terça-feira, 5 de maio de 2020

Aldir Blanc - O tempo não vai poder te esquecer

Resposta ao Tempo




Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho pra ter
Argumento
Mas fico sem jeito, calado
E ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei


Num dia azul de verão, sinto o vento
E há folhas no meu coração, é o tempo
Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei


E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos


Respondo que ele aprisiona
E eu liberto
Que ele adormece as paixões
E eu desperto
E o tempo se rói com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver


No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer


No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer







Composição: Aldir Blanc / Cristóvão Bastos



Amigo É Pra Essas Coisas


Composição: Aldir / Blanc / Silvio Da Silva Jr.



O Bêbado e A Equilibrista


Composição: Aldir Blanc / João Bosco





Querelas Do Brasil



Composição: Aldir Blanc / Maurício Tapajós.


"É uma canção de música difícil e de letra ainda mais difícil! E ela canta decorado, como se fosse a coisa mais natural, com VOZ DE PÁSSARO..." (Fernando Graça)



O Brazil não conhece o Brasil
O Brasil nunca foi ao Brazil
Tapir, jabuti
Liana, alamanda, ali, alaúde
Piau, ururau, aki, ataúde
Piá-carioca, porecramecrã
Jobim akarore, Jobim-açu
Uô, uô, uô


Pererê, camará, tororó, olerê
Piriri, ratatá, karatê, olará
Pererê, camará, tororó, olerê
Piriri, ratatá, karatê, olará


O Brazil não merece o Brasil
O Brazil tá matando o Brasil


Jereba, saci
Caandrades, cunhãs, ariranha, aranha
Sertões, Guimarães, bachianas, águas
Imarionaíma, ariraribóia
Na aura das mãos de Jobim-açu
Uô, uô, uô


Jererê, sarará, cururu, olerê
Blá-blá-blá, bafafá, sururu, olará
Jererê, sarará, cururu, olerê
Blá-blá-blá, bafafá, sururu, olará


Do Brasil, SOS ao Brasil
Do Brasil, SOS ao Brasil
Do Brasil, SOS ao Brasil


Tinhorão, urutu, sucuri
Ujobim, sabiá, bem-te-vi


Cabuçu, Cordovil, Cachambi, olerê
Madureira, Olaria e Bangu, olará
Cascadura, Água Santa, Acari, olerê
Ipanema e Nova Iguaçu, olará


Do Brasil, SOS ao Brasil
Do Brasil, SOS ao Brasil









um pouquinho do tempo que zomba e nos faz chorar


o começo está aqui - 1ª parte

2ª parte






Dois Pra Lá, Dois Pra Cá



Composição: Aldir Blanc / João Bosco


Sentindo o frio
Em minha alma
Te convidei prá dançar
A tua voz me acalmava
São dois prá lá
Dois prá cá


Meu coração traiçoeiro
Batia mais que o bongô
Tremia mais que as maracas
Descompassado de amor


Minha cabeça rodando
Rodava mais que os casais
O teu perfume gardênia
E não me perguntes mais


A tua mão no pescoço
As tuas costas macias
Por quanto tempo rondaram
As minhas noites vazias


No dedo um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante
Band-aid no calcanhar

Eu hoje, me embriagando
De wisky com guaraná
Ouvi tua voz murmurando
São dois pra lá
Dois pra cá


No dedo um falso brilhante
Brincos iguais ao colar
E a ponta de um torturante
Band-aid no calcanhar


Eu hoje, me embriagando
De wisky com guaraná
Ouvi tua voz murmurando
São dois pra lá
Dois pra cá


Dejaste abandonada la ilusión
Que había en mi corazón por ti





Corsário



Composição: Aldir Blanc / João Bosco



Meu coração tropical está coberto de neve, mas
Ferve em seu cofre gelado
E à voz vibra e a mão escreve mar
Bendita lâmina grave que fere a parede e traz
As febres loucas e breves
Que mancham o silêncio e o cais
Roserais, Nova Granada de Espanha
Por você, eu, teu corsário preso
Vou partir a geleira azul da solidão
E buscar a mão do mar
Me arrastar até o mar, procurar o mar
Mesmo que eu mande em garrafas
Mensagens por todo o mar
Meu coração tropical partirá esse gelo e irá
Com as garrafas de náufragos
E as rosas partindo o ar
Nova Granada de Espanha
E as rosas partindo o ar
Iela, iela, iela, iela la la la





Mestre Sala dos Mares



Composição: Aldir Blanc / João Bosco.



Há muito tempo nas águas da Guanabara
O dragão do mar reapareceu
Na figura de um bravo marinheiro
A quem a história não esqueceu
Conhecido como Almirante Negro
Tinha a dignidade de um mestre-sala
E ao acenar pelo mar na alegria das fragatas
Foi saudado no porto
Pelas mocinhas francesas
Jovens polacas e por batalhões de mulatas
Rubras cascatas
Jorravam das costas dos negros
Pelas pontas das chibatas
Inundando o coração do pessoal do porão
Que a exemplo do marinheiro gritava não
Glória aos piratas, as mulatas, as sereias
Glória a farofa, a cachaça, as baleias
Glória a todas as lutas inglórias
Que através da nossa história
Não esquecemos jamais
Salve o Almirante Negro
Que tem por monumento as pedras pisadas no cais

Mas faz muito tempo...




Me dá a Penúltima


Composição: João Bosco / Aldir Blanc.


Eu gosto quando alvorece
Porque parece que está anoitecendo
E gosto quando anoitece, que só vendo
Porque penso que alvorece


E então parece que eu pude
Mais uma vez, outra noite
Reviver a juventude


Todo boêmio é feliz
Porque quanto mais triste
Mais se ilude


Eu gosto quando alvorece
Porque parece que está anoitecendo
E gosto quando anoitece, que só vendo
Porque penso que alvorece


E então parece que eu pude
Mais uma vez, outra noite
Reviver a juventude


Todo boêmio é feliz
Porque quanto mais triste
Mais se ilude


Esse é o segredo de quem
Como eu, vive na boemia
Colocar no mesmo barco
Realidade e poesia


Rindo da própria agonia
Vivendo em paz ou sem paz
Pra mim tanto faz
Se é noite ou se é dia


Pra mim tanto faz
Se é noite ou se é dia
Pra mim tanto faz
Se é noite ou se é dia


Pra mim tanto faz



Gratidão...


" Peço desculpas aos que têm me procurado hoje. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo para mim. Ele se confunde com a minha própria vida. A cada show, cada canção, em cada cidade, era ele que falava em mim. Mesmo quando estivemos afastados, ele esteve comigo. E quando nos reaproximamos foi como se estivéssemos apenas nos despedido na madrugada anterior. Desde então, voltamos a nos falar ininterruptamente. Ele com aquele humor divino. Sempre apaixonado pelos netos. Ele médico, eu hipocondríaco. Fomos amigos novos e antigos. Mas sobretudo eternos. Não existe João sem Aldir. Felizmente nossas canções estão aí para nos sobreviver. E como sempre ele falará em mim, estará vivo em mim, a cada vez que eu cantá-las. Hoje é um dos dias mais difíceis da minha vida. Meu coração está com Mari, companheira de Aldir, com seus filhos e netos. Perco o maior amigo, mas ganho, nesse mar de tristeza, uma razão para viver: quero cantar nossas canções até onde eu tiver forças. Uma pessoa só morre quando morre a testemunha. E eu estou aqui pra fazer o espírito do Aldir viver. Eu e todos os brasileiros e brasileiras tocados por seu gênio." 


João Bosco - 04/05/2020

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