sábado, 3 de junho de 2023

Memórias - 13 a Virgem do Rosário

No se puede hacer la revolucion sin las mujeres

Livro Um

baitasar

Memórias

13 – a Virgem do Rosário

morrer é o nosso destino, mas não há razão para a fome existir em tanta tierra fértil – a não ser pela ganância lucrativa da fome que escraviza o trabalho – e produtiva de tantas hijas y hijos fuertes y hermosos, vivendo en sus chozas humildes y sus pequeñas trocas com Piedras Altas

meu povoado de recordações

outra aldeia

otros campesinos y campesinas

a mesma fome pendurada en la Montaña, agarrada em sua carne-viva, um entalhe da casca esgravatada por enxadas, semeada e colhida para viajar bem longe daquele mundo adubado por covas campesinas

é uma pena que não poderei levá-la até a vila de las Piedras Altas, meu tempo e saúde, por certo, não me permitem muitas regalias, mas bem que gostaria de mostrar mí choza, haverá de estar por lá

una cabaña sem elegância nem estilo da cidade, um lugar de morar como outras daquele sítio

há muita beleza por lá, y la Montaña, mesmo desfigurada, consentia em nos receber, a gente se acomodava do jeito que dava  deformados da humanidade que acumula coisas e ignorância , a justeza injusta das cidades não cabia dentro de las Piedras Altas, penso que as duas vidas en la Montaña y en las ciudades – poderiam ser boas, mas não são

a cada dia, mais e mais, sinto a falta de mi hermosa hermana, convencia pelo encantamento das suas melodias que os lugares que os espíritos procuravam não estavam ali, en mí pequeño cuerpo, não esqueço a paz que sentia em seu colo

nunca, en tiempo algún, voltei a sentir mãos mais amorosas e dedos tão delicados acariciando meus cabelos, acalmando mi espíritu amedrontado com a saudade de mi madre

os cheiros de Blanca y mi madre se confundiam até que se tornaram um só

cresci en Piedras Altas até meus oito ou dez anos – el tiempo de las niñas y niños no es muy seguro de medir –, por isso, mis pequeños recuerdos estão misturados con otros tiempos, otros lugares

nem tudo que vou te dizendo são memórias daquela niña que fui, outras coisas, pessoas e lugares vieram depois  se misturando , fazendo esa vieja

estoy muy agradecida con tu voluntad de escutar-me

quando penso en la Montaña... mi primero recuerdo é a água, nosso sítio siempre contou com uma fonte permanente de água, nenhum desenho, projeto, ornamentações, decorações maravilhosas ou conhecimento de engenharia para fazer uso da água além das necessidades de cada cabaña

a benção dos espíritos com a água

mesmo quando as águas da chuva se tornavam um recurso escasso, o arroio nunca deixava de escorrer entre las peidras, un pequeño delgado y sutil filete, o fio da vida oferecida en la armonía del lugar

lembro do teto colocado rebaixado na entrada de nuestra choza, para que o visitante – um passo antes de entrar –  inclinasse a cabeça com reverência e respeito

o anão, pelo seu tamanho pequeño, não era obrigado a se dobrar, mas nunca deixou de fazer a ternura da reverência antes de entrar en nuestra choza

sentávamos à mesa, feita de madeira rústica estendida no chão, acobertada siempre por uma toalha de pano vermelho y pequeños pontos brancos, com panecillos y tortillas esperando para serem devoradas por nossa fome

lá estava papá com um altar repleto de santos por trás de su cabeza, acima de todos, pairando el aire, belíssima e piedosa, a Virgem do Rosário

 

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