No se puede hacer la revolucion sin las mujeres
Livro Um
baitasar
Memórias
queria tantas coisas, mas não lembro das despedidas desse doce e amargo começo da minha vida, um tempo de risos e brincadeiras, saudades, tardes infinitas, corre-corre e animadas cores esvaindo como areias finas das memórias consoantes entre espigas e seus topetes dourados, a imaginação voava, não tive balanços e escorregadores, mas um pedaço de mim ficou chorando dos sonhos inventores
segredos guardados em páginas descoloridas agora estão presos no meu mundo crescido, mas trouxe comigo a força desses risos no coração, alegria à toa, a pureza daqueles dias, mesmo que essa despedida continue doendo
hoje, eu sei que foi um aceno para uma promessa de tempos mais serenos
sigo namorando o doce sussurro que embalou minha vida desde o começo, amando a criança que fui, esse é meu ofício, saudade que me acode das garras coevas
não lembro da despedidas, mas recordo da confiança nos olhos de Juanito e a vontade de mostrar minhas pequeñas agarraderas, fazer daquele momento uma espera para siempre
corri como jamais havia viajado, saltando de las gallinas, fugindo de los perros, esmagando las cucarachas, chutando los ratones, desviando dos que habían envejecido
passeava pelo tiempo e minhas agarraderas iam à frente
saltitando
tímidas
avisando que já chegávamos, io y mis agarraderas
entramos no milharal
atravessamos
lá estava Juanito, em pé, esperando, as unhas cumpridas e sujas, engraçado como de repente crescemos, ¿es el amor lo que no hemos olvidado?
paramos na sua frente
Hoje me vou embora...
Eu sei.
nada mais, ficamos ali, em pé, olhando o milharal, escutando seus gemidos
mutilados
el anhelo dolorido
não ergui a blusa como planejara fazer, não disse adeus, não pedi para esperar meu regresso en la Montaña, atrás de uma cortina, nas sombras, ficou a cobiça de uma vida de desejos escondidos
esperei ingenuamente que desabrochassem silenciosos à luz de uma vela fina, pulsei o coração cheio de esperança e dor na busca incansável por esse primeiro amor, sussurros noturnos que jamais escutei, em cada noite perdida solitária nas estrelas, desejo latente como um rio a correr buscando outros rios
caminhei por trilhas desconhecidas e sem direção, sem ousar me entregar
jamais quebrei as correntes da mente consciente, apenas deixei a vida fluir sem medo de errar, esperando – quem sabe, desses fios tramados – pelo terno e doce sopro dessa vida de desejos
minha amiga, você quer saber se tenho algum arrependimento, posso responder que apenas um, não ter erguido minha blusa e mostrado minhas pequeñas agarraderas para o Juanito
foi a primeira vez que permiti que a vida se tornasse apenas um quadro para apreciar de fora
ao longe, no tempo
desisti... deixei-me quieta
minhas mãos estavam ali, caídas, primeiro... molengas, em silêncio, depois ficaram endurecidas, como as lavas derramadas de um vulcão adormecido, não conseguiram se erguer para mostrar minhas pequeñas agarraderas
podia sentir o calor avermelhados da indecência sob aquela fina crosta feita de aparência e ilusão
não as deixei desamarradas, descobri que não eram livres
é insuportável atravessar a cobertura cinza do medo, Juanito jamais viu minhas pequeñas agarraderas – será que pensa em minhas pequeñas agarraderas? –, continuaram escondidas sob as escamas endurecidas de aparentar o que não sentia, tornei muito boa nisso, rios escorrendo onde a luz não atravessa nem esborrifa no ar
permaneci congelada na beirada do meu abismo, preocupada com o julgamento dos olhos do Juanito, E se minhas pequeñas agarraderas não fossem perfeitas?
então... me fui
um jardim esperando pelo sol da primavera para florir, o inverno não abandonava minhas terras, queria acolher o canto dos pássaros
você consegue imaginar esa vieja cuidando dos filhos de outros senhorios?
pois... me fui
deixei la Montaña encantada para trás e Juanito, em pé, parado, as unhas cumpridas e sujas, deveria ter mostrado minhas pequeñas agarraderas
el corazón pequeño y frío
não lembro das despedidas
sentia apenas falta do ar, pernas cansadas, como se estivessem me carregando para uma jaula, uma tristeza áspera me acompanhava naqueles dias
hoje, percebo que jamais me rendi nem aos ventos nem as flores, aprendi a viver em amarguras, um dia após outro, o coração obstinado manteve-se fiel em cada tormento, erguendo-me à luta dos ventos fortes que tentam me derrubar nem derretendo-se nas flores que exalam seu perfume a cada manhã
permaneci congelada na beirada do meu abismo, preocupada com o julgamento dos olhos do Juanito, E se minhas pequeñas agarraderas não fossem perfeitas?
então... me fui
um jardim esperando pelo sol da primavera para florir, o inverno não abandonava minhas terras, queria acolher o canto dos pássaros
você consegue imaginar esa vieja cuidando dos filhos de outros senhorios?
pois... me fui
deixei la Montaña encantada para trás e Juanito, em pé, parado, as unhas cumpridas e sujas, deveria ter mostrado minhas pequeñas agarraderas
el corazón pequeño y frío
não lembro das despedidas
sentia apenas falta do ar, pernas cansadas, como se estivessem me carregando para uma jaula, uma tristeza áspera me acompanhava naqueles dias
hoje, percebo que jamais me rendi nem aos ventos nem as flores, aprendi a viver em amarguras, um dia após outro, o coração obstinado manteve-se fiel em cada tormento, erguendo-me à luta dos ventos fortes que tentam me derrubar nem derretendo-se nas flores que exalam seu perfume a cada manhã
encontro beleza e doçura enquanto a demora me observa, não me rendo, sigo enfrentando o que vier, sem me render aos ventos ou às flores que posso colher
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Leia também:
Livro Um:
Memórias - 01: a lua cheia
Memórias - 02: a servidão natural
Memórias - 03: um negócio inesgotável
Memórias - 04: la sina de papá
Memórias - 05: ervas e flores do campo
Memórias - 06: el regazo de Blanca
Memórias - 07: lleno de deseo
Memórias - 08: mi ojos fingidos de dormidos
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Memórias - 09: ¡vaya hombre, no me dejes!
Memórias - 12: as memórias nos empurram
Memórias - 13: a Virgem do Rosário
Memórias - 14: palpites
Memórias - 15: ordeña
Memórias - 16: o leite espumante
Memórias - 17: Cuando llueve, diluvia...
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Memórias - 19: ¿Emparejar con quien?
Memórias - 20: la vaca, el toro
Memórias - 21: a solidão
Memórias - 22: ¿el fin ya está en camino?
Memórias - 23: en la naturalidad de la vejez
Memórias - 24: los perros insatisfeitos
Memórias - 25: um lugar de trabalho e mortes
Memórias - 26: no hay maldición, no hay brujas
Memórias - 27: soy una anciana
Memórias - 28: um Zé qualquer
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Memórias - 27: soy una anciana
Memórias - 28: um Zé qualquer
Memórias - 35: não lembro das despedidas
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