No se puede hacer la revolucion sin las mujeres
Livro Dois
baitasar
Memórias
o cantar do galo Alvorado deu início a mais um dia na família Gonçalves Lara
todas as manhãs, bem cedinho, antes do adiantamento do amanhecer, o galo Alvorado anunciava o início de um novo dia, seu canto ecoava entre os milhos, bananas e leiteiras, a família Lara acordava ao seu chamado
o galo Alvorado possuía um canto especial, melodioso e cheio de vida, seu belo canto chamava para a vida, os pássaros começavam a entoar suas lindas melodias, o campo harmônico da natureza
antes do sol aparecer timidamente, Ele soltava seu primeiro canto, as notas ecoando e a escuridão se esfarelando, chamava para iniciarem os trabalho do dia
na primavera passada, algo inesperado e espantoso aconteceu. enquanto Alvorado cantava, seu canto foi acompanhado por diferentes tons de vermelho no céu. as nuvens se espalhavam em um espetáculo de cores, revelando um deslumbrante amanhecer, Alvorado pareceu ficar boquiaberto com aquela pintura e continuou seu canto com mais entusiasmo ainda
a família toda maravilhada com aquela visão estonteante. crianças correram para fora de casa apontando para o céu e gritando de alegria. adultos também avançavam descalços pelo chão daquela terra seca, estávamos encantados
agradecemos a Ele por comparticipar conosco aquele belo momento mágico
assim, o canto do Alvorado se tornou a trilha sonora das manhãs na fazenda leiteira, ajoelhavam e elevavam os olhos aos céus daquele espetáculo de vida e nascimento
aquele cantar para quase todos se tornou um chamado para começar o dia com alegria e determinação, um símbolo de esperança e renovação, um lembrete que a vida é um presente a ser aproveitado todos os dias
o cantar do Alvorado se tornou uma tradição na família leiteira. seu canto continuava a despertar vacas e pessoas e trazer alegrias para quase todos, Ele anunciava o caminho
parecia saber que o seu propósito era mais do que simplesmente revelar o amanhecer, espalhava alegria, inspiração e a promessa de um novo começo todos os dias, cheio de oportunidades e possibilidades, em que pese as coisas e pessoas se repetirem dia após dia, era preciso crer e agradecer mais um dia
ainda na antemanhã, antepasto, antetudo, os movimentos dos vivos já tivera início, el dueño del gallo y del tambor de leche soltó um pedo mientras levantaba las piernas, la mujer do dono do galo – e das leiteiras – enfiou os dois pés no homem e o fez saltar da cama, ¡Qué asco!
O que foi florzinha?
¡No sé cómo fui juntar mis harcepos com um hombre tão sucio!
o porco levantou com uma das mãos segurando los cojones enquanto a outra espreguiçava para o lado, Tesão, minha querida! ¡Nunca nadie te folló como yo!
Pobre...
Não entendi.
Vete... fuera de aquí.
Já vou taradinha.
Ve a cuidar de tus vacas.
Querida, eu espremo úberes.
Lo sé, no eres um hombre de delicadezas.
As vacas pagam a comida desta casa.
¿Y cuántas más?
Mi mujer está guapa cuando se pone celosa.
Uno de estos días...
caminhava nu pelo quarto, seu corpo imenso produzia uma pelugem de King Kong, erguia os braços imensos como se estivesse em fúria, soltava um urro e olhava com olhos de cobiça para sua Ann Darrow, a mulher de todo seu interesse amoroso
queria aqueles quadris mágicos, o seu salão de festas, agarrado com as duas mãos, Minha gordinha, ¡Suéltame!
rezingava que ela era um tesão de mulher, uma bela fêmea, competente para parir e cuidar, Queria ter mais mãos para agarrar essa mãezona gostosona!
um gorila branco de pelo preto, seu corpo parecia um imenso couro cabeludo que não se ocultava junto com sua aborrecível grosseria, uma fera peluda caminhando pelo quarto, assobiando e soltando estalos de vento e mau cheiro
¡Por favor, Don Juan Pietro Gonçalves Lara!
um porco peludo e careca. não tinha um fio de cabelo, sempre foi careca, um desvio de nascença. veio ao mundo sem um fio de cabelo e muitos pelos pelo corpo, mas afinal, todos somos parte de algum desvio, ninguém é igual, ninguém é mais do mesmo – ou menos –, Don Pietro tinha partes com tanto, outras nem tanto ou nada
era uma esfinge que achava os demais um tanto diferentes, acostumado com o retrato de si mesmo
entrou no banheiro
as únicas exigências da mulher quando Don Pietro sugeriu o aumento da família e do casario: quis paredes de tijolos deitados – para engordar as paredes –, piso de tábuas e um banheiro no quarto
como sei de tanto segredo íntimo? não esqueça, minha querida, que eu lavava as intimidades daquela gente toda
e segredos se confessam no dia seguinte, entre confusões de calcinhas e cuecas nos lençois, bastava ter um bom nariz e olhos aentos
o homem era descuidado com sua ventosidade, não saia só vento pelo fim de Don Pietro
e tinha o desejo quase obrigante de comer as calcinhas da senhora Manuela
as rendas não chegavam ao fim da luta, eram martirizadas na pilhagem daquele pirata, ¡Don Juan! ¿Cuántas veces te he pedido que no me rompas las bragas?
É só deitar sem as calcinhas...
o capitão gancho das vacas
e, tão certo como o sol nasce com o dia e as estrelas brilham à noite, o gancho do capitão fuçava no salão de festas e no esgoto, sem dó nem piedade
a senhora Manuela, descontrolada das suas vontades, escoava suas águas limpas e sujas
longe do quarto, a patroa passava o dia ditando ordens, desabafando, explicando, escondendo manchas e cheiros
ela precisava dizer qualquer coisa, encontrar uma ouvinte para sua falação, alguém sem palpites para oferecer, não procurava opiniões nem sugestões, queria desafogar da danação de se dar sem limites
queria contar suas histórias sem gritarias ou escândalos
___________________
Livro Dois:
Memórias - 01: Don Juan Pietro Gonçalves Lara
Nenhum comentário:
Postar um comentário