No se puede hacer la revolucion sin las mujeres
Livro Um
baitasar
Memórias
antes de continuarmos
essa contação precisamos do consentimento dos antigos espíritos, mas não
desassossegue, depois de queimar esse incenso e pedir para que os espíritos nos
prestem zelo, faço o pedido de concordância para prosseguir contando minhas
memórias de la Montaña e que nos cuidem com amorosidade, desde que
cheguei, nesta terra de sol e praias quentes, nunca fiz outra coisa que pensar
em meus queridos e queridas, as raízes ficaram lá, en la Montaña de maíz,
espalhadas pelo chão em pequenas covas, as travessuras de papá con sus
mujeres, a voz agridoce de Blanca, as mãos do Juanito en mi boca,
a doce Plantera
nada volta de verdade, mas
nada se deslembra nem por gosto nem por desgosto, as memórias nos empurram pelo
caminho, precisamos prosseguir deslumbradas com as lembranças enquanto a vida
vai se tecendo à frente, gulosa por nossas carnes, geniosa e alucinada pelo
tempo que inventamos para nos consumir, ela exige como obrigação nossa reinvenção
a cada passo dado, nenhum é igual ao outro, não se repetem, não tornamos a fazer
do mesmo jeito, somos o passado, o presente e o futuro de nós mesmas a cada passo, outras que restamos
de nós mesmas, uma implacável construção que devora desejos e sonhos e vomita
pesadelos
enfio as mãos em um
pequeno saco de linho branco, pego alguns tocos e raízes, trouxe essas plantas com a recomendação de um dia abrir esta cerimônia, purificando meu corpo, minha
memória, alcançando a visão das coisas e das pessoas, como antes, e que tudo
corra bem, Espíritos me permitam lembrar...
enquanto o incenso queima
e o rastro do perfume envolve os espíritos antigos, nuvens brancas de mistérios
dançam à nossa volta, passando com suavidade por carnes e ossos
reencontro-me
abro os olhos e a mente
para o meu passado, um labirinto de recordações doces, suaves e infames, a
união do céu con la tierra através de alianças, traições, impaciências e
erros
desde siempre,
vivemos en la Montaña, campesinos e milho, gente e plantas, propriedades
do colonizador assassino e misterioso
todo chacinador é
invisível, não quer ser visto, é um espírito desalmado, frio e impiedoso que
anda sobre todos os outros, um fantasma, uma caveira que nunca morre, fica mais
forte a cada dia, chegou empobrecido e tomou las tierras, riqueza, hombres y
mujeres, queria ter mais e mais, foram mortos muitos com sua
selvageria e dominação, dizimou vomitando sua cultura, língua e o paraíso da
sua religião, el paraíso después de la muerte
somos milhares de espigas de milho subindo la Montaña, por um lado, descemos do mesmo modo, pelas suas costas, até as águas salgadas, lá embaixo, na parte alisada, fica o povoado da Areia, con sus chozas organizadas na volta de la plaza y Dios, o encantamento brota com os rumores das águas descidas no córrego de las Piedras Altas, atravessa la plaza com seus bancos de troncos caídos e largados
um mundo desconfortável e
manco
é fácil reconhecer aquela pobreza mesmo quando não saímos para olhar e cheirar outros mundos, gente simples e espontânea brotado do chão em que pisam, sem complicações levianas, prontas para lutarem guiadas pela voz de la tierra arreganhada, adubada com suas entranhas até nascer o alimento
___________________Leia também:
Memórias - 01 a lua cheia
Memórias - 02 a servidão natural
Memórias - 03 um negócio inesgotável
Memórias - 04 la sina de papá
Memórias - 09 ¡vaya hombre, no me dejes!Memórias - 11 a caverna dos espíritos amorosos
Memórias - 13 a Virgem do Rosário
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