sábado, 3 de fevereiro de 2024

Memórias - 05: El hombre es así

No se puede hacer la revolucion sin las mujeres

Livro Dois

baitasar

Memórias

05 – El hombre es así


¡Cierra la puerta!

o galo Alvorado tornava convidar de maneira obscena à vida fora da cama, ¿Podría alguien hacer callar a este bicho?

¡No puedo!, gritava don Juan, entre lamentos, suspiros e estalos, os pelos arrepiados como espinhos de cactos

¿No pude o no quiere?, resmungava dona Manuela entre dentes

a mulher virava para o lado e se enfiava embaixo do travesseiro, agarrava almofada de penas com todas suas forças, jurava para si mesma que não estava escutando coisa alguma de nada, a vida rodeada daqueles gigantes a esgotava todas manhãs, uma energia que parecia nunca acabar, depois da primeira cantoria do Alvorado, o dia anunciava exuberante muitas curas de novas e velhas doenças

e toda manhã ela anunciava, No despiertes a Mariá...

sempre em vão

a ordenação chegava com atraso, o choro da menina, o canto do galo, os estalos de don Juan, uma só voz, um único sujeito, o mesmo acordamento destrambelhado, mesma pequena vila, uma vizinhança muito agitada, pensou em procurar benzedeiras e simpatias, toda mironga que fosse para desagitar don Juan e filharada

aprendeu com mulheres de antes, plantas e ervas possuem poder incrível de proporcionar alívio e bem-estar às pessoas, En medio del caos y las prisas del mundo en esa casa, olvido el poder que la naturaleza ofrece para nuestra salud y curación, imaginava-se caminhando por um bosque tranquilo, onde ar puro e som dos pássaros encantava diversidade de plantas e ervas crescendo ao redor, cada uma curando do seu jeito: lavanda com seu aroma suave e relaxante combatendo ansiedade e insônia, camomila com suas flores delicadas acalmando e ajudando na digestão, alecrim com seu perfume estimulante

precisava reconectar-se com natureza e sua sabedoria, redescobrir um mundo de possibilidades para cuidar da própria saúde de maneira natural e equilibrada, voltar celebrar os dons da natureza, manter viva essa conexão especial entre ela e mundo das plantas e ervas

detestava sair do sono tão cedo, abandonar a cama antes de estar acostumada com o encontro fatal com sua fantasia de dona-de-casa

o dia poderia começar depois da metade da manhã e terminar ao anoitecer, definitivamente não era uma pessoa noturna nem do amanhecer, poderia ser definida com uma mulher bela na tarde, mas marido era um notívago entranhado, durante o dia até o almoço, aquele casarão ficava praticamente deserto da sua aparição, a tarde novamente silêncio dos seus estalos, mas ao cair da noite reaparecia e aquelas paredes se pareciam lojas, restaurantes e ruas tornadas palco de uma animada agitação

portas se abriam

as crianças adoravam seus hábitos noturnos com histórias e cantorias, contava e recontava suas histórias, um homem que não se limitava ao trabalho e suas responsabilidades cotidianas, festas com dona Manuela invadiam à madrugada, aquelas travessuras giravam em torno da lua cheia

o tal hábito com dona Manuela ficou tão extremo que até mesmo os animais de estimação tinham rotinas noturnas, os cachorros recuperaram costume de latir ao luar, e gatos faziam suas travessuras no pátio vazio, sob a luz do luar cheio

o sol parecia ser mais uma lenda do que uma realidade, e assim, aquele costume se tornou tão enraizado naquele quarto que era impensável mudá-lo

don Juan se orgulhava da sua singulariedade e pontualidade noturna, vivia sua vida de forma deliciosa para si, desafiando convenções noturnas, acreditava que oferecia beijos de amor de maneira verdadeiramente peculiar

e assim, sob o majestoso céu iluminado, don Juan prosperava em sua estranha e fascinante existência

nas noites sem lua cheia, brincadeiras de bagaço, preferia fazer à tarde

para dona Manuela, ser dama da tarde, parecia ser menos monótono e aborrecido, na verdade, caso exista verdade neste caso, simpatizava se apresentar cansada como a piranha da noite, gostava desta encenação, definitivamente, era uma sonâmbula encenando suspiros de moralidade para berros sussurrados com devassidão pelo seu homem

os dois se divertiam nas tardes sem lua cheia e noites de lua cheia

disfarçavam desmoronamentos do despudor soltando barulhos no ar, La erección es casi la misma, pensava consigo mesma

¡Mamá! A minha escova...

até os pensamentos eram invadidos pela manhã, ¡Dios mio! ¡No hay paz en esta casa!

A minha escova...

¿Tu cepillo del pelo?

Sí, mamá...

Deu seu melhor suspiro de dúvida e aborrecimento, Hija mía, creo que está buscando mi cepillo...

Ai, mamá... quanto Deus-nos-acuda, já de manhã cedinho.

... que nunca está en su lugar.

Não acho meus rabicós, mamá. Vou pegar um dos seus...

No, Angélyca...

Achei!

¿Qué, hija mía?

A escova...

E os rabicós?

a jovem saiu escovando os cabelos enquanto a irmã enrolava em voltas e nós os fios longos e negros

don Juan deu uma escovadela nos dentes e fez gargarejos de limpeza da garganta, aumentava o barulho do gargarejo e ventava o seu mau cheiro, fingia com a garganta o que saia pelas pernas, ¿Quiere la rana dejar de apretar?

o homem desentesado e frouxo foi socorrido por um dos filhos, Mamá, preciso de cuecas limpas! M
amá,

Crespo, pon una de las de tu hermano...

Mamá, o meu tênis...

Ya voy... ya voy...

Mamá, o Chiado não quer acordar...

Do Juan, esto es para ti.

levantava e se enfiava num roupão felpudo, saia pelos quartos resmungando daqueles estremecimentos de friura, ¡Dios mío! ¿Quién puede amar el invieno?

percorria os cantos e frestas da casa

sempre encontrava perdidos e não achados pela preguiça de guardar ou desatenção para encontrar

ela até entendia que meninos não achavam nada, El hombre es así, mas as meninas estavam sempre desencontradas dos lugares das suas coisas que ela todo santo dia juntava jogadas pela casa, Eso no es normal, serán unas esposas terribles. Lo menos que un hombre pode esperar de su mujer és un hojar organizado, repetia o que aprendeu desde mui pequeña


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Leia também:

Livro Um:
Memórias - 01: a lua cheia

Memórias - 35: não lembro das despedidas
Livro Dois:
Memórias - 01: Don Juan Pietro Gonçalves Lara
Memórias - 02: fatos e mentiras
Memórias - 03: siempre ha sido así
Memórias - 04: ¡Hijo-de-puta!
Memórias - 05: El hombre es así
Memórias - 06: rusgas e rezingas, rastros do aprendizado

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