terça-feira, 16 de junho de 2020

Chão de Estrelas - Choro das 3

Choro das 3ªs-feiras


Choro das 3



os decassílabos, a poesia, o poeta , a genialidade
a sensibilidade, a sonoridade, o varal

o chão de estrelas

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional








Choro das 3 apresenta o show " A Volta do Boêmio - 100 Anos de Nelson Gonçalves" com Paulo Godoy. 
Viaje com o Choro das 3 e o Paulo Godoy nesse show tributo a grande voz de Nelson Gonçalves. 
“Chão de Estrelas” de Silvio Caldas e Orestes Barbosa é um clássico da música popular brasileira, e uma das músicas mais belas já compostas. Com a métrica perfeita, mostra a capacidade incrível que o brasileiro tem de ver o lado bom das coisas.





Minha vida era um palco iluminado
Eu vivia vestido de dourado
Palhaço das perdidas ilusões
Cheio dos guizos falsos da alegria
Andei cantando a minha fantasia
Entre as palmas febris dos corações

Meu barracão no morro do Salgueiro
Tinha o cantar alegre de um viveiro
Foste a sonoridade que acabou
E hoje, quando do sol, a claridade
Forra o meu barracão, sinto saudade
Da mulher pomba-rola que voou

Nossas roupas comuns dependuradas
Na corda, qual bandeiras agitadas
Pareciam um estranho festival
Festa dos nossos trapos coloridos
A mostrar que nos morros mal vestidos
É sempre feriado nacional

A porta do barraco era sem trinco
Mas a lua, furando o nosso zinco
Salpicava de estrelas nosso chão
Tu pisavas nos astros, distraída
Sem saber que a ventura desta vida
É a cabrocha, o luar e o violão


Composição: Orestes Barbosa / Silvio Caldas







Chão De Estrelas - Sílvio Caldas



Numa visita ao poeta Guilherme de Almeida, em 1935, Sílvio Caldas (vídeo) mostrou-lhe uma canção inédita, intitulada "Foste a Sonoridade Que Acabou". Terminada a apresentação, a canção recebeu um novo nome: "Chão de Estrelas". Aconteceu a mudança por sugestão de Guilherme, tomado de súbito entusiasmo pelos versos, que eram de Orestes Barbosa. Sobre o fato, ele escreveria trinta anos depois (em crônica incluída no livro Chão de Estrelas, de Orestes): "Nem de nome eu conhecia o autor. Mas o que então dele pensei e disse, hoje o repito: uma só dessas duas imagens - o varal das roupas coloridas e as estrelas no chão (... ) - é quanto basta para que ainda haja um poeta sobre a terra". Mas não pára em Guilherme de Almeida o fascínio despertado por "Chão de Estrelas" entre nossos poetas. Em 1956, numa crônica em louvor a Orestes, Manuel Bandeira terminava assim: "Se se fizesse aqui um concurso (...) para apurar qual o verso mais bonito de nossa língua, talvez eu votasse naquele de Orestes: 'tu pisavas os astros distraída..."'. Composto por Sílvio Caldas sobre um poema em decassílabos - que Orestes relutou em consentir que fosse musicado -, "Chão de Estrelas" é a obra-prima da dupla, que produziu um total de quinze canções, a maioria de muito boa qualidade ("Quase Que Eu Disse", "Suburbana", "Torturante Ironia" etc.). Essas composições cantam amores perdidos ou impossíveis, tratados do ponto de vista masculino e quase sempre localizados em cenários urbanos arranha-céus, apartamentos, cinemas... Embora tenha se destacado no seu lançamento em 1937, "Chão de Estrelas" só se tornaria um sucesso nacional na década de 1950, quando Sílvio Caldas a gravou pela segunda vez. Chão de Estrelas (canção, 1937) - Sílvio Caldas e Orestes Barbosa

ArquivoRaissaAmaral




Chão de Estrelas - Nelson Gonçalves




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