sábado, 3 de fevereiro de 2024

Marcel Proust - O Caminho de Guermantes (1a.Parte - A amizade e a admiração...)

em busca do tempo perdido

volume III
O Caminho de Guermantes


Primeira Parte


continuando...


   A amizade e a admiração que Saint-Loup mostrava por mim pareciam-me indevidas e tinham-me deixado indiferente. De súbito, fizeram-se valiosas a meu ver; gostaria que ele as revelasse à Sra. de Guermantes. Seria capaz de lhe pedir que o fizesse. Pois, quando estamos apaixonados, todos os pequenos privilégios desconhecidos que possuímos, gostaríamos de poder divulgá-los à mulher a quem amamos, como fazem na vida os deserdados e os maçantes. Sofremos porque ela os ignora, buscamos consolar-nos dizendo para nós mesmos que, justamente por não serem visíveis, talvez ela acrescente à ideia que possui a nosso respeito essa possibilidade de vantagens que não conhece.
   Há muito tempo Saint-Loup não podia vir a Paris, fosse, como dizia, por causa das exigências do ofício, ou antes, devido aos desgostos que lhe causava a amante, com a qual estivera já duas vezes a ponto de romper. Várias vezes me falara sobre o bem que lhe faria indo vê-lo naquela guarnição cujo nome, dois dias depois que ele deixara Balbec, me causara tanta alegria quando o li no envelope da primeira carta que dele recebera. Menos distante de Balbec do que o daria a crer a paisagem tão terrestre, era uma dessas cidadezinhas aristocráticas e militares, cercadas de uma vasta campina onde, quando faz bom tempo, tantas vezes flutua ao longe uma espécie de vapor sonoro e intermitente que assim como uma cortina de choupos desenha, com suas sinuosidades, o curso de um rio que não se vê revela as mudanças de lugar de um regimento em manobras, que a própria atmosfera das ruas, das avenidas e das praças acabou por contrair uma espécie de vibração permanente, musical e guerreira, e que o ruído mais bruto de carroça ou de bonde nela se prolonga em vagos chamamentos de clarim, indefinidamente repetidos, nos ouvidos alucinados pelo silêncio. Da mesma forma, não estava situada tão longe de Paris que eu não pudesse, descendo do trem expresso, voltar para casa, encontrar minha mãe e minha avó e dormir na minha cama. Tão logo o percebi, perturbado por um desejo doloroso, tive muito pouca vontade para decidir não voltar a Paris e permanecer naquela cidade; mas também muito pouca para impedir um empregado de elevar minha mala até um fiacre e para não assumir, enquanto o acompanhava, a alma deserta de um viajante que cuida de suas coisas e que nenhuma avó está esperando, para não subir para o carro com a desenvoltura de alguém que, tendo deixado de pensar no que deseja, parece saber o que quer, e para não dar ao cocheiro o endereço do quartel de cavalaria. Imaginava que Saint-Loup fosse dormir aquela noite no hotel onde me hospedasse, a fim de me tornar menos angustioso o primeiro contato com aquela cidade desconhecida. Um soldado de guarda foi procurá-lo e eu o esperei à porta do quartel, diante daquela nave toda retumbante do vento de novembro e de onde a cada momento, pois eram seis da tarde, homens saíam de dois em dois para a rua, vacilando como se descessem a terra em algum porto exótico onde estivessem momentaneamente desembarcados. Saint-Loup chegou, movendo e deixando voar em todos os sentidos o monóculo à sua frente: eu não mandara dizer o meu nome, e estava impaciente para gozar a sua surpresa e alegria.

- Ah, que pena! - exclamou ele, ao me ver de repente e tornando-se vermelho até a raiz dos cabelos; acabei de tomar a minha semana de serviço e só poderei sair daqui a oito dias!

   E, preocupado com a ideia de me ver passar sozinho essa primeira noite, pois sabia melhor que ninguém das minhas angústias noturnas, que muitas vezes observara e suavizara em Balbec, interrompia suas queixas para se voltar para mim, dirigir-me pequenos sorrisos, ternos olhares desiguais, uns vindo diretamente de seus olhos, outros através do monóculo; e todos eram uma alusão à emoção que sentia ao me rever, uma alusão também a essa coisa importante que nem sempre eu entendia, mas que me importava agora: a nossa amizade.

- Meu Deus, onde é que você vai dormir? Na verdade, não lhe aconselho o hotel em que fazemos as refeições, fica ao lado da Exposição onde as festas vão começar, e você estaria em meio a uma multidão enlouquecida. Não, é preferível o Hotel de Flandres; é um pequeno palácio do século XVIII com velhas tapeçarias. O que faz bastante o gênero de "velha mansão histórica".

   A todo propósito Saint-Loup empregava o termo "faz" por "parece", porque a língua falada, como a escrita, experimenta de tempos em tempos essa necessidade de alterações no sentido das palavras, de requintes de expressão. E, da mesma maneira que muitas vezes os jornalistas ignoram de que escola literária provêm as "elegâncias" de que se utilizam, assim também o vocabulário e até a própria dicção de Saint-Loup eram formados pela imitação de três estetas diversos, a nenhum dos quais ele conhecia, mas cujos modos de linguagem lhe haviam sido inculcados de maneira indireta.

- Além disso, - concluiu - esse hotel está muito bem adaptado à sua hiperestesia auditiva. Você não terá vizinhos. Reconheço que é uma vantagem mesquinha, e, como, em suma, um outro viajante pode chegar aqui amanhã, não valeria a pena escolher esse hotel com vistas a um resultado precário. Não, é devido a seu aspecto que o recomendo. Os quartos são muito simpáticos, todos os móveis são antigos e confortáveis, ele possui algo de tranquilizador.

    Mas para mim, menos artista que Saint-Loup, o prazer que pode proporcionar uma bela morada era superficial, quase nulo, e não podia acalmar a minha angústia principiante, tão penosa como a que eu tivera outrora em Combray quando minha mãe não vinha despedir-se de mim ou a que sentira no dia de minha chegada a Balbec, no quarto excessivamente alto que cheirava a vetiver. Saint-Loup a compreendeu devido ao meu olhar fixo.

- Mas você está pouco ligando, meu pobrezinho, a esse belo palácio; está tão pálido. E eu, como um animal, lhe falo de tapeçarias que você nem mesmo tem ânimo de olhar. Conheço o quarto onde você ficaria. Pessoalmente, acho-o muito alegre, mas percebo perfeitamente que para você, com sua sensibilidade, não é nada disso. Não pense que o não compreendo; não sinto a mesma coisa, mas sei muito bem me colocar no seu lugar.

   Um suboficial que experimentava um cavalo no pátio, muito ocupado em fazê-lo saltar, sem corresponder às continências dos soldados, mas cobrindo de injúrias os que se punham no seu caminho, dirigiu naquele momento um sorriso a Saint-Loup e, ao vê-lo em companhia de um amigo, cumprimentou. Mas seu cavalo se ergueu em toda a altura, espumando. Saint-Loup lançou-se ao seu pescoço, pegou-o pelas rédeas, conseguiu acalmá-lo e voltou para junto de mim.

- Sim disse -, asseguro-lhe que percebo tudo e que sofro com o que você sente. Sinto-me infeliz. - acrescentou, pondo afetuosamente a mão no meu ombro - em pensar que, se pudesse ficar perto de você, talvez conseguisse, conversando até de manhã, desfazer um pouco da sua tristeza. Poderia emprestar-lhe muitos livros, mas você não conseguirá ler no estado em que está. E nunca poderei conseguir que me substituam aqui; já fiz isso por duas vezes seguidas porque minha garota havia chegado.

   E franzia as sobrancelhas de aborrecimento e também devido ao esforço em procurar, como um médico, que remédio poderia aplicar a meu mal.

- Corre para acender o fogo no meu quarto. - disse a um soldado que passava. - Vamos, mais depressa, mexa-se.

   Depois, voltou-se de novo para mim, e o monóculo e o olhar míope aludiam à nossa grande amizade:

- Não! Você aqui, neste quartel onde tanto pensei em você! Não posso acreditar em meus olhos, acho que estou sonhando. Em suma, está melhorzinho de saúde? Vai me contar tudo isto daqui a pouco. Vamos subir para o meu quarto, não fiquemos muito tempo neste pátio, faz um vento danado, eu nem sequer o sinto, mas você, que não está acostumado, receio que sinta frio. E já começou o trabalho? Não? Você é engraçado! Se fosse dotado de suas inclinações, creio que escreveria da manhã à noite. Diverte-se mais em não fazer nada. Que pena sejam os medíocres como eu que estejam sempre prontos para trabalhar, e aqueles que o poderiam não querem! E nem sequer lhe perguntei como está a senhora sua avó. Seu Proudhon já não me deixa.

   Um oficial, alto, belo, majestoso, apareceu a passos lentos e solenes de uma escada. Saint-Loup o saudou e imobilizou a perpétua instabilidade do corpo enquanto mantinha a mão à altura do quepe. Mas ele havia precipitado com tamanha força, endireitando-se com um movimento tão seco, e, mal terminada a continência, fê-la recair com um puxão tão brusco, mudando todas as posições da espádua, que esse momento foi menos de imobilidade que de uma vibrante tensão onde se neutralizavam os movimentos excessivos que acabavam de se produzir e aqueles que iam começar. Entretanto, o oficial, sem se aproximar, calmo, benevolente, digno, imperial, representando em resumo o oposto de Saint-Loup, ergueu também, mas sem pressa, a mão para o quepe.

- Preciso dizer uma palavra ao capitão. - sussurrou Saint-Loup -; tenha a gentileza de ir me esperar em meu quarto; é o segundo à direita, no terceiro andar; estarei lá dentro de um momento.

   E, deixando-me a passo de carga, precedido pelo monóculo que voava em todos os sentidos, marchou direto para o digno e vagaroso capitão, cujo cavalo traziam naquele instante, e que, antes de se preparar para montar, dava algumas ordens com uma nobreza estudada de gestos como num quadro histórico e como estivesse partindo para uma batalha do Primeiro Império, quando apenas voltava para casa, na residência que havia alugado durante sua estada em Doncieres, e que ficava numa praça denominada, como por uma ironia antecipada a esse napoleônica, Praça da República! Avancei pela escada, quase escorregando a cada passo nos degraus cheios de cravos, enquanto entrevia dormitórios de paredes nuas, com o duplo alinhamento de camas e de equipamentos. Indicaram-me o quarto de Saint-Loup. Fiquei um instante à frente da porta fechada, pois ouvia movimentos; mexiam numa coisa, deixavam cair outra; sentia que o quarto não estava vazio e que lá havia alguém. Mas era apenas o fogo aceso que ardia. O fogo não podia ficar tranquilo, movia a lenha, e isso de modo bem desajeitado. Entrei; o fogo fez rolar uma chama e fumegar outra. E, mesmo quando não se mexia, fazia ouvir o tempo todo, como as pessoas vulgares, barulhos que, no instante em que eu ouvia subir a chama, se me afiguravam ruídos de fogo, mas que, se estivesse do outro lado da parede, julgaria que proviessem de alguém que se assoasse e caminhasse. Por fim, sentei-me no quarto. Tapeçarias de liberty e de velhos tecidos alemães do século XVIII o preservavam do cheiro que o restante do prédio exalava, e que era grosseiro, insípido e corruptível como o do pão de rala. Era ali, naquele quarto encantador, que eu teria jantado e dormido com ventura e sossego. Saint-Loup parecia se achar quase presente, graças aos livros de trabalho que estavam na mesa ao lado de fotografias, entre as quais reconheci a minha e a da Sra. de Guermantes, em virtude do fogo que acabara por se acostumar à lareira e, como um animal deitado numa espera ardente, silenciosa e fiel, deixava apenas cair, de vez em quando, uma brasa que se destroçava, ou lambia com uma chama a parede da lareira. Ouvia o tique-taque do relógio de pulso de Saint-Loup, que não devia estar muito longe de mim. Esse tique-taque mudava de lugar a todo instante, pois eu não via o relógio; parecia vir de trás de mim, de diante, da direita, da esquerda, às vezes extinguir-se como se proviesse de muito longe. De repente, descobri o relógio sobre a mesa. Então ouvi o tique-taque num ponto fixo de onde ele não mais se moveu. Julgava ouvi-lo nesse lugar, mas não o ouvia, via-o, pois os sons não têm lugar. Pelo menos, associamo-los a movimentos e, assim, têm eles a utilidade de nos avisar sobre estes, de parecer torná-los naturais e necessários. É certo que ocorre às vezes que um doente, a quem taparam hermeticamente as orelhas, não ouve mais o ruído de um fogo semelhante ao que naquele momento crepitava na lareira de Saint-Loup, trabalhando para formar tições e cinzas que a seguir deixava cair sobre a grade; não ouve também a passagem dos bondes, cuja música erguia voo, a intervalos regulares, sobre a grande praça de Doncieres. Então, que o doente leia, e as páginas se virem silenciosamente como se fossem folheadas por um deus. O pesado barulho de um banho que está sendo preparado se atenua, aligeira-se e se afasta feito um murmúrio celeste. O recuo do barulho e seu atenuamento tiram-lhe, quanto a nós, toda potência agressiva; ainda há pouco desesperados pelos golpes de martelo que pareciam fazer desabar o teto sobre nossa cabeça, satisfazemo-nos agora em recolhê-los, leves, remotos, cariciosos como um murmúrio de folhagens que brincam na rua com a brisa. Jogamos paciência com cartas cujo rumor ninguém ouve, tanto assim que achamos não as ter removido, que elas se movem sozinhas e, vindo ao encontro de nosso desejo de jogar com elas, principiam a jogar conosco. E, a esse respeito, pode-se indagar se, quanto ao Amor (e acrescentemos ao Amor o amor à vida, o amor à glória, visto que parece haver pessoas que conhecem estes dois últimos sentimentos), não deveríamos agir como aqueles que, contra o barulho, em vez de implorar que ele cesse, tapam os ouvidos; e, imitando-os, concentrar a nossa defesa em nós próprios, dar-lhes como objeto de redução não a criatura exterior que amamos, mas a nossa capacidade de sofrer por ela. 
   Voltando ao som: se reforçarmos ainda os tampões que fecham o conduto auditivo, eles obrigam ao pianíssimo a moça que tocava uma ária turbulenta acima da nossa cabeça; se untarmos um desses tampões com uma substância gordurosa, logo o seu despotismo é obedecido pela casa inteira e suas leis se estendem para o lado de fora. O pianíssimo já não basta, o tampão faz o piano fechar-se de imediato, e a aula de música termina bruscamente; o senhor que andava sobre a nossa cabeça de súbito deixa de prosseguir em sua ronda; a circulação dos carros e dos bondes é interrompida como se se esperasse um chefe de Estado. E essa atenuação dos sons às vezes chega mesmo a perturbar o sono em vez de protegê-lo. Ontem mesmo, os rumores incessantes, descrevendo-nos de modo contínuo os movimentos na rua e na casa, acabavam por nos adormecer como um livro tedioso; hoje, na superfície de silêncio estendida sobre o nosso sono, um choque mais forte que os outros chega a fazer-se ouvir, leve como um suspiro, misterioso, sem laço com qualquer outro som. E o pedido de explicações que acarreta é suficiente para nos despertar. Que se retirem de um doente, por um momento, os algodões superpostos a seu tímpano, e de súbito a luz, o sol pleno do som se mostra de novo, ofuscante, renasce no universo; a toda pressa regressa o povo dos rumores exilados; assiste-se à ressurreição das vozes, como se elas fossem salmodiadas por anjos músicos. Num instante as ruas vazias se enchem com as asas rápidas e sucessivas dos bondes cantores. No próprio quarto, o doente acaba de criar não o fogo, como Prometeu, mas o ruído do fogo. E, aumentando e afrouxando os tampões de algodão em rama, é como se, alternadamente, se acionassem um e outro dos dois pedais ajuntados à sonoridade do mundo exterior. 
   Apenas, há igualmente supressões de ruído que não são momentâneas. Quem se tornou totalmente surdo não pode sequer aquecer o leite a seu lado sem precisar ficar vigiando, na vasilha destampada, o reflexo branco, hiperbóreo, semelhante ao de uma tempestade de neve, e que é o sinal premonitório ao qual é prudente em obedecer, desligando, como o Senhor afastou as águas, a tomada elétrica; pois já o ovo ascendente e espasmódico do leite que ferve está cumprindo a sua cheia em movimentos oblíquos, infla e arredonda algumas velas meio reviradas que a nata havia plissado, lança à tempestade uma de nácar; e a interrupção das correntes, se a tempestade elétrica é conjurada a tempo, fará todas girarem sobre si mesmas e as largará à deriva transformadas em pétalas de magnólia. Se o doente não tomar bem depressa as precauções necessárias, em breve seus livros e o relógio, afundados, emergirão com esforço de um mar branco após essa mascarada láctea, e ele será obrigado a chamar em seu auxílio a velha criada que, mesmo que ele seja um ilustre político ou um grande escritor, lhe dirá que não tem mais juízo que uma criança de cinco anos. Em outros momentos no quarto, mágica, diante da porta fechada, uma pessoa que não estava ali agora há pouco faz a sua aparição; é um visitante que não se ouviu entrar e que só faz gestos como num desses teatrinhos de marionetes, tão repousantes para os que se aborreceram com a linguagem falada. E para aquele surdo total, como a perda de um sentido acrescenta tanta beleza ao mundo como o não faria a sua aquisição, é com delícias que ele passeia agora numa Terra quase edênica, onde o som ainda não foi criado. As mais altas cascatas desenrolam, só para seus olhos, sua toalha de cristal, mais calmas que o mar imóvel, puras como cataratas do Paraíso. Visto que o ruído era para ele, antes de sua surdez, a forma perceptível que revestia a causa de um movimento, os objetos movidos sem rumor parecem movidos sem causa; destituídos de toda qualidade sonora, mostram uma atividade espontânea, parecem vivos; agitam-se, imobilizam-se, incendeiam-se por si mesmos. Levantam voo por si próprios feito monstros alados da pré-história. Na casa solitária e sem vizinhos do surdo, o serviço que, antes que a enfermidade fosse completa, já mostrava mais reserva e se fazia silenciosamente está agora assegurado por mudos, com algo de sub-reptício, como ocorre com um rei de féerie. Assim também, no mesmo cenário, o edifício que o surdo vê de sua janela caserna, igreja, prefeitura não passa de uma decoração. Se um dia é demolido, poderá lançar uma nuvem de poeira e escombros visíveis. Mas ainda menos material que um prédio de teatro, de que no entanto não possui a magreza, cairá no universo mágico sem que o desmoronamento de suas pesadas pedras de cantaria venha a macular a castidade do silêncio com a vulgaridade de algum ruído. 

continua na página 33...
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