No se puede hacer la revolucion sin las mujeres
Livro Dois
baitasar
Memórias
dona Manoela vivia se queixando da violação da sua requisição de privacidade, o banheiro suíte virou de uso comum das meninas e meninos, Os guris são nojentos, mamá, a mesma reclamação que tinha do marido, perdeu a intimidade de ficar com seus pensamentos de urgência ou abandono, ruídos da incontinência ou aparência de aborrecimentos
por vezes, em seus dias de penitência e recolhimento, se dizia arrependida, Todos en esta casa usan las vajillas e las toalhas. ¿Por qué no mean y cagan em su váter?
no assento da bacia sanitária havia perdido a conta das vezes que encontrou molhado, saia aos gritos, ¿Cuánto cuesta levantar la tapa del váter?
silêncio...
siempre se calaban
¿Es mucho pedir que cada uno levante la tapa antes de usarla?
as respostas se mantinham no sigilo das bocas caladas de medo e constrangimento, todos resmungavam suas razões, mas não passavam do hábito de replicar baixinho, na verdade, não queriam seus retruques ouvidos, respingando entre dentes o mau humor
sabiam que a mãe tinha razão
para o bem da verdade estabelecida – e se a ouvires não me queiras mal –, as mães sempre têm mais juízo, bom senso e prudência quendo o assunto é sobre seus filhos e filhas, sempre visitam suas casas – mesmo que não recebam a reciprocidade de suas visitas –, usam das suas garras e dentes embruxados para afugentar o pior destino desconhecido
enxergam de longe discursos vazios, falsas promessas, não negam nem o que pedem, sofrem frio na sombra da solidão, não choram o filho ausente, pelo menos, aparentemente, se sossegam na presença vivida de longe sem fingidas proximidades
as mães são intensas, o equipamento mais apurado da natureza, uma conexão profunda com a terra, elementos e ciclos da vida, a energia de um furacão, poderosas e irresistíveis
não duvide que possamos caminhar pelos campos com os pés descalços, sentindo a energia pulsante da natureza fluir através dos nossos corpos. nós, mulheres, temos o toque curativo porque somos guardiãs da terra, protetoras de todas criaturas e defensoras da natureza
através dos séculos fomos usadas e incompreendidas, alguns nos veem como intensas demais, difíceis de lidar, não reconhecem essa intensidade como um presente que carregamos para o mundo, não somos apenas seres humanos, somos a força da natureza
quando sorrimos as flores desabrocham; quando choramos, nuvens choram junto. dançamos ao ritmo das paixões, amamos com a intensidade avassaladora das emoções, cada sentimento nos invade, enfrentamos tempestades e nunca desistimos de nossos sonhos, inspiramos e mostramos que obstáculos se enfrentam com determinação, coragem e a suavidade graciosa da brisa que acaricia as folhas das árvores, delicadas como as pétalas de uma flor
compreendemos a importância do desamparo e fragilidade na vida, permitimo-nos sermos abertas e autênticas, sabemos que a vida é um fluxo constante de altos e baixos, nossas cicatrizes tecem histórias de resilência, até podemos ter medo do escuro e de baratas, mas sabemos que é uma transição para a luz
somos todas um chamado para a humanidade despertar para sua própria essência, uma alma poderosa, capaz de criar magia
nosso instinto enfrenta desafios, independente de qualquer exercício biológico recebido, impulso espontâneo e alheio à razão, como levar a boca no peito
sobrevivências
supervivências
subvivências
todos na casa sabiam que depois do berreiro o silêncio reapareceria, meninas de rosa, bonecas, casinhas, panelas e fogão
nenhuma menina jamais, em tempo algum, deixou de sugurar uma boneca de pano, louça, plástica ou sabugo, mesmo que fosse para deixar cair no chão e correr para brincar de esconde-esconde, não temos como escapar
rosa é menina, mãe cuida e protege, Tá na hora da comidinha, nana nenê que o bicho vem aí...
os meninos de azul
o pai usa da instrução familiar da espada como um escudo secular, carrinho é coisa de menino, sua insígnia de caçador – não importa se soldado da infantaria ou cavalaria – lhe diz que a implicação natural é o combate empunhando o gládio da força, fodendo corpos femininos até encherem o peito de medalhas: um garanhão de sorte que leva à boca e morde têêêtas, mantido a distância pelo medo da intuição peniana, Mostra essa espada pro papai... que lindo... grandão assim vai fazer muita mágica. As bruxas que se cuidem, vão arder no fogo!
as vozes do passado estão no presente, seguirão no futuro educando seus machos, como a família Gonçalves Lara, meninos crescem para ultrapassarem corpos com suas espadas enquanto meninas rompem suas fendas no segredo sagrado do casamento
siempre ha sido así... e na família Gonçalves Lara não havia como ser diferente
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Livro Dois:
Memórias - 03: siempre ha sido así
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