mulheres descalças
um novo refúgio
ensaio 127Bh – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
Minha filha, aqui na Villa, fêmea não falta, temos sobrando. É muita guerra, muita peleja na língua, muito sangue quente no rosto, muito macho morto. É muito desperdício de honra perdida em briga. É preciso ser melhor que as sobras das viúvas e das raparigas desarrimadas, parô as palavra pra respirá e fungá, uma mania qui tá aprendendo usá quando o dito e desdito vai saindo ou ficando pra tráis antes dos pensamento chegá, precisava emparêia os dois, e assim, pode sê qui acha tempo pra procurá nos pensamento pensado as palavra certa pra dizê o tal dito, com ranço ou sem ranço, num importa, o painho é um equilibrista, no seu modo de vê, e a fia precisa aprendê suportá a vida com as palavra fria qui congela e desencanta, sem soluço comovente, sem tremô de raiva, sem acesso de fúria, uma muriquinha qui aprende sê bunita e recatada
Melhor, meu pai? Melhor em quê?
pronto, ele cutucô a onça com a vara curta, sabia qui chegô o tempo de falá mais qui costumava dizê, senti vontade de mugí as palavra, num gosta de perdê tempo, afinal elas num entende mesmo uqui ele diz, só é preciso elas obedecê, fecha e abre usóio, a fia continuava ali, a muié tumbém, É mais fácil pensar do que falar, pensa qui as duas merece o pai e o marido qui tem, então desembuchô
É preciso ser a melhor em ficar acostumada com a vida que se tem. Não é bom desacostumar dos costumes, é preciso viver e saber fazer uso dos hábitos. É com a repetição que se aprende e se vence. A vida é uma repetição.
a muriquinha pianística parecia num entendê ou num queria entendê as provocação do painho, o destino dela podia num sê o destino dela, mais a vontade do painho
um pássaro miudinho cantava com orgulho na casa, pelo menos, era uqui repetia o dono de tudo oiando com usóio de fanfarrão pra gaiola; na reputação da sua vida num tinha lugá pras dissipação romântica, aquele cantadô era uma licença romântica qui ele permitia pra fia
num falta quem ensine o caminho pra todo desabusado desalmado: provocá a destruição de toda e qualqué agudeza da observção; prendê os espírito curioso pra depois enforcá ou queimá na praça pública; expurgá o amô e as alegria qui nasce nas praça, Desobediência é coisa de insurgente! E amotinado precisa sofrer para dar o exemplo, espaiava pelos canto triste da casa; assim muié e fia ia sendo moldada no gosto e nas vontade do dono de tudo e a sua fartura de reputação
Por que preciso ser melhor que as outras meninas, paizinho?
às veiz, num é preciso ficá depois de grande pra descobrí qui o tamanho de cadum é medido pelas coisa qui cadum tem; e ali, naquela casa, num é diferente como quié na villa: os esperto manda sem dá explicação pru sortido das pessoa, eles sabe quando fechá ou abrí a tornêra das coisa
num é preciso esclarecê ou justificá, os muntu burro obedecê sem querê sabê pru qui, os babaquara só precisa sabê qui existe na villa gente minguando de qualqué coisa e eles num é parte dos minguado, assim, os dono de tudo e das gente manda pra todo sempre enquanto os mal-criado (= gente quia educação é só uma casca muntu fina), e os enganadô (= gente caridosa qui faz da bondade uma enganação pruqui doa os tijolo pra igreja na missa, mais pega de volta uqui pode pegá e acusa os pretu de ladrão de tijolo) tivé em quem pisá – pra se sentí meió e maió – eles fica satisfeito da vida qui tem
naquela casa, só quem tem as coisa é painho (= dono de tudo, das pedra do alicerce inté as pedra de barro do lugá mais pra cima da casa, o teiado, e tumbém, da Tônia Preta, e das duas muié fingida de num sê preta), o dono das conversa qui ele fazia sumí e aparecê conforme os interesse próprio (= motivo do gosto e da vontade do dono de tudo, esse num contava pra ninguém pruqui os assunto ia e voltava ou num voltava), criava a fia e educava a muié onde num tinha lugá prus pensamento da cabeça qui num acatava o funcionamento da villa (= obedecê o painho, os mais véio e a mãinha – neste último caso, só quando num tivé nehum dos mais véio ou o painho pru perto), assim, quando saí da casa do painho pra casa do esposo vai sabê sê uma muié decente, recatada e obediente
Porque, sim! As melhores têm tudo que querem. Na Villa, ser obediente e conformada são as melhores e as mais desejadas qualidades para nossas jovens, o tempo e o vento nos moldam. Os jovens do bem esperam por uma boa moça que procura um novo refúgio.
a pianística voltô usóio pra mãinha sentada na sua poltrona rosa, no lugá de sempre da rainha da casa, uma imperatriz calada qui cumprimentava o esposo sempre qui reparava nela; num sabia se sentia pena ou raiva da mais véia, desviô-se da sua silenciosa mãinha pra tê as vista na praça, ainda sentia o calô da mão do painho
histórias de avoinha: andamento da riqueza, caminho da pobreza
Ensaio 125B – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: posso não vencer, mas preciso lutar
Ensaio 126B – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: praça pública é lugar de vagabundo!
Ensaio 127B – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: praça pública é lugar de vagabundo!!
Ensaio 127Bb – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: praça pública é lugar de vagabundo!!!
Ensaio 127Bc – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: praça pública é lugar de assombração!
Ensaio 127Bd – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: dono de gente
Ensaio 127Be – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: ele abre as portas do céu
Ensaio 127Bf – 2ª edição 1ª reimpressão
histórias de avoinha: rainha silenciosa do lar
um novo refúgio
ensaio 127Bh – 2ª edição 1ª reimpressão
baitasar
Minha filha, aqui na Villa, fêmea não falta, temos sobrando. É muita guerra, muita peleja na língua, muito sangue quente no rosto, muito macho morto. É muito desperdício de honra perdida em briga. É preciso ser melhor que as sobras das viúvas e das raparigas desarrimadas, parô as palavra pra respirá e fungá, uma mania qui tá aprendendo usá quando o dito e desdito vai saindo ou ficando pra tráis antes dos pensamento chegá, precisava emparêia os dois, e assim, pode sê qui acha tempo pra procurá nos pensamento pensado as palavra certa pra dizê o tal dito, com ranço ou sem ranço, num importa, o painho é um equilibrista, no seu modo de vê, e a fia precisa aprendê suportá a vida com as palavra fria qui congela e desencanta, sem soluço comovente, sem tremô de raiva, sem acesso de fúria, uma muriquinha qui aprende sê bunita e recatada
Melhor, meu pai? Melhor em quê?
pronto, ele cutucô a onça com a vara curta, sabia qui chegô o tempo de falá mais qui costumava dizê, senti vontade de mugí as palavra, num gosta de perdê tempo, afinal elas num entende mesmo uqui ele diz, só é preciso elas obedecê, fecha e abre usóio, a fia continuava ali, a muié tumbém, É mais fácil pensar do que falar, pensa qui as duas merece o pai e o marido qui tem, então desembuchô
É preciso ser a melhor em ficar acostumada com a vida que se tem. Não é bom desacostumar dos costumes, é preciso viver e saber fazer uso dos hábitos. É com a repetição que se aprende e se vence. A vida é uma repetição.
a muriquinha pianística parecia num entendê ou num queria entendê as provocação do painho, o destino dela podia num sê o destino dela, mais a vontade do painho
um pássaro miudinho cantava com orgulho na casa, pelo menos, era uqui repetia o dono de tudo oiando com usóio de fanfarrão pra gaiola; na reputação da sua vida num tinha lugá pras dissipação romântica, aquele cantadô era uma licença romântica qui ele permitia pra fia
num falta quem ensine o caminho pra todo desabusado desalmado: provocá a destruição de toda e qualqué agudeza da observção; prendê os espírito curioso pra depois enforcá ou queimá na praça pública; expurgá o amô e as alegria qui nasce nas praça, Desobediência é coisa de insurgente! E amotinado precisa sofrer para dar o exemplo, espaiava pelos canto triste da casa; assim muié e fia ia sendo moldada no gosto e nas vontade do dono de tudo e a sua fartura de reputação
Por que preciso ser melhor que as outras meninas, paizinho?
às veiz, num é preciso ficá depois de grande pra descobrí qui o tamanho de cadum é medido pelas coisa qui cadum tem; e ali, naquela casa, num é diferente como quié na villa: os esperto manda sem dá explicação pru sortido das pessoa, eles sabe quando fechá ou abrí a tornêra das coisa
num é preciso esclarecê ou justificá, os muntu burro obedecê sem querê sabê pru qui, os babaquara só precisa sabê qui existe na villa gente minguando de qualqué coisa e eles num é parte dos minguado, assim, os dono de tudo e das gente manda pra todo sempre enquanto os mal-criado (= gente quia educação é só uma casca muntu fina), e os enganadô (= gente caridosa qui faz da bondade uma enganação pruqui doa os tijolo pra igreja na missa, mais pega de volta uqui pode pegá e acusa os pretu de ladrão de tijolo) tivé em quem pisá – pra se sentí meió e maió – eles fica satisfeito da vida qui tem
naquela casa, só quem tem as coisa é painho (= dono de tudo, das pedra do alicerce inté as pedra de barro do lugá mais pra cima da casa, o teiado, e tumbém, da Tônia Preta, e das duas muié fingida de num sê preta), o dono das conversa qui ele fazia sumí e aparecê conforme os interesse próprio (= motivo do gosto e da vontade do dono de tudo, esse num contava pra ninguém pruqui os assunto ia e voltava ou num voltava), criava a fia e educava a muié onde num tinha lugá prus pensamento da cabeça qui num acatava o funcionamento da villa (= obedecê o painho, os mais véio e a mãinha – neste último caso, só quando num tivé nehum dos mais véio ou o painho pru perto), assim, quando saí da casa do painho pra casa do esposo vai sabê sê uma muié decente, recatada e obediente
Porque, sim! As melhores têm tudo que querem. Na Villa, ser obediente e conformada são as melhores e as mais desejadas qualidades para nossas jovens, o tempo e o vento nos moldam. Os jovens do bem esperam por uma boa moça que procura um novo refúgio.
a pianística voltô usóio pra mãinha sentada na sua poltrona rosa, no lugá de sempre da rainha da casa, uma imperatriz calada qui cumprimentava o esposo sempre qui reparava nela; num sabia se sentia pena ou raiva da mais véia, desviô-se da sua silenciosa mãinha pra tê as vista na praça, ainda sentia o calô da mão do painho
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