terça-feira, 2 de abril de 2019

Edgar Allan Poe - Contos: Um Homem na Lua (fim)

Edgar Allan Poe - Contos




Um Homem na Lua 
Título original: The Unparalleled Adventure of One Hans Pfaall 
Publicado em 1835






Cheio o coração de delirantes fantasias 
Que eu capitaneio, 
Com uma lança de fogo e um cavalo de ar 
Viajo através da imensidade.

— Canção de Tom O’Fedlan



terminando...




Ao acabar a leitura deste documento extraordinário, o professor Rudabub deixou cair o seu cachimbo, o que demonstrou a sua excessiva surpresa. Quanto a Underduck, tirou, limpou e guardou no bolso os óculos, e, esquecendo-se de si mesmo e da sua própria dignidade, fez três piruetas. 

Não restava a menor dúvida de que se obteria o perdão solicitado e, depois de mutuamente o jurarem, Von Underduck deu o braço ao seu colega, o bom professor Rudabub, e dirigiram-se para a residência deste último. 

Mas logo se aperceberam de que o mensageiro, sem dúvida aterrado pela fisionomia selvagem dos burgueses de Roterdão, achara oportuno desaparecer e que, portanto, o perdão seria inútil. 

Não restava outro remédio senão resignarem-se e o assunto não teve nessa altura outras consequências senão as conjeturas e afirmações dos espíritos demasiado incrédulos ou demasiado sábios, que consideraram apócrifa a carta. Vejamos algumas dessas conjeturas, que demonstram como certas pessoas duvidam sempre de todas as coisas que ultrapassam os limites da sua inteligência: 

Primo — Que certos brincalhões de Roterdão sentem uma antipatia especial pelo burgomestre e pelos astrônomos. 

Secundo — Que um estranho anãozinho, cujo ofício é o de prestidigitador, e cujas orelhas tinham sido cortadas pelas raiz por alguma má ação, desaparecera, havia algum tempo, da cidade de Bruges, próximo de Roterdão. 

Tertio — Que os jornais colados em volta do balão eram holandeses e, portanto, não podiam ser fabricados na Lua. Estavam muito sujos e gordurosos — sobretudo gordurosos — mas Gluck , o impressor, podia jurar sobre a Bíblia que tinham sido impressos em Roterdão. 

Quarto — Que o próprio Hans Pfaall, o bêbedo, e os três vagabundos a quem chamavam seu credores, tinham sido vistos juntos, dois ou três dias antes, numa taberna de má fama, com as algibeiras cheias de dinheiro, que, segundo diziam, ganharam numa expedição ao outro lado do mar. 

E em último lugar, o que é uma opinião geralmente reconhecida ou que deve sê-lo, que o Colégio Astronômico de Roterdão, tal como todos os colégios astronômicos de todas as partes do Universo, sem falar dos colégios e dos astrônomos em geral, não sabem absolutamente nada do que é necessário.




Fim...



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Edgar Allan Poe (nascido Edgar Poe; Boston, Massachusetts, Estados Unidos, 19 de Janeiro de 1809 — Baltimore, Maryland, Estados Unidos, 7 de Outubro de 1849) foi um autor, poeta, editor e crítico literário estadunidense, integrante do movimento romântico estadunidense.[1][2] Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de contos e é geralmente considerado o inventor do gênero ficção policial, também recebendo crédito por sua contribuição ao emergente gênero de ficção científica.[3] Ele foi o primeiro escritor americano conhecido por tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difíceis.

Ele nasceu como Edgar Poe, em Boston, Massachusetts; quando jovem, ficou órfão de mãe, que morreu pouco depois de seu pai abandonar a família. Poe foi acolhido por Francis Allan e o seu marido John Allan, de Richmond, Virginia, mas nunca foi formalmente adotado. Ele frequentou a Universidade da Virgínia por um semestre, passando a maior parte do tempo entre bebidas e mulheres. Nesse período, teve uma séria discussão com seu pai adotivo e fugiu de casa para se alistar nas forças armadas, onde serviu durante dois anos antes de ser dispensado. Depois de falhar como cadete em West Point, deixou a sua família adotiva. Sua carreira começou humildemente com a publicação de uma coleção anônima de poemas, Tamerlane and Other Poems (1827).

Poe mudou seu foco para a prosa e passou os próximos anos trabalhando para revistas e jornais, tornando-se conhecido por seu próprio estilo de crítica literária. Seu trabalho o obrigou a se mudar para diversas cidades, incluindo Baltimore, Filadélfia e Nova Iorque. Em Baltimore, casou-se com Virginia Clemm, sua prima de 13 anos de idade. Em 1845, Poe publicou seu poema The Raven, foi um sucesso instantâneo. Sua esposa morreu de tuberculose dois anos após a publicação. Ele começou a planejar a criação de seu próprio jornal, The Penn (posteriormente renomeado para The Stylus), porém, em 7 de outubro de 1849, aos 40 anos, morreu antes que pudesse ser produzido. A causa de sua morte é desconhecida e foi por diversas vezes atribuída ao álcool, congestão cerebral, cólera, drogas, doenças cardiovasculares, raiva, suicídio, tuberculose entre outros agentes.

Poe e suas obras influenciaram a literatura nos Estados Unidos e ao redor do mundo, bem como em campos especializados, tais como a cosmologia e a criptografia. Poe e seu trabalho aparecem ao longo da cultura popular na literatura, música, filmes e televisão. Várias de suas casas são dedicadas como museus atualmente.


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Edgar Allan Poe

CONTOS

Originalmente publicados entre 1831 e 1849 






Edgar Allan Poe - Contos: Um Homem na Lua (01)

Edgar Allan Poe - Contos: Um Homem na Lua (02)

Edgar Allan Poe - Contos: Um Homem na Lua (03)

Edgar Allan Poe - Contos: Um Homem na Lua (04)

Edgar Allan Poe - Contos: Um Homem na Lua (05)

Edgar Allan Poe - Contos: Um Homem na Lua (06)

Edgar Allan Poe - Contos: A Sombra

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