadáveres –, apenas sacrifício e desassombro
minha querida, desculpe a
agitação desta velha, já sabes que odeio palavras soltas e sem destino, pareço
esnobe, eu sei, mas não é o caso, preciso da tua atenção profunda e desmedida para
entrarmos na caverna dos espíritos amorosos
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Leia também:
Memórias - 01 a lua cheia
Memórias - 02 a servidão natural
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Memórias - 09 ¡vaya hombre, no me dejes!Memórias - 11 a caverna dos espíritos amorosos
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